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segunda-feira, 18 de março de 2013

A CIDADANIA, O PAPEL DOS LÍDERES E A SUSTENTABILIDADE


“As crises revelam os líderes

RIO – É no tempo das grandes crises econômicas e políticas que se afirmam os líderes da democracia, como é nas batalhas que os generais conquistam os seus lucros ou se abatem pela derrota. George Washington, tão discutido no curso da sua ação militar e política, acabou sendo o primeiro na paz, o primeiro na guerra e o primeiro no coração dos seus concidadãos, exatamente porque, com a tenacidade às vezes teimosa, que foi a principal característica do seu gênio, venceu a guerra da Independência, em condições que, muitas vezes, pareceram impossíveis de ser superadas. Outras das figuras mais ilustres da história norte-americana, como Abraão Lincoln, Theodore Roosevelt e Woodrow Wilson e, mais recentemente, Franklin Delano Roosevelt e o próprio Harry Truman, cuja figura histórica está sendo reabilitada, marcam a sua presença no seu país e no mundo, pela extraordinária capacidade de sobrepujar as crises sucessivas que a grande nação atravessou no século passado como neste. Os analistas e historiógrafos americanos consignam a circunstância de que, no caso de Washington, a escolha do seu nome para conduzir a luta fora deliberada, mas o mesmo não aconteceu com Lincoln, o primeiro e Wilson, cujas altas qualidades de liderança se revelaram no exercício do poder.
Não é que esses grandes homens, ao pleitearem a eleição presidencial, não pudessem apresentar credenciais condignas. Lincoln oferecia aos seus eleitores um passado de fidelidade à democracia, que o colocava entre as figuras mais representativas do seu tempo. Roosevelt fora governador de Nova Iorque, depois de uma longa atividade política. Seus biógrafos costumam apresentá-lo por duas faces características. A primeira era a devoção aos princípios progressistas e a segunda um talento particular para inspirar confiança a quantos o ouviam. Mas foi como presidente, em horas das mais graves para o equilíbrio econômico e político dos Estados Unidos e a sua própria segurança, que nele se manifestou o carisma, o poder de comando que o levaram, por quatro vezes, em quatriênios sucessivos, às mais altas responsabilidades da Casa Branca.
O homem de Estado que sacrifica a visão do futuro à popularidade efêmera, volúvel e incongruente, não preserva o seu nome nos julgamentos serenos e implacáveis da posteridade. Há que aceitar o ônus das críticas injustas, dos ressentimentos pessoais e das contestações ideológicas. Na capacidade de sobrepujar os ataques, recebendo-os serenamente como uma contingência do próprio exercício do poder, é que se confere o estofo do homem de Estado, e não pelo comprometimento pessoal na polêmica ou pelo revide e pela represália. Essas reflexões têm a sua atualidade nesta fase que estamos atravessando. Estou certo de que o haveremos de fazer com pleno êxito. É uma fase reveladora dos verdadeiros líderes. Como no passado já o tivemos, não é ilusório acreditar que de novo se apresentem como líderes autênticos, do estilo daqueles que conduziram o Império e iluminaram as horas caliginosas da República, e que hoje tanto nos desvanecem.”
(AUSTREGESILO DE ATHAYDE, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de agosto de 1993, caderno OPINIÃO, página 6).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem  de AL GORE,  em A Terra em Balanço: Ecologia e o Espírito Humano ,parte 3, páginas 235 a 239 (2. ed. – São Paulo: Gaia, 2008):

“14 . UM NOVO OBJETIVO COMUM

(...) A maior promessa da ideia democrática é a de que, tendo o direito de se governar, homens e mulheres livres provarão ser os melhores administradores do próprio destino. É uma promessa que tem sido cumprida apesar do desafio de todas as outras que se opõem a ela. A afirmação de que podemos ser meio escravos e meio livres, de que só os homens devem votar e de que a força de decisão de nações livres poderia curvar-se à vontade do totalitarismo – todas essas ideias foram derrubadas enquanto as nossas perduram. Mas, agora, um novo desafio – a ameaça ao meio ambiente – pode arrancar-nos o controle de nosso destino. A resposta a esse desafio deve tornar-se nosso novo princípio organizador.
Sua utilização é totalmente compatível com a democracia e o livre mercado. Mas assim como a abolição da escravatura exigiu uma compreensão mais ampla da essência da democracia e da propriedade privada – bem como da relação entre ambas – essa nova luta implicará uma concepção ainda mais ampla de como a democracia e os livres mercados aperfeiçoam-se mutuamente. Da mesma forma que a concessão de direitos civis às mulheres e aos afro-americanos exigiu um discernimento mais profundo do significado do governo democrático e uma definição mais ampla daquilo que todos os seres humanos têm em comum, o desafio global exigirá uma compreensão mais completa de nossa atual ligação com todos os povos e de nossas obrigações com as gerações futuras.
Que não haja dúvidas: se não crescermos através dessa compreensão, perderemos a capacidade de resgatar as promessas da liberdade.
Enriquecidos por essa nova forma de pensar, conseguiremos, sem dúvida, lograr êxito no esforço total de salvar o meio ambiente. Mas esse esforço exigirá, dos governos, respeito ainda mais profundo pela liberdade econômica e política dos indivíduos. Também implicará medidas drásticas, a fim de assegurar que disponham de todas as informações necessárias para compreender a enormidade do desafio, e de suficiente poderio econômico e político para que sejam os verdadeiros guardiães dos lugares onde vivem e trabalham. Sozinhos, indivíduos bastante motivados não podem ter esperanças de vencer a luta, mas, tão logo haja consenso suficiente para fazer dela o princípio organizador central, a vitória estará a nosso alcance e poderemos começar a fazer rápidos progressos.
Mas, nos países que já se consideram livres, há ainda outra condição política. A ênfase nos direitos individuais deve ser associada a uma compreensão mais profunda das responsabilidades para com a comunidade, a serem aceitas por todos os seus membros, se ela vier, de fato, a ter qualquer princípio organizador.
Essa ideia representa, por si mesma, uma questão ecológica, na medida em que implica um equilíbrio entre direitos e responsabilidades. Na verdade, muitos sentem que ocorreu profunda crise filosófica no Ocidente, em parte porque esse equilíbrio foi rompido: temos nos aproximado tanto dos direitos individuais e nos afastado tanto de qualquer senso de dever, que já se tornou difícil recrutar a defesa necessária para quaisquer direitos legitimamente adquiridos por toda a humanidade e pela posteridade. Hoje, praticamente a única forma de mobilizar a opinião pública o suficiente para acabar com a violação daqueles que se podem chamar direitos ecológicos consiste em dar publicidade aos indivíduos prejudicados por qualquer prática ambiental incorreta. O dano causado a uma comunidade, ao mundo em geral, ou às gerações futuras, passa a ser encarado como secundário em relação ao dano causado a esses indivíduos; têm eles direitos bastante semelhantes a nossos direitos individuais para desejarmos defendê-los – pois, afinal, poderíamos, com isso, obter proteção conveniente para nós próprios.
Essa dissociação da comunidade relaciona-se claramente à premissa de que somos dissociados da Terra. Ela tem não só a mesma causa filosófica – a fé esmagadora no poder intelectual do indivíduo – como também a mesma solução: uma forma de pensar mais equilibrada sobre nossa relação com o mundo – inclusive com nossas comunidades. A reafirmação de nossa ligação com os outros pressupõe uma obrigação de nos unirmos aos outros para defender e proteger devidamente aqueles nossos direitos – como o de respirar ar puro e beber água limpa – que se inserem naturalmente entre os direitos individuais, tanto de outros como nossos, e que são adquiridos pela comunidade, país ou mundo – como um todo.
Outra ameaça ao novo princípio organizador é a corrupção que campeia, tanto no mundo desenvolvido como no subdesenvolvido. A corrupção também é, em certo sentido, um problema ecológico. Ela contamina os saudáveis padrões de responsabilidade dos quais dependem o governo democrático – e nossa capacidade de dividir a administração do meio ambiente. De fato, em quase todos os casos de devastação ambiental, a corrupção muito contribuiu para minimizar a capacidade do sistema político de reagir mesmo aos primeiros sinais de degradação de que toma conhecimento.
Mas, como a corrupção afeta o sistema, muitos se sentem suficientemente distanciados para compactuar com a inércia e letargia generalizadas, que permitem a ela continuar a campear. A fim de estabelecer efetivamente o novo princípio organizador central, porém, é preciso enfrentar a poluição da corrupção política como mal que é, em essência, semelhante àquele que se manifesta na poluição física do ar e da água.
De modo análogo, a tolerância contínua à disseminação da injustiça social tem como consequência minar nossa capacidade de cogitar em iniciativas conjuntas, enérgicas e sustentadas. A promoção da justiça e a proteção do meio ambiente devem caminhar juntas em todas as sociedades, seja no contexto da política interna de uma nação ou na elaboração de acordos “Norte-Sul” entre países industrializados e o Terceiro Mundo. Sem tais compromissos, o mundo não conseguirá considerar urgentemente necessário o esforço global. O diálogo entre nações ricas e pobres já foi envenenado pelo ceticismo destas quanto às intenções dos países industrializados. Mas, recentemente, foi também enriquecido com propostas com as de “dívidas em troca de natureza”, pelas quais débitos são cancelados em troca da cooperação na proteção de partes ameaçadas do meio ambiente.
O rápido desenvolvimento econômico representa uma questão de vida ou morte em todo o Terceiro Mundo. Essa esperança não será negada a seus povos, quaisquer que sejam os custos ambientais. Como resultado, tal escolha não lhes deve ser imposta, pois, de seu ponto de vista, por que deveriam eles aceitar aquilo que expressamente recusamos para nós? Quem se atreveria a afirmar que qualquer país desenvolvido está disposto a abandonar o crescimento econômico e industrial? Quem há de garantir que alguma nação rica aceitará grandes reduções em seus padrões de conforto para atingir um equilibro ambiental?
Os países industrializados precisam compreender que não é dada ao Terceiro Mundo a escolha sobre seu desenvolvimento econômico. E espera-se que o consiga segundo um padrão mais racional do que o que lhe tem sido imposto até agora. Caso contrário, pobreza, fome e doenças dizimarão populações inteiras. Muito antes disso, haverá, em sociedades inteiras, distúrbios políticos revolucionários. É até possível que se travem guerras com toscas armas nucleares, pois a proliferação nuclear continua a refletir nossa incapacidade geral de administrar criteriosamente a tecnologia. Alguns conflitos podem ter como motivo até mesmo os próprios recursos naturais, como a água doce.
Por fim, devemos adquirir uma compreensão mais profunda do que significa desenvolvimento. Muitos homens de boa vontade já reconheceram a necessidade de infundir alguma coerência aos esforços de nações ricas e pobres para criar uma civilização mundial mais justa. Aquele que veio a ser chamado desenvolvimento é agora o meio principal pelo qual países ricos – em geral as instituições multilaterais como o Banco Mundial e bancos de desenvolvimento regional – podem ajudar os subdesenvolvidos a acelerar sua transição para a modernidade. Infelizmente, os programas internacionais de desenvolvimento têm sido, com frequência, catastróficos para os países necessitados, pois muitos dos grandes projetos envolvidos têm tentado um crescimento industrial relâmpago, mesmo que acarrete riscos ao meio ambiente. Os problemas tão comuns em tais programas têm sido ecologicamente perigosos também em outro sentido: é raro existir grande equilíbrio entre os projetos financiados pelos países industrializados e as reais necessidades do Terceiro Mundo. Assim, um número demasiado grande de projetos tem-se revelado mais nocivo que benéfico, rompendo tanto o equilíbrio ecológico como a estabilidade social. Parte do preço é paga com desânimo, descrença e com a conclusão simplista de alguns, de que o próprio desenvolvimento é intrinsecamente indesejável. Um triste exemplo foi a inundação, em  1991, de grandes áreas de em Bangladesh e o enorme número de mortes por afogamento, doenças e fome. A morna reação do mundo industrializado pareceu refletir uma capitulação fatalista ante a ideia de que tal sofrimento é certamente trágico mas, em essência, inevitável. Além disso, analistas sérios argumentaram ser desaconselhável praticamente qualquer ajuda do Ocidente, pois, como facilitaria o repovoamento de áreas litorâneas  baixas, sujeitas a inundações e aumentaria a população, fornecendo alimentos a muitos, que, sem eles, morreriam, apenas lançaria as sementes de tragédias ainda piores nas próximas inundações.
A menos que o mundo industrializado aguce sua compreensão de como pode de fato ajudar e que tipo de desenvolvimento é apropriado, haverá muitas outras dessas capitulações morais e políticas ante horríveis tragédias. Nós, das nações ricas, nos iludiremos, acreditando que, como o desenvolvimento não funcionou e, o mais das vezes, agravou os problemas, o melhor a fazer é nada fazer – tornando-nos cúmplices do morticínio seletivo da espécie humana.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, severas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história  - que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; saúde; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); assistência social; previdência social; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados; macrodrenagem urbana; logística reversa); meio ambiente; habitação; emprego, trabalho e renda; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; agregação de valor às commodities; minas e energia; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; logística; turismo; esporte, cultura e lazer; sistema financeiro nacional; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade), entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, qualificada, civilizada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidade e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A CIDADANIA, A ÉTICA E A SUSTENTABILIDADE (20/40)

(Fevereiro/2011 = Mês 20; Faltam 40 meses para a COPA DO MUNDO de 2014)

“2 . A SOMBRA QUE PAIRA SOBRE NOSSO FUTURO

A ameaça mais perigosa ao meio ambiente de nosso planeta talvez não seja representada pelas ameaças estratégicas propriamente ditas, mas por nossa percepção dessas ameaças, pois a maioria ainda não aceita o fato de que a crise que enfrentamos é extremamente grave. Naturalmente, sempre existe um certo grau de incerteza sobre assuntos complexos,e são sempre necessários estudos cuidadosos, porém é muito fácil exagerar essas incertezas e estudar o problema em demasia – há quem faça exatamente isso – a fim de evitar uma conclusão que incomoda. Contudo, existem pessoas que estão genuinamente preocupadas com o fato de que, embora saibamos muito a respeito da crise do meio ambiente, ainda há muito que desconhecemos.

Algumas das perguntas que precisam ser respondidas pelos cientistas são enganosamente simples: onde chove? Quando e quanto? Essas perguntas, facilmente respondidas quando se referem a lugares perto de nós, são um mistério para a ciência quando feitas em escala mundial. Onde estão as nuvens? De que modo a superfície da Terra está mudando? Quão seco ou úmido está o solo? Essas são perguntas extremamente importantes porque as respostas têm um significado diretamente relacionado com o grau de nossa preocupação com a ameaça latente. Analisemos, por exemplo, a pergunta sobre as nuvens. Um reduzido número de cientistas afirma que não precisamos nos preocupar com o aquecimento da Terra porque, quando os gases que provocam o efeito estufa causarem uma maior retenção do calor do Sol na atmosfera, a Terra automaticamente produzirá mais nuvens, o que, por sua vez, funcionará como um termostato para regular a temperatura. Vejamos ainda a pergunta sobre o solo e as precipitações atmosféricas. Aqui, também, alguns cientistas afirmam que não precisamos nos preocupar com as mudanças climáticas que provocam estiagens em vastas áreas das massas de terras continentais, por a evaporação mais rápida da umidade do solo em uma atmosfera mais quente será contrabalançada pelas mudanças nos regimes pluviométricos.

Perguntas mais extravagantes, cujas respostas são mais difíceis, também exigem atenção. O que está acontecendo com a camada de gelo na Antártica Ocidental? Qual é a quantidade de gelo que está-se derretendo no Oceano Ártico? Conforme observado no primeiro capítulo, a Marinha está atualmente ajudando a responder à última pergunta, divulgando para os cientistas dados obtidos das medições. Entretanto, sempre haverá mais perguntas do que respostas. Como então acreditar que poderemos agir a tempo de combater essa crise iminente, se ainda há tanto a aprender?

Depois de anos de debates e esforços para convencer os céticos de que o tempo de espera já se esgotou, devo render-me à ideia de que, embora já saibamos mais do que o suficiente, precisamos também investigar cuidadosamente qualquer dúvida científica relevante que interfira em nossa disposição de nos unirmos no combate a essa crise. O conhecimento assim adquirido servirá tão apenas para invalidar algumas desculpas apresentadas pelos céticos para adiar o problema, mas nos ajudará também a escolher estratégias para reagir à crise, identificar as soluções mais econômicas e eficazes e consolidar o apoio público para a implantação das mudanças cada vez mais abrangentes que se farão necessárias.

Contudo, pesquisar em lugar de agir é uma atitude irresponsável. Aqueles que afirmam que não devemos tomar qualquer providência enquanto não se concluírem muitas pesquisas adicionais estão tentando livrar-se do ônus da prova, mesmo em face do aprofundamento da crise. Esse ponto é decisivo: optar por “não fazer nada” como resposta às provas que se acumulam é, na verdade, optar por manter e até mesmo acelerar a temerária destruição do meio ambiente, que está fermentando uma catástrofe iminente. [...]”
(AL GORE, in A terra em balanço: ecologia e o espírito humano. – 2 ed. – São Paulo: Gaia, 2008, páginas 45 e 46).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de fevereiro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de MARIA ELISA CASTELLANOS SOLÁ, Arqueóloga, doutora em ecologia pela UFMG, ex-diretora de Proteção à Biodiversidade do Instituto Estadual de Florestas (MG), que merece INTEGRAL transcrição:

“Ética e sustentabilidade

A cultura em que vivemos, com seus valores e princípios éticos, está na raiz dos problemas ambientais que atravessamos. Nossas ações têm sido guiadas pelas crenças no dinheiro e contínuo crescimento econômico, com a natureza supostamente sem valor deve ser transformada. Acreditamos que sempre haverá novas tecnologias para resolver os problemas, sem ter que nos preocupar com o futuro. Sempre seremos capazes de alargar a capacidade suporte do planeta para abrigar um número crescente de habitantes. Alegamos que devemos extrair o máximo de recursos minerais hoje porque amanhã certamente haverá substitutos. Abordamos a realidade de modo fragmentado para que a possamos controlar, mas não vemos o todo.

E é esta abordagem reducionista que permite separar o homem da natureza estabelecendo uma relação de domínio. Ao concordarmos com esses princípios, vemos surgir o atual projeto de lei que altera o Código Florestal, o licenciamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, os projetos de diminuição das áreas de diversos parques nacionais, bem como estudos de impacto ambiental que não são concebidos para buscar as interrelações em uma abordagem sistêmica. Porém, já é possível afirmar que esses princípios não garantem os recursos necessários para a humanidade, hoje ou nos próximos séculos ou milênios. No fim do ano passado, por ocasião da 10ª Conferência das Partes sobre a Convenção da Diversidade Biológica (COP-10), foi divulgado que as metas de conservação até 2010 não foram atingidas. Estudos científicos mostraram que 25% das espécies de mamíferos e 22% das plantas do mundo estão em risco de extinção. Portanto, é necessário ingressar em uma nova cultura, com mudanças fundamentais nos valores sociais que garantam nossos recursos básicos.

Embora já tenhamos os conhecimentos sobre o rumo que a humanidade deva adotar na busca da sustentabilidade, as respostas da sociedade para os problemas ambientais continuam sendo insuficientes e díspares. Organizações internacionais e nacionais, empresas e comunidades locais valorizam o ambiente de modo diverso, buscando objetivos que nem sempre coincidem com o manejo do meio ambiente adequado ao desenvolvimento sustentável. Uma estratégia para reverter este quadro é deslocar o foco em direção das ciências comportamentais e sociais, já que elas podem auxiliar a encontrar respostas sociais mais eficientes aos problemas ambientais.

Precisamos entender como a cultura produz diferentes visões de mundo – com diversos valores e comportamentos –, que levam a humanidade a pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a sua sobrevivência. Um aspecto fundamental a ser compreendido se refere às motivações de caráter ético e como elas evoluem com o tempo. Ao longo dos séculos temos ampliado a consciência do lugar que ocupamos, sendo gradativamente destituídos do papel central que acreditávamos ter: o nosso planeta não é o centro do sistema solar; a vida humana é fruto de um processo evolutivo como os demais seres vivos; o homem faz parte da natureza e deve ser visto inserido na rede interdependente dos ecossistemas. Nos últimos anos, tem havido uma crescente preocupação ética para com os outros seres vivos. Um claro sinal disso foi noticiado no The Sunday Times, no início de janeiro. Com base nas pesquisas sobre neuroanatomia e inteligência, o zoólogo Lori Marino – da Emory University of Atlanta, estado da Georgia (EUA) – declarou que os golfinhos são os animais mais inteligentes do planeta depois do homem, devendo ser tratados como “pessoas não humanas”.

Todavia, a degradação do meio ambiente se processa em um ritmo muito mais intenso do que somos capazes de evoluir eticamente. Além disso, vivemos em um mundo cada vez mais interconectado, com problemas econômicos e ambientais globalizados que exigem a construção de uma ética global, sem contar no desafio que representam nossas obrigações com as gerações futuras. Os lentos avanços nos acordos sobre mudanças climáticas mostram o quanto é necessário que os países construam visões éticas em comum. Assim, é necessário buscar mudanças éticas para um consenso nos valores fundamentais de um mundo sustentável, seja na escala local ou global.”

Eis, portanto, mais GRAVES e CONTUNDENTES ABORDAGENS e REFLEXÕES que, se INCOMODAM, e outro lado nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A CIDADANIA E A LUTA POR UMA ECONOMIA A SERVIÇO DA VIDA

“15. UM PLANO MARSHALL GLOBAL

A civilização humana tornou-se tão complexa, diversificada e gigantesca, que é difícil perceber como podemos reagir, coordenada e coletivamente, à crise do meio ambiente global. Mas as circunstâncias exigem exatamente tal resposta; se não conseguirmos adotar a preservação da Terra como novo princípio organizador, a própria sobrevivência da civilização estará ameaçada.

Quanto a isso, não há dúvidas. Todavia, como devemos agir? Como conseguiremos criar relacionamentos práticos de trabalho, capazes de reunir pessoas que vivem em condições extremamente diferentes? Como conseguiremos concentrar as energias de um grupo formado por nações tão diversas em um esforço sustentado que, além de durar muitos anos, traduzirá esse princípio organizador em mudanças concretas – mudanças que afetarão quase todos os aspectos de nossa vida em conjunto neste planeta?

Para nós, é difícil imaginar fundamentos realistas para a esperança de que o meio ambiente pode ser salvo, não só porque ainda nos falta um amplo acordo sobre a necessidade dessa tarefa, mas também porque nunca trabalhamos juntos globalmente em qualquer problema tão complexo quanto este. Não obstante, precisamos encontrar uma forma de nos unir a esta causa comum, pois a crise que enfrentamos constitui, em última análise, um problema global e só poderá ser solucionada em âmbito global. Abordar apenas uma ou outra dimensão, ou tentar implementar soluções nesta ou naquela região do mundo terminará por garantir unicamente frustração, fracasso e um enfraquecimento da resolução necessária para tratar o problema como um todo.

Embora de fato inexistam reais precedentes para uma reação global como aquela ora exigida, a história nos fornece pelo menos um excelente exemplo de esforço cooperativo: o Plano Marshall. Em admirável colaboração, ela própria sem precedentes, várias nações relativamente ricas e várias outras relativamente pobres – engrandecidas por um objetivo comum – uniram-se para reorganizar toda uma parte do mundo e mudar seu estilo de vida. O Plano Marshall mostra a possibilidade de traduzir uma ampla visão em ação concreta, e vale a pena recordar por que teve tão grande êxito.

Logo após a Segunda Guerra, tão grande era a devastação da Europa, que tornava inconcebível a retomada das atividades econômicas normais. No início da primavera de 1947, a União Soviética rejeitou as propostas dos Estados Unidos de colaborar com a recuperação da economia alemã, persuadindo o general George Marshall e o presidente Harry Truman, entre outros, de que os soviéticos esperavam capitalizar a difícil situação econômica predominante – não só na Alemanha, como também no restante da Europa. Depois de muitas discussões e estudos, os Estados Unidos lançaram as bases para o Plano Marshall, tecnicamente chamado Programa para a Recuperação Europeia. [...]”
(AL GORE, in A terra em balanço: a ecologia e o espírito humano. – 2. ed. – São Paulo: Gaia, 2008, página 251)

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de dezembro de 2010, Caderno CULTURA, página 10, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Calendário do poder (Rocco), entre outros livros, e que merece INTEGRAL transcrição:

“Por uma economia a serviço da vida

A vida, dom maior de Deus, tem base econômica. Para sobreviver, o ser humano é capaz de prescindir de muitos bens, exceto comida e bebida. Por isso, Jesus ensinou a oração com dois refrões: “Pai Nosso” e “pão nosso”. Deus é verdadeiramente Pai nosso, de todos, se o pão – símbolo dos bens essenciais à existência – é partilhado entre todos.

Hoje, os bens da Terra e os frutos do trabalho humano não são partilhados entre todos. Apenas 20% da população mundial, concentrada na parte ocidental do hemisfério Norte, detêm 80% da riqueza do planeta. No Brasil, basta sair à rua para se deparar com a miséria – que, além de ser um problema econômico, deveria ser, para todos, um desafio ético. Nenhum de nós escolheu a família e a classe social em que nasceu. Se não padecemos necessidades básicas, é por mero acaso da loteria biológica.

No mundo, de cada três nascidos vivos dois vêm à luz na pobreza ou na miséria. Portanto, nossa condição de vida digna não deveria ser encarada como privilégio, e sim como dívida social. Injusto é existir a loteria biológica num planeta que produz alimentos para 12 bilhões de bocas e é habitado por pouco mais da metade.

Nossos avós, antes de iniciar a labuta diária, consultavam a palavra de Deus. Nossos pais, o serviço de meteorologia. Nós, os índices do mercado financeiro... A quem as pessoas de fé dão, hoje, mais importância? Aos preceitos divinos ou às suas contas bancárias?

Economia – palavra que deriva do grego oikos+nomos, “administração da casa” – não deveria ser encarada pela ótica da maximização do lucro, e sim do bem-estar da coletividade. Em outras palavras, se todos os aspectos de nossas vidas se relacionam à economia, como fazer de conta que ela prescinde de valores éticos e princípios evangélicos?

É preciso sensibilizar a sociedade sobre o valor sagrado de cada pessoa; criticar o consumismo e superar o individualismo; enfatizar a relação entre fé e vida pela prática da justiça; ampliar a democracia firmada de metas de sustentabilidade; fortalecer a globalização da solidariedade, de modo a criar uma nova alternativa de sociedade, na qual o que há de mais sagrado – a vida humana – esteja acima da idolatria do dinheiro.

A ONU informa que, em 2009, foram investidos US$ 18 trilhões para socorrer bancos e empresas ameaçados de quebra devido às dificuldades econômicas e financeiras. De onde surgiu essa imensa quantia de dinheiro? A pergunta é pertinente, pois até então se dizia não haver recursos para garantir os direitos básicos das pessoas nem para a superação da miséria e da fome. Nos últimos 49 anos, a ajuda dos países ricos às nações em desenvolvimento foi de apenas US$ 2 trilhões! Mísera esmola ao longo de quase meio século!

A crise financeira comprovou que, por si só, o mercado é incapaz de reduzir o índice de exclusão social e assegurar prosperidade coletiva. Nem é esse o seu objetivo.

Na raiz da desigualdade social imperante no Brasil está a concentração de terras em mãos de poucas famílias ou empresas. Temos a segunda maior concentração da propriedade fundiária do planeta. Apenas 2,8% do total das propriedades rurais do país tem mais de 1 mil hectares e ocupa 56,7% das terras cultiváveis. Os minifúndios representam 62,2% dos imóveis rurais e ocupam apenas 7,9% da área total – de acordo com o Atlas fundiário do Incra. É como se a área conjunta dos estados de São Paulo e Paraná estivesse em mãos dos 300 maiores proprietários rurais, enquanto 4,8 milhões de famílias sem-terra estão à espera de chão para plantar.

A lógica econômica que predomina na política do governo insiste, sob o pretexto de evitar a inflação, em elevar os juros para favorecer o mercado financeiro, e não os consumidores. Basta dizer que o governo federal gastou em 2008, com a dívida pública, 30,57% do orçamento da União para irrigar a especulação financeira. E apenas 11,73% do orçamento com saúde (4,81%), educação (2,57%), assistência social (3,08%), habitação (0,02%), segurança pública (0,59%), organização agrária (0,27%), saneamento (0,05%), urbanismo (0,12%), cultura (0,06%) e gestão ambiental (0,16%).

Quem mais paga impostos são os pobres. Os 10% mais pobres da população destinam 32,8% de sua escassa renda ao pagamento de tributos, enquanto os 10% mais ricos, que dispõem de mecanismos de isenção tributária, apenas 22,7 da renda.

O ciclo da moderna economia política se fecha num mundo autossuficiente, indiferente a qualquer consideração ética sobre a vida humana e a preservação da natureza. Os fatos históricos e a miséria em que vive grande parte da humanidade – dois terços da população mundial sobrevivem abaixo da linha da pobreza, segundo a ONU – põem em questão o rigor e a seriedade dessa ciência e a bondade das políticas econômicas voltadas mais ao crescimento e à acumulação da riqueza que ao verdadeiro desenvolvimento sustentável.”

Eis, pois, mais SÉRIAS e PROFUNDAS advertências e REFLEXÕES que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...