“Conectar
e coletar
Tenho escrito e
compartilhado regularmente discussões sobre a necessidade de se adotar, em
escritórios de advocacia especialmente, o conceito de gestão do conhecimento
com uma das armas (se não a mais importante) para ser utilizada na gestão
estratégica, de marketing e operacional, melhorando sensivelmente o preparo do
escritório no enfrentamento da atual concorrência e a adaptação ao futuro tecnológico
que se aproxima a passos largos.
Gestão
do conhecimento (KM na sigla em inglês) não é um software que se instala e
simplesmente se coloca para funcionar. É um conceito ou uma filosofia de se
tratar todo o conhecimento adquirido pela empresa e também de todo o
conhecimento externo agregado relativo à atividade daquela empresa. KM envolve
todos os processos da empresa (desde pesquisas de mercado, passando por
compras, materiais utilizados, processos construtivos, armazenagem,
distribuição até marketing e vendas); envolve principalmente pessoas e seu
treinamento; sua utilização afeta os resultados da empresa como um todo; e é
uma filosofia de trabalho e, por isso, deve ser incorporada com o modo de
pensamento e atitude de todas as pessoas da empresa e, por fim, a decisão de
investimento nela se mescla com a decisão de investimento em outros ativos.
Essa
filosofia, para ser incorporada à empresa, precisa ter como base alguns outros
conceitos existentes ou implantados previamente para que seja efetivamente
eficaz.
Conceito
de “learning organization”, no qual todos os integrantes têm em mente que o
contínuo aprendizado representa um fator preponderante para o desenvolvimento.
Conceito
de “ambiente colaborativo”, no qual os integrantes compartilham suas experiências
e conhecimentos.
E
conceito de “empresa inovadora”, no qual a empresa incentiva a pesquisa e o
desenvolvimento de novos produtos, processos e procedimentos para aumentar sua
eficiência e vantagem competitiva.
A
palavra “conectar” simboliza todo o processo de democratização ou distribuição
do conhecimento tácito existente, de modo a torná-lo conhecido por todos os
integrantes da organização.
Por
sua vez, a palavra “coletar” representa todo o aparato tecnológico envolvido
nos processos de explicitação do conhecimento tácito, sua organização e
oferecimento a todos por meios simples e intuitivos de pesquisa e utilização.
Resumindo,
gestão do conhecimento tem a ver com conectar pessoas entre si, às informações,
ao conhecimento e aos procedimentos, todos coletados, organizados e indexados
com a tecnologia necessária para essas conexões.”.
(JOSÉ PAULO
GRACIOTTI. Consultor e sócio da Graciotti Assessoria Empresarial,
engenheiro formado pela Escola Politécnica com especialização financeira pela
FGV e especialização em gestão do conhecimento pela FGV, em artigo publicado no
jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º
de junho de 2016, caderno OPINIÃO,
página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 3
de junho de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Sucateamento
de tesouros
E alto o preço que se
paga em decorrência do sucateamento da máquina pública. Um doloroso prejuízo
que atingirá também gerações futuras. Exemplo emblemático é o que ocorre com a
educação: o acúmulo de déficits dificulta a construção de novas possibilidades.
É muito preocupante a lista de tudo o que se perde quando não se trata
adequadamente essa importante área. Compromete-se o tecido da cultura,
tornando-o incapaz de garantir às instituições o adequado funcionamento. A
análise de todo esse processo merece uma profunda reflexão que se descobre em
novas atitudes, particularmente de líderes nos âmbitos regionais: Uma tarefa
que exige adequada compreensão do atual contexto sociopolítico.
Esse exercício requer,
prioritariamente, considerar a realidade mais próxima – o domicílio, o ambiente
de trabalho, a prática religiosa, os representantes escolhidos – mas, sem
deixar de olhar para o que se localiza na amplitude de uma nação como a
brasileira. Quando o cidadão passa um pente-fino nas inúmeras situações que
formam o seu cotidiano, percebe com nitidez pontos relevantes das muitas
fragilidades que corroem o tecido social. Só assim será possível detectar os
vícios que levam à mediocridade e até mesmo ao desrespeito em relação aos
tesouros que se tem. Ignorar esses hábitos ruins traz consequências nefastas, a
exemplo da tibieza da representação política, em contextos regionais e nos
cenários mais amplos. Faltam vozes com força de convencimento, pessoas com
capacidade para articular e produzir projetos, atrair benefícios e imprimir
dinâmicas com inventividade e competência.
A política passa,
então, a carecer de líderes com autoridade para defender o bem comum e
impulsionar projetos que garantam destaque nacional a contextos regionais. O
resultado é o espetáculo da mediocridade que impacta negativamente as
diferentes esferas da vida, com graves desdobramentos. Ainda no âmbito da
educação, constata-se a timidez da incidência do mundo acadêmico sobre o
cotidiano das pessoas. A grande rede de ensino, que reúne instituições
governamentais e particulares, muitas de tradição e qualidade, não consegue dar
novos rumos às mentalidades. Com isso, muitos desconhecem os valores de sua
própria região e de suas raízes. A educação formal não chega a tocar o âmago da
consciência e, com isso, perde-se a força da cultura, necessária para produzir
riquezas inovadoras e libertárias. O que se percebe é certo comodismo e a falta
de inteligência que alicerçam o desconhecimento sobre as heranças históricas,
ambientais e religiosas.
A força dominadora da
mediocridade vai tomando conta e não se tem o ânimo necessário para se falar da
ética. Grande é o desconhecimento para se falar e compreender os parâmetros da
solidariedade. Há uma cegueira quanto à prática da distribuição de bens. Pouca
sensibilidade para efetivamente defender os mais fracos. Progressivamente,
esmaece a referência a Deus, com o consequente enfraquecimento da indispensável
defesa cotidiana da justiça. Com isso, no âmbito político, profissional e
empresarial, prioriza-se mais o que atende a interesses individuais e
partidários. Fica obscurecida a nobre tarefa de se deixar interpelar por um
sentido mais amplo da vida.
Assim, são preocupantes
os consequentes processos de desumanização, muitos deles irreversíveis, como é
o caso da violência e do desrespeito à sacralidade da dignidade de toda pessoa.
Não menos grave é o caos ético que sucateia experiências familiares, enfraquece
narrativas que sustentam as tradições e, dessa forma, corrói os tesouros da
cultura, depreda os acervos patrimoniais, escava, escandalosamente, pelo lucro,
as paisagens, passa por cima de povoados e pessoas, apagando suas histórias.
É urgente que cada
pessoa busque cuidar “da própria casa”, sob pena de perdas maiores.
Especialmente, quando se pensa no povo mineiro, essa tarefa requer a elaboração
de uma consciência social e política, religiosa e cultural condizente com a
história tricentenária de Minas Gerais. Desse modo, será possível,
efetivamente, reconhecer, reverenciar e respeitar a herança de antepassados que
escreveram uma história mais exitosa, menos mesquinha, mais audaciosa e menos
medíocre. Efetivamente, serão valorizadas as tradições, sem a negociação do que
se tem como herança. Oportuna é uma reação de todos os segmentos no cenário da
própria cultura regional para aperfeiçoar competências, redescobrir valores e
riquezas que precisam ser adequadamente tratados. Nesse caminho se configura
luminosidade na consciência cidadã para tornar sempre mais forte e qualificado
o território dessa pátria menor, determinante para sustentar a grandeza da
pátria maior e, assim, debelar, definitivamente, o sucateamento de tesouros.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras
e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das
potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda
estratosférica marca de 435,6% para um período de doze meses; e mais ainda em
abril, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,28%, e a taxa de juros do
cheque especial em históricos 308,7%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos
e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do
procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A
Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o
problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu
caráter transnacional; eis, portanto,
que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas
simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno,
propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso
patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente
irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na
Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das
empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção
e à falta de planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 1,044 trilhão), a exigir
alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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