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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA CIDADE EXPERIMENTAL E A SUBLIME LIÇÃO DA HUMANIDADE NA SUSTENTABILIDADE


“A cidade experimental de Brumadinho
        Dez meses se passaram desde a tragédia. As iniciativas emergenciais ainda são percebidas no dia a dia, e ainda há muito a ser feito. Sem a mineração, Brumadinho não sabe como será o seu futuro. Ter o mais belo museu a céu aberto do mundo e uma estrutura de pousadas e restaurantes aponta para algumas de suas potencialidades. Contudo, será preciso mais.
         Nossa proposta é um tanto inovadora e passa pelo conceito de “charter city” (na falta de uma tradução melhor, “cidade experimental”). Uma cidade experimental, seguindo a concepção do vencedor do Nobel de Economia de 2018, Paul Romer, é uma cidade na qual seria possível adotar um sistema legal inspirado em experiências internacionais exitosas para a solução de um problema local. Uma forma menos radical seria uma cidade na qual se permitiria haver leis diferenciadas das do resto do país.
         Imagine que amanhã o governo mineiro e a sociedade local conseguissem, junto ao governo federal, fazer de Brumadinho uma cidade experimental. Esta poderia adotar, por exemplo, o código comercial de Hong Kong, de Shenzen ou de Singapura, a legislação trabalhista do Reino Unido ou as práticas ambientais da Noruega. Ou uma combinação inovação de tudo isso!
         Existe algo assim no mundo? Porto Rico e o canal do Panamá são exemplos aproximados de cidades experimentais. A já citada Hong Kong é outro – que foi, inclusive, imitada pelo governo chinês na construção do celebrado exemplo de cidade experimental de sucesso: Shenzen. Há também o caso de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
         Brumadinho, apesar de fazer parte da Grande Belo Horizonte, não tem facilidade de acesso, como outras cidades no entorno da capital. Isso dificulta a instalação de indústrias ou de outras atividades que dependam de vantagens logísticas.
         Aos que, não sem razão, preocupam-se com o meio ambiente, sim, uma Brumadinho aberta à experimentação poderia adotar as melhores práticas ambientais do mundo. No distrito de Casa Branca, onde residem muitos moradores fugidos do estresse da capital, há movimentos ambientais atuantes de longa data em defesa da água e do Parque Estadual da Serra do Rola Moça. Vale dizer: as sociedades locais são capazes de criar soluções próprias para problemas coletivos, como dizia a falecida Elinor Ostrom, Nobel de Economia de 2009. Por que não potencializar essas forças?
         O sucesso dessa nova Brumadinho poderia ser medido por indicadores como a atração de novos residentes, o crescimento da renda, a chegada de novos investimentos e, claro, seu protagonismo como exemplo para outros municípios – e não somente os de Minas Gerais. Talvez a maior inovação da governança, numa cidade como essa, seja a cessão da autoridade de monitoramento dos indicadores a algum conselho externo com independência em relação ao governo, de forma a garantir o acompanhamento das metas.
         Não existe um único modelo a ser seguido. Ele pode ser aperfeiçoado se houver liberdade de experimentação e a promoção de boas práticas. Nossa intenção é mostrar que existem boas – e desafiadoras – ideias que podem ser aplicadas em prol de uma Brumadinho que deixe para trás as tragédias e sirva de exemplo para todos.”.

(Claudio D. Shikida (Coordenador geral de pesquisa da Escola Nacional de Administração Pública) e Marcus R.S. Xavier (economista da Usiminas), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 7 de dezembro de 2019, caderno OPINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de setembro de 2018, mesmo caderno, página 9, de autoria de ALELUIA HERINGER, diretora do Colégio Santo Agostinho – Contagem, doutora em educação pela UFMG, e que merece igualmente integral transcrição:

“A lição que nos resta aprender
        A instituição escolar é um sistema aberto, portanto, sensível àquilo que está no seu entorno. Muros ou catracas são incapazes de bloquear modos, modas e costumes, que entram e saem, assim como quem por suas portas passa. Seria apropriado utilizar a expressão membrana escolar, para denominar aquilo que a contém e situa. Isso porque essa fina camada permite trocas e, o mais importante, ela é definidora de uma célula ou órgão. Imprescindível essa propriedade, pois somente assim é possível identificar e nomear: ali está uma escola. Ao assim dizer, fica anunciado também aquilo que ela não é: hospital, shopping, clube etc. Deduzimos, assim, que há um escopo específico para tal instituição, bem como aquilo que não é sua razão primeira, tal como propor tratamentos de saúde, praticar comércio ou oferecer atividades de lazer.
         Sendo, por excelência, a instituição da socialização infantil e sociabilidade juvenil, a escola é talvez a única que sobreviveu nesses tempos de fluidez. Aquela que era para ser um elo de toda a tribo que educa uma criança, recebeu sobre si todas as grandes expectativas e responsabilidades: a felicidade e sucesso do “meu filho”; a responsabilidade por uma gravidez precoce; pelas lesões autoprovocadas; o consumo de drogas e álcool; a incumbência de cercar e alertar sobre qualquer nova ameaça da internet; a percepção de sinais mínimos de doenças e se possível, para facilitar, ofertar campanhas de vacinações na própria escola.
         Pode parecer exagero, mas essas cenas são bem mais corriqueiras do que pensamos e têm implicações, sendo a mais séria o desvio da função primeira da escola que é o ensino e, de forma mais ampla, a educação cidadã. Vemos uma sobrecarga de professores e pedagogos que investem grande parte de sua energia e tempo não pensando em melhorias dos processos pedagógicos, mas sim em como resolver algum conflito relacionado aos temas acima citados.
         Como não podemos e nem devemos nos isolar, também lidamos com os efeitos da depressão, que, segundo a OMS, já afeta uma a cada cinco pessoas no mundo. Para esses, o amanhecer é sempre cinza e carregam o fardo da tristeza, pessimismo, baixa autoestima e ansiedade. Já fragilizados, não encontram energia para lidar com as pressões da vida ou com qualquer tipo de frustração, seja o término de um namoro, um feedback do patrão ou uma baixa nota em uma prova. Tudo fica dramático.
         Estamos adoecidos como humanidade e as causas são múltiplas. Imputar a alguma método específico de uma determinada escola ou profissão é simplificar demais a questão. É mais honesto pensar que experimentamos as marcas do nosso tempo em nós e que essas englobam o trabalho, a família, a ausência de algum princípio ativo em nosso organismo e tudo mais que define nosso modo de viver, inclusive, a escola.
         Já há algum tempo, as mais diversas telas e fones acentuaram o nossos sedentarismo físico e social. O fone de ouvido, constantemente ligado, desconectou-nos do entorno. Ficamos deslumbrados com a tecnologia e entregamos, sem resistência, nossa vida off-line pela on-line, sem perceber que nossos pés ainda pisavam um chão e não uma nuvem. Os likes nos seduziram, entretanto, não conseguiram entregar o calor de um abraço. Implantavam-se de um modo silencioso vários descompassos.
         No seu novo livro – 21 lições para o século 21, o historiador Yuval Noah Harari comenta sobre a desintegração das comunidades íntimas, aquelas próximas de nós, feitas de irmãos e amigos próximos. Harari afirma que comunidades físicas têm uma profundidade que comunidades virtuais não são capazes de atingir, pelo menos por agora.
         Em vez de experiência, entendida por Jorge Larrosa como aquela que nos passa, nos acontece e nos toca, vemos pessoas em trânsito, “nas nuvens”, indo e nunca chegando, nunca pertencendo, desprovidas de ideias e de causas. Será preciso alguém nos lembrar de que somos terra e que temos um corpo? Parece tão óbvio, assim como sabemos que temos fome e nosso, mas Harari pontua que pessoas separadas de seus corpos, sentidos e entorno físico sentem-se alienadas e desorientadas. Faz então uma bela e grave afirmação: “Se você não se sente em casa dentro de seu corpo, nunca se sentirá em casa dentro do mundo”.
         Estando nos últimos 37 anos dentro da escola, vendo e observando crianças e jovens chegando e partindo, não posso desconsiderar o impacto dessas mudanças e talvez uma pista a ser considerada para entendermos  essa condição que tem abatido e retirado a ânima de tantos. Corpos sem vínculos e desprovidos de histórias para contar como quem tem saudade de algo que não viveu. Beto Guedes canta que “já choramos muito. Muitos se perderam no caminho, mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer sol de primavera”. A vida é off-line e é assim que nosso corpo opera. Ainda não inventaram um smiley ou emoji que substitua o calor humano, a conversa e o abraço. Esta lição “sabemos de cor. Só nos resta aprender”.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca de 317,24% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 305,89%; e já o IPCA, em novembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,27%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
  

quinta-feira, 30 de abril de 2015

A CIDADANIA, O CAMINHO ESPIRITUAL, OS VELHOS PROBLEMAS E OS IMENSOS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE

“A pura luz que se revela no caminho espiritual
        ‘Caminho espiritual’ é um termo de ampla acepção e pode designar o processo de expansão da consciência do homem. Apresenta-se de modo diferente para cada um, já que depende do grau atingido e dos aspectos a serem desenvolvidos pelo caminhante. O que é espiritual para um indivíduo pode não ser para outro; por isso, generalizações são inúteis.
         O caminho espiritual consiste sobretudo na penetração da consciência em estados cada vez mais elevados, até consumar-se a união com o Espírito, quando então tem início uma trajetória mais além, cósmica. É um caminho que se deve ingressar sem expectativas, de antemão sabendo apenas que se trata de um progressivo auto-esquecimento e superação dos próprios limites. Poucos o seguem de fato, mas os que o fazem integram-se em princípios cada vez mais abrangentes e universais, e prestam assim inestimável ajuda à evolução não só dos que os cercam, mas de todos os seres viventes sobre a Terra.
         No caminho espiritual a pura luz gradualmente se vai revelando. Esvaece ilusões, chega aos recônditos mais velados da consciência e traz a certeza do rumo a seguir. Essa senda está além do conhecimento intelectual, da manipulação estéril de conceitos, e conduz à sabedoria. Nela não se procura ver, ouvir, sentir ou tocar coisa alguma para deleite pessoal, mas sim permitir que a luz do espírito se aproxime, envolva e permeie o ser inteiro, realizando sua Obra sobrenatural.
         Principalmente nas fases iniciais do caminho, é inevitável o surgimento de aspectos não positivos do caráter, aspectos antes inconscientes e cuja transformação consome grande parte do potencial disponível para a ascensão; porém, essa transformação é facilitada quando o auto-esquecimento e a doação se estabelecem em determinado grau. Começa-se a perceber o valor da ação impessoal, silenciosa e invisível. Para avançar é preciso ousadia, destemor e coragem, bem como prudência, silêncio e receptividade ao que vem do profundo do ser.
         A ansiedade por decidir o rumo a tomar deve ceder lugar à rendição ao mundo interior. Aprofundar o silêncio e amar a essência interna permite à pessoa reconhecer os passos que lhe cabem dar. Quando ela se une a esse lado interno, a sua alma, tempos de intensa atividade ou de repouso, de lutas internas ou de bonança passam a ter valor equivalente.
         Em certo sentido, o que distingue de um homem comum aquele que se dedica ao caminho espiritual é o modo de se relacionar com a vida externa e com que é criado por sua mente e suas emoções. Enquanto o homem comum se identifica, se emociona e se envolve com a vida pessoal e externa, o que segue o caminho espiritual ‘está no mundo sem ser do mundo’, no dizer de Cristo. A própria experiência da vida vai lhe mostrando o profundo e amoroso sentido dessa expressão do Grande Instrutor.
         Os que buscam trilhar a senda interior têm de abraçar um positivo estado de insatisfação que não os deixará estagnarem-se em ponto algum, por melhor que seja, de modo que estejam sempre dispostos a prosseguir rumo à meta. Assim, o caminho pode ser-lhes revelado. Têm de estar a todo instante prontos a morrer e a renascer. Essa prontidão tem de penetrar as suas células.
         O peregrino deve calar a voz que clama pelo que lhe é conhecido, serenar o coração e preparar-se para ouvir o inaudível.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 26 de abril de 2015, caderno OPINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de um recorte do jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de junho de 1991, de autoria de RINALDO CAMPOS SOARES, presidente da Usiminas, e que merece igualmente integral transcrição:

“Será que somos irremediavelmente incompetentes?
        Foi para nós, que sonhamos com um Brasil rico e socialmente justo, uma profunda decepção tomarmos conhecimento do resultado de um estudo desenvolvido por um competente organismo internacional situando o Brasil como o menos competitivo entre dez países em desenvolvimento considerados na análise. Tivemos a confirmação desse lamentável quadro quando o governo divulgou, por ocasião do lançamento do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, alguns dados comparativos de experiência em alguns setores industriais e de construção.
         Que perspectivas vemos para esse nosso Brasil que não apresentou qualquer crescimento econômicos nos últimos 10 anos? Será que não temos competência para sair desse lastimável estado de miséria e injustiça social?
         A nosso ver, a solução do problema brasileiro estaria fundamentalmente relacionada a uma profunda mudança de mentalidade e, consequentemente, de atitudes.
         Na verdade, a nossa cultura não tem se mostrado historicamente muito exigente no que diz respeito ao cultivo de valores essenciais. O continuado e cansativo agravamento da situação econômica, notadamente nos últimos anos, além de provocar sensível retrocesso na qualidade de vida do brasileiro, acabou por deteriorar ainda mais a consciência coletiva. Apesar de ser considerada a oitava economia do mundo, o Brasil continua sendo um País pobre: pobre em valores materiais e mais pobre ainda em valores morais.
         Acostumou-se também, no Brasil, a atribuir aos governos a culpa por todos os fracassos. Na verdade, tem sido sempre muito grande a ingerência do Estado na vida brasileira; mas, pergunto: onde estaria o mal? Na ação do Estado propriamente dita ou na confortável posição de uma elite que, quando não se omite, acredita que “o brasileiro deve levar vantagem em tudo” ou que, “é dando que se recebe”?
         Criar condições para a retomada do progresso vai depender, portanto, de todos nós brasileiros. Não será uma tarefa fácil. Vai exigir muito trabalho e muito desprendimento. Vai exigir um compromisso muito grande de todos para que saiamos desse círculo vicioso de desinteresse e incompetência. A mudança de mentalidade e de atitudes da sociedade brasileira, que repetidas vezes temos afirmado ser a condição básica para uma retomada do progresso e do desenvolvimento em termos modernos, implica, necessariamente, no rompimento com antigos conceitos e velhos costumes.
         O esforço histórico de antigos governos brasileiros de industrializar o País a qualquer custo, política adotada depois da 2ª Grande Guerra, gerou o Estado-Paternalista que assumia todos os riscos das iniciativas que iam, desde o seu financiamento total até a responsabilidade pelas questões trabalhistas, passando, não raras vezes, pelos ônus gerados pela incompetência gerencial e pela corrupção. Tal prática, na verdade nunca realmente abandonada, gerou no investidor brasileiro vícios essenciais, difíceis de serem superados.
         Queiramos ou não, as leis que regem as relações no mundo moderno já não podem coexistir com estruturas arcaicas sejam elas sociais, comerciais ou morais.
         Cada vez mais, tende-se a exigir do governo o perfeito cumprimento da parte que lhe compete, da mesma forma que, resultados operacionais deverão ser exigidos da iniciativa privada que terá de ir buscar a própria sobrevivência na eficiência e na produtividade. A definição de produtividade dada há mais de 30 anos atrás pela European Productivity Agency e adotada pelo Japan Productivity Center é um exemplo muito bom de uma postura assumida por várias comunidades mundiais e que tem conduzido esses países a um ambiente permanente de progresso.
         “Produtividade é, acima de tudo, uma questão de atitude. É a mentalidade de progresso, da constante melhoria daquilo que existe. É a certeza de ser capaz de fazer hoje melhor do que ontem e melhor amanhã do que hoje. É a vontade de melhorar a situação presente, não importa quão boa possa parecer ou realmente ser. É a constante adaptação da vida econômica e social às mudanças de condições. É o esforço continuado de aplicar novas técnicas e novos métodos. É a fé no progresso e na competência do homem”.
         De tudo o que afirmamos poderemos facilmente inferir: precisamos aprender a confiar e a esperar, mais do nosso patriotismo, do nosso trabalho e da nossa competência que da legislação, dos favores políticos ou dos cofres oficiais; precisamos estar convencidos e agir na certeza de que não serão nunca as determinações do governo, os salários mínimos, os movimentos sindicais ou as greves que irão assegurar a dignidade do nosso salário e a nossa melhor qualidade de vida, mas a consciência de que somos responsáveis por nós mesmos e pelo nosso País e que essa responsabilidade exige de todos e de cada um de nós ações concretas baseadas numa racional hierarquia de valores em que se exija dos governantes o que for do governo e de cada um de nós, o que nos competir como cidadãos.
         A aplicação desses conceitos será essencial para o permanente desenvolvimento do País. Se não assumirmos essa atitude seremos, sem dúvida, irremediavelmente incompetentes e eternamente subdesenvolvidos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (assim sendo, já é crítica a superação da marca de 8% no acumulado de doze meses...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...
            


     

sábado, 10 de outubro de 2009

A CIDADANIA NO DEBATE DA CORRUPÇÃO BRASILEIRA

O Jornal ESTADO DE MINAS lança SÁBADO (10/10/2009) PENSAR BRASIL, projeto editorial mensal que abordará sempre um tema candente, ancorado em entrevistas, análises e ensaios de filósofo, cientistas e especialistas.

Nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE ganha mais uma OPORTUNA e VIGOROSA contribuição que vem de artigo publicado na edição de 8 de outubro, Caderno NACIONAL, página 7, que merece INTEGRAL transcrição:

“CORRUPÇÃO BRASILEIRA EM DEBATE

O Estado de Minas lança neste sábado o Pensar Brasil. Publicação vai circular todo segundo sábado de cada mês, debatendo um tema predefinido que vai propor aos leitores reflexões de assuntos importantes ao país e à sociedade brasileira, sustentada em entrevistas, ensaios e análises por parte de filósofos, cientistas políticos e especialistas de vários setores. O suplemento, trabalhado em formato e papel especiais, começa com o debate sobre a corrupção, problema crônico do Estado brasileiro.

Os colaboradores, convidados dos quadros das principais universidades e centros de pesquisa do Brasil, mostram que é possível incorporar profundidade no jornalismo, além de apresentar análises que sempre apontam propostas. Partindo da informação, o Pensar Brasil quer ser um campo de reflexão, que contribua para que o leitor forme sua opinião com liberdade, aprimorando sua participação na sociedade. Num momento em que o debate político está presente em todos os aspectos da vida nacional, isso se torna uma das tarefas mais importantes da imprensa brasileira.

Na primeira edição do Pensar Brasil, o tema principal é a corrupção. Cientistas políticos, filósofos e sociólogos – como Renato Janine Ribeiro e Leonardo Avritzer – ajudam compreender a raiz o fenômeno, percebido pela população como um dos maiores problemas do Brasil, apontando propostas do campo da reforma política, da participação popular e do judiciário.

Em entrevista, Cláudio Weber Abramo, diretor executivo da ONG Transparência Brasil, fala da importância da mobilização da cidadania para resistir aos vícios do sistema político brasileiro, como a nomeação de parentes e a impunidade. “A farra das nomeações está presente também na quantidade imensa de assessores de deputados e senadores que não são nada mais que cabos eleitorais pagos com nosso dinheiro”, afirma.

Outros temas que fazem parte do Pensar Brasil em sua estreia são as lições das campanhas nacionalistas para a definição do modelo de exploração do petróleo na camada pré-sal, o uso da internet nas campanhas eleitorais e a presença cada vez mais significativa das demandas ecológicas na política brasileira.

Parceira do Estado de Minas na iniciativa, por meio de seu presidente, Marco Antônio Castello Branco, destaca a importância do lançamento: “O suplemento é uma oportunidade de inserirmos Minas no debate sobre o futuro do Brasil e de trazermos as reflexões sobre o Brasil para a construção do futuro de Minas, um estado que, por sua vocação econômica e tradição política, não poderia deixar de influir na reflexão sobre os grandes temas nacionais. Associar a nossa marca a esse projeto inovador revela, portanto, um interesse mútuo de fomentarmos debates consistentes, com abertura para novas idéias capazes de estimular o processo de construção crítica da sociedade. E a Usiminas, que tem justamente a abertura como um dos seus novos valores corporativos, está muito bem sintonizada com este espírito do suplemento – pensar o Brasil de maneira plural e consciente”.”

Em carta ao Presidente FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, no primeiro dia de seu Governo – 1º de janeiro de 1995, entre outras ponderações, apresentamos a idéia-mestra do projeto de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, onde destacamos os exaustivos e dedicados estudos que nos levaram a identificar OS TRÊS MAIORES E MAIS DEVASTADORES INIMIGOS DO BRASIL: a INFLAÇÃO, a CORRUPÇÃO e o DESPERDÍCIO.

Agora mais ainda, a partir de AÇÕES NOBRES E PATRIÓTICAS como o PENSAR BRASIL, VOTO FORTE (TRE-MG) e o NOTÁVEL trabalho da TRANSPARÊNCIA BRASIL, REAFIRMAMOS nossa FÉ, nosso ENTUSIASMO e nossa ESPERANÇA: verdadeiramente o BRASIL TEM JEITO!...