“Morosidade
e indiferença
Em nosso país,
observamos, com tristeza, a morosidade e a indiferença conquistarem espaços em
várias instituições e empresas. Por motivos diversos, os serviços aos cidadãos
e às suas justas reivindicações não são agilizados, o que tenciona as relações
sociais, causando sofrimento às pessoas envolvidas.
As
atitudes de lentidão e, muitas vezes, de proposital indiferença, nos assustam.
Chama-nos a atenção, nos grandes centros urbanos, a demora exagerada – e a
burocracia – de algumas instituições e empresas em responder às reclamações e
reivindicações das pessoas que pagam pelos seus serviços. As empresas de telefonia,
de cartão de crédito, de canais de televisão, entre outras, sabem muito bem do
que estamos dizendo. Em cidades menores e áreas rurais, as conduções, além de
morosas, são atrapalhadas. As negociações com os proprietários rurais
acometidos pelos desastres ecológicos e pelas construções de usinas
hidrelétricas são exemplos gritantes do que afirmamos.
É
fundamental que as instituições e empresas enxerguem as pessoas nos processos
que conduzem e se mobilizem para atender de forma justa e ética às demandas que
recebem. Caso contrário, causarão um mal terrível. A preocupação maior é, sem
dúvida, de se acostumarem com as práticas vigentes, acreditando que elas fazem
parte das rotinas, fluxos e protocolos.
Para
ilustrar a nossa discussão, buscamos na área da saúde – sobretudo na saúde
coletiva – uma expressão muito utilizada nos estudos epidemiológicos.
Referimo-nos à expressão “evento sentinela”, que faz referência aos agravos,
doenças e situações que estão ocorrendo, mas que poderiam ser evitados. Pois bem,
nos serviços de saúde, uma vez identificados esses eventos, há grande
mobilização dos profissionais de saúde, levando-os a tomar medidas no sentido
de verificar os fatores envolvidos e as formas de superar o problema
encontrado. Podemos fazer uma analogia aplicando o significado dessa expressão
quando constatamos as atitudes de morosidade e indiferença que não deveriam
ocorrer em nosso meio e que, embora evitáveis, lamentavelmente passaram a ser
muito frequentes no nosso cotidiano.
Repensar
os processos e investir em formas mais respeitosas, ética e competentes de
condução, parece-nos ser o melhor caminho. Sabemos quão difíceis e desgastantes
são determinadas negociações e acordos. Muitas vezes de ambos os lados.
Entretanto, não podemos desconsiderar que é preciso mudar a forma de negociar,
visivelmente ligada ao “levar vantagem em tudo”, ao “ganhar tempo e cansar o
outro”, ou “aguardar o momento ‘certo’ para que aceite qualquer proposta.
Acreditamos
que é fundamental investir na qualificação (técnica e moral) das gerências e
dos profissionais de algumas instituições e empresas – públicas e privadas –,
sobretudo no que diz respeito ao acolhimento, à atenção e à condução dos
direitos do cidadão. Só assim os “eventos sentinela”, que atormentam a prática
e as relações empresa-instituição-cidadão, já tão frequentes em nosso meio,
diminuirão. Oxalá desapareçam. A incorporação do zelo, da delicadeza e a
capacitação para atender as pessoas em seus direitos e necessidades
proporcionarão mudanças substanciais nas relações e encaminhamentos das
empresas e instituições de forma a torná-los mais ágeis, efetivos e humanos.
A
esperança que temos é que chegará o dia em que será desnecessário ocupar os
serviços da Justiça com questões conhecidas e reconhecidas por todos como
direito do cidadão por serem extremamente óbvias – e esperar por longo período
a sua resposta –, porque haverá responsabilidade e sensibilidade para com o ser
humano.”.
(ARISTIDES
JOSÉ VIEIRA CARVALHO. Médico e professor, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de
setembro de 2018, caderno OPINIÃO,
página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Amado
papa Francisco
‘Sem nada ter, tudo
pode ser e cantar feliz’, eis a expressão de São João da Cruz que bem define a
exemplar caminhada do papa Francisco, na missão de promover a universalidade da
Igreja. A partir de sua rica experiência de vida consagrada e pastoral, de sua
proximidade das palavras sempre pertinentes, o papa Francisco nutre no coração
da humanidade sinais de esperança. Assim, unem-se ao papa multidões do mundo
inteiro – clérigos, autoridades governamentais, formadores de opinião, líderes,
membros de diferentes confissões religiosas, cidadãos de diferentes lugares.
Todas essas vozes, a partir do pontificado de Francisco, formam um coro que
canta a alegria de enxergar, no horizonte, uma “Igreja em saída”, que vai ao
encontro de todos, superando molduras antiquadas para deixar brilhar a força da
tradição – capaz de levar à interioridade de cada pessoa a luz do evangelho de
Jesus Cristo.
Importante
reconhecer: valorizar a tradição não significa limitar-se ao apego cego a tudo
o que é antigo, pois Deus, pela ação do Espírito Santo, gera sempre renovação.
Zelar pela tradição da Igreja Católica é reconhecer a sua irrenunciável missão
de fazer chegar a todos a luz incandescente do evangelho. E o papa Francisco
ergue a tocha com essa luz, exercendo, com coragem e simplicidade, o seu
ministério. A luminosidade do evangelho incide sobre seu rosto e permite, a cada
pessoa, reconhecê-lo como sucessor do apóstolo Pedro. Por isso, o seu
pontificado gera conversão, possibilitando que muitas pessoas assumam seus
próprios pecados e fragilidades.
O
evangelho de Jesus Cristo, o diálogo com Deus, faz brotar no coração humano a
sabedoria que permite compreender: não importam roupagens, títulos ou posições
hierárquicas que, muitas vezes, garantem certas benesses e honrarias. O
fundamental é cultivar uma autêntica vida cristã, um jeito de ser que é bem
distante de qualquer tipo de postura egoísta. Na história bimilenar da Igreja
Católica, admiráveis homens e mulheres, cristãos leigos e leigas, gente
simples, mas também nomes reconhecidos – papas, bispos, padres, religiosos –,
em diferentes lugares e culturas, nos mais variados momentos da história da
humanidade, foram exemplares por ser autênticos cristãos. Hoje, o olhar
volta-se para os que corajosamente se dedicam às frentes missionárias, chamados
a testemunhar a fé no mundo contemporâneo. Liderando essa multidão de discípulos
e discípulas de Cristo está o amado papa Francisco, que faz a cada pessoa um
convite corajoso: aproximar-se mais da luz do evangelho.
Acolher
esse convite é a única possibilidade para a superação das muitas sombras,
também na Igreja, em razão dos estreitamentos humanos e dos desafios do mundo
atual. Há certas dinâmicas contemporâneas que estão na contramão do evangelho.
A lista é extensa, mas é importante, neste momento, dedicar atenção especial a
um desses males: o moralismo perverso de certos indivíduos que, motivados por
interesses pessoais e pouco evangélicos, sentem-se no direito de atacar outras
pessoas. Esses indivíduos, quando criticam, não buscam promover correção ou
conversão, pois são movidos pela mágoa. Em vez disso, não raramente, atacam
para encobrir seus próprios limites. Adotam, pois, a estratégia de tentar
destruir outras pessoas, distanciando-se da luz do evangelho, que escancara
escuridões. Quem busca seguir Jesus, nas muitas situações do cotidiano, pode
gerar certo incômodo para os que, veladamente, arquitetam manobras e
ilegalidades.
Para a
Igreja, seguir Cristo não é opção, mas razão de existir, tarefa que se exerce
dedicando-se ao mundo. É o que pede o amado papa Francisco: uma Igreja cada vez
mais servidora, muitas vezes ferida por debruçar-se, misericordiosamente, nas
diferentes vicissitude da vida humana. E o coro de vozes que se une ao papa
Francisco é muito grande. Deve crescer ainda mais, para que ninguém fique de
fora. As vozes desse coro, unindo corações em um coração só, revelam que
multidões cultivam a disposição corajosa de se deixar iluminar pelo evangelho –
a tradição que é a herança intocável da Igreja. Permaneça, assim, viva a
esperança de se construir um novo tempo, a partir do caminho indicado pelo
amado papa Francisco.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados,
ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do
cartão de crédito atingiu em julho a ainda estratosférica marca de 271,43% nos
últimos doze meses, e a taxa de juros do
cheque especial em históricos 303,19%; e já o IPCA, em agosto, também no
acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,19%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e
irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito,
a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico
de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem
mostrando também o seu caráter transnacional;
eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos
borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um
verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque,
rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim,
é crime...); III – o desperdício, em
todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O
Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança
das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar
uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI, OUVI
E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
56 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2017)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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