quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A CIDADANIA, O HÁBITO DE LER, A ESPERANÇA, A JUSTIÇA E A PAZ

“A leitura muito além dos livros
É comum ouvir as pessoas se lamentarem de que os jovens encontram-se envolvidos apenas com o universo cibernético, mas não seduzidos por livros. Pergunta-se: qual é o papel familiar nesse processo? E a resposta está longe de ver a família como coadjuvante nessa história. Faz-se necessária a contribuição efetiva da família para que haja um incentivo, um lugar construído para a leitura, e assim não delegue essa responsabilidade para a escola.

Primeiramente, deve-se enfatizar que o processo da leitura não acontece somente no contato com um livro, revista ou jornal. A leitura precisa ser compreendida também como uma leitura de mundo. Sendo assim, o trabalho de interpretação, de construção de significados será mais rico e produtivo se exercitado em diversos momentos e esse processo é uma construção conjunta, que não se restringe à escola.

Ler não é apenas decodificar: é também decodificar. A polissemia desse verbo está presente em diversos campos do conhecimento, que vão desde a ciência e tecnologia até a filosofia, música, as artes, a literatura. O leitor participa de um jogo, muitas vezes sedutor, em que a resposta única não existe, existe a resposta possível em face de inúmeras leituras, a resposta aceitável diante de uma argumentação coerente. O leitor preenche as lacunas deixadas no texto, com suas referências múltiplas, evocadas por signos textuais e acionadas por um coautor, através de seus recursos cognitivos.

Nessa perspectiva, a leitura instiga a pensar de forma articulada e caminha para um exercício de interpretação, que está além do código linguístico . É um processo interativo em que é imprescindível o conhecimento prévio, no sentido linguístico, textual, mas também a leitura de mundo. A bagagem trazida no ato da leitura faz com que o exercício passe da superficialidade e torne-se enriquecedor.

Na obra O ato da leitura, Wolfang Iser trabalha o processo da leitura como a interação dinâmica entre texto e leitor e ressalta que o não dito estimula os códigos, os atos de constituição de sentido, incentivando o leitor a ocupar os vazios do texto com suas projeções.

A leitura passa pelo envolvimento, pela decodificação de símbolos, pelo prazer e nesse universo caberia falar de emoção, de fruição, de expressões ambíguas como prazer do texto e texto de prazer: “Haveria uma mística do texto – Todo o esforço consiste, ao contrário, em materializar o prazer do texto, em fazer do texto um objeto de prazer como os outros.”

O prazer, cujo significado associa-se a contentamento, alegria, boa vontade, agrado, distração e divertimento, requer algo que transcende a simples teoria, e que seja efetivamente vivido. Sabe-se: melhor que a teoria é o aprendizado pelo exemplo, que produz um efeito ainda mais real. Nesse sentido, a escola não pode estar solitária: há o papel solidário e imprescindível da família, que abrirá espaços para que os momentos de leitura se façam presentes no dia a dia. As experiências compartilhadas, as leituras feitas em diversos níveis, que não se restringem apenas aos livros, mas se estendem a filmes, propagandas e músicas podem ser instrumentos para que o mundo seja percebido sob uma perspectiva enriquecedora de relacionar a ficção à realidade.

O diálogo estabelecido entre texto e leitor suscita a ideia de que o texto é um elemento vivo, uma materialidade de significantes que o autor articulou. Contudo, só toma corpo com o olhar do outro. O leitor, sob a ótica de suas experiências, conduz a leitura de forma mais prazerosa, ou não. Assim, a leitura passa por caminhos descontínuos, onde quem lê aciona seus links intertextuais. Mudar o perfil de uma sociedade letrada, mas que não vê a leitura como prazer, como diversão, é mudar um universo culturalmente construído em que ler é sinônimo de imposição, de obrigação e de necessidade.

A leitura deve deixar seu lugar estratégico de busca de conhecimento para se transformar em deleite. Descobrir que algo, até então visto como objeto de punição, pode ser prazeroso, instigante e desafiador é se ver diante de um tipo de texto que se casa com seus pensamentos ou que, mesmo indo de encontro aos seus pensamentos, é reflexivo e promove o crescimento.

Tornar-se leitor autônomo, questionador e, portanto, coautor de um texto, é o primeiro passo para entender que a leitura está além dos livros e que um texto só ganha vida quando alguém imprimem suas inferências, contribuindo para que as palavras deixem de ser apenas um signo linguístico. Quando alguém relaciona a realidade ficcional com a realidade em que se vive.”
(ALESSANDRA APARECIDA SOUZA LIMA MARQUES, Professora de língua portuguesa, literatura e redação, formada pela UFMG e pós-graduada em estudos lingüísticos pela UNI-BH, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de fevereiro de 2012, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 6 de janeiro de 2012, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Uma nova esperança

O papa Bento XVI, com a tradicional mensagem para o Dia Mundial da Paz, aposta em um convite que é quase uma advertência, ao referir-se ao empenho na educação dos jovens para a justiça e a paz. Essa mensagem alarga o horizonte que a Igreja Católica abraça, convocando os segmentos todos da sociedade para um efetivo empenho na preparação para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, no Rio de Janeiro.

Trata-se de verdadeiro resgate e aprofundamento da convicção de que os jovens, com seu entusiasmo e idealismo, podem oferecer uma nova esperança ao mundo. O papa se dirige especialmente aos jovens quando diz: “Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente o voltar-se para o Deus vivo, o nosso criador, que assegura a nossa liberdade, garante o que é deveras bom e verdadeiro; é o voltar-se sem reservas para Deus, a medida do que é justo e, ao mesmo tempo, é o amor eterno. E que mais nos poderia salvar senão o amor?

A nova esperança para fecundar o caminho de nosso mundo depende essencialmente do amor como força que formata mentes e corações, além de fortalecer na convicção de que é preciso tornar-se capaz de comprometimentos radicais e duradouros pela verdade, pela justiça e pela paz. Só o amor rejubila-se com a verdade, educa a inteligência e o coração humanos para a justiça e para a paz.

O papa Bento XVI convoca famílias, instituições educativas e todas as que atuam nos meios de comunicação, na vida social, política, econômica, cultural e religiosa a prestar atenção ao mundo juvenil. Chama atenção sobre a necessidade da capacitação permanente para o saber escutar e valorizar os jovens na construção de um futuro de paz e de justiça. Sublinha que essa não é apenas uma oportunidade, mas um dever primário da sociedade. O tom da mensagem, ao final, quando fala aos jovens, baliza o que deve emoldurar o coração dos educadores todos e indica a superação de preconceitos, distâncias e modos inadequados de entendimento.

O papa diz: “Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade. Diante das dificuldades, não vos deixeis invadir pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções, que frequentemente se apresentam como caminho mais fácil para superar os problemas. Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade, humildade e dedicação”. Esse apelo-convite aos jovens se torna indicador pedagógico para pais, educadores todos e responsáveis por âmbitos diferentes.

É um apelo aos jovens que deve ser transformado em meta para os educadores. Nessa perspectiva, os jovens se tornam exemplo e estímulo para os adultos. O papa continua dizendo: “vivei com confiança a vossa juventude e os anseios profundos que sentis de felicidade, verdade, beleza e amor verdadeiro. Vivei intensamente essa fase da vida, tão rica e cheia de entusiasmo”. Compreende-se que a educação da juventude para a justiça e a paz, como nova esperança ao mundo, é uma labuta em que a vitória se torna um ganho duplo. Ganham os jovens ao se esforçarem na luta pela superação das injustiças e da corrupção, com incisiva colaboração na construção de um futuro melhor. Ganham os educadores, que ensinam e, ao mesmo tempo, são aprendizes em razão da grandiosidade da causa da paz, incluindo exercícios fundamentais de diálogo, solidariedade, generosidade e partilha, garantia de modulação verdadeira do próprio coração e da vida.

A educação dos jovens para a justiça e a paz é um projeto adequado para o enfrentamento, diz o papa Bento XVI, de uma escuridão que desce sobre a sociedade, impedindo-a de ver a clareza do dia, quando frustrações, por causa da crise econômica não é uma simples questão de acerto de números e do funcionamento dos mercados. Olhar os jovens e o percurso educativo – um direito básico deles – ajuda a compreender que a crise que aflige a sociedade tem raízes culturais e antropológicas.

Por isto mesmo é prioritário tratar a questão dos valores e alavancar apreço à moralidade, sobretudo, junto aos jovens. Transmitir a eles o valor positivo da vida e neles suscitar o desejo de se comprometerem no serviço do bem, uma missão de todos.

Tarefa que merece agora uma redobrada atenção, empenhos e investimentos, pensando especialmente nos mais pobres, cuidando de sua formação de maneira profunda, contribuindo para fazer do jovem uma nova esperança ao mundo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS e AMBIENTAIS, de forma a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como;

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos, que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, no propósito de se manter em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, câncer que se espalha por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, igualmente a ocasionar INVESTIMÁVEIS perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTO, também a exigir uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos FALTA de RECURSOS diante de monstruosa SANGRIA, que MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e POUPANÇA, ao lado de extremas NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS...

É preciso, pois, implantarmos DEFINITIVAMENTE em nosso PAÍS a cultura da DISCIPLINA, da PARCIMÔNIA, do AMOR à PÁTRIA, do respeito mútuo e, sobretudo, do apreço aos valores e princípios e da ÉTICA em todas as nossas relações...

São GIGANTESCOS DESAFIOS, e sabemos bem, mas que de forma alguma ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS que contemplam EVENTOS previstos como: a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) neste ano; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo, da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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