quarta-feira, 1 de junho de 2016

A CIDADANIA, A LUZ DA ECONOMIA COLABORATIVA E A SUSTENTABILIDADE DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS (22/2)

(Junho = mês 22; faltam 2 meses para a Olimpíada 2016)

“Economia colaborativa
       Não há como negar que o modelo econômico atual, baseado em cortar, cavar e queimar, está nos seus últimos dias. A população mundial cresce exponencialmente, enquanto os recursos naturais são finitos. Chegamos à “era dos limites”. Consumir menos, reutilizar sempre e compartilhar mais. Essa é a ideia central da economia colaborativa. O tema tem ganhado espaço e evidência, impactando na mudança de comportamento das pessoas em relação aos padrões de consumo. Uma frase interessante do economista norte-americano Jeremy Rifkin cita que “enquanto o mercado capitalista baseia-se no interesse próprio e é guiado pelo ganho material, os bens comuns sociais são motivados por interesses colaborativos e guiados por um profundo desejo de se conectar com os outros e de compartilhar”.
          Um novo modelo econômico está silenciosamente se configurando. Em um futuro próximo, as empresas que não atuam de forma colaborativa estão fadadas a perder grandes fatias do mercado. Somente prestar serviços ou produzir produtos de consumo não é suficiente para atender às necessidades dos consumidores. Eles buscam mais. O tema dentro das organizações está tornando-se tão importante que é utilizado como recurso para melhoria da produtividade. Um grande exemplo dessa prática é o projeto Cocriando, da Natura, que tem plataforma on-line de colaboração e cocriação. É um espaço onde consumidores, consultores e colaboradores podem construir, juntos, novas ideias, novos conceitos e modelos de produtos e serviços.
          Voltando à questão inicial. Três pilares sustentam o modelo de economia colaborativa: pessoas, tecnologia e sustentabilidade. Por isso, o sucesso de empresas que vêm surgindo, atendendo às necessidades das pessoas, em um ambiente de limites, por meio de serviços locados em plataformas digitais, como a Airbnb e o Uber, que já são consideradas novos modelos de negócio. Porém, é importante relembrar que tais movimentos disruptivos têm sido alvo de protestos e vêm enfrentando impasses na legalização de suas operações.
          Penso que a era do capitalismo tradicional, caracterizado pelo consumo desmedido, pela ostentação e pelo descaso com o meio ambiente saturou o modelo econômico atual, fazendo-nos voltar à antiga era do “escambo” – porém, com respaldo da tecnologia, que nos possibilita a troca de forma muito mais abrangente, justa e consciente. Com mais pessoas compartilhando, trocando informações e experiências, estamos criando a nova era da economia – a economia colaborativa –, cada vez mais presente no mundo contemporâneo. Afinal, todos podem viver e consumir de forma mais consciente, olhando para o bem-estar das futuras gerações.”.

(JAIRO MARTINS. Presidente executivo da FNQ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de maio de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 24 de maio de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de PEDRO HENRIQUE NEVES DE CARVALHO, professor do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), e que merece igualmente integral transcrição:

“A construção da cidadania global
       As relações internacionais (RIs) formam um quadro de abordagens para se conhecer e compreender o mundo. As RIs no Brasil são construídas por um número reservado de instituições de ensino que ampliaram a educação na área das Ciências Humanas. O curso de relações internacionais do UniBH, há mais de uma década tem apresentado uma forma de ensino que busca inovar. Há uma procura constante por práticas extensionistas que unem os temas globais aos temas locais, dentro da realidade do cidadão brasileiro. Essa união se torna possível pela razão interdisciplinar do curso, além de criar atividades para o envolvimento do corpo discente com questões reais que se reproduzem no quando internacional e nacional-urbano.
          O RI-UniBH, por meio do seu projeto de extensão, o Banco de Consultores de Relações Internacionais, tem, há seis anos, realizado atividades que aproximam as unidades distantes: o global e o local. A nossa urbano-globalidade não tem apenas recriado os nossos entendimentos sobre o mundo, mas também lapidado o diálogo social. Aqueles problemas de outrora, tidos como distantes, agora nos provocam diariamente. Assim, tem-se uma linha de questões desafiadoras que exigem nosso posicionamento e ação: os efeitos perversos da globalização; a defesa dos direitos humanos; a questão dos refugiados; as crises energéticas e o consumo; entre outros temas. A despeito da localidade de alguns temas, como a crise dos refugiados, segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), essa é uma temática que envolve toda a sociedade mundial, dado o sentido de urgência e de complexidade.
          Qual a importância desse diálogo entre espaços distintos (global/local) para a construção de uma nova sociedade? E como desenvolver a identidade do cidadão global? Os temas globais devem, em princípio, ser apropriados pelos cidadãos nacionais, empoderados por meio da compreensão e discussão acerca dos complexos processos. Via Observatório do Cidadão Global – OCG, o Banco de Consultores em Relações Internacionais tem, desde 2014, criado um diálogo aberto junto às escolas de ensino médio de Belo Horizonte e região metropolitana. Busca-se uma construção transformadora, pois o OCG cumpre o papel da extensão universitária, aproximando o ambiente universitário da comunidade que o cerca.
          O objetivo é formar, entre os jovens do ensino médio, um conhecimento crítico a respeito dos processos internacionais que têm apresentado uma maior tendência e impacto. Almeja-se compreender os problemas das relações internacionais e as formas de ação dos grupos da sociedade civil vinculados às áreas temáticas trabalhadas. Acerca da questão dos refugiados, em 2016, as escolas parceiras do projeto desenvolverão discussões coordenadas pelos alunos do curso de RI. Assim, os alunos terão a oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre o tema e desenvolver argumentos e ideias concernentes ao papel da sociedade civil com intuito de emular soluções para os problemas trabalhados. Por essa metodologia simples, mas envolvedora, aos poucos se lapidam as ações na nossa sociedade, a julgar que por meio do conhecimento e do diálogo uma nova identidade cidadã possa ser descoberta: a cidadania global.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)    a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 435,6% para um período de doze meses; e mais ainda em abril, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,28%, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 308,7%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)    a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  






          

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