“O
trabalho não remunerado da natureza
Conservar a natureza e
desenvolver a economia simultaneamente pode parecer algo impensável para muita
gente, porém, vários estudos têm mostrado o potencial econômico de se investir
em áreas naturais e o impacto social positivo que esses investimentos podem
gerar. Se por um lado temos o desafio ético da conservação pela garantia do
direito à vida de todos os seres que habitam o planeta, por outro, temos uma
grande oportunidade de resolver problemas sociais a partir de soluções que a
mesma natureza nos oferece, as soluções baseadas na natureza (SbN). Elas são
capazes de conservar a biodiversidade e, ao mesmo tempo, gerar empregos,
melhorar indicadores socioeconômicos e proporcionar mais saúde e bem-estar para
a população.
Um bom
exemplo de SbN é aproveitar qualidades próprias de florestas e outros
ecossistemas naturais para minimizar a quantidade de sedimentos que chegam ao
leito dos rios e, assim, reduzir drasticamente os custos com tratamento de
água. Ou seja, essa chamada “infraestrutura natural” filtra naturalmente os
sedimentos, entregando uma água de melhor qualidade e com menor custo para o seu
tratamento.
O
estudo Infraestrutura Natural para Água no Sistema Guandu, lançado
recentemente, mostra a relação entre a restauração florestal de três mil
hectares em áreas estratégicas e a economia com o tratamento de água no Sistema
Guandu, no Rio de Janeiro.
O
benefício líquido chega a R$ 156 milhões em 30 anos. O retorno de 13,5% sobre o
investimento é compatível com retorno de investimentos tradicionais no setor de
saneamento. Por outro lado, embora não tenha sido alvo da análise econômica
desse estudo, a infraestrutura natural pode, também, desempenhar papel
importante na regulação do fluxo superficial da água em eventos de chuva
intensa, evitando perdas econômicas e danos físicos e à saúde das comunidades
que seriam afetadas pelas enchentes e alagamentos.
Parte
dos investimentos previstos para o aumento da infraestrutura natural no Guandu
está voltada a ações de conservação de florestas existentes e restauração, nas
quais são considerados os custos diretos com mudas, insumos, cercas, entre
outros, somados a valores que seriam repassados – por meio de mecanismos de
incentivo como o pagamento por serviços ambientais (PSA) – a proprietários
rurais que permitam essas intervenções em suas áreas. No caso do Guandu, 3,5%
do orçamento anual oriundo da cobrança pelo uso da água serão investidos em
projetos de PSA, tendo atualmente R$ 3,2 milhões provisionados para esse fim
nos próximos três anos.
Outro
trabalho recente, o Atlas dos Mananciais de Abastecimento Público do Estado do
Rio de Janeiro, mostra que mais da metade dos pontos de captação de água dos
mananciais estratégicos para o estado fluminense encontram-se dentro de
unidades de conservação. Nesse sentido, o papal das áreas formalmente
protegidas ganha destaque no contexto de ativos para soluções baseadas na
natureza e infraestrutura natural, pois são áreas que já têm cobertura vegetal
que entrega prontamente esses serviços e estão igualmente disponíveis para
intervenções de restauração, sem o custo de transação e de pagamento que o PSA
envolve. É a natureza “trabalhando” para a própria natureza e para toda a
sociedade sem cobrar por isso.”.
(THIAGO
PIAZZETTA VALENTE. Biólogo e analista de soluções baseadas na natureza da
Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de
fevereiro de 2019, caderno OPINIÃO,
página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
8 de março de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Deixai-vos
reconciliar
‘Deixai-vos reconciliar
com Deus’. A interpelação do apóstolo Paulo, na segunda Carta aos Coríntios,
ecoa com intensidade na abertura do tempo da quaresma. Acolhê-la é a
oportunidade para se evitarem graves fracassos humanos e relacionais, embora
tudo o que exige o cultivo da interioridade cause estranheza em um mundo
fortemente influenciado pelo domínio das exterioridades. Na sociedade
contemporânea, o exótico e a lógica das aparências despertam mais a atenção das
pessoas, enquanto os valores que deveriam prevalecer são deixados de lado, a
exemplo das preciosas lições reunidas na palavra de Deus. Ensinamentos que
podem ser aprendidos a partir de diferentes perspectivas – literária,
antropológica, teológica –, ainda mais enriquecidos quando iluminados pela fé.
Esse
conjunto de sabedorias atravessa os séculos. Tem muito a contribuir para que a
sociedade funcione adequadamente e depende, sobretudo, da interioridade de cada
pessoa. Os diferentes saberes, em especial os relacionados à técnica ou à
objetividade científica, são muito importantes. Mas esse conhecimento, por si
só, não consegue alcançar a consciência ético-moral que habita na intimidade do
ser humano, orientando comportamentos nos parâmetros do bem, da honestidade, da
justiça e da verdade.
Diante
de todos está, assim, o desafio de vencer as “areias movediças” das tentações,
que induzem a trocar o inegociável pelo caminho aparentemente mais fácil. Uma
batalha que se estabelece no recôndito da consciência, em que decisões devem
ser forjadas por valores éticos e morais. A interioridade – não o domínio das
aparências – é o núcleo mais precioso de sustentação da vida. Lá estão os
pilares que separam homens e mulheres dos fracassos e de cenários vergonhosos,
marcados pelas diferentes formas de violência, discriminações, corrupção e
tantos outros males.
Ecoe,
na intimidade de todos, o convite: reconciliai-vos com Deus, para assegurar
mudanças pessoais e, consequentemente, em contextos mais amplos, na sociedade.
A interioridade é valioso tesouro carregado em vaso de barro. E neste exigente
momento da história, o tesouro da interioridade requer ainda mais atenção e
cuidado. Sem esse zelo, prevalecerão comportamentos condenáveis, similares ao
hábito da mentira. Sabe-se que existem tão habilidosas na formulação de
mentiras que suas palavras aparentam ser verdadeiras. São indivíduos
competentes para lidar com imagens e o regime da exterioridade, hábeis na
administração de suas ações para “driblar” a opinião pública. Sem conseguir
visitar e reconfigurar a própria interioridade, permanecem submissos a
interesses prejudiciais à sociedade.
E o
desafio existencial de se reconciliar com Deus se torna ainda maior quando o
coração humano está contaminado pela soberba. Pensa-se, enganosamente, que as
próprias escolhas são inquestionáveis, o que impede a necessária autoavaliação
sobre modos de agir e enxergar a realidade. Enjauladas na obtusidade, as
relações equivocadas se repetem. Assim, na base das grandes e esperadas
reformas, capazes de garantir principalmente o bem dos pobres e a demolição dos
privilégios de oligarquias, está a reforma individual de cada pessoa. Sem
vencer as barreiras que impedem a avaliação interior e, consequentemente, o
aprimoramento pessoal, a sociedade continuará a conviver com líderes que criam ilusões,
prometem melhorias para a coletividade, mas são incapazes de oferecer respostas
concretas aos graves problemas atuais.
As
mudanças indispensáveis para promover o bem comum somente virão com a esperada
qualificação humana e espiritual. Sem essa qualificação, permanecerão a
ensandecida disputa pelo poder, as idolatrias que alimentam o mal, os
demolidores do patrimônio público, as devastações do meio ambiente, o
desrespeito à história cultural e religiosa de culturas e povos, com anuências
espúrias e medíocres para práticas criminosas.
O
tempo da quaresma é oportunidade para investir na dimensão espiritual,
indispensável à qualificação pessoal. Percorridos adequadamente os caminhos e
as dinâmicas desse tempo, serão alcançadas mudanças necessárias na interioridade,
capazes de promover as almejadas transformações sociais. O primeiro passo é
acolher, com humildade, admitindo a frágil condição humana, este convite:
reconciliai-vos com Deus.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas
abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa
história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a ainda estratosférica marca
de 286,93% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 315,58%; e já o IPCA, em
fevereiro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,89%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria
grega, do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte
de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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