segunda-feira, 5 de julho de 2010

A CIDADANIA E A OUSADIA DA SANTIDADE

“[...] 3.2 Anamnese

Cidadania é memória histórica. Não pode esquece o hediondo, a injustiça, a perversidade política, econômica e social. Apregoa-se o esquecimento como solução para muitos problemas. Marcuse advertia que esquecer aberrações não é arrancá-las, mas consolidá-las. Muitos males não são erradicados porque o esquecimento os encobre e os mantém atuantes.

O esquecimento tem sido absolvição indevida a crimes crônicos na sociedade brasileira. Isso encoraja a reprodução de abusos históricos e o retorno de figuras abomináveis à vida pública. O cidadão há de ter memória crítica para impedir que incorrigíveis agentes da iniqüidade se tornem ainda mais ousados. Os bispos de El Salvador não concordaram com a anistia aos que fuzilaram seis padres jesuítas em 1989. Gesto raro e corajoso. É que a cidadania se constrói com anamnese, e não com amnésia, com memória vigilante, e não com esquecimento conivente.”
(Pe. JUVENAL ARDUINI, em artigo publicado na Revista VIDA PASTORAL – JULHO-AGOSTO DE 1994,página 7).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de junho de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, Professor de ética, doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), que merece INTEGRAL transcrição:

“A ousadia da santidade

A editora Quadrante, São Paulo, acaba de lançar uma primorosa reedição de Amar o mundo apaixonadamente, homilia proferida por São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei e primeiro grão-chanceler da Universidade de Navarra, durante missa celebrada no campus daquela prestigiosa instituição. São Josemaria – cuja festa a Igreja celebrou dia 26 –, foi um mestre na busca da santidade no trabalho profissional e nas atividades cotidianas. O texto de São Josemaria exerceu forte influência no rumo da minha vida.

Propunha, naquela homilia vibrante e carregada de ousadia, “materializar a vida espiritual”. Queria afastar os cristãos da tentação “de levar uma espécie de vida dupla: a vida interior, a vida de relação com Deus, por um lado, e, por outro, diferente e separada, a vida familiar, profissional e social, cheia de pequenas realidades terrenas”. O cristianismo encarnado nas realidades cotidianas: eis o miolo da proposta de São Josemaria. “Não pode haver uma vida dupla, não podemos ser esquizofrênicos, se queremos ser cristãos”, sublinha. E, numa advertência contra todas as manifestações de espiritualismo mal entendido e de beatice, afirma de modo taxativo: “Ou sabemos encontrar o Senhor na nossa vida de todos os dias ou não o encontraremos nunca”.

“A vocação cristã consiste em transformar em poesia heroica a prosa de cada dia”. A vida, o trabalho, as relações sociais, tudo o que compõe o mosaico da nossa vida é matéria para ser santificada. São Josemaria, um santo alegre e otimista, olha a vida com uma lente extremamente positiva: “O mundo não é ruim, porque saiu das mãos de Deus”. O autêntico cristão não vive de costas para o mundo, nem encara o seu tempo com inquietação ou nostalgias do passado. “Qualquer modo de evasão das honestas realidades das coisas diárias é para os homens e mulheres do mundo é coisa oposta à vontade de Deus”. A luta do nosso tempo, com suas luzes e suas sombras, é sempre o desafio mais fascinante.

O pensamento de São Josemaria, apoiado numa visão transcendente da vida, e, ao mesmo tempo, com os pés bem fincados na realidade material e cotidiana, consegue, de fato, captar plenamente a contextura humana e ética dos acontecimentos. Ele tem, no fundo, a terceira dimensão: a religiosa e ética – e só com esse foco é possível entender plenamente o mundo em que vivemos. Na verdade, o esgotamento do materialismo histórico e a crescente frustração do consumismo hedonista prenunciam uma mudança comportamental: o mundo está sedento de liberdade, mas nostálgico de certezas. Articular verdade e liberdade e, talvez, um dos mais interessantes recados de São Josemaria. Insurge-se, vigorosamente, contra o clericalismo que se oculta na mentalidade de discurso único, na injusta dogmatização das coisas que são legitimamente opináveis. São Josemaria afirma que um cristão não deve “pensar ou dizer que desce do templo ao mundo para representar a Igreja”, nem que “as suas soluções são as soluções católicas para aqueles problemas”. Por defender esse pluralismo, sofreu incompreensões, inclusive de algumas pessoas da Cúria Romana, que entendiam, por exemplo, que na Itália os católicos tinham o dever de votar no Partido da Democracia Cristã.

São Josemaria não deixa de enfatizar o valor insubstituível da liberdade – particularmente a liberdade de expressão e de pensamento – contra todas as formas de intolerância e sectarismo. Para ele, o pluralismo nas questões humanas não é algo que deve ser tolerado, mas, sim, amado e procurado. A sua defesa da liberdade, no entanto, não fica num conceito descomprometido, mas mergulha na raiz existencial da liberdade: o amor – amor a Deus, amor aos homens, amor à verdade. Sua defesa a fé e da verdade não é, de fato, “antinada”, mas a favor de uma concepção da vida que não pretende dominar, mas, ao contrário, é uma proposta que convida a uma vida livre resposta de cada ser humano. A figura de São Josemaria Escrivá, o seu amor à verdade e a sua paixão pela liberdade, tiveram grande influência em minha vida pessoal e profissional. Amar o mundo apaixonadamente não é apenas um texto moderno e forte. Sua mensagem, devidamente refletida, serve de poderosa alavanca para o exercício da nossa atividade profissional.”

São, pois, páginas que, além de nos trazer mais LUZES na vivência da VERDADE e da LIBERDADE nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, AMANTE DA VERDADE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS com os eventos previstos, com a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, em sintonia com as exigências da MODERNIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

É este o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

Um comentário:

Teka disse...

"A vida, o trabalho, as relações sociais, tudo o que compõe o mosaico da nossa vida é matéria para ser santificada". Hoje em dia se fala em violência urbana, corrupção, roubos, drogas e tantas mazelas sociais, e se culpam os outros, a família desestruturadas, os políticos corruptos e assim vai... mas é que na maioria das vezes se deixa de lado o "ser cristão" e prevalece a lei de Gerson, mesmo para aqueles que se dizem seguidores de doutrinas cristãs. Infelizmente, banaliza-se o conceito de cristão e se deixa de lado o verdadeiro conceito de ser um seguidor de Cristo. Creio qe se levassemos realmente dentro do coração o conceito verdadeiro de amor, que é universal, que incluem o próximo, a natureza e toda a forma de vida do planeta, estaríamos vivendo uma outra realidade.