"Liderança
em tempos de crise: na dúvida, pergunte!
A liderança é um tema
que está sempre presente na mente dos gestores. Hoje em dia, todos sabem que
ninguém constrói o sucesso sozinho e que os resultados são alcançados em
equipe. Por isso, aqueles que lideram melhor saem sempre na frente.
Assim,
os pesquisadores vivem estudando o tema da liderança. Várias teorias já
surgiram e vão evoluindo com o passar do tempo. Antigamente, achava-se que a
maioria dos homens preferia obedecer e não gostava de autonomia. Dá para
acreditar? Era a chamada Teoria X, que caiu completamente por terra. Depois, o
foco passou a ser a liderança como um dom nato: ou você dava a sorte de nasce
líder ou dava azar e, aí, nunca chegaria a alcançar os postos mais altos em uma
organização. Ninguém mais acredita nisso também, felizmente!
Hoje
em dia, a visão moderna entende a liderança como uma relação que é construída
entre as pessoas, baseada na confiança e na comunicação, independentemente da
autoridade formal. Líder é aquele que tem seguidores, não um grupo que o
obedece cegamente. Por isso, se diz que ser gerente é uma coisa e ser líder é
outra. Há vários chefes que não conseguem liderar a equipe. Eles mandam, e quem
tem juízo obedece (ou boicota disfarçadamente), mas não lideram. E, do mesmo
jeito, há vários líderes que são sempre vistos como referência, procurados,
ouvidos – mesmo que não tenham nenhum cargo formal. Nas organizações, claro, o
ideal é juntar as duas coisas: ser um gestor-líder.
Nesse
perspectiva, a liderança coaching é considerada uma forma avançada de liderar.
A proposta é que o gestor adicione ao seu trabalho mais uma competência: a de
ser o coach de sua equipe. O que um coach faz? O coach é um profissional que
trabalham em parceria com um cliente, para ajudá-lo a se desenvolver e alcançar
seus objetivos. Como o coach faz isso? Conversando. Uma sessão de coaching se
parece muito com uma conversa, mas, por trás de um aparente bate-papo, o coach
está o tempo todo desafiando e estimulando o cliente a pensar de forma criativa
e inovadora e a encontrar soluções diferentes para velhos problemas. Os
resultados são impressionantes: mudando sua forma de pensar, o cliente enxerga
a realidade de um modo como nunca tinha visto, ganha autoconfiança e alcança
seus objetivos em um tempo muito mais curto do que imaginava.
O
líder coach faz o mesmo, mas de uma forma simplificada. Ao aprender as técnicas
básicas de coaching ele é capaz de transformar várias de suas conversas com
seus liderados em conversas coaching. Em vez de dizer o que vai fazer, ele
começa a perguntar. Não é fácil. Imagine um supervisor de vendas, neste momento
do país, perguntando ao gerente: “As vendas caíram, o que fazemos?” e o gerente
perguntando de volta? “Quais são as alternativas?”. Depois de anos acostumado a
ter sempre as respostas para tudo, o líder pode se sentir inseguro, ao
responder uma pergunta com outra pergunta. Esse comportamento quebra a imagem
de líder todo-poderoso. Mas as vantagens são inúmeras. O líder que incorpora a
competência coaching em sua liderança começa a ver que, quando ele pergunta, as
pessoas respondem. As pessoas têm ideias, opiniões, experiências e podem pensar
em alternativas diferentes das que ele próprio pensaria. O que é ótimo. Se duas
cabeças pensam melhor do que uma, por que insistimos em colocar o líder para
pensar o tempo todo?
É
claro que incorporar a competência coaching não significa deixar de falar e
ficar só perguntando. Em muitas situações, o líder tem que realmente dar um
comando firme, claro e seguro. Mas, à medida que ele começa a experimentar a
liderança coaching, percebe que existem inúmeras situações em que, se ele
perguntar, terá melhor resultado do que se disser o que é melhor. Basta ele
saber como fazer e criar coragem.
Os
ganhos da liderança coaching são concretos. A cada vez que o líder pergunta:
“que outras alternativas existem?”, mais a sua equipe se desenvolve e se torna
mais capaz de resolver as coisas. Pessoas que aparentavam ser apáticas e sem
iniciativa começam a se sentir seguras para dar opinião e tomar a frente.
Problemas recorrentes, para os quais a área já tinha desistido de buscar uma
solução definitiva, começam a ser resolvidos. O comportamento do líder muda,
muda o comportamento da equipe. E todos saem ganhando.
Se
liderar fosse fácil, não haveria tantos artigos, cursos e palestras sobre o
tema. A liderança é um misto de técnica e arte. Todos aqueles que são
responsáveis por uma equipe, independentemente do tamanho, precisam investir no
seu contínuo desenvolvimento. A liderança coaching pode ajudar muito,
principalmente em tempos de crise. Pois tudo o que as empresas estão precisando
agora é de todas as cabeças pensando juntas e pensando fora da caixa. Quem
investir em soluções criativas vai passar pela crise com menos dificuldade e
sair fortalecido do lado de lá.”
(RAQUEL
FURTADO. Professora e pesquisadora na PUC Minas, doutora em administração,
coach pessoal e executiva, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de novembro de 2015, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
20 de novembro de 2015, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de DOM WALMOR
OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que
merece igualmente integral transcrição:
“Novos
estilos de vida
As recentes tragédias –
rompimento devastador de barragem na região de Mariana e os ataques terroristas
em Paris –, que contracenam com outros acontecimentos terríveis, mostram a
urgência de se buscar novos estilos de vida. Mudar a mentalidade é
indispensável, sob pena de sermos surpreendidos por muitos outros prejuízos,
ataques e descompassos na vida social e política. Somente com transformações
profundas será possível alcançar novos estilos de vida, presididos sempre pela
busca do belo, do bom, do bem e da comunhão. As novas posturas devem ser
capazes de regrar o consumo e a acumulação compulsiva de riquezas. Têm que ser
pautadas e inspiradas pela sobriedade, temperança e autodisciplina, no plano
social e pessoal.
É
indispensável sair da lógica do mero consumo para se alcançar formas de
produção, agrícola e industrial, que priorizem o respeito ao meio ambiente e as
necessidades fundamentais de todos. Torna-se fundamental investir na
compreensão e na vivência de uma ecologia integral. Na contramão desse
entendimento e prática, bombas-relógio continuarão ativas, em processo de
detonação. Tragédias, embora previsíveis, vão continuar a surpreender a
sociedade, em lugares distantes e próximos. É cada vez mais urgente a lucidez
de governos e de construtores da sociedade, com a indispensável participação
dos formadores de opinião, nos diversos campos do saber e dos serviços, para
produzir uma séria avaliação dos acontecimentos. Trata-se de necessário caminho
reflexivo para intuir, de forma inteligente, novos rumos.
As
reações diante das tragédias não podem ser concebidas como simples maquiagem de
situações ou tratamento superficial dos desastres humanos e ambientais. A
política internacional está desafiada diante da barbárie de atos terroristas.
Igualmente estão desafiadas as sociedades mineira e brasileira, particularmente
governos e envolvidos nas atividades minerárias, diante de um quadro que é
terrificante. Há de se imaginar ainda o que não se vê, mas ameaça veladamente a
vida de muitos, como uma bomba prestes a explodir. Situações preocupantes que
só se tornam conhecidas quando se manifestam na forma de desastres, a exemplo
do que ocorreu durante o rompimento da barragem no subdistrito devastado de
Bento Rodrigues.
Não
basta apenas multar. Decretos e a simples desburocratização de procedimentos
legais e relevantes não incidirão nas raízes do problema. Exige-se mudança
profunda em cenários que são produzidos pela falta de critérios, seriedade e
discernimento. Infelizmente, pouco tempo depois de situações graves, corre-se o
risco de um relaxamento. Com isso, decisões importantes acabam sob a tutela de
quem não tem critérios adequados para fazer avaliações e decidir, pessoas
movidas apenas pela visão de aumentar a arrecadação. Preguiçosamente, não há
esforço para investir em novos estilos de vida.
O
embrutecimento de mentes e corações pela avidez do lucro leva ao entendimento
de que é preciso produzir sempre mais, custe o que custar, uma desumanidade
avassaladora. Lamentavelmente, essa visão distorcida tende a considerar como
“romântica” a atitude cidadã de cultivar gratidão diante do conjunto maravilhoso
da natureza, das criaturas todas. Torna-se necessário compreender que o dom
ambiental no qual o ser humano está inserido reconduz ao mistério de Deus. A
perda desse sentido produz a insolência gananciosa que absurdamente vai
passando por cima de tudo, de todos, como um trator. No que diz respeito à
nossa Minas Gerais, todos são desafiados – líderes governamentais, segmentos
diversos da sociedade – a repensar caminhos para que a história mineira não
fique ancorada no desarvoro minerário, mas no compromisso de se encontrar novos
estilos de vida. Isso requer coragem e vontade política, exige um olhar de
lince sobre todos os aspectos da crise mundial e local, priorizando, acima de
tudo, as dimensões humanas e sociais.
Bem
adverte, com simplicidade, inteligência e assertividade, o papa Francisco na
carta encíclica ‘Laudato Si’, que
“isto exige pensar e discutir acerca das condições de vida e sobrevivência de
uma sociedade, com a honestidade de pôr em questão modelos de desenvolvimento,
produção e consumo”. Os cenários de desolação do momento devem impulsionar
líderes políticos e empresariais a abrir o diálogo franco e transparente com a
sociedade inteira. A escuta da voz que vem das ruas, especialmente dos pobres e
dos flagelados, é exercício que produz novos discernimentos. Trata-se de
percurso a ser seguido para escrever página nova na admirável história mineira,
a partir de novos estilos de vida.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a
estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, também
em setembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,49%...); II – a
corrupção, há séculos, na mais
perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 868 bilhões), a exigir alguns
fundamentos da sabedoria grega:
-
pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as brasileiras
e com todos os brasileiros. Ainda
mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que
contemplam eventos como a Olimpíada de
2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século
21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da
paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
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