“Inteligência
artificial e humanismo
Já bem antes da virada
do século passado, sociólogos, religiosos e até pessoas comuns passaram a
questionar os valores da tecnologia que crescis exponencialmente e interferia
“negativamente” na educação e costumes. Realmente, à primeira vista, a tecnologia
não combina com nosso espírito, com nossa alma. Parece-me que esse sentimento
vem das velocidades diferentes que cada um “viaja” no nosso tempo. A
informática, que é o símbolo do desenvolvimento tecnológico, apresenta
inovações, com espaços de tempo cada vez menores, enquanto nosso espírito para
modificar-se, substancialmente, leva muitas vezes décadas e, lamentavelmente,
muitas pessoas passam pela vida toda sem apresentar progresso espiritual
relevante. Para uns, o avanço tecnológico afasta as pessoas da convivência, das
relações de afeto. Para outros, representa a segurança, facilidade, o conforto.
Melhor vê-los então equilibradamente, também porque é perda de tempo imaginar
que se possa deter a ciência e, como a técnica é a aplicação dela, não há
também como frear a tecnologia. O que não podemos é nos entusiasmar ao ponto de
achar que um computador de última geração é mais “inteligente” que as coisas da
natureza. Basta vermos, com encantamento, uma minúscula formiga possuir
engrenagens e articulações para movimentar-se. O telescópio Hubble fotografar
uma galáxia a 60 milhões de anos-luz de distância e o homem mandar sonda a
Marte seriam mais intrigantes que a formiguinha?
Se já
havia uma grande apreensão, a vedete do século 21 é a inteligência artificial,
que preocupa ainda mais os humanistas. O escritor judeu Yuval N. Harari, PhD em
história pela Universidade Oxford e autor dos best-sellers Sapiens e Homodeus, colocou mais dúvidas e indagações para onde
está caminhando a inteligência artificial. Ele sugere que, num futuro próximo,
cerca de 10 anos, muitas profissões como corretor de imóveis, contadores e
outras irão desaparecer, porque os robôs se encarregarão delas. Vai além ao
imaginar que num futuro um pouco mais distante, talvez daqui a 40 ou 50 anos, os
robôs, em determinadas situações, poderão até dominar os humanos. Penso, com as
minhas limitações, que é difícil acontecer porque o homem é dotado de
consciência, e ela será sempre superior aos algoritmos das máquinas.
É
oportuno relembrar que a sabedoria milenar chinesa ao estudar os opostos,
denominados Yin e Yang, defende que tudo na vida tem vantagem e desvantagem:
quando ganhamos de um lado, certamente iremos perder do outro. O crescimento
espiritual ou ascese é que vai nos ajudar a entender e ver cada lado das
coisas. A espiritualidade pode ser ferramenta para não tornarmos mecanicistas
na convivência com a tecnologia. A colisão com nossa espiritualidade é
inevitável se não aceitarmos o mundo tal qual ele é, com pluralidade, avanços,
mas também com todas as limitações que a vida nos impõe. Em contraposição à
supervalorização tecnológica, a filosofia e a religião têm um papel importante
na formação humanística, sobretudo, dos jovens que são mais carentes de
valores. Bernard Shaw tem um sábio conselho sobre o tema: “Os racionais
adaptam-se ao mundo, os irracionais só a si mesmos”.”.
(GILSON E.
FONSECA. Sócio e diretor da Soluções em engenharia geotécnica Ltda.
(Soegeo), em artigo publicado no jornal ESTADO
DE MINAS, edição de 30 de dezembro de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 8
de janeiro de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de JOÃO DEWET MOREIRA DE CARVALHO, engenheiro-agrônomo em Nanuque
(MG), e que merece igualmente integral transcrição:
“A
nulidade política
O grande poeta mineiro
Carlos Drummond de Andrade, ao publicar um diário que manteve por longos anos
com o nome de Observador no escritório,
descreve na data referente a 17 de agosto de 1977 a seguinte ironia de cunho
político: “Às vezes a gente tem saudade do extinto PRM, órgão pouco democrático da democracia anterior a 1930. Ele tinha
sempre o cuidado de eleger, fosse que de maneira fosse, alguns mineiros
ilustres, no meio de muitas nulidades ou mediocridades, para compor a bancada
na Câmara e no Senado federais. Um poeta como Augusto de Lima não perdia
eleição, assim como Calógeras ou Afrânio de Melo Franco, mais intelectuais do
que propriamente políticos. E o estado tinha uma representação equilibrada:
gente que pensava e brilhava, e gente que simplesmente dava número”.
Comparando
a já longínqua época do PRM com o atual cenário político, fica um certo amargor
para a população brasileira, pois, apesar de ter ocorrido um suposto avanço
democrático no país, houve, também, uma tremenda deterioração na qualidade dos
homens públicos. E isso tanto do ponto de vista moral quanto intelectual. Trazendo
prejuízos irreparáveis. Além de imensa saudade do tempo no qual as tribunas
nacionais eram ocupadas em grande parte por pessoas realmente capacitadas.
Ainda que naquela época fosse necessário fazer uso de meios não muito
democráticos para evitar o estabelecimento do reino da nulidade do meio
político.
Lógico
que o momento atual não permite – nem deveria – tais mecanismos
antidemocráticos na escolha dos representantes do povo. Então, como fazer para
que o nível dos políticos em todo o Brasil se eleve e com isso as perspectivas
futuras da nação sejam menos desalentadoras? Quais seriam as soluções para
evitar que o número de nulidades fosse reduzido a “níveis aceitáveis”? Questões
como essas devem estar na pauta das discussões dos que irão reformular o atual
corrompido sistema político. Pois ele é o responsável em tomar as decisões
vitais ao futuro existencial da nação. E isso é urgente. Afinal, nenhum fruto benéfico
colhe o país das nulidades que se apropriam das possiblidades oferecidas pelo
sistema democrático. E com isso se elegem sem, na verdade, representar ninguém,
apenas a si mesmo.
O
debate desse precioso tema deve visar ao aperfeiçoamento da democracia em sua
essência. E constituir empecilho à manipulação dos ingênuos pelos populistas
demagogos dispostos a fazer uso de recursos ilícitos. E, dessa forma, evitar
possíveis manipulações ideológicas portadores de futuras deletérias restrições
democráticas. Pois o futuro de uma nação é por demais precioso para ser refém
do humor errático de uma população totalmente entorpecida e fanatizada. E
dessas tragédias evitáveis, salva-se não apenas a geração presente, mas,
principalmente, as futuras gerações que sempre pagam pelos erros e excessos dos
seus país.
Pois é
notório que toda nação, nos seus capítulos iniciais, vive a expectativa de que
o seu processo de formação a tornará uma pátria exemplar e preciosa.
Sobressaindo, visando a esse fim, o imenso esforço humano de grande parte do
seu povo. Predominam, nesse período, ideais de um viver idílico, onde todos no
futuro usufruirão do bem-estar construído. E a paz e a dignidade humana
prevalecerão. Esses são os tempos dos sonhos.
No
entanto, o Brasil, após décadas de lutas por um país digno, viu nesses últimos
anos quase tudo se tornar fumaça. Evidenciando que muitos vezes os desejos mais
alvissareiros dos homens não se realizam. Pois sempre existem os que se
aproveitam do suor do trabalho derramado pela maioria da população em benefício
próprio. E transformam os sonhos do povo de uma nação em futuros pesadelos
nacionais.
Por
isso, nunca o momento foi mais oportuno do que agora para se criar uma nova
forma do ser político. Em que não apenas sejam resgatados os mais nobres
valores morais no trato da coisa pública, mas, principalmente, sobressaia a
capacidade do indivíduo como diferencial na reconstrução de uma nação que foi
levada à beirada do precipício. E nessa toada sejam criados mecanismos que
melhorem a representatividade política. Se não impedindo totalmente a presença
das nulidades no trato da coisa pública, pelo menos amenizando drasticamente a
presença de tais perniciosos elementos.
A
crescente importância do Brasil na nova geopolítica mundial requer uma classe
política que esteja à altura do novo papel a ser desempenhado pela nação. E os
nulos não apenas não somam, como ainda subtraem. Urge, portanto, criar-se uma
nova formatação em que o brilhantismo do indivíduo público reflita sua imensa
capacidade. E, com isso, uma nova perspectiva de futuro seja criada para toda a
nação. Tão bela e harmoniosa como os mais belos versos do mavioso poeta
itabirano.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a ainda estratosférica marca
de 279,83% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 305,71%; e já o IPCA,
em dezembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,75%); II –
a corrupção, há séculos, na mais
perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria
grega, do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura,
além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências
do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações,
da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental,
com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação
do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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