“Hora
de olhar para a crise dentro de nós
Não precisa de
habilidades mediúnicas, tampouco superpoderes, para adivinhar qual é a palavra
de ordem nos tempos modernos, no Brasil e em muitas outras partes do mundo.
Aqui, em terras tupiniquins, ela está presente nas manchetes dos jornais, nas
conversas de corredor, nas discussões em mesas de bar e, sobretudo, na fila do
supermercado. Sim, é a dita-cuja que tem tirado o sono de muita gente.
Inclusive, eu.
Nesta
fase, em que as madrugadas têm me feito companhia, acabei refletindo horas a
fio; e entendi que tudo que materializamos fora acaba sendo criado e
potencializado dentro de nós. Cresce do mesmo modo quando adicionamos fermento
à massa de pão, por exemplo. Ele se mistura quimicamente com a farinha e, em
questão de minutos, multiplica-se cinco, 10 vezes em relação ao tamanho
original.
Isso é
tão sério e real que acabamos por nos sentir pressionados, alimentando uma
neurose coletiva, cristalizada pelo pensamento em massa. Acredite: quanto mais
as pessoas – um amigo, colega de trabalho, irmão, tia, desconhecido ou você
próprio – falam de crise, mais o campo energético dela se fortalece,
tornando-se quase indestrutível, aos nossos olhos.
As
consequências? Nunca se usou tantos ansiolíticos e antidepressivos como nos
dias atuais, no Brasil. Os consultórios psiquiátricos e psicológicos, por sua
vez, estão com fila de espera por atendimento.
A
crise, de fato, está aí e não pode ser ignorada. Mas o meu convite é para
aproveitarmos a oportunidade (sim, a crise pode ser uma oportunidade) e sermos
capazes de olhar para a crise que habita dentro de nós, ponde em xeque as
nossas crenças, verdades e, inclusive, a nossa forma de encarar o mundo à nossa
volta.
Há
muitos autores, coaches e consultores
propagando a ideia de que crise são, na verdade, oportunidades de crescimento e
aprendizado. Realmente, se tivermos sabedoria, poderemos passar por esta e
tantas outras que poderão vir, aprendendo muito mais do que julgávamos ser
possível, sem estarmos presos nela, fazendo as nossas reformas mais íntimas.
É como
se estivéssemos sendo estimulados a deixar de investir energia com a crise lá
fora para nos concentrarmos e despendermos atenção com a crise interna do ser
humano. Em tese, supõe-se que, se cada um resolver a sua, o tal campo
energético perde forças e voltamos a nos reempoderar. Faz sentido? Para mim,
tem feito.
Esta
pode ser uma maneira de olhar capaz de curar-nos de nossas mazelas, autossabotagens
e procrastinações, contribuindo, de quebra, para o inconsciente coletivo – o
supracitado campo energético – com muito otimismo, boas energias e
transformações.
Outro
dia, li que a crise realmente não existe. Que ela é inventada por um grupo de
pessoas. Um sai dizendo, que aumenta
para o outro, que por sua vez segura o dinheiro. E assim, em doses
homeopáticas, ela vai se consolidando e tomando cada vez mais corpo.
Por
fim, talvez uma possibilidade seja não entrarmos na sintonia da crise lá fora e
cada um mergulhar na sua própria crise. A ideia é abrir a possibilidade de
identificar, dentro de nós, onde residem os nossos bloqueios, para desfazê-los
de vez, e podermos seguir as nossas vidas como tem que ser: felizes, abertos e
rodeados de muito amor.”.
(FLÁVIO
RESENDE. Jornalista, coach ontológico e palestrante motivacional, em artigo
publicado no jornal ESTADO DE MINAS,
edição de 27 de maio de 2016, caderno OPINIÃO,
página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Sequelas
na cultura
A decisão de unir
educação e cultura em âmbito ministerial provocou reações diversas. Esse
contexto é oportunidade para uma ampla reflexão a respeito da importância do
adequado tratamento da cultura, o que ultrapassa operações de crédito advindas
de leis de incentivo, o suporte que se oferece para a realização de eventos,
shows e projetos que contribuem para a promoção das diferentes artes.
Demanda-se uma compreensão de cultura abrangente, que permita reconhecer o seu
alcance no conjunto da vida de um povo. É da cultura quem nasce uma postura
cidadã adequada, substrato de uma política que é praticada a partir dos
parâmetros de estadistas, com a nobreza da solidariedade, permitindo superar o
“loteamento” do poder, os favorecimentos que ameaçam o bem comum.
A
cultura hospeda uma essencialidade que exige a atenção de todos, pois ela
contempla o que o homem faz nas muitas dinâmicas da vida, criando valores com
força de impulsionar na direção das inovações, inventividade e competência. Eis
o enorme desafio, que é incomparável com o labor de produzir um evento, um
show, um projeto, independentemente de sua complexidade.
A
cultura revela e determina a maneira particular como vive um povo, o modo como
as pessoas se relacionam com Deus, com a natureza e com os outros, tecendo um
estilo de vida comum. Portanto, a cultura abrange valores que animam e
fortalecem – e contra valores que desfiguram e ameaçam. Define os costumes e a
convivência social, o modo de ver o mundo que influencia determinantemente os
discernimentos, escolhas e juízos a respeito da realidade, dos procedimentos e
dos processos em curso. As dinâmicas que dão forma à cultura constituem
processo vital e permanente. Provocam transformações e cristalizações que podem
impedir avanços ou garantir entendimentos lúcidos, com influências
determinantes na realidade histórica e social. Investir nesses processos é,
principalmente, responsabilidade de dirigentes e líderes. Constitui tarefa que
ultrapassa as fronteiras do tratamento formal e conceitual do âmbito da
educação, pois, entre outros aspectos, deve contemplar, por exemplo, o
funcionamento das instituições, promovendo ajustes que possibilitem projetos
exitosos e conquistas.
A
constituição da realidade cultural necessária para gerar respostas novas diante
das necessidades do mundo contemporâneo exige lucidez e corajoso empenho de
todos. Na direção oposta a esse caminho, a sociedade continuará a conviver com
vícios, desvirtuamentos e estreitezas que aprisionam a cultura nos parâmetros
da mediocridade. E todos continuarão a pagar um preço alto em razão dos
atrasos, do comodismo e de uma compreensão com horizonte limitado, que
inviabiliza o crescimento e o desenvolvimento integral. Sem a adequada
reconfiguração da cultura, o povo continuará a sofrer com os descalabros
institucionais, com o inadequado tratamento do é que de domínio público.
O
investimento necessário no tecido cultural supõe lucidez, ousadia e,
particularmente, a coragem de atuar para além de comodidades individuais e
partidárias. Certamente, qualquer instituição que sofre com atrasos,
descompassos e, consequentemente, oferece à sociedade uma contribuição que está
aquém de suas possibilidades encontra-se nessa situação porque é regida por um
tecido cultural que assenta seus integrantes na mediocridade, na incompetência
de juízos, na falta de criatividade e de inventividade. E líderes autoritários,
incompetentes para o diálogo e que estão propensos à barganha são os grandes
responsáveis por esse déficit. Eles geram dependências e dívidas impagáveis,
imobilizam pessoas que caem na armadilha de ficar “devendo favor”. Esses
líderes e esses funcionamentos medíocres estão aprisionados nos “favores”
concedidos.
Tarefa
exigente, que por vezes requer corrigir décadas de atrasos sem desconsiderar os
desafios próprios do atual momento, é preciso investir no tecido cultural.
Assim será possível tratar as paralisadoras sequelas na cultura, estabelecendo
novas dinâmicas capazes de conduzir a sociedade rumo a novos tempos, de mais
justiça, solidariedade e paz.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda
estratosférica marca de 435,6% para um período de doze meses; e mais ainda em
abril, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,28%, e a taxa de juros do
cheque especial em históricos 308,7%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos
e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do
procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A
Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o
problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu
caráter transnacional; eis, portanto,
que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas
simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de
suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do
nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente
irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na
Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das
empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 1,044 trilhão), a exigir
alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...