Mostrando postagens com marcador Louvado Sejas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Louvado Sejas. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 19 de maio de 2016

A CIDADANIA, A CULTURA NA CONSTRUÇÃO DA UTOPIA E A SUSTENTABILIDADE DA CASA COMUM

“O nascedouro da utopia brasileira 
está na cultura de raiz popular
        Praticamente todos os analistas da nação brasileira tinham os olhos voltados para o passado: como se formou este tipo de sociedade que temos. Foram detalhistas, mas não dirigiam os olhos para a frente.
         Todos os países que se firmaram projetaram seu sonho maior e, bem ou mal, o realizaram, às vezes como os países europeus, penalizando pela colonização outros povos na África, na América Latina e na Ásia. Geralmente, é num contexto de crise que se elabora a utopia, como forma de encontrar uma saída. Celso Furtado, que, além de renomado economista, era um agudo observador da cultura, nos diz em “Brasil: A Construção Interrompida” (1992): “Falta-nos a experiência de provas cruciais, como as que conheceram outros povos cuja sobrevivência chegou a estar ameaçada” (p.35). Não nos faltaram situações críticas que seriam as chances para elaborar nossa utopia. Mas as forças conservadoras e reacionárias “se empenharam em interromper o nosso processo histórico de formação de um Estado-nação (p.35) por medo de perder seus privilégios.
         E, assim, ficamos apenas com um Brasil imaginário, gentil, forte, grande, a província mais ridente do planeta Terra. Mas fomos impedidos de construir um Brasil real que integrasse minimamente a todos, multicultural, tolerante e até místico.
         Chegou o momento em que se nos oferece o desafio de construir essa utopia. A partir de que base assumiremos essa empreitada? Deve ser a partir de algo tipicamente nosso, que tenha raízes em nossa história e represente outro software social. Esse patamar básico é nossa cultura, especialmente nossa cultura popular. O que faz o Brasil ser Brasil é a autonomia criativa da cultura de raiz popular.
         A cultura aqui é vista como um sistema de valor e de projetos de povo. A cultura se move na lógica dos fins e dos grandes símbolos e relatos que dão sentido à vida. Ela é perpassada pela razão cordial e contrasta com a lógica fria dos meios, inerentes à razão instrumental-analítica que visa à acumulação material. Esta predominou e nos fez apenas imitadores secundários dos países tecnicamente mais avançados. A cultura seguiu outra lógica, ligada à vida que vale mais que a acumulação de bens materiais.
         Nossa cultura, admirada no mundo inteiro, nos permite refundar o Brasil, o que significa “ter a vida como a coisa mais importante do sistema social. É construir uma organização social que busque e promova a felicidade, a alegria, a solidariedade, a partilha, a defesa comum, a união na necessidade, o vínculo, o compromisso com a vida de todos os seus membros, que elimine e impeça a exclusão de todos os tipos e em todos os níveis” (Luiz Gonzaga de Souza Lima, em “A Refundação do Brasil: Rumo à Sociedade Biocentrada”, 2011, p.266).
         A solução para o Brasil não se encontra na economia como o sistema dominante nos quer fazer crer, mas na vivência de seu modo de ser aberto, afetuoso, alegre, amigo da vida. A razão instrumental básica ajudou a criar uma infraestrutura básica sempre indispensável. Mas o principal foi colocar as bases para uma biocivilização que celebra a vida, que convive com a pluralidade das manifestações, dotada de incrível capacidade de integrar, de sintetizar e de criar espaços onde nos sentimos mais humanos.
         Pela cultura, não feita para o mercado, mas para ser vivida e celebrada, poderemos antecipar, pelo menos um pouco, o que poderá ser uma humanidade globalizada que sente a Terra como grande Mãe e Casa Comum. O sonho maior, nossa utopia, é a comensalidade: sentarmo-nos junto à mesa e desfrutarmos a alegria de conviver amigavelmente e de saborear os bons frutos da grande e generosa Mãe Terra.”.

(LEONARDO BOFF. Teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de maio de 2016, caderno O.PINIÃO, página 28).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de maio de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DENISE HILLS, Superintendente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco, e que merece igualmente integral transcrição:

“Além da ponta do iceberg
        Está no discurso de celebridades, é tema de uma encíclica do papa e também de jornais e conversas das famílias no almoço de domingo. A preocupação com as mudanças climáticas e seus efeitos, incluindo os impactos na economia mundial, é um assunto que, bem ou mal, interessa a todos. Tratado ainda como algo que nos afeta no futuro, distante do dia-a-dia das pessoas, o aquecimento global e seus consequências estão muito mais próximos das nossas vidas e das empresas do que se pode imaginar. As pessoas o relacionam com a chuva de hoje, o calor, ou até mesmo com o preço da comida.
         As mudanças climáticas e seus reflexos, no entanto, vão além da previsão do tempo ou do peso dos alimentos na inflação. São a pedra no sapato do mundo. Por isso o novo acordo do clima, fechado na COP 21 em Paris no fim do ano passado, foi tão comemorado. Visto como ponto de partida para a construção de uma economia de baixo carbono, mais limpa e, portanto, com menos impacto no meio ambiente, ele começou a tomar forma no final deste mês, quando foi aberto para assinaturas por parte dos países-membros da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima, em Nova York.
         Além de estabelecer que o aumento da temperatura média do planeta fique abaixo dos 2ºC, o Acordo de Paris inclui a participação ativa do setor empresarial, o financiamento para implementação dos termos da transição, e os caminhos para atingir uma economia de baixo carbono por meio de novas tecnologias, energias renováveis e restauração florestal, por exemplo. E é hora de trabalhar na implementação do documento. O senso de urgência levou para mesa em Paris as lideranças de diversos setores da sociedade, empresas e governo.
         Então, a transformação vai acontecer através de ações do poder público e da indústria, especialmente as com mais altos níveis de emissões de carbono? Claro que não. Nada é simples nesta conversa. Essa é a ponta do iceberg, o primeiro passo da jornada. A responsabilidade é de todos e de cada um. Dos chamados mecanismos de transição e financiamento, a discussão que vai contribuir para que os objetivos pensados na COP 21 se viabilizem está na agenda de todos os bancos.
         Mas, o que aquecimento global tem a ver com instituições financeiras?
         Pense por um minuto em um seguro para uma casa, em um lugar onde os índices de chuva têm mudado drasticamente nos últimos anos. Ou mesmo no quanto essas questões podem mudar daqui para frente e o quanto essas mudanças são prolongadas.
         O desafio é incorporar as questões socioambientais nos modelos de crédito, investimentos e na precificação correta dos ativos, considerando sempre os impactos socioambientais positivos e negativos, e com isso, avaliar de forma responsável e real o valor e a capacidade de retorno do capital ao investidor. Muitas vezes, esse investimento pode ser um fundo de pensão, o seu fundo de pensão, por exemplo. Por isso é que muitos investimentos desse tipo seguem os Princípios de Investimentos Responsáveis, e muitos Assets também. Isso dá uma ideia mais clara de como esse tema afeta todos de forma diferente, mas compartilhada.
         Um dos principais desafios agora é pautar as decisões de médio e longo prazos. O acordo é uma espécie de manual de referência e novas diretrizes para a economia mundial. Sua contribuição é extremamente valiosa para a mobilização e direcionamento dos esforços rumo a um padrão de desenvolvimento que não comprometa a nossa viabilidade como espécie no planeta. E isso, claro, envolve governos, empresas, bancos, toda a sociedade.
         É provavelmente por isso que você também está lendo este artigo até agora. E é por isso que estamos celebrando o 22 de abril, dia em que o acordo assinado na COP 21 passou a tomar uma forma legal. É mais assunto para o almoço de domingo, mais expectativa, mais compromisso, mais gente trabalhando. Trata-se de um passo histórico na busca de uma economia de baixo carbono. E as instituições financeiras serão parte nessa transição, na medida em que traduzem esta influência na economia e nos diversos setores da sociedade. Sabemos que o caminho é longo, mas a assinatura do documento produzido em Paris representa a materialização do compromisso de diferentes atores na construção de uma nova realidade para o mundo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 435,6% para um período de doze meses; e mais ainda em abril, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,28%, com os juros do cheque especial de março em históricos 300,8%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)...

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  







          

quarta-feira, 30 de março de 2016

A CIDADANIA, A UNIVERSALIDADE DA ENERGIA CRÍSTICA E A LUZ NA ECOLOGIA HUMANA E INTEGRAL

“A época do despertar do Cristo 
interno na humanidade
        Quando no ser humano foram despertadas as potencialidades mentais, uma dádiva rara estava-lhe sendo concedida: por intermédio delas ela poderia conectar-se com realidades internas e espirituais e relacionar-se com a vida material, segundo a compreensão de leis superiores, divinas, que então atuariam em auxílio ao desenvolvimento da humanidade em geral. Porém, essa dádiva encerrava uma prova: ela somente revelaria seu valor se o homem a utilizasse em favor da harmonia universal.
         A suprema Consciência, Deus, sempre enviou seus Mensageiros à humanidade, a fim de transmitir-lhe as verdades eternas e os preceitos que a conduziriam pelos caminhos da retidão, luz e paz. O ápice de uma importante fase desse processo, que ocorreu por ocasião da vinda do próprio Cristo aos níveis materiais, consuma-se no atual momento planetário e no que é chamado “o Reaparecimento do Cristo”, que diz respeito ao retorno da Energia Crística entre os homens, há muito profetizado. Esse despertar do Cristo interno já é uma realidade para muitos de nós.
         Em Jesus, a Energia Crística esteve presente em meio à humanidade, expressando-se da maneira mais plena que então era possível, por intermédio de um ser encarnado no nível físico da superfície da Terra; a maioria dos homens, porém, não quis acolhê-la.
         Na época atual, processo semelhante ocorre, e, de toda a humanidade da superfície, apenas 10% responde positivamente ao Chamado Crístico que, ecoando desde milênios, nesta etapa do planeta reapresenta-se de modo peculiar.
         Os que respondem são os discípulos da Luz, aqueles que reconhecem a Luz do Amor e da Sabedoria. Sua coligação com essa Luz independe de crenças, dogmas ou religiões organizadas. Está embasada na unificação do ser à Essência Crística, que é cósmica.
         Os caminhos para o Espírito sempre estiveram abertos a todos, mas a maioria preferiu as falsas promessas da vida material e, assim, negou o propósito de sua existência.
         O despertar da consciência é estimulado pela Energia Divina, Espiritual, que utiliza os mais adequados recursos disponíveis para auxiliar cada ser; também o Espírito usa os meios de maior penetração para alcançar o consciente do homem. Muitas vezes, porém, as aspirações da vida interior de um indivíduo não encontram abertura para se manifestar na existência da vida material. Como foi dito: “o Espírito na verdade está pronto, mas a carne é fraca”. (Mateus 26,41).
         Por terem optado pelo prazer dos sentidos e pelo poder terreno, os seres humanos foram influenciados por energias dissuasivas e, ofuscados assim pelas trevas, perderam a consciência de suas próprias ações. Iludidos, entregaram a vida planetária à destruição, contudo como disse Cristo: “O Filho do homem vai certamente, como está escrito Dele, mas aí daquele homem por quem será entregue o Filho do homem! Melhor fora se não tivesse nascido”. (Mateus 26,24).
         A Energia Crística não se oculta aos olhos de ninguém, está presente nos menores fatos da vida das pessoas, indicando-lhes o caminho à Unidade, procurando dissolver a separatividade e a disputa, fato bem pouco compreendido.
         A vida do Espírito é o portal dessa existência e, por caminhos traçados pelo Amor infinito, a ela é conduzido o indivíduo; porém, só aquele que continuamente renuncia à violência própria do ego consegue cruzar esse portal.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição 20 de março de 2016, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de março de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Rasgou-se o véu
        ‘Rasgou-se o véu do templo de alto a baixo, em duas partes!’ O evangelista Marcos registra assim a morte de Cristo, o Salvador, com força simbólica, no contexto da narração da Paixão de Jesus. Independentemente das diferenças e possíveis interpretações alusivas às rupturas com aristocracias políticas e religiosas, relativização de celebrações, tradições e cultos, firma-se o marco entre o antes e o depois. A história irremediavelmente passa a ser interpretada, entendida e contada de modo novo e diferente. Uma pessoa torna-se divisor de água para o mundo. Emoldura o horizonte da humanidade com o singular jeito de ser do Messias, Profeta e Salvador. Rasga-se o véu do templo pela força do forte grito de Jesus que entrega o seu espírito. Ele morreu! Uma morte vencida pela força do amor misericordioso de Deus.
         A história já não é mais a mesma. Abre-se nova perspectiva, balizada pela justiça e pelo amor, pela força de dinâmicas advindas dos valores do evangelho, que inova e transforma. Por esses valores, o tecido cultural de cada sociedade pode ganhar – como já ganhou e ganha – nova qualidade e força de congregação. Mudanças que permitem reconhecer e respeitar a dignidade de toda pessoa. O cristianismo é incontestavelmente uma via qualificada por balizar-se no diálogo, na força de transformação das diferenças em riquezas e pela sagrada consideração da sacralidade de cada indivíduo. Exige, por isso mesmo, uma ambientação sociopolítica que jamais sacrifique ou funcione na contramão dessa dignidade maior. A fé cristã tem força que aponta permanentemente para um compromisso político e cidadão: privilegiar dinâmicas que façam da convivência social uma modelagem baseada nos parâmetros da paz e da justiça. Não há espaço para feições autoritárias, absolutistas, mecanicistas e de fácil manipulação, que ameaçam o bem comum.
         A morte de Cristo é redentora e não, obviamente, um fracasso. É mergulho que resgata o ser humano para reabilitá-lo com força sustentadora e de plenitude. Neste dia, Sexta-feira Santa, os cristãos celebram a morte que fecunda a esperança, reestrutura compreensões e possibilita um entendimento que rompe as jaulas dos partidarismos, das miopias políticas e das estreitezas mesquinhas. A morte de Jesus é um horizonte novo, abertura para o desabrochar da vida. Uma conquista vitoriosa, que faz da morte uma porta de passagem para a plenitude. Oferece sentido ao viver em meio às circunstâncias desafiadoras da existência humana, inclusive as que se relacionam ao contexto social e político.
         O poder político que provocou a morte de Jesus, redentora pela vontade de Deus, projetou os acontecimentos que rasgaram, com força simbólica, o véu do templo, “de alto a baixo”. E de alto a baixo está rasgado também o véu da cidadania no Brasil. A política, particularmente a partidária, na sociedade brasileira, fez precipitar um terrível rasgão. Urgente é recompor essa ferida terrível que alentou esquemas de corrupção e obscureceu a nobreza do exercício da política partidária e representativa. Há um longo caminho a ser percorrido para recompor esse véu rasgado. O percurso exige competência política para alcançar a unidade cidadã capaz de dignificar os governantes, que devem ser representantes e servidores do povo.
         Na escuridão que paira está escondida a oportunidade para que se possa viver um recomeço. Assim, é preciso procurar a solução capaz de garantir à política brasileira uma qualidade própria. Para além de radicalizações e desordens, a cidadania brasileira está desafiada a pautar seu caminho à luz de valores que proporcionem o exercício permanente do diálogo, evitando ódios e execrações vingativas. É preciso cultivar a abertura para encontrar saídas e novas respostas. Isso é tarefa de todos. Acima de tudo, pela representatividade e alto grau de responsabilidade dos que integram os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. Cada pessoa está desafiada a contribuir, a partir da lucidez de diálogos, para vencer as artimanhas interesseiras e o caos político. Somente assim a sociedade não se precipitará nos horrores e nos fundamentalismos. Que se consiga, com a participação cidadã, reconquistar a inteireza do véu que se rasgou de alto a baixo; seja preservada a democracia e, acima de tudo, o bem do povo.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 419,60% para um período de doze meses; e mais, também em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  


  


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A CIDADANIA, OS CAMINHOS DA ECOLOGIA INTEGRAL E O CULTIVO DA MISERICÓRDIA

“Só uma ecologia integral dá conta 
dos atuais problemas do mundo
        Uma das afirmações básicas do novo paradigma científico e civilizatório é o reconhecimento da inter-retrorrelação de todos com todos, constituindo a grande rede terrenal e cósmica da realidade. Coerentemente, a Carta da Terra, um dos documentos fundamentais dessa visão das coisas, afirma: “Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e, juntos, podemos forjar soluções includentes”. O papa Francisco, com sua encíclica sobre o cuidado da Casa Comum, se associa a essa leitura e sustenta que se imponha uma reflexão sobre a ecologia integral, pois só ela dá conta dos problemas da atual situação do mundo.
         O tempo urge e corre contra nós. Por isso, todos os saberes devem ser ecologizados, postos em relação entre si e orientados para o bem da comunidade de vida. Igualmente, todas as tradições espirituais e religiosas são convocadas a despertar a consciência da humanidade para a sua missão de ser a cuidadora dessa herança sagrada, recebida do universo e do Criador que é a Terra viva, a única Casa que temos para morar.
         O papa cita o comovente final da Carta da Terra, que resume bem a esperança que deposita em Deus e no empenho dos seres humanos: “Que nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, pela intensificação da luta pela justiça e pela paz e pela alegre celebração da vida”.
         Outra notável contribuição nos vem do conhecido psicanalista Carl Gustav Jung (1875-1961), que, em sua psicologia analítica, deu grande importância à sensibilidade e submeteu a duras críticas o cientificismo moderno. Para ele, a psicologia não possuía fronteiras entre cosmos e vida, entre corpo e mente etc. A psicologia tinha a ver com a vida em sua totalidade, em suas dimensões racional e irracional.
         Sabia articular todos saberes disponíveis, descobrindo conexões ocultas que revelavam dimensões surpreendentes da realidade. Conhecido foi o diálogo que Jung manteve com um indígena da tribo Pueblo, nos Estados Unidos. Esse indígena achava que os brancos eram loucos. Jung lhe perguntou por que, ao que o indígena respondeu: “Eles dizem que pensam com a cabeça, nós pensamos aqui”, e apontou o coração. Esse fato transformou o pensamento de Jung, que entendeu que o homem moderno havia conquistado o mundo com a cabeça, mas havia perdido a capacidade de pensar e sentir com o coração e de viver por meio de sua alma.
         Logicamente, não se trata de abdicar da razão – o que seria uma perda para todos –, mas de recusar o estreitamento da capacidade de compreender. É preciso considerar o sensível e o cordial elementos centrais no ato de conhecimento. Eles permitem captar valores e sentidos presentes na profundidade do senso comum.
         Em suas memórias, Jung diz: “Há tantas coisas que me repletam: as plantas, os animais, as nuvens, o dia, a noite e o eterno presente nos homens. Quanto mais me sinto incerto sobre mim mesmo, mais cresce em mim o sentimento de meu parentesco com o todo”.
         O drama do homem atual é ter perdido a capacidade de viver um sentimento de pertença, coisa que as religiões sempre garantiam. O que se opõe à religião não é o ateísmo ou a negação da divindade, mas a incapacidade de ligar-se e religar-se com todas as coisas. Se não resgatarmos a razão sensível, uma dimensão essencial da alma, dificilmente nos moveremos para respeitar o valor intrínseco de cada ser, amar a Mãe Terra com todos os seus ecossistemas e viver a compaixão com os sofredores da natureza e da humanidade.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de novembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de dezembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Cultivar a misericórdia
        Ao abrir a Porta Santa na Basílica de São Pedro, na terça-feira, o papa Francisco convoca todos a cultivar e a vivenciar a misericórdia. O gesto marca o início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que, em 13 de dezembro, será solenemente aberto nas dioceses do mundo inteiro, nas catedrais, santuários e lugares de significação especial. Acolher a convocação do papa exige disposição para matricular-se na escola de Cristo Jesus, aquele que vem ao encontro da humanidade e revela o rosto misericordioso de Deus Pai.
         Em Cristo, só n’Ele e por Ele, se aprende a lição da misericórdia. Esse aprendizado cria impulsos revolucionários e transformadores. Contemplando o mistério do amor de Deus revelado na paixão, morte e ressurreição de Cristo é que se compreende o significado da misericórdia. Jesus revela o rosto misericordioso de Deus Pai, que envia seu filho amado como oferta para a redenção da humanidade. A misericórdia se torna visível, viva e atinge seu ápice com Ele, o salvador do mundo. Com o Mestre, vem o forte convite: “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).
         Cultivar a misericórdia é assumir a convicção de que a humanidade precisa, urgentemente, de grande renovação espiritual. Isso é difícil e quase inconciliável com as lógicas hegemônicas da atualidade, que submetem as sociedades ao consumismo, às dinâmicas do lucro sem limites, às leis de um “bem-estar” egoísta e efêmero, raízes dos muitos problemas que ameaçam a vida. Na base dos colapsos contemporâneos está uma grave crise espiritual que causa o envenenamento e a morte de tudo o que é indispensável para o equilíbrio das relações humanitárias, sociais e políticas.
         Por isso, é urgente derrubar as muralhas que adoecem as instituições, inclusive as religiosas e confessionais. Cristalizações que matam a credibilidade e enfraquecem as contribuições necessárias para a construção de uma sociedade orientada por indispensáveis valores, particularmente os valores do evangelho. Compreende-se, assim, que a misericórdia, aprendida e vivida, é remédio que rejuvenesce uma humanidade cansada. Permite estabelecer novos ordenamentos sociais que priorizem, respeitem e promovam a dignidade humana.
         O papa Francisco convoca a Igreja Católica, todos os homens e mulheres de boa vontade, cada cidadão, a presidir a própria conduta a partir da lei fundamental que mora no coração de cada pessoa: a misericórdia,  muitas vezes soterrada em escombros de orgulhos, mesquinhez e ganâncias. Isso é possível quando se procura enxergar, com olhos sinceros, cada irmão. Uma lição capaz de promover transformações de grande alcance. Cabe o exercício simples e exigente de agir com misericórdia para tornar, cada um, sinal eficaz da presença misericordiosa de Deus Pai, revelada em Jesus Cristo, com seus gestos, palavras e a sua oferta.
         Cultivar a misericórdia é caminho para encontrar o tempo novo. Permite à humanidade superar a gravíssima crise espiritual e, assim, compreender que a solução de problemas não vem simplesmente das estatísticas, números, aumento sem limites da produção e do consumo. Também está longe da doentia luta pelo acúmulo egoísta de riquezas. É hora de aprender a lição do amor, para evitar que continuem a se multiplicar os desastres políticos, humanos e ecológicos. Cultivar a misericórdia requer coragem humilde de fazer mea-culpa, assumir as responsabilidades na constituição do cenário de violências, corrupção e indiferenças. A Igreja, pelo caminho deste ano santo, se compromete com a celebração de um jubileu que resulte em renovações. Isso significa corajosas novas posturas de abertura, ainda mais proximidade ao povo, audácia maior nas partilhas e nos comprometimentos com a justiça.
         Os diferentes grupos e segmentos da sociedade também são convidados a cultivar a misericórdia, a partir da celebração do ano santo que, para além da importância fecundante da ritualidade, pode desencadear efetivas transformações em muitos ambientes, desde presídios, incluindo instâncias educativas, culturais, a vida comum de homens e mulheres, formadores de opinião e construtores da sociedade pluralista, até os políticos, responsáveis por tantos descompassos. Eis agora a oportunidade para viver, com entusiasmo, a convocação feita pelo papa Francisco: cultivar a misericórdia.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:


     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca de 378,76% para um período de doze meses; e mais, ainda em novembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 10,48%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  

 
        

      

     

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O BRASIL, A LUZ DA ECOLOGIA HUMANA E INTEGRAL E O CLIMA NA SUSTENTABILIDADE (16/8)

(Dezembro = mês 16; faltam 8 meses para a Olimpíada 2016)

“Transformar em sofrimento 
pessoal o que acontece no mundo
        Atualmente, há uma fecunda discussão filosófica no sentido de resgatar a razão sensível como enriquecimento imprescindível da razão intelectual. Essa diligência é necessária porque é por meio dela que nos comprometemos afetiva e efetivamente com a salvaguarda da vida no planeta e com a humanização das relações sociais. Nesse ponto, curiosamente, o papa Francisco, em sua encíclica sobre o cuidado da Casa Comum, trouxe-nos valorosa contribuição.
         Ele analisa com espírito científico e crítico o que está acontecendo. Logo adverte que, na perspectiva da ecologia integral, o tema fundamental de seu texto, essas categorias são insuficientes. Temos que nos abrir “à admiração e ao encanto e falar a linguagem da fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo”. Portanto, não podemos nos restringir à ecologia ambiental, pois ela atende apenas a relação do ser humano com a natureza, esquecendo-se de que ele é parte dela.
         Ocorre que o ser humano possui dimensões sociais, políticas, culturais e espirituais sobre as quais há parca preocupação e insuficiente reflexão, o que dificulta encontrar uma solução consistente para a grave crise que assola a Casa Comum. Considerando a amplitude dessas dimensões, devemos ir além de uma análise meramente técnico-científica, que é imprescindível, mas importa “deixar-nos tocar por ela em profundidade e dar uma base de concretude ao percurso ético e espiritual daí derivado”.
         O papa Francisco tem clara consciência de que, por trás das estatísticas, há um mar de sofrimento humano e muitas feridas no corpo da Mãe Terra. Como somos parte da natureza e tudo está inter-relacionado, participamos das dores da crise ecológica.
         Mas o papa não se deixa intimidar por esse cenário. Dá um voto de confiança no ser humano, em sua criatividade e em sua capacidade de se regenerar e de regenerar a Terra e muito mais. Francisco confia em Deus, que, segundo as palavras da tradição judaico-cristã, “não permitirá que nos afundemos totalmente”.
         Ainda faremos uma conversão ecológica e introduziremos “a cultura do cuidado que permeará toda a sociedade”. Disso nascerá um novo estilo de vida (alternativa repetida 35 vezes na encíclica), fundado na cooperação, na solidariedade, na simplicidade voluntária e na sobriedade compartida que implicará um novo modo de produzir e de consumir.
         Por fim, nos dará “a consciência amorosa de não estarmos de não estarmos separados das outras criaturas, mas formarmos com os outros seres do universo uma estupenda comunhão universal”.
         Como se depreende, aqui não fala mais somente da inteligência intelectual, mas da inteligência emocional e cordial. O papa dá claro exemplo do exercício desse tipo de inteligência, tão urgente e necessário para superarmos a profunda crise que recobre todos os âmbitos da vida.
         Em razão dessa inteligência emocional, pede que devemos “ouvir tanto o grito da Terra como o grito dos pobres”. As agressões sistemáticas, feitas nos últimos dois séculos, “provocam os gemidos da irmã Terra, que se unem aos gemidos dos abandonados do mundo”. Por isso, importa cuidar da criação e tratar com desvelo outros seres vivos.
         Somente quem tem desenvolvida em alto grau a inteligência sensível ou cordial poderia escrever: “Tudo está relacionado, e todos nós, seres humanos, caminhamos juntos, como irmãos, numa peregrinação maravilhosa, entrelaçados pelo amor que Deus tem a cada uma de suas criaturas”. Tais sentimentos e atitudes hoje constituem uma demanda geral para afastar as tragédias ecológico-sociais que já se anunciam no horizonte de nosso tempo.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal OTEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de novembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de dezembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de IÊDA MARIA ALVES DE OLIVEIRA, vice-presidente de veículos pesados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), gerente da Eletra, empresa brasileira de tecnologia para tração elétrica e hídrica para ônibus, e que merece igualmente integral transcrição:

“O clima em debate
        Os líderes mundiais estão reunidos nesta semana em Paris para discutir o papel de cada nação na redução de emissão de gases poluentes na atmosfera, durante da Conferência do Clima, a COP21. O futuro do mundo depende das decisões tomadas nessas reuniões, que foram marcadas por avanços e retrocessos em edições anteriores. Mas, a cada dia, percebemos diretamente no nosso cotidiano que precisamos adotar medidas urgentes para preservar a vida na Terra.
         Estamos convivendo diretamente com longos períodos de estiagem em algumas regiões brasileiras, que afetaram diretamente o abastecimento de água de milhões de pessoas. Assim como vimos alta densidade pluviométrica em outras regiões, provocando enchentes. Esses são alguns resultados das mudanças climáticas provocadas pelos homens nos últimos séculos. Ainda entre os exemplos brasileiros, nova projeção do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima, aponta que as emissões de gases de efeito estufa do Brasil em 2014 permaneceram estáveis em relação ao ano anterior. Os números continuam os mesmos, apesar da queda de 18% na taxa de desmatamento da Amazônia.
         A explicação dos especialistas para a manutenção desses níveis, mesmo com a redução do desmatamento, está diretamente ligada ao uso de termelétricas para abastecimento de energia, necessárias diante dos baixos níveis dos reservatórios em várias regiões brasileiras. Podia ser ainda pior caso a economia mostrasse sinais de recuperação, repercutindo em uma maior atividade econômica.
         Os efeitos da poluição estão ainda por todas as partes e afetam principalmente os moradores das regiões metropolitanas. A emissão diária de gases por carros e ônibus já é um problemas de saúde pública na capital paulista, por exemplo. Pesquisas realizadas pelo professor Paulo Saldiva, do Departamento de Patologia da Universidade de São Paulo (USP), revelam que se tivéssemos uma redução de 10% da poluição na cidade de São Paulo, poderíamos evitar 114 mil mortes por doenças respiratórias e cardiovasculares entre os anos 2000 e 2020.
         A capital paulista já conta, inclusive, com instrumentos que poderiam reduzir esse dramático quadro. Um deles é a Lei de Mudanças Climáticas da Cidade de São Paulo, que entrou em vigor em julho de 2009, estabelecendo uma série de medidas para reduzir em 30% as emissões de poluentes atmosféricos para os quatro anos consecutivos do início da lei.
         Para alcançar essas metas, o município deveria iniciar a troca dos veículos do transporte público, movidos a diesel por ônibus com fontes energéticas sustentáveis. Mas, infelizmente, nem mesmo o atual edital de licitação proposto pelo município para o transporte público incentiva o uso de novas tecnologias.
         Os efeitos da atuação do homem no meio ambiente são percebíveis em várias esferas. Assim como as discussões envolvendo vários países devem estabelecer metas para o nosso futuro, precisamos também olhar ao nosso redor e buscar nas cidades, onde convivemos diariamente com nossos problemas, soluções sustentáveis que contribuam efetivamente para a melhoria de vida da nossa população.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, em outubro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,93%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”