sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A CIDADANIA, O DESPERTAR DE CONSCIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO E OS HORIZONTES DA INDÚSTRIA COMPETITIVA

“Despertar de competências e habilidades
        O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) provocou uma grande revolução na forma de entrada dos alunos da educação básica nas universidades brasileiras e, consequentemente, gerou uma mudança no perfil do professor em sala de aula. Os cursos de licenciatura não acompanham as mudanças que têm sido feitas, levando em conta novos estudos e resultados de pesquisa. Isso fez com que os docentes manifestassem a mesma prática pedagógica, isto é, não fazendo de sua sala de aula um grande espaço de diálogo. Ensinava-se um conteúdo extenso em um curto período, esperando que os estudantes fossem capazes de decorá-lo para os antigos vestibulares.
         A Teoria de Resposta ao Item (TRI), utilizada para correção do Enem, leva em conta, entre outras coisas, as competências e habilidades usadas pelo candidato para responder cada questão, ou seja, os alunos devem saber problematizar as disciplinas. Atualmente, pensar o ensino por habilidades e competências é estabelecer uma metodologia de trabalho que privilegie a aprendizagem significativa por parte dos estudantes. A situação não é simples, pois requer esforços de todos os envolvidos no processo educativo, exigindo profundas alterações no foco do ensino para a aprendizagem, procurando construir um novo significado para os conteúdos trabalhados em sala de aula. O cenário obriga a refletir que um ensino para a transmissão de conhecimento pronto e fechado não é mais válido. Apesar de ser esse um modelo muito utilizado, pois facilita a vida e o grande elo entre as famílias e a escola, ele não atende mais às demandas sociais. Não basta somente reter diversas informações. É necessário que essas informações se transformem em conhecimento e possam ser articuladas para a resolução de problemas. Portanto, é fundamental professores que perguntem e famílias que não busquem apenas respostas quando, por exemplo, ajudam seus filhos a resolver um “para casa” ou a estudar para provas. A formação de competências e habilidades multidisciplinares deve ser promovida antes e, acima de tudo, adotando uma postura incondicional de investigador e de aprendiz. Promovendo uma educação dialógica em que nós, professores, nos livremos do estigma de “senhores do saber” e possamos exercer a postura de construtores de cidadãos. Uma educação que não tema os “nãos” a serem enfrentados e crie ecos na mente de cada estudante. Também não podemos esquecer a época em que fazer um curso de datilografia era importante. O mundo mudou com o acesso a uma tecnologia que não tínhamos anteriormente. É preciso, então, entender essa evolução como uma aliada, sendo um instrumento para transformar informação em conhecimento, avaliar a razoabilidade de um argumento, estabelecer comparações e fazer estimativas, habilidades essenciais para o homem do século 21. A educação por competências e habilidades pode ser uma alternativa ao modelo positivista, deslocando o foco do ensino para o aprendizado e colocando professores e alunos na posição de agentes investigadores, possibilitando que o alune se torne agente de seu próprio conhecimento e o professor um mobilizador da pesquisa e das perguntas e problemas.
         É no ensino básico que o estudante começa a compreender fenômenos, a enfrentar problemas e construir argumentos. É quando se constrói um cidadão capaz de pensar os problemas em seu entorno e elaborar propostas de intervenção solidária na sociedade. Assim, pensar a formação integral nessa fase da educação é pensar um indivíduo que seja consciente. Trata-se de uma função para todos nós, professores da educação básica: despertar consciências. A nossa missão e o nosso dever.”

(CHRISTINA FABEL. Diretora pedagógica do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de novembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de ROBERTO DE SOUZA PINTO, presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindivel), e que merece igualmente integral transcrição:

“Indústria competitiva
        O Brasil é um país com enorme potencialidades, diversidades e riquezas, que, se bem aproveitadas e incentivadas, são decisivas para a construção de uma estrutura econômica, social e cultural mais sólida e eficiente. Na formação de nossa identidade nacional, no âmbito macroeconômico, o Brasil ficou conhecido por ser um país exportador de commodities, principalmente porque os principais produtos que vão para o exterior são minério de ferro, soja, óleos brutos de petróleo, café e açúcar. Mas isso não basta. Precisamos assumir um protagonismo no cenário internacional e construir uma identidade que mostre a nossa força no desenvolvimento e fabricação de produtos de transformação.
         Temos exemplos concretos de companhias brasileiras que ganharam destaque internacional, exportando tecnologia 100% nacional para todo o mundo, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), líder do mercado global de jatos comerciais. Mas precisamos multiplicar esses exemplos para que as nossas forças não sejam apenas as belezas naturais, carnaval e futebol (enquanto ainda podemos). Apesar desses casos de sucesso, o Brasil ainda precisa avançar a passos largos para criar subsídios para o desenvolvimento constante da nossa indústria. E isso passa, necessariamente, pelo aprimoramento das nossas tecnologias de produção, para fazermos frente às maiores potências do planeta, como a Alemanha. O país europeu ocupa, hoje, o terceiro lugar na lista de países exportadores de café (atrás do Brasil e do Vietnã), tendo conseguido esse feito sem cultivar uma muda. Por meio do investimento em soluções tecnológicas, infraestrutura e logística (facilitada por uma eficiente malha ferroviária), os alemães se tornaram os maiores compradores do grão brasileiro e passaram a revender uma parte do volume importado para outros países por um preço mais elevado. A outra parcela começou a ser transformada em cápsulas, cujo destino também é o exterior.
         Um artigo publicado recentemente pela revista inglesa The Economist diz que, em vez de construir indústrias e investir na ampliação da nossa produção e na formação de mão de obra qualificada, o Brasil optou por erguer shoppings e outros espaços destinados ao consumo final. É verdade. Precisamos investir em capital humano, necessitamos de uma indústria inovadora e arrojada e do apoio do governo para transformar esse cenário. E esse modelo já existe no país, conhecido como tríplice-hélice, que traz resultados incríveis, uma vez que cria uma sinergia perfeita e uma atuação conjunta de três agentes: as instituições de ensino, que formam pessoas, a indústria, que absorve a mão de obra e estimula o seu constante aprimoramento, e o governo, que cria subsídios e políticas de apoio e incentivo a esses atividades.
         A tríplice-hélice é empregada, por exemplo, no Vale da Eletrônica, um dos maiores polos de tecnologia do país, localizado em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais. A estrutura de gestão permitiu que o Arranjo Produtivo Local (APL) construísse uma identidade própria e consolidasse a imagem de um cluster que é sinônimo de qualidade, inovação e que compete diretamente com os principais players no Brasil e no mundo. Com isso, o APL criou uma ambiência propícia para que as 153 empresas da região desenvolvessem 45 novos produtos com alta tecnologia a cada 30 dias, que concorrem, por exemplo, com os eletrônicos chineses. O Vale da Eletrônica, atualmente, é referência em diversos segmentos, como radiodifusão e segurança. Abriga empresas líderes de mercado e fabrica soluções que se destacam em todo o mundo, como o Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial (ISDB-T), modelo nacional de TV Digital, que é um dos mais avançados do mercado internacional e o segundo mais utilizado no planeta, alcançando 562 milhões de pessoas em 16 países.
         O APL também possui um dos mais importantes programas de incubação de empresas do Brasil, que oferece capacitação e consultorias para que jovens empreendedores montem o seu próprio negócio, resultando no surgimento de novas empresas todos os anos no polo. Somado à atuação dos agentes envolvidos no modelo da tríplice-hélice, também está o trabalho de entidades que realizam a gestão e desenvolvem iniciativas para alavancar ainda mais o potencial da produção industrial local, como o Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindivel), que está completando 25 anos de atuação em Santa Rita do Sapucaí.
         A indústria brasileira precisa se reinventar. Para isso, é necessário desenvolvermos novas tecnologias e pensarmos modos de produção e gestão mais eficientes, como a tríplice-hélice, para tornar nossos produtos e processos mais inteligentes e competitivos no cenário internacional. Por meio da atuação estratégica e da integração entre governo, empresas e instituições de ensino, é possível haver um melhor aproveitamento dos nossos recursos, com o objetivo de tornar a nossa atividade industrial mais moderna e complexa. Somente dessa forma iremos construir de fato uma identidade de país protagonista no mundo, que também exporta tecnologia e que possui uma economia estruturada, sólida e sustentável.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

    b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, também em setembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,49%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  




        

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