“Helena
Antipoff
Em um primeiro momento,
podemos afirmar que um legado à história da psicologia , focada em ações
humanas apoiadas em sérios estudos dirigidos a ideais de harmonia, de ajuda e
respeito mútuos entre os indivíduos, desde os mais debilitados até os mais talentosos,
constitui o contexto substancial que sempre se manteve na vida e obra de Helena
Antipoff.
Em
1929, dona Helena aceitou o convite do secretário de Educação do Estado de
Minas Gerais, Francisco Campos, no governo de Antônio Carlos de Andrada, para
organizar o Laboratório de Psicologia da Escola de Aperfeiçoamento de Minas
Gerais. Fundou, então, em Belo Horizonte, o primeiro laboratório de psicologia
aplicada da América do Sul.
Esse
laboratório, sob sua direção, promoveu em 1931 e 1932 a homogeneização das
classes nos grupos escolares da capital e em diversas outras escolas do
interior do Estado, de acordo com os critérios de desenvolvimento mental, idade
cronológica e escolaridade. A existência de um grande número de alunos
especiais tornou-se patente e daí surgiram as classes especiais e a criação da
Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais.
Já na
década de 1930, Helena Antipoff fazer ver a necessidade de criar jardins de
infância, chegando a fundar alguns em Minas, formando professores
especializados, reconhecendo a importância do atendimento pré-escolar, dentro
do conceito, hoje cientificamente comprovado, da formação intelectual e
emocional da criança realizar-se em seus primeiros anos de vida. Mas sofreu,
naquela época, campanha dos que achavam que a criança pequena devia permanecer
somente junto aos pais.
Só
mais tarde, em 1954, surgiu a primeira Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais (Apae), hoje presente em todo o Brasil.
Seu
legado evidencia a cientista por excelência que era, contribuindo decisivamente
para o progresso da psicologia e da educação no país, não só em aspectos
teóricos, mas também práticos. Ela possibilitou uma visão mais realista e
científica do desenvolvimento de nossas crianças, tanto aquelas consideradas
normais como as com necessidades especiais, portadoras de deficiências ou de
altas habilidades, mesmo que carentes ou abandonadas. Fomentou e acompanhou o
desenvolvimento de nossas institucionais educacionais regulares e especiais, e
participou da renovação do ensino e da atualização dos professores, além de
fundar diversas associações em prol dos “excepcionais”.
Nascida
em 25 de março de 1892, em Grodno, na Rússia, Helena Antipoff viveu por mais de
40 anos no Brasil, onde faleceu a 9 de agosto de 1974, na Fazendo do Rosário,
no município de Ibirité (MG), deixando um grande legado para a educação
brasileira.
Helena
Antipoff demonstrou seriedade, poder de reflexão e confiança na ciência como
força para alcançar o progresso e resolver os bloqueios que interceptam o
desenvolvimento humano.”
(Wellington
Silveira. Vice-Presidente da Fundação Helena Antipoff, em artigo publicado
no jornal O TEMPO Belo Horizonte,
edição de 22 de dezembro de 2013, caderno O.PINIÃO,
página 19).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de
dezembro de 2013, caderno OPINIÃO, página
7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, que é arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece
igualmente integral transcrição:
“Ano
novo feliz?
Nos votos
tradicionalmente feitos, no desejo de cada coração e, particularmente, nas
urgências e demandas que os variados cenários da sociedade estão gritando em
alta foz, “feliz ano novo” é o augúrio contido; ano novo pela contagem de um
dia após o outro não é novidade. O tempo passa inexoravelmente. Ninguém o detém
e ele corre talvez ainda mais veloz na atualidade. São avalanches criadas, mas
pouca interioridade.
Os
grandes mestres ensinam que o tempo é, sobretudo, uma questão de interioridade.
Se tudo é centrado na exterioridade e nas aparências, o tempo não só passa
muito rápido como também de maneira pouco aproveitável. Desse modo, a cidadania
fica comprometida, habitua-se a superficialidades e, lamentavelmente, o tempo
da vida é compreendido como momento para buscar o atendimento de interesses
mesquinhos. Sem interioridade, adota-se um modo egoísta de viver, sem
comprometimentos com a ordem social e com a lúcida exigência paras as dinâmicas
políticas.
O
desejo de “Feliz ano novo”, para além da formalidade, uma expressão automática,
até maquinal, para ser realidade, precisa algo mais. É urgente cultivar uma
nova sensibilidade social e política, formatando de maneira nova a cidadania. A
“novidade” do “ano novo” depende do sentido social que alavanca e impulsiona a
condição cidadã de cada indivíduo. Esse sentido social inclui desde a educação
de não jogar um papel de bala fora do cesto de lixo até a esperada competência
e velocidade indispensáveis nas ações dos que governam, dos que têm maiores
responsabilidades como construtores de uma sociedade pluralista.
O
profeta Isaías, para despertar a consciência do povo, ação insubstituível para
a novidade no tempo, fala do sentimento e do propósito de Deus a ser também
assumido por todos os cidadãos de boa vontade. Ele compartilha que Deus, por
amor, não descansa enquanto não surgir na sociedade, como luzeiro, a justiça, e
não se acender nela, como uma tocha, a salvação. Desse modo se desenha o
caminho para desdobramentos que possam trazer o novo, na contramão de interesses
meramente grupais, partidários e religiosos, algumas vezes mesquinhos e
alienantes.
O ano
que vem chegando não pode se resumir ao período eleitoral, considerada a sua
importância decisiva, nem simplesmente à festa da Copa do Mundo. Deve se
constituir nesse tempo que se inicia uma chance para que os políticos não
esgotem suas ações em meandros partidários, visando a interesses próprios e de
apoiadores. O sinal estará dado na qualidade do discurso, que deve ultrapassar
o conservadorismo de ataques mútuos ou de armação de ciladas. A hora é de
propor ações e programas com comprovada autoridade política, a partir do
entendimento de que o povo é o verdadeiro detentor da soberania.
Essa
compreensão inclui, pois, a competência e a sensibilidade requeridas para
priorizar as necessidades do povo. Nesse sentido, ainda longo é o caminho e
necessários são ajustamentos nas práticas executivas governamentais. Nota-se
uma falta de sensibilidade social e embasamento humanístico nos mais
diversificados setores, inviabilizando atendimentos básicos, como transporte,
moradia, saúde, educação, lazer. A burocratização e a redução de tudo a
números, analisados e tratados nos escritórios, comprovam essa falta de
sensibilidade. Revelam ausência de formação humanística que estreita a própria
cidadania, permitindo uma satisfação a partir de indicadores que, mesmo
volumosos, não podem camuflar a aflição dos outros, particularmente dos mais
pobres e sofredores.
As
estratégias e metas são importantes nas definições e nas escolhas. Imprescindível
é o cultivo da sensibilidade social, à luz da fé e inspirada por um alto
sentido de cidadania. Caso contrário, chove-se no molhado e não se verificam
avanços globais, com o necessário envolvimento de todos. Em busca do novo para
o ano novo, vale ter em conta a indicação do papa Franscisco, para quem crê e
para quem quer honrar sua cidadania. Ele sublinha que cada cristão, cidadão e
comunidade tem o dever, de quiser gerar o novo, de ser instrumento de Deus e da
cidadania, a serviço da libertação e da promoção dos pobres. Essa é a única via
de capacitação para contribuições relevantes no diálogo em vista da paz social.
Se todos seguirem essa indicação, 2014 poderá ser, efetivamente, um “ano
novo”.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas
e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de
liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e
diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja,
próximos de zero; II – a corrupção, como
um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente
irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
intolerável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade,
produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada,
qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que
possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades
com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no
horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como
a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do
pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da
internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da
inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo
mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...
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