quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A CIDADANIA, O VIGOR DA FÉ, A CORRUPÇÃO, A ECONOMIA E A LUZ DO AMOR À PÁTRIA (15/9)


(Novembro = mês 15; faltam 9 meses para a Olimpíada 2016)

“A fé alimenta a ascensão da alma 
porque é o caminho que a conduz
        Nós passamos a perceber que a força interior já está operando em nós quando leis terrestres não mais nos satisfazem, quando ampliamos nosso anseio de servir, quando necessitamos estar unidos às leis universais, leis que são mais próximas da realidade cósmica do que as regentes da atual civilização. As leis terrestres precisam ser cumpridas, mas quando sabemos que existem outras, mais amplas, a serem conhecidas e vividas, cumpri-las torna-se um jogo que se leva adiante com alegria e bom humor.
         Antes de chegar o momento cíclico de o homem ligar-se às leis universais, ele as vai conhecendo teoricamente, por meio dos vários ensinamentos que as chamadas escolas espirituais lhe vão proporcionando. Depois, terminado o ciclo de absorver essas teorias, emerge de dentro de si a necessidade de cumpri-las, a necessidade de realmente vivê-las, mesmo que as circunstâncias externas e as condições subjetivas presentes não o ajudem.
         Interiorizar-se, no momento em que quase tudo o que há no mundo puxa o homem para o exterior, é um trabalho considerável, mas imprescindível. Para fazer o supremo esforço de não nos envolvermos com o supérfluo é que nos convocamos para estar neste planeta, no plano físico, nos momentos críticos pelos quais está agora passando.
         Temos todos, nesses momentos, muita ajuda. Encontramos circunstancias organizadas pelo nosso ser interior, encontramos forças de cuja existência antes não suspeitávamos. Durante esse período, podemos perceber a força do nosso espírito. Esse regente, que somos nós mesmos no plano cósmico – cientes, porém, da meta maior que nos cabe alcançar e das etapas que nos cabem cumprir –, esse guia supremo do homem terrestre pode elevá-lo além dos conhecimentos até então adquiridos. Com amor, inicia-se o conhecimento superior, estimulando-o a repelir todo e qualquer obstáculo à evolução no caminho espiritual. Assim, a consciência da presença do espírito significa para o homem o começo da dissipação da ignorância.
         O que estará na essência dessa palavra “evolução”, tão cara aos terrestres que são mentais? Nada é possível adiantar sobre isso, porque iniciar um homem nesses mistérios é uma das tarefas de seu próprio espírito.
         Como já foi dito: nosso espírito espera o autêntico desejo de transformação que devemos demonstrar. Começará, então, a operar em tudo o que for necessário. Assim é o verdadeiro amor, puro e desinteressado, livre de controles especulativos e egoístas. Ele aguarda que em nós aflorem as essências do ser, que é participante dos novos acontecimentos, filho de um novo mundo a caminho. Nosso espírito nos levará ao ponto que hoje desconhecemos, mas que, todavia, com amor nos abraça, por sentir que está nos unindo dia a dia, cada vez mais, à nossa verdadeiramente raiz de origem. Assim é o ser que desperta, sem poder explicar a outros como nem por que, porém, guiado por uma força interior que não conhece limites nem barreiras.
         Vivemos, então, a última etapa da parábola do filho pródigo: não mais as agruras do livre-arbítrio, que nos levava a fazer tantas experiências caminhando às cegas, mas sim o abraço final do Pai que recebe com festas o filho amado.
         Os caminhos pelos quais o ensinamento que vem do nosso interior, da alma, nos leva parecem impossíveis; todavia, é a fé que conduz e alimenta essa ascensão.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 4 de outubro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 3 novembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de RENATO MEIRELLES, presidente do instituto de pesquisa Data Popular, e que merece igualmente integral transcrição:

“Corrupção e economia
        Na última década, tenho acompanhado de perto, realizando e interpretando pesquisas de opinião, as profundas transformações que o país vive. E o que tenho visto hoje em dia, apesar do atual momento de instabilidade, é um cidadão mais empoderado e mais exigente com os seus direitos. Vejo também um cidadão que chama para si a responsabilidade sobre a própria vida, que acha que ela depende, sobretudo, do seu suor e do seu trabalho. São inúmeras as estratégias, formais e informais, que já estão sendo colocadas em prática pelas camadas populares para lidar com a situação de aperto. É a sabedoria popular entrando em cena para se virar em momentos de adversidade. Mas apesar de chamar para si esse protagonismo, eles não ignoram que suas oportunidades são condicionadas pelo momento do país.
         Há pouco mais de um mês, do Data Popular, realizamos novo estudo para entender como está a cabeça do brasileiro, como enxerga o momento atual e quais são suas perspectivas em relação ao futuro. Infelizmente, encontramos um brasileiro descrente na atual situação econômica e muito insatisfeito com os políticos, percebidos como entidade abstrata que engloba tanto o governo quanto a oposição. Essa insatisfação é verbalizada principalmente como crítica generalizada à corrupção. Essa centralidade da corrupção é também percebida nas manifestações de rua realizadas recentemente contra o governo.
         Por trás desses discursos, vimo que a corrupção virou a grande fonte explicativa para todos males do país, e passou a ser acionada como responsável por quase todas as dificuldades econômicas na vida cotidiana. Na cabeça dos brasileiros, a gasolina aumentou, por exemplo, como consequência da existência de corrupção na Petrobras. O que explica o aumento da conta de luz? Corrupção. O que causa os problemas percebidos na saúde pública, como a longa espera por atendimento ou a falta de remédios? Os desvios de recursos por conta da corrupção. O que motivou a necessidade do ajuste fiscal, com corte de verbas para ministérios e investimentos do governo? A necessidade de “compensar o prejuízo” trazido pela – sempre ela – corrupção. Outros fatores decisivos para a compreensão dos resultados de políticas públicas, como a qualidade e a inovação administrativas ou as prioridades estabelecidas politicamente, quase nunca aparecem espontaneamente como relevantes.
         Não deixa de ser curioso notar que na cultura política brasileira sempre houve espaço para a tolerância com a corrupção. As fórmulas do tipo “rouba, mas faz” foram largamente utilizadas por eleitores para justificar sua simpatia por alguns candidatos em diversos estados do país. É a tolerância com o que poderíamos chamar de “corrupção de resultados”, sendo a corrupção entendida nesse sentido quase como condição necessária para fazer “a máquina girar, as coisas acontecerem”. No discurso que temos encontrado atualmente, o enunciado se inverte: os políticos “não fazem porque roubam”. Não é por acaso que essa nova centralidade a respeito do tema corrupção ocorra em um momento de crise econômica, em que as expectativas e projeções para o país e para a vida pessoal estejam sendo frustradas. Nesse contexto, em vez de “viabilizar” (o funcionamento de uma máquina estatal viciada), ela passou a ser entendida como fenômeno que “inviabiliza” (a entrega de serviços públicos adequados, em um momento de restrição de recursos).
         Se duradoura, essa nova interpretação poderia ser positiva. O problema é que, atualmente, a população não encontra saídas para esse tema entre os atores políticos em cena, salvo em outsiders que – e exatamente por isso – não são considerados “políticos”. O brasileiro não enxerga a alternância de poder uma solução para a corrupção. Fica muito evidente que, nesse e em outros aspectos, das diversas crises que assolam o país a maior crise é a falta de perspectiva. O que os eleitores demonstram é uma demanda urgente por um discurso que ofereça uma nova perspectiva para o Brasil. O brasileiro quer mudanças, sim, mas não a qualquer custo. Ele quer saber para onde vai.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, também em setembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,49%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  


                

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