segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A CIDADANIA, AS DINÂMICAS DA CULTURA E AS RAZÕES DA ESPERANÇA

“Os políticos e a morte da esperança

Sempre  tive muita fé em meu país. Por isso, revoltava-me ouvir em voz de desprezo ou deboche frases do tipo: “Este país é uma porcaria”. “O que se pode esperar desta nação tupiniquim?” Irritava-me profundamente a falta de confiança no nosso futuro. Não entendia como a maioria das pessoas podia ignorar os inúmeros fatores que apontavam para o grande potencial desta nação.

Perguntava-me: como negar a capacidade de desenvolvimento de um país de dimensões continentais e de riquezas naturais tão expressivas? Como fechar os olhos para a garra e a força desta gente que se sobressai até nos lugares mais inóspitos? Por essa razão, não importava para qual ponto do mapa olhasse, sempre via o potencial de desenvolvimento do Brasil. Acreditava que tudo era uma questão de tempo. Que mais dia, menos dia, íamos chegar lá e surpreender os incrédulos.

Por isso, vibrei acompanhando o boom de crescimento econômico do nosso país nas últimas décadas. Empolguei-me com o crescimento da classe C, com a redução da miséria, com o fim da inflação galopante e com todo e qualquer sinal que desse suporte à minha teoria de Brasil potência.

Durante dois anos vivi fora do país e pude constatar a mudança no modo como as outras nações nos olhavam. Passamos de coadjuvantes a protagonistas em áreas antes inimagináveis. Tornamo-nos a sexta economia do mundo e, com isso, não podemos mais ser ignorados. De país subdesenvolvido, carente de ajuda internacional, passamos a importantes parceiros comerciais. Doa a quem doer nos agigantamos no cenário mundial.

Quando fomos eleitos país sede da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, não fiquei surpresa, mas orgulhosa. O mundo começava a depositar  no Brasil a confiança que eu já tinha. Eu via nos megaeventos esportivos muito mais que isso, enxergava a oportunidade de os governantes colocarem ordem na casa e melhorarem a vida de quem vive aqui. Era a chance de ampliar o nosso sistema de transportes, repensar o planejamento urbano, cuidar melhor da questão da limpeza pública e uma oportunidade de qualificar pessoas.

Tinha certeza de que, se houvesse vontade política, essa seria uma boa oportunidade de desenvolvimento para o Brasil. Bons exemplos, como os de Londres e Barcelona, mostram o que é possível fazer quando se tem em mente o progresso e o desenvolvimento a serviço do bem comum. Porém, faltando apenas dois anos para a Copa do Mundo, sinto-me decepcionada. Não com o Brasil, mas com aqueles que (des) governam esta nação. São eles que matam em mim a esperança cultivada com tanta devoção.

Aqueles que deveriam transformar a minha fé em ação, colocando nossos recursos financeiros a serviço do desenvolvimento humano, simplesmente nos roubam. Os recursos que deveriam ser usados a serviço do bem comum são subtraídos impunemente, por meio de superfaturamento de obras, propinas, licitações fraudulentas e outras falcatruas. São essas pessoas, destituídas de qualquer sombra de caráter e comprometimento com o conceito de bem comum, que dizimam em nossos jovens qualquer interesse pela vida política.

E essa desilusão nos leva de volta ao início deste texto, em que toda uma geração manifesta, por meio de expressões pejorativas, o seu descontentamento e descrédito com este país. Assim, sem perceber, repassamos às gerações futuras a nossa eterna síndrome de cachorro vira-lata, nos mantendo conformados com aquilo que passou a ser entendido como o estado natural das coisas. De repente viramos sinônimo de corrupção, atraso, desordem e conformismo. Agora me pergunto: até quando os maus políticos conduzirão ao túmulo a nossa esperança e autoestima? Até quando suas atitudes falarão por nós?”.
(JOICE MENDES, Jornalista, assessora de comunicação do Centro Universitário do Leste de Minas (Unileste), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 3 de fevereiro de 2012, Caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma IMPORTANTE e IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“As dinâmicas da cultura

A estrutura da cultura no âmbito da sociedade é um tecido sustentador e definidor de práticas, dinâmicas, funcionamentos, escolhas pessoais e coletivas. É o conjunto de tudo o que configura a vida de um povo, com força para definir modos, escolhas, estilo de vida, e, particularmente, a mentalidade que emoldura o jeito de ser.

Assim, quando se pensa o futuro de uma sociedade não se pode negligenciar um bom entendimento sobre a cultura. Essa compreensão propiciará a necessária manutenção de valores e indicará, por sua vez, a oportunidade de correções em dinâmicas e funcionamentos. Permite, dessa forma, a superação de conservações obsoletas. Mas, também, garante o cuidado para não se assumir o que, por onda ou moda, pode ser fator de deterioração de elementos indispensáveis para a unidade do sistema. O desafio de zelar e ajustar a própria cultura é tarefa de todos, missão de cidadania e, particularmente, de instituições como a família, os governos, a Igreja e outros centros educativos.

Voltando, então, ao conceito de cultura, para acentuar sua importância como capítulo central na vida cidadã, vale ter presente, numa compreensão mais ampla, que a cultura representa o modo particular como o homem cultiva sua relação com a natureza, com seu semelhante, consigo mesmo e com Deus. É ela quem determina, pois, a humanização ou a desumanização da existência.

Por isso mesmo, é preciso considerar a cultura como uma preciosidade. Um patrimônio de todos, em cada contexto específico, que define o modo de ser de um povo, com seus desafios, pobrezas e demandas a serem adequadamente respondidas. Mas não se trata apenas de defender qualquer cultura, algo possível na atualidade, quando se pensa a força e a rapidez envolvente do mundo cibernético. A força da internet, com outras forças, frequentemente atua como um “tsunami” na vida social, provocando derrocadas de valores e perda das práticas agregadoras.

A recuperação dessas perdas não é tão simples. Demanda um longo processo até configurar, de novo, ou pela primeira vez, uma cultura da vida e da paz no sistema da sociedade. É preciso refletir, permanentemente, a cultura no contexto em que estamos inseridos, atuamos e temos responsabilidades. Assim, será possível constatar que há muito a ser corrigido e substituído, mas que também é importante a conservação, cultivo e crescimento do que é valor no tecido social.

Na lista interminável de raciocínios e reflexões a serem arquitetadas, é interessante pensar que a economia brasileira, atualmente em posição de destaque no ranking mundial, precisa garantir o desenvolvimento que deve ser almejado no horizonte cidadão. O dinheiro disponível mexe com os interesses políticos, a ganância envenena corações, a burocratização por incompetência, as morosidades inexplicáveis e a falta de sentido corporativo, que macula e esvazia a verdadeira cidadania.

Sabe-se, em tantos casos, da existência de verba para urgentíssimas obras de infraestrutura. No entanto, muitos parecem dormir sobre as urgências. Acostuma-se com o menos e, assim, não se busca a indispensável rapidez nas ações e não se exercita a inteligência.

Há muito no cotidiano de todos que precisa ser refletido. Nesse caminho, o importante é avaliar o que deve ser conservado e o que, urgentemente, em hábitos e práticas, deve ser substituído. Para citar um exemplo recente de mudança cultural em processo, o uso da violência, até pouco tempo, era aceito como recurso para fazer uma criança aprender o bem. Hoje, a própria legislação coíbe a educação baseada nas palmadas, enquadrando-a como violência familiar e, assim, estimula a revisão de hábitos culturais. Essa mudança é impulsionada por muitas forças, como o desenvolvimento científico. Pesquisa da neurociência mostra que cada idade tem o estímulo certo, indicando que até os oito anos cabem somente elogios, jamais pancadas. Apenas depois dos 12 anos é que vem a sensibilidade a críticas e aprendizagem com erros.

Ao refletir sobre o lugar da fé cristã católica enraizada em nosso substrato cultural somos alertados a cuidar desse grande bem. A fé cristã católica tem a força de definir o jeito de ser, englobando práticas religiosas, o lugar primeiro de Deus em tudo, as devoções, a marca da solidariedade e outros valores. A fé é nosso mais precioso tesouro.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nosso PENSAR, SENTIR e AGIR, buscando substituições, conservações e novas concreticidades em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS e AMBIENTAIS, de maneira a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:
a)     a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;
b)    o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de modo a se manter em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, câncer que se espalha por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, igualmente ocasionando INESTIMÁVEIS perdas e danos;
c)     a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INTOLERÁVEL desembolso da ordem                      R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTO, a exigir também IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES, ao lado de extremas NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de forma alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA e DESENVOLVIDA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) neste ano; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

  

Nenhum comentário: