segunda-feira, 6 de junho de 2016

A CIDADANIA, O PODER DA GESTÃO DO CONHECIMENTO E A BUSCA DOS TESOUROS DA SUSTENTABILIDADE

“Conectar e coletar
        Tenho escrito e compartilhado regularmente discussões sobre a necessidade de se adotar, em escritórios de advocacia especialmente, o conceito de gestão do conhecimento com uma das armas (se não a mais importante) para ser utilizada na gestão estratégica, de marketing e operacional, melhorando sensivelmente o preparo do escritório no enfrentamento da atual concorrência e a adaptação ao futuro tecnológico que se aproxima a passos largos.
         Gestão do conhecimento (KM na sigla em inglês) não é um software que se instala e simplesmente se coloca para funcionar. É um conceito ou uma filosofia de se tratar todo o conhecimento adquirido pela empresa e também de todo o conhecimento externo agregado relativo à atividade daquela empresa. KM envolve todos os processos da empresa (desde pesquisas de mercado, passando por compras, materiais utilizados, processos construtivos, armazenagem, distribuição até marketing e vendas); envolve principalmente pessoas e seu treinamento; sua utilização afeta os resultados da empresa como um todo; e é uma filosofia de trabalho e, por isso, deve ser incorporada com o modo de pensamento e atitude de todas as pessoas da empresa e, por fim, a decisão de investimento nela se mescla com a decisão de investimento em outros ativos.
         Essa filosofia, para ser incorporada à empresa, precisa ter como base alguns outros conceitos existentes ou implantados previamente para que seja efetivamente eficaz.
         Conceito de “learning organization”, no qual todos os integrantes têm em mente que o contínuo aprendizado representa um fator preponderante para o desenvolvimento.
         Conceito de “ambiente colaborativo”, no qual os integrantes compartilham suas experiências e conhecimentos.
         E conceito de “empresa inovadora”, no qual a empresa incentiva a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos, processos e procedimentos para aumentar sua eficiência e vantagem competitiva.
         A palavra “conectar” simboliza todo o processo de democratização ou distribuição do conhecimento tácito existente, de modo a torná-lo conhecido por todos os integrantes da organização.
         Por sua vez, a palavra “coletar” representa todo o aparato tecnológico envolvido nos processos de explicitação do conhecimento tácito, sua organização e oferecimento a todos por meios simples e intuitivos de pesquisa e utilização.
         Resumindo, gestão do conhecimento tem a ver com conectar pessoas entre si, às informações, ao conhecimento e aos procedimentos, todos coletados, organizados e indexados com a tecnologia necessária para essas conexões.”.

(JOSÉ PAULO GRACIOTTI. Consultor e sócio da Graciotti Assessoria Empresarial, engenheiro formado pela Escola Politécnica com especialização financeira pela FGV e especialização em gestão do conhecimento pela FGV, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de junho de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 3 de junho de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Sucateamento de tesouros
E alto o preço que se paga em decorrência do sucateamento da máquina pública. Um doloroso prejuízo que atingirá também gerações futuras. Exemplo emblemático é o que ocorre com a educação: o acúmulo de déficits dificulta a construção de novas possibilidades. É muito preocupante a lista de tudo o que se perde quando não se trata adequadamente essa importante área. Compromete-se o tecido da cultura, tornando-o incapaz de garantir às instituições o adequado funcionamento. A análise de todo esse processo merece uma profunda reflexão que se descobre em novas atitudes, particularmente de líderes nos âmbitos regionais: Uma tarefa que exige adequada compreensão do atual contexto sociopolítico.
Esse exercício requer, prioritariamente, considerar a realidade mais próxima – o domicílio, o ambiente de trabalho, a prática religiosa, os representantes escolhidos – mas, sem deixar de olhar para o que se localiza na amplitude de uma nação como a brasileira. Quando o cidadão passa um pente-fino nas inúmeras situações que formam o seu cotidiano, percebe com nitidez pontos relevantes das muitas fragilidades que corroem o tecido social. Só assim será possível detectar os vícios que levam à mediocridade e até mesmo ao desrespeito em relação aos tesouros que se tem. Ignorar esses hábitos ruins traz consequências nefastas, a exemplo da tibieza da representação política, em contextos regionais e nos cenários mais amplos. Faltam vozes com força de convencimento, pessoas com capacidade para articular e produzir projetos, atrair benefícios e imprimir dinâmicas com inventividade e competência.
A política passa, então, a carecer de líderes com autoridade para defender o bem comum e impulsionar projetos que garantam destaque nacional a contextos regionais. O resultado é o espetáculo da mediocridade que impacta negativamente as diferentes esferas da vida, com graves desdobramentos. Ainda no âmbito da educação, constata-se a timidez da incidência do mundo acadêmico sobre o cotidiano das pessoas. A grande rede de ensino, que reúne instituições governamentais e particulares, muitas de tradição e qualidade, não consegue dar novos rumos às mentalidades. Com isso, muitos desconhecem os valores de sua própria região e de suas raízes. A educação formal não chega a tocar o âmago da consciência e, com isso, perde-se a força da cultura, necessária para produzir riquezas inovadoras e libertárias. O que se percebe é certo comodismo e a falta de inteligência que alicerçam o desconhecimento sobre as heranças históricas, ambientais e religiosas.
A força dominadora da mediocridade vai tomando conta e não se tem o ânimo necessário para se falar da ética. Grande é o desconhecimento para se falar e compreender os parâmetros da solidariedade. Há uma cegueira quanto à prática da distribuição de bens. Pouca sensibilidade para efetivamente defender os mais fracos. Progressivamente, esmaece a referência a Deus, com o consequente enfraquecimento da indispensável defesa cotidiana da justiça. Com isso, no âmbito político, profissional e empresarial, prioriza-se mais o que atende a interesses individuais e partidários. Fica obscurecida a nobre tarefa de se deixar interpelar por um sentido mais amplo da vida.
Assim, são preocupantes os consequentes processos de desumanização, muitos deles irreversíveis, como é o caso da violência e do desrespeito à sacralidade da dignidade de toda pessoa. Não menos grave é o caos ético que sucateia experiências familiares, enfraquece narrativas que sustentam as tradições e, dessa forma, corrói os tesouros da cultura, depreda os acervos patrimoniais, escava, escandalosamente, pelo lucro, as paisagens, passa por cima de povoados e pessoas, apagando suas histórias.
É urgente que cada pessoa busque cuidar “da própria casa”, sob pena de perdas maiores. Especialmente, quando se pensa no povo mineiro, essa tarefa requer a elaboração de uma consciência social e política, religiosa e cultural condizente com a história tricentenária de Minas Gerais. Desse modo, será possível, efetivamente, reconhecer, reverenciar e respeitar a herança de antepassados que escreveram uma história mais exitosa, menos mesquinha, mais audaciosa e menos medíocre. Efetivamente, serão valorizadas as tradições, sem a negociação do que se tem como herança. Oportuna é uma reação de todos os segmentos no cenário da própria cultura regional para aperfeiçoar competências, redescobrir valores e riquezas que precisam ser adequadamente tratados. Nesse caminho se configura luminosidade na consciência cidadã para tornar sempre mais forte e qualificado o território dessa pátria menor, determinante para sustentar a grandeza da pátria maior e, assim, debelar, definitivamente, o sucateamento de tesouros.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 435,6% para um período de doze meses; e mais ainda em abril, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,28%, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 308,7%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  





      

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