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quarta-feira, 27 de março de 2013

A CIDADANIA, O TROTE E A VISÃO EVOLUTIVA DO APRENDIZADO


“Trote nosso de cada dia

Um dos fatos marcantes desta semana foi a divulgação de fotografias de calouros da Faculdade de Direito da UFMG em situação de constrangimento, com atitudes de racismo, fascismo e sexismo comandadas por alguns sorridentes alunos veteranos. Tratava-se do trote, uma instituição tão antiga como odiosa, que tem como “justificativa” o cumprimento de provas iniciáticas para que se configure o pertencimento dos novos postulantes a um lugar social de destaque. Com as mesmas explicações, atitudes semelhantes são observadas em outros contextos e sociedades. O que mostra que podemos ser ruins em matéria de humanismo em todos os lugares do mundo.
O que seria a repetição de um ritual ultrapassado e violento, cobrando ações de vigilância mais estritas e punições mais exemplares, no entanto parece simbolizar uma forma de autoritarismo que teima em deixar marcas numa sociedade pretensamente democrática e republicana. O que se viu guardado pelos muros da universidade foi uma atitude que repercute valores de exclusão social, discriminação, violência e certa arrogância de impunidade, dado o jeito orgulhoso com os torturadores morais possam para fotos.
Curiosamente, a imprensa de todo o país, mesmo condenando o ato, foi bastante condescendente com seus agentes, que, em atitude criminosa explícita (pelo menos racismo e cárcere privado – um estudante foi atado a um poste e outra acorrentada), tiveram seus rostos desfocados nas fotos, empenho que não se observa quando se trata de pessoas de outro meio social. Além disso, num exercício de negaceio, os crimes eram apresentados mais como decorrentes do sucesso do vazamento das imagens nas redes sociais do que por seu potencial de violência explícita.
Essa ambiguidade talvez retrate alguns aspectos que caracterizam o autoritarismo brasileiro, que tem nítidos elementos de classe. Não somos mais autoritários que os outros, mas possuímos elementos de distinção que vêm se fortalecendo historicamente. O fato de o trote ter sido flagrado numa universidade pública (de acesso mais difícil) e num curso de direito (território da legitimação social) torna ainda mais significativo o viés classista, em sua utilização de signos como a escravidão e a saudação nazista, típica da nova direita, que recusa a convivência com outras etnias e com migrantes.
O que caracteriza o autoritarismo brasileiro, do qual a atitude dos alunos, em sua irresponsabilidade, seria um exemplo selvagem, sem mediação aparente da cultura e das normas internalizadas? Quem melhor dissecou a face tipicamente brasileira do nosso autoritarismo foi a pensadora Chauí, em textos que servem ao mesmo tempo como instrumento de análise, reflexão e chamamento ético à ação transformadora da sociedade.

DESIGUALDADE Em primeiro lugar, o autoritarismo no Brasil parte da recusa da aceitação da igualdade. O mais básico dos princípios liberais, no país, se torna quase uma postulação política. A igualdade formal no Brasil é sempre coadjuvante da desigualdade nas relações sociais. O que era para ser diferença é tornado, na prática social, como inferioridade. É o que explica a homofobia, o racismo e o machismo, observados todos os dias, e, num extremo de anomia, a capacidade de guindar um deputado confessadamente racista e homofóbico ao posto de presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados ( o grave é que, no terreno da formalidade, tudo parece ser um desvio pessoal, quando se trata de um arranjo político que envolve todo o sistema representativo e a integralidade do processo de elaboração do ordenamento jurídico nacional).
         O segundo aspecto do autoritarismo pátrio é a tradução do princípio anterior  (a recusa da igualdade) numa impossibilidade prática de atitudes críticas e de contestação. Em outras palavras, marcados de nascença pela desigualdade estrutural, a sociedade traduz esse prejuízo em leis e atitudes  (repressão) que tendem a naturalizar o que é uma violência social. As normas existem para preservar privilégios, a repressão tem a função de silenciar as camadas populares, o aparelho jurídico é estruturado para garantir vantagens históricas, e não para instituir novos direitos.
         Vem daí, por exemplo, a noção de democracia praticada no país, que fortalece o polo do consenso e criminaliza o do conflito. Democracia deveria supor os dois lados, o acordo e o debate. Assim, o exercício dos protestos, a agitação social contra as injustiças, as ações de ocupação de terras improdutivas e áreas urbanas com déficit de moradia são sinal de vitalidade democrática. No entanto, a resposta, em nome da democracia fundada nos acordos de interesses particulares, traduzida em consensos que deveriam ser reformados, é sempre o cumprimento estrito das atitudes de repressão contra aquelas ações.
         O terceiro elemento do autoritarismo no Brasil, também identificado no caso do trote, é a indistinção entre as esferas pública e privada. Não parece haver no país uma percepção do público como espaço coletivo, mas apenas como terreno de exercício dos apetites privados de setores privilegiados. Do mesmo modo que o público é privatizado, o privado perde sua dimensão de intimidade quando serve aos interesses econômicos e políticos. Nosso autoritarismo é mestre em se apropriar do que é de todos e em invalidar a manifestação da individualidade dos cidadãos comuns.
         Por fim, na lista de defeitos de origem do autoritarismo tipicamente nacional estão a naturalização das desigualdades, operadas a partir do consenso vicário oferecido pelos meios de comunicação, e o fascínio pelos sinas de riqueza, poder e prestígio. Para adentrar no território dos doutores (é impressionante como os advogados gostam tanto do título que se chamam entre si de doutores o tempo todo, até mesmo nas relações menos formais) é preciso merecer. O merecimento, no caso brasileiro, é dado pela submissão a todos os preceitos acima e até mesmo a provas bem menos nobres, como trotes e outras ações de constrangimento ilegal, entre elas o puxa-saquismo explícito, pragas das mais reincidentes.
         Somos autoritários ao nosso modo. E, também com singular disposição, validamos a injustiça que daí decorre em vários momentos de nossa vida. Estudantes que se submetem ao vexame dos trotes apenas reproduzem, onde seria de esperar que estivessem livres em razão de sua posição social, atitudes consideradas justificadas  na vida do trabalhador comum. São situações diárias, como a revista no local de trabalho, a ameaça à participação sindical ou política, a cobrança de comportamento evasivo em matéria de sexualidade, a exigência de silêncio frente aos inúmeros assédios morais, entre outros. Trotes invisíveis que humilham no dia a dia. Isso para ficar apenas no campo do trabalho.
         A saída para o autoritarismo é um misto de denúncia tenaz e corajosa e de postulação de novos contextos de sociabilidade. Em outras palavras, de criação de um campo social de lutas que vá além do jogo viciado de um Estado sacralizado, de uma sociedade satisfeita em sua desigualdade, de uma política reduzida ao marketing narcisista e de uma democracia de meros procedimentos.
         A academia, que agora está no centro da roda com o trote dos acadêmicos de direito, tem obrigação não apenas de resolver essa questão de forma exemplar, como também de iluminar com conhecimento uma sociedade que permite tais abusos. Esse retrato não pode ser desfocado: é preciso que a universidade mostre sua cara.”
(JOÃO PAULO. Editor de Cultura, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de março de 2013, caderno PENSAR, coluna OLHAR, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na Revista VEJA, edição 2313 – ano 46 – nº 12, de 20 de março de 2013, páginas 94 a 96, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que é economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“A visão evolutiva do aprendizado
        
         Até Freud, que só pensava... naquilo, reconheceu a descoberta mental como uma importante fonte de prazer para o homem em “A civilização e seus descontentes”. De fato, há poucas atividades mais estimulantes do que aprender coisas novas, conseguir perceber a luz onde antes só havia trevas.
         O aprendizado ocorre no cérebro. Durante muitos séculos, o cérebro foi tratado como uma caixa-preta, à qual não podíamos ter acesso direto, e cujas maquinações só poderiam ser depreendidas por meio da observação cuidadosa e perspicaz do comportamento de pessoas. A maioria dos profissionais de educação ainda subscreve esse paradigma. Sua visão sobre o funcionamento cerebral e, portanto, formada pelas hipóteses não científicas de pensadores da virada do século XIX para o XX, especialmente Jean Piaget (1896-1980),  Lev Vygotsky (1896-1934) e Henri Wallon (1879-1962).
         Desde essa época, porém, a compreensão que temos do cérebro fez grandes avanços, e a neurociência está conseguindo ligar habilidades e comportamentos humanos a áreas e processos cerebrais específicos, abandonando o modelo “caixa-preta” por outro em que o cérebro é percebido como um órgão material, que tem uma fisiologia, no qual agem células, neurotransmissores etc. Uma das descobertas que essa ciência já conseguiu fazer é que, ao aprendermos, mudamos a própria arquitetura física do órgão. Como bem descreve, no fascinante In Search of Memory, Eric Kandel – um dos líderes da pesquisa nesse campo, vencedor do Nobel de Medicina por suas contribuições –, a formação de uma memória de longo prazo altera nossa rede neuronal em pelo menos duas maneiras: não só aumenta a força do sinal da sinapse na área relevante como cria novas sinapses (as estruturas neuronais que permitem a passagem de um sinal químico ou elétrico entre neurônios vizinhos). É tão impossível entender como seres humanos aprendem sem compreender o funcionamento do cérebro quanto querer chegar de um lugar a outro sem saber o que são ruas, estradas, rios e pontes. E a maneira responsável de buscar esse conhecimento é por meio da ciência. Por mais brilhante que seja um observador da fase pré-científica, ignorar todo o avanço da ciência nas últimas décadas seria não apenas anacrônico como irresponsável.
         Um dos insights mais importantes desse período de pesquisa é que o cérebro é, assim como um olho ou braço, fruto de um processo evolutivo, moldado ao longo de centenas de milhares de anos para aumentar nossas possibilidades de reprodução e sobrevivência. Como bem mostra Steven Pinker em livros como How the Mind Works e The Blank Slate, a ideia de que nosso cérebro é uma tábula rasa cujos conteúdos são preenchidos exclusivamente por processos culturais é equivocada. Entre os muitos achados dessa visão evolutiva está a descoberta de que o cérebro evita o pensar. Pensar é uma atividade dispendiosa, tanto em termos de tempo como de energia, e sempre que possível o cérebro substitui o pensamento por um procedimento automático gravado na memória. (Já imaginou como seria impossível, por exemplo, dirigir um carro, se a cada esquina precisássemos pensar como fazer uma curva, como indicar aos outros motoristas que estamos dobrando, calcular o ângulo certo da virada do volante, pensar onde está a alavanca do pisca-alerta etc.?)
         Como mostra o psicólogo cognitivo Daniel Willingham em Why Don’t Students Like School?, o cérebro pensa em duas situações: quando é estritamente necessário (não há procedimento na memória que nos ajude) e quando nós acreditamos que seremos recompensados por resolver determinado problema. A recompensa? Pequenas doses de dopamina, um poderoso neurotransmissor associado aos circuitos de prazer do cérebro, liberado quando se resolve uma questão (e também durante o consumo de cocaína). Para que a dopamina seja liberada, o fundamental é calibrar a dificuldade do problema. Se ele é fácil demais e o aprendiz já sabe a resposta antes de pensar, não há pensamento nem, portanto, dopamina. Se ele é difícil demais e a pessoa já pressente que não conseguirá encontrar a solução, o cérebro “desliga-se”: não havendo a possibilidade de dopamina, não vale a pena gastar o maquinário neural.
         Mas o que é, em termos neurológicos, pensar? Pensar é combinar informações de maneira diferente. Essas informações podem vir do ambiente externo e/ou da memória de longo prazo. A memória de longo prazo é aquela que armazena informações e processos que estão fora da nossa consciência imediata. A tabuada, por exemplo: ela não estava na sua mente antes de eu mencioná-la e desaparecerá de nova em alguns minutos, mas, sempre que você precisar fazer uma multiplicação, ela virá, facilmente, à mente. O local do cérebro em que esse novo processamento de informações se dá é a memória operacional (ou de “trabalho”, do inglês working memory). A memória operacional tem capacidade limitada – e, quanto mais perto ela estiver de seu limite, mais difícil vai ficando pensar. Sua capacidade é determinada geneticamente. Pensar bem, portanto, envolve quatro variáveis: informações externas, do ambiente; fatos na memória de longo prazo; procedimentos na memória de longo prazo; e o tamanho do espaço disponível na memória operacional.
         A primeira implicação dessa descoberta é que o domínio de fatos não apenas ajuda no ato de pensar: ele é indispensável. Como mostra Willingham, décadas de pesquisa em ciência cognitiva revelam que, se você não domina as informações básicas de determinado assunto, não conseguirá ter um raciocínio analítico/crítico a seu respeito. Até a leitura se torna mais fácil se o cérebro já conhece o assunto em questão: a pesquisa mostra que uma pessoa com ótima habilidade de leitura e pouco conhecimento de um assunto entende menos de um texto sobre aquele tema do que outra pessoa que lê mal mas conhece o assunto. A ideia atualmente em voga de que não é necessário ensinar informações a alunos, já que elas estão disponíveis na internet, é, portanto, furada. O desafio não é ensinar sem memorização (o que é impossível), mas memorizar apenas o necessário para desenvolver as habilidades de pensamento crítico, descartando aquilo que é memorizado somente com o objetivo de ser regurgitado novamente em uma prova.
         Se a memória é importante, surge a outra pergunta fundamental: como o cérebro memoriza? Nosso cérebro ficaria sobrecarregado se memorizássemos tudo o que aprendemos? A maioria do que aprendemos passa pela memória de trabalho e é descartada, não chegando nunca à memória de longo prazo. Como decidimos o que é armazenado? Infelizmente isso não depende da nossa vontade de memorizar algo ou apenas da quantidade de vezes que tenhamos tentado. O cérebro decide da seguinte maneira: se você pensa cuidadosamente sobre algo, é porque é importante para você e provavelmente precisará ser pensado novamente – e, assim, deve ser retido. Na formulação de feliz de Willingham, “a memória é o resíduo do pensamento”. Se você pensar sobre algo e o entender, provavelmente vai se lembrar depois. Veja que essa compreensão deixa claro que o processo do pensamento é cumulativo: quanto mais se pensa, mais se conhece – e, quanto mais se conhece, mais fácil é o pensamento, e assim sucessivamente. Por isso é que crianças que vêm de situações de menos estímulo intelectual em casa precisam de uma escola excepcionalmente boa, e nos primeiros anos de ensino, para equiparar o jogo. Do contrário, os filhos de privilegiados terão uma vantagem exponencial e insuperável ao fim do processo escolar.
         E como um instrutor faz para que um aluno pense em algo? Provavelmente a resposta mais comum dos nossos professores seja “fazer com que aquele conteúdo tenha relevância para a vida do estudante”, apostando que a ligação emocional do assunto com a vida do aprendiz desperte sua atenção. A ciência da cognição sugere que essa não é uma boa aposta: existe uma relação entre emoção e memória, mas a emoção precisa ser bastante forte para que tenha impacto na memória, e claramente há poucos assuntos de um currículo que poderão ser ensinados assim. A chave para o aprendizado não está no que é ensinado, mas em quem o ensina e como. Deve haver uma conexão pessoal entre o aluno e seu mestre, e para que haja essa ligação o instrutor precisa ser percebido como uma pessoa do bem por seus alunos e ter uma aula bem organizada. Se não existir essa conexão pessoal ou se o material a ser ensinado não estiver bem organizado, não haverá aprendizagem. (Uma dica dos neurocientistas sobre como organizar o material: o cérebro humano adora histórias. Conte uma história.)
         A última lição da ciência da cognição é sobre a importância da repetição. Repetir um aprendizado aumenta nossas chances de dominá-lo. Primeiro, porque a repetição espaçada é um antídoto contra o esquecimento. Segundo, porque a repetição faz com que certos procedimentos sejam automatizados e, assim, possam sair da memória operacional e ir para a memória de longo prazo. Lembre-se: pensar ocorre quando combinamos novas informações, vindas do ambiente e/ou da memória de longo prazo, e isso acontece na memória de trabalho. Quanto mais espaço livre tivermos na memória de trabalho e quanto mais informações tivermos na memória de longo prazo, melhor será nossa capacidade de pensamento. A prática importa porque faz as duas coisas: ao automatizar processos, libera espaço na memória de trabalho e enriquece a memória de longo prazo.
         Talvez seja por isso que, apesar das reclamações de milhões de alunos e de séculos de tentativas de reforma educacional, a maioria das boas escolas de hoje não difere muito da Academia de Platão, de quase 2 500 anos atrás. O modelo socrático-platônico – no qual um professor emocionalmente envolvido com seus alunos é capaz de transmitir seus conhecimentos de maneira organizada e estimulante, exigindo ao mesmo tempo esforço contínuo de seus alunos – parece ter descoberto intuitivamente o que a ciência de dois milênios depois referendaria sobre o funcionamento de nosso cérebro. A escola continuará passando por muitas evoluções e refinamentos, mas revoluções só devem dar certo se nosso cérebro for significativamente alterado.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
             
     c) a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal abismo das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...  

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A CIDADANIA, AS DIFICULDADES DE RELACIONAMENTO E A PERENIDADE DA PSICANÁLISE

“Pessoas difíceis

Seja nos relacionamentos pessoais ou no ambiente de trabalho, convivemos diariamente com pessoas com perfis diversos e, principalmente, com pensamentos, comportamentos e atitudes diferentes dos nossos. Não conhecer bem e não tentar entender o outro pode nos levar a ter mais problemas e conflitos interpessoais. O primeiro passo para melhorarmos nossas relações é nos compreender. Quais são nossas qualidades e defeitos? E os nossos pontos fortes e fracos? Quais são os comportamentos que mais incomodam as pessoas com as quais convivemos? Sabendo a resposta a essas perguntas, poderemos ajustar o nosso jeito e nos adequar melhor a cada tipo de personalidade.

Também é muito importante compreender o outro, tentar entender que algumas características que não nos agradam fazem parte, muitas vezes, do jeito daquela pessoa. É intrínseco, ela é naturalmente assim: extrovertida, séria, conservadora, liberal, otimista ou individualista. A partir do momento que entendemos que esse é o seu jeito, conseguimos traçar uma estratégia para conviver com ela, afinal, é muito mais difícil lidar com alguém quando você não o conhece. Se formos muito objetivos, por exemplo, com uma pessoa mais extrovertida, corremos o risco de ela se afastar. Já se o indivíduo tiver um comportamento de controle, que algumas vezes se confunde com autoritarismo, pode ser uma boa solução dar a ela mais autonomia. O que vemos, atualmente, é que faltam paciência e responsabilidade mútua para que consigamos tornar nossos relacionamentos mais duradouros.

Para as empresas esse conhecimento é fundamental, uma vez que os problemas de relacionamento representam grande parte das demissões e os líderes têm a responsabilidade de entender a origem desses conflitos. As organizações devem colocar os funcionários em espaços adequados a seu perfil, estimulá-los a se conhecerem melhor, promover mais interação e espírito de coletividade, criar uma cultura organizacional de respeito e participação, além de um clima e uma forma de gestão que melhore os relacionamentos.

Há ferramentas que auxiliam nesse trabalho, como o Feedback 360°, em que o funcionário é avaliado por todos os subordinados, seus pares e superiores e os principais clientes. Essa avaliação pode ser realizada pela própria organização ou por uma especializada. O relatório originado a partir do mapeamento permitirá que cada funcionário saiba o que os demais pensam a seu respeito e façam adequações em seus comportamentos. O entendimento da questão comportamental e dos relacionamentos interpessoais é crucial para as pessoas e as organizações.”
(EDMARSON BACELAR MOTA, Coordenador do curso de MBA em desenvolvimento humano de gestores da Fundação Getúlio Vargas/IBS Business School, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de julho de 2011, Caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e caderno, página 9, de autoria de CARLOS MOTTA NAVARRO, Psicanalista, do Grupo de Estudos Psicanalíticos (Grep), que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“A perenidade da Psicanálise

A Psicanálise tem futuro? Seu criador, Sigmund Freud, é hoje incontestavelmente um dos maiores nomes deste século e deste milênio. Tendo falecido em 1939, no inicio da Segunda Guerra Mundial, não chegou a conhecer as grandes descobertas destas três últimas décadas aplicadas à psiquiatria, especialmente as que dizem respeito à genética, à biologia molecular, à farmacologia e outras. Daí que um professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo chega a proclamar: “A Psicanálise está totalmente superada”. Assim a Psicanálise se constitui hoje em objeto de críticas e debates que a colocam em um momento de forte crise de credibilidade. O que é providencial, pois estimula e mesmo obriga os profissionais da área a se aprofundarem sempre mais, a buscar uma compreensão teórica, a formalizar e entender o que é processo psicanalítico. Só assim serão devidamente reconhecidos e autorizados pela sociedade a praticar essa clínica sui- generis.

Para a maioria dos psicanalistas o que está em crise, contudo, não e propriamente a teoria fundamentada no inconsciente, que é a própria essência da proposta freudiana. Esta noção, por ser imensurável, escapa da possibilidade de ser comprovada e experimentada pelas ciências tradicionais. O que está em crise em nosso entender de clínicos em psicanálise é a prática de consultório.

Observa-se até mesmo um fenômeno de certa desvalorização que banaliza a informação sobre a Psicanálise em publicações de revistas que pretenciosamente se autorizam a fazer “interpretações” selvagens e descabidas de sonhos, e se firmam como consultórios sentimentais, onde o “Freud explica” torna-se o “vale-tudo” para todas as panacéias.

Por outro lado, multiplicam-se as instituições sérias que com dedicação se propõem “transmitir” o conhecimento psicanalítico e “formar” futuros psicanalistas, cada qual perseguindo o que acredita seja o sentido profundo da clínica criada por Sigmund Freud. Belo Horizonte conta com várias dessas instituições, cada um com sua identidade, com suas ofertas de transmissão da Psicanálise, buscando uma definição do lugar que ocupa dentro desse contexto amplo e genérico.

Nesse contexto também o Grupo de Estudos Psicanalíticos (Grep) apresenta sua identidade (quem somos e para que viemos) através de sua atuação na sociedade ao longo de sua existência de um quarto de século, com sua revista científica, com suas jornadas, com seus seminários, com seus cursos, e com o seu departamento (Instituto Igor Caruso) de atendimento clínico dirigido às camadas menos favorecidas da sociedade. Suas raízes se encontram em 1975 no Centro Psicoterapêutico, concebido para tratamento de pacientes psicóticos, balizado por referencial teórico-´psicoanalítico. O suporte teórico e técnico era oferecido pela Escola de Saúde Mental, que por sua vez viria a dar lugar ao Grupo de Estudos Psicanalíticos. Atendendo a demandas dos profissionais que freqüentavam os seus cursos, o Grep, em 1988, assumia o compromisso de se institucionalizar com a proposta de “Formação Psicanalítica”. Esse compromisso foi oficializado em 1989.

Em seus 10 anos de existência como instituição reconhecida, o Grep vem mantendo a chama de seu espírito, ao mesmo tempo aberto a outras leituras do texto freudiano, atento sempre , na sadia proposta da melhor tradição de Igor Caruso, a evitar radicalismos, ortodoxias extremadas e proselitismo, afastando-se da paranóia da certeza absoluta, da pretensão de seu o “dono da verdade”.

Temos consciência da época da transição de modelo que vivemos, verdadeira revolução de consciência e não uma simples revolução material. Nós, psicanalistas, mais do que ninguém, sofremos a angústia desta transição, bem mais significativa do que a simples passagem de um ano para outro, de um século para outro, e de um milênio para outro, pois acarreta para nós um peso especial. Para além desta era atual, ainda caracterizada pelo acervo e uso do conhecimento racional, outra era já desponta, na qual o mestre Sigmund Freud detém um lugar preponderante: a era dos sonhos!.

A perenidade da Psicanálise através de sua transmissão será o tema central a ser discutido na XV Jornada do Grupo de Estudos Psicanalíticos, a ser celebrada nos dias 29 e 30 deste mês de outubro.”

Eis, portanto, mais páginas que ACENAM para a complexidade do momento em que vivemos e para a PRIORIDADE ABSOLUTA de nossa ERA e das nossas POLÍTICAS PÚBLICAS: A EDUCAÇÃO, aliada INSEPERAVELMENTE à QUALIDADE...

São DESAFIOS GIGANTESCOS que, longe de ABATER e ARREFECER nosso ÂNIMO e nosso ENTUSIASMO, mais ainda, nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTECIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012, a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL!...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...