sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO BÁSICA E A UNIVERSIDADE

“Mais falhas na educação

Notícias de que a educação vai mal no Brasil, em todos os níveis, viraram rotina nos últimos anos. Também se sabe que o país conseguiu avançar no processo de universalização do acesso ao ensino fundamental e que o gargalo do ensino médio – quantidade e qualidade – continua colocando o desempenho da educação em xeque. Mesmo assim, toda pesquisa ou estudo realizado com seriedade e embasamento técnico deve ser levado em conta e (pelo menos deveria) pesar na formulação das políticas públicas para esse setor prioritário, do qual depende nossa capacidade de competir por uma posição de destaque entre as nações que podem se dizer desenvolvidas. É sob esse enfoque que precisa ser encarado o relatório divulgado ontem pelo Movimento Todos pela Educação.

Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo De olho nas metas, dessa respeitada entidade chama atenção para necessidade de o país redobrar os esforços para cumprir metas relativamente modestas no campo dos ensinos médio e fundamental.

Segundo essas metas, até 2022 toda criança e jovem de 4 a 17 anos deve estar na escola; todas deverão ser plenamente alfabetizadas até os oito anos; todo aluno deve ter conhecimento adequado à sua série escolar; e todo jovem deve concluir o ensino médio até os 19 anos. Reportagem de hoje do Estado de Minas revela que o cumprimento dessas metas está ainda comprometido. Segundo o estudo divulgado pelo Movimento Todos pela Educação, o Brasil tem 3,8 milhões de jovens com idade entre 4 e 17 anos fora da escola. Essa realidade não ruim só nas regiões mais deprimidas do Norte e do Nordeste do país. Em Minas, são 363,9 mil jovens sem matrícula garantida. Apesar dos avanços da última década, o estado tem média de 91,8% de atendimento escolar nessa faixa etária, não atingindo a meta prevista para 2010, de 93,4% da população entre os 4 e 17 anos na escola.

O problema é ainda mais grave quando se examinam as conclusões sobre a qualidade do ensino que está sendo oferecido, medido pelo aproveitamento médio dos estudantes. Mais da metade dos alunos que concluem o 3º ano do nível fundamental em todo o país não atingem o conhecimento esperado em matemática. A tal ponto que o domínio dos números e dos cálculos foi apontado como o grande desafio nas escolas pelo Movimento Todos pela Educação. Em Minas, o cenário mais preocupante está nas séries finais, em que 76,2% dos jovens do 9º ano do fundamental e 84,8% dos que estão no 3º ano do ensino médio estão abaixo do nível adequado em matemática.

Agora que o Ministério da Educação (MEC), órgão máximo do setor no país, está sob nova administração, com a troca do ministro e de vários responsáveis por áreas importantes do órgão, é um bom momento para a realização de um amplo esforço para reverter esse quadro de vexames. Para começar, é hora de deixar de lado a arrogância e a prepotência que vinham balizando a relação de certos setores do MEC com os educadores de estados e municípios. Os números mostram o insucesso de qualquer política que abriu mão desse diálogo desarmado e construtivo.”
(EDITORIAL publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de fevereiro de 2012, Caderno OPINIÃO, página 10).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de fevereiro de 2012, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de FREI BETTO, Escritor, autor de Alfabeto – Autobiografia escolar (Ática), entre outros livros, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Universidade e inserção

Por que dizemos universidade e não pluriversidade? Trata-se de uma instituição que comporta diferentes disciplinas. Multicultural, nela coabita a diversidade de saberes. O título universidade simboliza a sinergia que deveria existir entre os diversos campos do saber. Característica lamentável em nossas universidades, hoje, é a falta de sinergia. Carecem de projeto pedagógico estratégico. Não se perguntam que categoria de profissionais querem formar, com que objetivos, de acordo com quais parâmetros éticos.

Ora, quando não se faz tal indagação, é o sistema neoliberal, centrado no paradigma do mercado, que impõe a resposta. Não há neutralidade. Se o limbo foi, há pouco, abolido da doutrina católica, no campo dos saberes ele nunca teve lugar. Um cristão acredita nos dogmas de sua igreja. Mas é no mínimo ingênuo, senão ridículo, como assinala o filósofo Hilton Japiassu, um mestre ou pesquisador acadêmico crer no propalado dogma da imaculada concepção da neutralidade científica.

Em que medida nossas instituições de ensino superior são verdadeiramente universidades, ou seja, se regem por uma direção, um enfoque dialógico, um projeto pedagógico estratégico? Ou se restringem a formar profissionais qualificados destituídos de espírito crítico, voltados a anabolizar o sistema de apropriação privada de riquezas em detrimento de direitos coletivos e indiferentes à exclusão social?

A universidade, como toda escola, é um laboratório político, embora muitos o ignorem. E a política, como a religião, comporta um viés opressor e um viés libertador. Como diria Fernando Sabino, são facas de dois legumes. Um dos fatores de desalienação da universidade reside na extensão universitária. Ela é a ponte entre a universidade e a sociedade, a escola e a comunidade.

As universidades nasceram à sombra dos mosteiros. Estes, outrora, eram erguidos distantes das cidades, o que inspirou a ideia de campus, centro escolar que não se mescla às inquietações cotidianas, onde alunos e professores, monges do saber, vivem enclausurados numa espécie de céu epistemológico. Como assinalava Marx, dali contemplam a realidade, tranquilos, agraciados pelas musas, encerrados na confortável câmara de uma erudição especializada, que pouco ou nada influi na vida social.

Essa crítica à universidade data do século 19, quando teve início a extensão universitária. Em 1867, a Universidade de Cambrige, Inglaterra, promoveu um ciclo de conferências aberto ao público. Pela primeira vez, a academia abria suas portas a quem não tinha matrícula, o que deu origem à criação de universidades populares.

Antônio Gramsci estudou numa universidade popular na Itália. A experiência o fez despertar para o conceito de universidade como aparelho hegemônico que se relaciona com a sociedade de modo legitimador ou questionador. Para ele, uma instituição crítica deveria, através dos mecanismos de extensão universitária, produzir conhecimentos acessíveis ao povo.

Na América Latina, antes de Gramsci houve o pioneirismo da Universidade de Córdoba, em 1918. A classe média se mobilizou para que as universidades controladas pelos filhos dos latifundiários e pelo clero se abrissem a outros segmentos sociais. Fez-se forte protesto contra o alheamento olímpico da universidade, sua imobilidade senil, seu desprezo pelas carências da comunidade entorno.

A proposta de abrir a universidade à sociedade alcançou sua maturidade, na América Latina, no 1º Congresso das Universidades Latino-Americanas, reunido na Universidade de San Carlos, na Guatemala, em 1949. O documento final rezava: “A universidade é uma instituição a serviço direto da comunidade, cuja existência se justifica enquanto desempenha uma ação contínua de caráter social, educativo e cultural, aliando-se a todas as forças vivas da nação para analisar seus problemas, ajudar a solucioná-los e orientar adequadamente as forças coletivas. A universidade não pode permanecer alheia à vida cívica dos povos, pois tem a missão fundamental de formar gerações criadoras, plenas de energia e fé, consciente de seus altos destinos e de seu indeclinável papel histórico a serviço da democracia, da liberdade e da dignidade dos homens.”

Neste mundo hegemonizado por transnacionais da mídia mais interessadas em formar consumidores que cidadãos, nossas universidades, 62 anos depois do alerta de San Carlos, ainda não priorizam o cultivo dos valores próprios de nossas culturas nem participam ativamente do esforço de resistência e sobrevivência de nossa identidade cultural. O que deveria se traduzir no empenho para erradicar a miséria, o analfabetismo, a degradação ambiental, a superação de preconceitos e discriminações de ordem racial, social e religiosa.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, PEDAGÓGICAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de forma a promovermos a inserção do PAÍS no rol das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Isto posto, URGE a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, objetivando manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, câncer que se espalha por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁTIVAS perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTO, igualmente a exigir uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Assim, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de monstruosa SANGRIA, que MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e POUPANÇA, ao lado de extremas necessidades de AMPLIAÇÃO e MODERNIZAÇÃO de setores como: a INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); MOBILIDADE URBANA (trânsito, transportes, acessibilidade); SANEAMENTO AMBIENTAL (água TRATADA, esgoto TRATADO, resíduos sólidos TRATADOS, MACRODRENAGEM urbana, logística REVERSA); EDUCAÇÃO; SAÚDE; ASSISTÊNCIA SOCIAL; PREVIDÊNCIA SOCIAL; SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL; EMPREGO, TRABALHO e RENDA; ESPORTE, CULTURA e LAZER; SEGURANÇA PÚBLICA; FORÇAS ARMADAS; AGREGAÇÃO DE VALOR ÀS COMMODITIES; SEGURANÇA ALIMENTAR e NUTRICIONAL; HABITAÇÃO; ENERGIA; COMUNICAÇÃO; LOGÍSTICA; INOVAÇÃO; QUALIDADE (planejamento estratégico, economicidade, produtividade, competitividade); CIÊNCIA e TECNOLOGIA; PESQUISA e DESENVOLVIMENTO; TURISMO; MEIO AMBIENTE; DEFESA CIVIL, entre outros...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de forma alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS que contemplam EVENTOS como: a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) neste ano; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo, da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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