segunda-feira, 13 de julho de 2015

A CIDADANIA, OS DESAFIOS DA PÁTRIA EDUCADORA E O ESPÍRITO ALTRUÍSTA

“Brasil, ‘pátria educadora’
        Foi lançado no último dia 22 de abril, pela Secretaria de Assuntos Estratégicos do Governo Federal, o documento “Pátria Educadora: a qualificação do ensino básico como obra de construção nacional”. Esse documento traz uma mensagem muito importante, uma promessa de que a educação será a prioridade das prioridades nos próximos anos do governo.
         No discurso, todos nós sabemos que a educação é essencial para o desenvolvimento de um país. Os países mais bem-sucedidos são aqueles que têm acesso a uma educação de qualidade e conseguem romper com as limitações e as barreiras das desigualdades sociais.
         Por falar em desigualdades, o Brasil é campeão nesse assunto. Com um dos piores índices de desigualdade do mundo, foi listado recentemente no ranking de educação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) como o 60º colocado entre 76 países. Isso mostra o retrato da educação no Brasil, marcado por diferenças sociais gritantes e pela negligência de longos anos dos governos, com um quadro histórico educacional extremamente diversificado.
         A educação está entre as atitudes mais importantes de uma sociedade. Nesse sentido, é preciso pensar em políticas públicas que priorizem o combate às desigualdades sociais, e um grande passo é promover educação de qualidade como um direito.
         Nosso país tem um dívida com a educação, que deve ser compensada o mais rapidamente possível, e é o que se espera do Pátria Educadora. Muito tem se falado e já se falou sobre a educação no Brasil, mas vale lembrar que a educação, em todas as suas dimensões, é um grande desafio.
         É claro que, no que refere-se às políticas educacionais implementadas nas últimas décadas no Brasil, é possível verificar um avanço quantitativo, especialmente no que concerne ao acesso à educação. No entanto, ainda há muito o que se fazer; o desafio é olhar para a educação como processo contínuo e eficaz.
         A atual expansão de sistemas públicos como educação, saúde e assistência social, dentre outros, é muito propício; além disso, aponta para o crescimento da demanda por pessoal qualificado para o exercício das atividades profissionais nos mais de 5.000 municípios brasileiros. No centro dessa discussão, estão profissionais qualificados e agentes centrais de transformação, dentre eles o professor.
         Certamente, o professor é um dos pilares da educação, e dentro desse novo contexto da política educacional, em concomitância com os desafios impostos pelo século XXI, investir na formação continuada desses profissionais fará toda diferença para se chegar à tão desejada pátria educadora.
         Por fim, temos que acreditar que é possível transformar o país pela educação, e, mais do que acreditar, realizar ações que, na prática, demonstrem um compromisso político e social com todos os brasileiros e brasileiras.”.

(Andréia Barreto. Coordenadora de pós-graduação (UNA), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 6 de julho de 2015, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de julho de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Doses de altruísmo
        O altruísmo, condição fundamental para a civilização, está em falta. Estabelecida uma comparação com outros tempos, é preocupante a situação. Hoje, inclusive, pouco se fala sobre altruísmo. Muitos deveriam recorrer ao dicionário para se inteirar sobre o significado dessa palavra, relacionada a uma qualidade que deveria ser exercida em todo lugar. O déficit lastimável de altruísmo cresce em razão da falta de práticas marcadas por esse atributo. Uma das exceções dessa triste realidade é formada por segmentos que ainda se preocupam com o cuidado social dos que estão em situação de vulnerabilidade. Porém, para enfrentar os cenários de miséria e exclusão, precisa-se de maior soma de esforços. Na contramão do altruísmo está a indiferença para com os pobres pela dificuldade de repartir.
         Quando se compreende o altruísmo como capacidade humana de tender sempre ao cuidado com o outro, diante da realidade atual constata-se a vitória da ação antagônica, egoísmo. Por isso, surgem cenas abomináveis e há extrema dificuldade para sair das graves crises que estão afligindo a sociedade. É triste, por exemplo, ver a confusão no cenário político brasileiro. Em evidência estão os esquemas bárbaros de corrupção, que envolvem partidos diversos, vários segmentos da sociedade e cidadãos, revelando o peso determinante de egoísmos doentios. Constata-se também a incompetência no exercício da liderança para encontrar novos rumos. A carência de altruísmo é um mal generalizado. Dos ocupantes de altos cargos aos que são responsáveis pelos afazeres mais simples, todos podem ser afetados por essa carência que inviabiliza a solução de problemas sociais. A falta de respostas capazes de superar as crises emana da incompetência humanística e espiritual que confina grupos políticos, construtores da sociedade e religiosos na mesquinhez de interesses e de comodidades.
         Podem-se observar diferentes situações sociopolíticas, culturais e religiosas, nos diversos âmbitos da sociedade brasileira, que sempre se constata a prevalência de uma apatia instalada. Basta acompanhar pela mídia o que é noticiado no cenário político. Trata-se de saga novelesca que envolve manobras, ataques, tramas, agressões, defesas, articulações. Tudo o que se encontra em uma novela de pouca qualidade formativa. Os líderes pecam por falta de altruísmo, mal que inviabiliza ações generosas, com relevante sentido social e humanístico em diversos segmentos – nos serviços da educação, da vivência da fé, da construção em geral da sociedade.
         Interrogados, todos responderão que desejam a superação das crises. Mas a solução esperada é sempre uma oferta feita pela outra parte. O ponto de partida, porém, deve ser o altruísmo – reconstruir e encontrar saídas pelo gesto de oferecer primeiro. Só um espírito altruísta é capaz de abrir mão de benefícios, status e até de conquistas pessoais com o objetivo de se alcançar um novo estágio, o bem comum. Isto não se faz se competência humanística. Uma qualidade que não deixa o indivíduo instalar-se na linha abominável da mediocridade, na estreiteza que não permite pensar projetos maiores.
         Lamentavelmente, empenha-se muito para preservar a mesquinhez, o egoísmo de ajuntar para si e permanecer na ilusão de que a vida vale pelo que se tem, não pelo que se é ou pelo que se faz em benefício do outro. Explicitam-se assim as razões que incapacitam os governantes para discernir e escolher bem, perpetuando necessidades e demandas do povo. A falta de altruísmo afeta até mesmo os âmbitos da cultura, de sua produção. Apequena também a religiosidade, transformada em lugar de disputa, de autoafirmação e de pouca contribuição. Eventuais soluções para as outras crises, como a econômica, correm o risco de ser enfraquecidas justamente pela falta de altruísmo.
         Essa qualidade, fruto da educação familiar, escolar e religiosa, é um remédio indispensável para a superação de irracionalidades. O momento é de povoar os cenários da política, do mundo da educação, da cultura, do empreendedorismo e da família com figuras que primam por gestos marcados pelo altruísmo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do IBGE, a inflação de junho medida pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – e acumulada nos últimos doze meses atingiu 8,89%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!    
     
        



     

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