“Desastre
do ensino
Catastrófico. Assim
pode ser classificado o desempenho dos estudantes que concluíram o ensino médio
em escolas públicas do Brasil no ano passado. São cerca de 70% de alunos
prontos para entrar nas universidades que apresentaram conhecimentos
considerados completamente insuficientes
em matemática e português. Por incrível que possa parecer, não estão preparados
para resolver utilizando as operações elementares de soma, subtração,
multiplicação e divisão. Mais: também não aprenderam o considerado básico em português,
o que significa que saem da escola incapacitados em reconhecer o tema de uma
crônica ou identificar a informação principal de uma reportagem. Constatação
que assusta pelo que representa para o crescimento do país.
A
verdade é que o ensino médio encontra-se praticamente estagnado, o que tem
contribuído quase nada para o desenvolvimento cognitivo dos estudantes
brasileiros. A baixa qualidade do ensino médio, ao prejudicar a formação dos
discentes, acaba atrasando o desenvolvimento socioeconômico do Brasil – o tema
é recorrente e desperta infindáveis discussões em toda a sociedade,
particularmente nos meios educacionais, tendo sofrido, recentemente, polêmica reformulação.
Os
dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), divulgados
pelo Ministério da Educação (MEC), colocam o país no nível 2, numa escala de
zero a 10, nas duas disciplinas. A situação desastrosa na formação educacional
dos jovens é comprovada pela frieza dos números. Em português, os estudantes
atingiram 268 pontos e em matemática 270 pontos, o que os posiciona no nível 2
da escala. Até o nível 3, o aprendizado é tido como insuficiente; a partir do
nível 4 é considerado básico; e do nível 7 em diante, adequado.
O
levantamento do Saeb aponta, claramente, as desigualdades sociais no Brasil.
Mostra que, na média, 43 pontos separam os estudantes que pertencem ao grupo
dos 20% do nível mais baixo, em português, colocando os mais ricos no nível 3
(mais alto, mas ainda tido como insuficiente) e os mais pobres no nível 2 (insuficiente).
Em matemática, a diferença entre os dois grupos aumenta, ficando em 52 pontos,
com os mais ricos no nível 4 (básico) e os mais desfavorecidos no nível 2. O
Distrito Federal registra, entre os entes da federação, a maior diferença entre
os dois grupos.
As
desigualdades regionais, assunto sempre em alta na época de campanhas
eleitorais, também ficam demonstradas no estudo. A maior parte dos estados do
Norte e do Nordeste, além do Mato Grosso, teve desempenho inferior à média
nacional. Pernambuco é o único estado das duas regiões que apresenta média
superior à nacional, ficando ao lado dos estados do Sul, Sudeste e
Centro-Oeste.
A
dramática situação de âmbito nacional pode ser medida pelas palavras do próprio
ministro da Educação, Rossielli Soares, que considera “um desastre” o ensino
médio brasileiro. O governo mostra disposição em reverter quadro tão
preocupante na educação quando lança programas como o Novo Ensino Médio, Base
Nacional Comum Curricular e Mais Alfabetização. Mas de nada adiantam iniciativas
tidas por alguns como bastante avançadas se não houver apoio integral a essas
ações para que os resultados positivos apareçam o mais rapidamente possível.”.
(Editorial do
jornal ESTADO DE MINAS, edição de 31
de agosto de 2018, caderno OPINIÃO, página
6).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno, página 7, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Moralidade,
peso de ouro
A sociedade brasileira
precisa estar convicta de que a moralidade é o “ouro primeiro” de todos os
processos. Nem mesmo inteligências estratégicas, procedimentos bem-articulados
e as soluções para os graves problemas são capazes de resistir à falta de
tradição moral, fundamental para a construção do bem comum, que precisa ser
respeitado e promovido.
Isso
porque o equilíbrio e a identidade de uma nação dependem, fundamentalmente, de
um conjunto de normas, valores e costumes que constituem o tesouro de uma rica
tradição moral. Assim, a sociedade deve se conduzir pelos princípios de sua
carta maior, a Constituição Federal, que reúne referências normativas com o
objetivo de garantir a justiça e fomentar a construção de uma cidadania
solidária.
A
letra da norma, aquilo que está explícito na lei, resulta de processos
interpelativos e de desdobramentos socioculturais e religiosos. Processos
capazes de inspirar os seres humanos – congregados em povos e culturas – a
leituras e entendimentos que possibilitem a configuração de uma tradição moral
que ordene vivências, convivências, procedimentos e funcionamentos.
Assim,
uma sólida tradição moral não se configura a partir de simples recursos de
subjetividades ou de ideologias. É fruto da interação dos seres humanos que se
articulam na importante tarefa de edificá-la pela essencialidade do
relacionamento entre pessoas e pela referência dos valores morais e princípios
éticos, inegociáveis e intocáveis – cláusulas pétreas.
Uma
exemplar singularidade entre essas cláusulas é a inviolabilidade do dom e do
direito à vida, que tem de ser respeitada em todas as suas etapas – da
fecundação ao declínio, com a morte natural. Toda legislação em contrário fere
e desestabiliza o tecido da tradição moral, com graves prejuízos para todos.
Mas preservar o bem comum não é tarefa fácil, exige cuidado e atenção, uma
verdadeira luta no interno da sociedade. Não se pode desconsiderar a tendência
de se buscar, simplesmente, o interesse pessoal.
O
egoísmo tem força para fazer passar o interesse de um ou de determinado grupo e
segmento em prejuízo do outro ou do bem comum. A perda da tradição moral
representa grave comprometimento da autoridade. Nesse horizonte, a prioridade
deve ser o investimento na formação de condutas pautadas no respeito a valores
ético-morais – não se fala aqui, absolutamente, de moralismos e
conservadorismos, mas de rever condutas e comportamentos.
É
preciso investir na recuperação da moralidade, em todos os setores, envolvendo
o conjunto dos cidadãos, para alavancar projetos de desenvolvimento integral,
de qualificação da cidadania. Esse percurso de formar, recompor e manter a
tradição moral, indispensável a uma nação, não pode ser fruto de subjetivismo
ou imposição ideológica. Os processos educativos, formais, familiares e nas
diferentes circunstâncias e processos que compõem a vida cotidiana, têm séria
responsabilidade por contribuir, significativamente, para que esse tecido
erodido por muitas causas e razões se recomponha.
O
comprometimento do tecido moral, particularmente quando considerados os
esquemas de corrupção e depredação do erário, o modo irresponsável com que é
tratado o bem público requerem a ação de bons gestores, que representem o povo
nas suas instituições, e cidadãos honestos nas relações do dia a dia, nas mais
comuns circunstâncias.
O
atendimento a essa demanda urgente exige que se considere a importância do
tesouro em que a moralidade está inscrita, especialmente neste ano eleitoral,
quando a credibilidade dos candidatos está em questão. A tradição moral na
política está sucateada e por isso o preço do descrédito é grande. O mesmo
ocorre na esfera religiosa e não menos, de modo preocupante, no mundo do
judiciário e em outros tantos segmentos da sociedade. Assusta muito ver
decisões, frutos de interpretações de leis e normas, com favorecimentos por
conivência, por poder ou até mesmo por mediocridade em razão da pouca
competência, não só acadêmico-científica, mas, sobretudo, pelo distanciamento
de sólidas tradições morais.
É
necessário assimilar a convicção de que a moralidade é a alavanca única que
pode sustentar, dar consistência e empurrar na direção certa. A sociedade
precisa, em todos os ambientes e segmentos, contar com cidadãos e cidadãs que,
acima de tudo e prioritariamente, considerem, vivam e testemunhem a moralidade
a peso de ouro.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em julho a ainda estratosférica marca de
271,43% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial em históricos 303,19%; e já o IPCA, também no
acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,48%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e
irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito,
a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo
Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos
os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune
à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais.
De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e
do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de
burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência,
eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com
menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem
o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida,
que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas,
oportunidades e potencialidades com todas
as brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
56 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2017)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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