(Dezembro
= mês 54; faltam 6 meses para a Copa do Mundo)
“Por
uma melhor gestão pública
A população foi às ruas
nos últimos meses para protestar, em um levante que não se via no Brasil havia
um bom tempo. A mensagem foi clara: há algo de errado na condução da política
econômica e social do país e a população, no geral, não está satisfeita. Em
meio a tantos cartazes expostos nas últimas semanas, o resultado que fica é o
de que o Brasil não atua de forma sincronizada com os anseios populares.
Nota-se
um visível descompasso e falta de alinhamento das instituições federais,
estaduais e municipais para o atendimento das necessidades básicas da sociedade
brasileira. É preciso utilizar melhor os recursos para gerar mais valor à
sociedade. Temas estratégicos como saúde, educação, segurança e transporte
público não podem estar sujeitos à sazonalidade político-partidária, e sim a
planos consistentes estruturados para o longo prazo.
O
ranking do Fórum Mundial de Economia, que funciona como um índice de
competitividade global, mostra que o Brasil não está tão bem posicionado frente
a outros países. Embora tenha avançado posições no índice geral, ao longo dos
anos, o Brasil está entre os últimos colocados em aspectos relacionados ao
setor público como desperdício em gastos públicos e eficiência do setor. A
Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) realizou, em janeiro de 2013, uma pesquisa
que procurou entender quais afetam a competitividade brasileira. Em consonância
com os pedidos ouvidos nas ruas, surgiram questões bem próximas dos clamores da
população: foram citados, como barreiras ao crescimento do país, aspectos como
educação (pública e privada), burocracia, legislação trabalhista, política
econômica, segurança pública, entre outros.
Assim
como a iniciativa privada já vem fazendo há algum tempo, está na hora de
discutir também no setor público temas condizentes com a busca pela excelência
da gestão, que, por vezes, já integra a agenda das organizações privadas, como
a descentralização da gestão, o pensamento estratégico, o foco em resultados e
metas estabelecidas, a implantação de processos claros e o esforço na
desburocratização do setor, além do foco em estratégias que possam gerar valor
para o país e para os cidadãos brasileiros.
A FNQ
já observa uma mobilização silenciosa do setor público para implantação de
práticas de gestão sistêmica, seguindo os princípios da iniciativa privada. Um
exemplo é o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização
(Gespública), que estabeleceu um modelo de gestão permanente, seguindo os
fundamentos e critérios do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), disseminado
pela FNQ, e que atua como instrumento referencial para a melhoria de práticas e
o alcance do sucesso de organizações de todos os portes e setores. Adaptados ao
setor público, o modelo prevê que governos municipais, estaduais e federal e
órgãos e empresas públicas possam melhorar também a sua gestão e contribuir
para o aumento da competitividade da economia brasileira.
O
modelo de gestão sistêmico da FNQ, adaptado à realidade do setor público,
permite que organizações públicas e privadas façam uma avaliação constante de
sua gestão, identificando seus pontos fortes e as oportunidades de melhoria. Ao
profissionalizar a sua gestão, a organização consegue atender a população com
mais rapidez e eficiência, possibilitando processos mais claros, além de
reduzir entraves burocráticos e de infraestrutura, que vêm tornando o Brasil
menos competitivo frente a outras economias.
Talvez
seja o momento de ouvir as manifestações de forma positiva, mudar o nosso
modelo mental para fazermos uma política mais realizadora, demonstrando uma
atitude proativa frente às demandas declaradas, anunciando um plano para o
Brasil mais condizente com o que pede a população e menos ligado em ações
pontuais e cosméticas. O momento pode ser propício para uma aproximação mais
efetiva aos reais anseios da população brasileira, pois temos condições, de
sobra, para construirmos um Brasil melhor.”
(JAIRO
MARTINS. Superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), em
artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 29 de novembro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, que é arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Alegria do Evangelho
O papa Francisco define
ainda mais nitidamente o horizonte norteador da Igreja Católica neste tempo com
a sua recém-publicada Exortação Apostólica, intitulada A alegria do Evangelho. Obviamente, trata-se de uma exortação que
nasce da “escuta”, na dinâmica da vida da Igreja e do que é próprio da graça de
Deus. O papa Francisco, com frescor próprio do coração de pastor enraizado no
chão latino-americano, reaviva, com singularidades, a recuperação de sentidos
genuínos na vivência do Evangelho. O conhecimento da exortação do papa é
determinante na compreensão e no tratamento do mais importante desafio da
Igreja Católica na contemporaneidade: a insubstituível tarefa de anunciar o
Evangelho no mundo atual.
Ao
falar sobre alegria, um capítulo determinante na vida e um interesse comum a
todos os corações, é imprescindível compreender que o Evangelho de Jesus Cristo
não é um simples conjunto conceitual alternativo para aprendizagem, ou simples
referência quando necessário. A alegria do Evangelho é duradoura. Enche o
coração dos que, no cotidiano, vivenciam a experiência do encontro pessoal com
Jesus Cristo. Trata-se de uma alegria que não é como muitas outras, que
seduzem, mas são passageiras e não têm força para resgatar o vazio interior, o
isolamento e a tristeza. O papa Francisco adverte que o grande risco do mundo
contemporâneo, com a oferta múltipla e opressora de consumo, é uma tristeza
individualista que brota do coração acomodado e avarento, da busca doentia de
prazeres superficiais.
Não é
possível encontrar uma alegria verdadeira e duradoura quando a vida interior se
fecha nos seus próprios interesses. Isto impede a escuta de Deus e faz morrer o
entusiasmo de fazer o bem. Um risco que, sublinha o papa Francisco, pode
atingir também os que creem e praticam a fé. Um cenário que pode ser constatado
quando são encontradas pessoas descontentes, ressentidas, amargas e
incapacitadas para cultivar sonhos e projetos, necessários para conduzir a vida
na direção da sua estatura própria de dom de Deus. A alegria, necessidade
natural do coração humano, expressão de vida vivida com dignidade, vem com o
anúncio, conhecimento, experiência e testemunho do Evangelho de Jesus Cristo.
A
Igreja, que tem a missão de promover a experiência dessa alegria duradoura, tem
que estar em movimento, isto é, sempre a caminho. Cada membro, tomando a
iniciativa de sair e ir ao encontro, deve renunciar às comodidades e acolher o
desafio da mudança, da renovação, numa atitude permanente de conversão. É
preciso ter coragem de mudar, de ousar novas respostas, em todos os campos da
sociedade, dinâmicas e projetos. No caminho contrário, corre-se o risco de se
tornar um instrumento inócuo no serviço e no anúncio da fonte inesgotável dessa
alegria.
Por
isso, diz o papa Francisco, a Igreja está desafiada por uma exigência de
renovação improrrogável. Para se adequar a essa realidade, é preciso reconhecer
os muitos desafios postos pelo mundo contemporâneo. A consideração das
diferentes culturas urbanas, com um conhecimento mais aprofundado de suas
dinâmicas, interesses, linguagens e configurações, tem a propriedade de mostrar
o caminho novo que fará a renovação da Igreja. O papa Francisco sublinha que,
na atual cultura dominante, o primeiro lugar está ocupado por aquilo que é
exterior, imediato, visível, veloz, superficial e provisório. O real dá lugar à
aparência. Constata-se uma deterioração de valores culturais, com a assimilação
de tendências eticamente fracas. Esse processo de renovação e trabalhosa tarefa
de ajudar o mundo a encontrar no Evangelho a fonte perene de alegria duradoura
supõe, sem negociação, a coragem e a perseverança no dizer “não” a uma economia
da exclusão, “não” à nova idolatria do dinheiro, que dá ao mercado a força de
governar e não a de servir, gerando perversidades inadmissíveis. “Não” a todo
tipo de iniquidade que gera violência, “não” ao egoísmo mesquinho e ao
pessimismo estéril.
É hora
de compreender e testemunhar a dimensão
social da fé, como força e instrumento de uma nova “escuta” prioritária dos
pobres, trabalhando para respeitar o povo, de muitos rostos e necessidades.
Convida-nos o papa Francisco a buscar, corajosamente, novas configurações
organizacionais, institucionais e pessoais, apoiados na certeza daquilo que,
luminosamente, está na alegria do Evangelho.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem; III – o desperdício, em todas
as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
inexoravelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública (a propósito,
destaque para a inestimável contribuição da Fundação Nacional da Qualidade
(FNQ), com o seu Programa de Excelência da Gestão; vide www.fnq.org.br
); a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos,
aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; cultura, esporte e lazer; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade,
produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e
nem arrefecem o nosso entusiasmo e
otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação
verdadeiramente justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e
solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas,
oportunidades e potencialidades com todas
as brasileiras e com todos os
brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos
e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as
obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da
era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário