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segunda-feira, 15 de abril de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA DA ESCOLA TRANSFORMADORA E AS LUZES DA MATURIDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS NA SUSTENTABILIDADE


“A escola precisa mudar com o mundo
        Quase sempre que acompanho discussões em portais especializados, revistas do setor e redes sociais sobre a educação que esperamos para nossas crianças e adolescentes, vejo circularem mensagens dizendo que o dever da escola deveria se limitar ao desenvolvimento cognitivo (acadêmico) das disciplinares regulares. Talvez isso fosse verdade até o fim do século passado, mas me parece que não é mais verdade nesse nosso século 21.
         Atualmente, o que me parece indiscutível é o fato de que, entre as atuais (e novas) funções da escola, está a de preparar as pessoas para um novo mundo dinâmico, fluído, global e incerto, tanto na vida em sociedade quanto no mercado de trabalho. Porque se a sociedade e o mundo mudam, a escola é orientada a mudar.
         No final de 2017, a Pearson, a Universidade de Oxford e a Nesta divulgaram uma pesquisa que analisou como o mercado de trabalho será impactado por grandes tendências como avanço tecnológico, globalização e incerteza política até 2030. As conclusões nos mostram que, em um futuro em que se espera que várias profissões desapareçam e que muitas outras – que sequer sabemos quais serão – surjam no lugar, é fundamental que a escola esteja preparada para ajudar as pessoas a desenvolverem as habilidades necessárias para terem sucesso em suas vidas profissionais. A formação atitudinal ganha importância frente à proposta de ensino focada exclusivamente em um pacote de conteúdos que não sabemos quanto sentido farão as profissões de amanhã.
         Para dar um exemplo, a pesquisa concluiu que, 2030, a capacidade de criar estratégias de aprendizagem pessoais estará entre as habilidades mais demandadas pela sociedade e pelo mercado de trabalho. Isso significa que o mercado do futuro precisará que os profissionais sejam capazes de entender o impacto das informações para a resolução de problemas ou a tomada de decisões, através de estratégias pessoais de aprendizagem autônomas. A resolução de problemas complexos, aliás, é outra habilidade que estará em alta, bem como a originalidade – a capacidade de ter ideias incomuns e inteligentes para solucionar problemas de maneira criativa será valorizada em ocupações ligadas a áreas como direito, comércio, saúde e finanças.
         Se reconhecemos o papel da escola de preparar as próximas gerações de cidadãos e trabalhadores, não podemos fechar os olhos para o fato de que ela tem o dever de fazer com que seus alunos aprendam essas habilidades. Daí a necessidade de discutirmos o que precisamos fazer no presente para garantir a educação do futuro.”.

(JULIANO COSTA. Vice-presidente de educação da Pearson, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de janeiro de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de ARMANDO LUIZ ROVAI, professor de direito ambiental da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e doutor em direito político e econômico pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e BRUNO LUIS TALPAI, bacharel em direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e pós-graduando em ciências políticas, e que merece igualmente integral transcrição:

“Maturidade e política ambiental
        Após quase três anos do rompimento da barragem de Fundão, em Minas Gerais, o Brasil, novamente, encara outro desastre ambiental de enormes proporções. A barragem de Brumadinho, construída em 1976, localizada na Bacia do Rio São Francisco, em um afluente do rio Paraopeba, também em Minas Gerais, rompeu-se sexta-feira passada, 25 de janeiro de 2019. Diante do acontecimento, a empresa responsável pelo gerenciamento da barragem, a Vale, sociedade de economia mista, e o poder público poderão ser responsabilizados por dano ambiental, se comprovado, nos termos da lei.
         A extração e utilização dos recursos naturais, somado ao baixo índice de fiscalização por parte dos órgãos ambientais com aqueles que os utilizam, a longo prazo, podem representar severos problemas no desenvolvimento do país, em especial se persistir a tendência do atual governo brasileiro em flexibilizar a proteção do meio ambiente a pretexto de progredir economicamente.
         O meio ambiente é um bem difuso, pertencente à coletividade, em que o ser humano obtém os recursos necessários para o desenvolvimento e permanência da vida. A preservação do meio ambiente não compete apenas ao Estado, mas aos organismos que a sociedade em geral. Todos devem cooperar para a preservação, para o desenvolvimento econômico sadio e compatível com o tempo regenerativo do meio ambiente.
Em um breve lapso temporal, dois desastres ambientais gravíssimos ocorreram no Brasil. O rompimento da barragem de Brumadinho deve servir como mais um aviso ao poder público de como formular políticas públicas para a preservação do meio ambiente, em especial a necessidade do exercício efetivo e eficiente do poder fiscalizatório do poder público frente às empresas e programas de incentivos à preservação.
O patrimônio ambiental brasileiro não tem sido devidamente tutelado pelo poder público e o país tem sido vítima constante de abusos por empresas com pouco comprometimento em questões ambientais e seus impactos perante a sociedade. Sendo assim, percebe-se a incessante transferência e esgotamento do patrimônio coletivo para satisfazer interesses privados, o que constitui confisco ambiental coletivo.
No Brasil, desvalorizar o meio ambiente ou considerá-lo obstáculo para o desenvolvimento, definitivamente, não é o caminho. Para melhor elucidar, o atual governo tem demonstrado enorme ceticismo quanto à preservação ambiental, o que poderá representar um enorme risco para a segurança do Brasil nas próximas décadas, em diversos setores, em especial nos setores de energia, recursos hídricos e alimentício. Em diversos momentos, pautas como a desregulamentação para a exploração do meio ambiente têm sido discutidas sob o argumento de que “existe uma indústria de multa” e que a retomada do crescimento econômico não pode esperar.
Não se pode estimular, como tem sido feito pelo atual governo, inverdades e elucubrações no inconsciente coletivo. Valer-se da condição econômico-financeira do país para apequenar o direito fundamental ao meio ambiente equilibrado em prol de poucos grupos econômicos que obtêm vantagens é um vilipêndio à Constituição e ao futuro da nação.
Nessa perspectiva, há de se ressaltar que atribuir exclusivamente ao atual governo a responsabilidade pelo rompimento da barragem em Brumadinho é equivocado. Contudo, há a necessidade de alertá-lo de que a vertente política ambiental que tem sido demonstrada recentemente deve ser radicalmente revista. A coerência deve ser peça-chave para a política ambiental. Encarregar a preservação do meio ambiente a políticos como interesses notadamente contraditórios nada mais é do que deixar aos cuidados da raposa o galinheiro.
As discussões acerca da utilização de recursos naturais e preservação do meio ambiente têm sido travadas mundialmente. Não é para menos, o desafio ecológico é um dos maiores problemas – ou talvez o maior – a ser enfrentado pelos governos e pela humanidade. É fato consumado que, com o advento de inúmeras revoluções tecnológicas, ininterruptamente se exige, extrai-se e se polui cada vez mais o meio ambiente, rompendo com a harmonia ecológica.
Em uma perspectiva global, isso impacta violentamente o modo como os países e governantes enfrenta a questão de preservação ambiental. Problemas ambientais requerem respostas e medidas a nível global. Assim distantes de solucionar os problemas decorrentes do aquecimento global, do desgaste de recursos não renováveis e degradação severa do meio ambiente, alguns políticos preferem acreditar que esses problemas não existem.
Por fim, se o atual governo quer, de fato, demonstrar que é diferente dos anteriores e que vai mudar o Brasil, a sugestão é a de que repense as políticas públicas ambientais e atue com maturidade, valendo-se do conhecimento científico de profissionais especializados em proteção ambiental e desenvolvimento sustentável e garanta a devida autonomia ao Ministério do Meio Ambiente. Se o Brasil for capaz de compatibilizar preservação ambiental com desenvolvimento econômico, no futuro, tais medidas serão responsáveis por colocar o país em outro patamar no cenário internacional.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 295,53% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 317,93%; e já o IPCA, em março, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,58%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





quinta-feira, 9 de março de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS CAMINHOS DA FELICIDADE E A LUZ DAS MULHERES NA SUSTENTABILIDADE

“Ser feliz
        Todo mundo procura, mas pouca gente sabe o que é. Afinal, o que é a felicidade? Quem responde é Maura Albanesi, mestre em psicologia e religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP): “A felicidade é um estado de alma que não consiste em ter as coisas, mas em ser aquilo que você almeja. Então, ela é um estado (interno) duradouro, não momentâneo. Picos de alegria não representam necessariamente felicidade”.
         De acordo com a especialista, quando uma pessoa se sente feliz, ela vibra o tempo todo na alegria, na gratidão, do reconhecimento e fica satisfeita naquilo que faz. “Essa pessoa aceita a vida como ela é – sem que isso se transforme em uma zona de conforto obviamente. Porque, às vezes, a gente olha para o mundo e pensa: ‘Nossa, está tudo errado!’ e isso nos deixa infeliz. Então, a felicidade vem de um estado perene de aceitação dos fatos como são e, com isso, nos sentimos gratos da forma como são. Isso não implica em não nos esforçarmos para melhorarmos como pessoas – sem que isso seja uma tortura – mas que seja um ato de prazer”, destaca a psicoterapeuta. “A felicidade vem junto com prazer em tudo o que fazemos. A felicidade consiste em trazer para o dia a dia o prazer de viver das coisas como elas são e não deveriam ser segundo o nosso julgamento”, completa.
         Apesar de a felicidade estar alinhada com os atos de prazer, a psicoterapeuta descarta que bens materiais, viagens e outros prazeres da vida, por si só, façam com que alguém seja feliz. “Hoje, creio que não poderia dizer que as pessoas são mais felizes, apesar de termos tantas oportunidades e coisas para nos divertirmos e sermos mais felizes, como viagens mais acessíveis, facilidade de ir e vir a vários lugares – em relação ao contexto dos nossos avós e tataravós”, compara. “Mas creio que tudo isso também gera para a pessoa uma certa obrigação, já que existem todas essas opções. Essa agitação nos obriga a resolver as coisas e se feliz a qualquer custo. Então, a pessoa pode se sentir infeliz, pois ela não tem uma força interna de se disponibilizar para absorver tudo isso” opina, acrescentando que ainda falta dentro do ser humano a crença de ser feliz com aquilo que tem. “Você pode estar no maior parque de diversões, como na Disney, por exemplo, e não estar se sentido feliz. Não importa o externo. A felicidade é algo interno.”
         Mas, enfim, como ser feliz? “Creio que a felicidade é uma decisão. Nós decidimos ser felizes ou decidimos ser infelizes – independentemente das coisas que acontecem. Porque é da nossa natureza sermos felizes, sermos alegres e vivermos a vida plenamente”, enfatiza. Mas, segundo Maura, nós vamos contra essa natureza, pois o esforço que fazemos para ficarmos tristes é maior do que faríamos para ficarmos alegres.
         “A tristeza tem ganhos secundários, principalmente, quando traz a atenção das pessoas para conosco. A gente também atrai essa tristeza como uma forma de receber carinho. E quando estamos felizes e radiantes também tememos a inveja”, explica. “Então, qual é o caminho? O caminho é uma decisão. Decida hoje e pronto, do jeito que está a sua vida, sem depender da aprovação e do afeto que o outro possa dar.”
         E existem dicas práticas da especialista para isso:
         1) Fazer o que se gosta – ter momentos de lazer, aprender a ter prazer na vida (tanto no que faz quanto nas diversões);
         2) Aplicar nos relacionamentos – investir em construir relacionamentos sociais e construir amizades, tanto as íntimas quanto as não tão íntimas, porque é bom ter um rol de amigos;
         3) Conhecer novos lugares – fazer coisas diferentes a tudo que estamos acostumados nos traz felicidade, porque nos lembra que estamos vivos e nos permite ver a beleza das coisas;
         4) Desenvolver a espiritualidade – é importante desenvolver toda a nossa espiritualidade, a transcendência, e não se apegar tanto apenas às questões materiais, mas saber que a matéria é necessária, é fundamental, mas não essencial;
         5) Paz de espírito – o essencial, pois adquirimos paz de espírito no desenvolvimento do nosso autoconhecimento e espiritualidade, que nos traz esperança, tolerância e fé.”.

(ANNA MARINA, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de março de 2017, caderno CULTURA, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 8 de março de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de MARIA AMÉLIA BRACKS DUARTE, procuradora do Trabalho em Minas Gerais, e que merece igualmente integral transcrição:

“Mulheres errantes
         Meu lado mulher incomoda-se de receber homenagens num dia do ano – 8 de março –, enquanto meu lado homem se farta com 364 dias. Talvez se faça necessária esta efeméride, dor recente de uma cicatriz antiga. Porque vive-se numa sociedade machista: matrimônio e cuidado do lar; patrimônio e domínio dos bens”. A frase é do Frei Betto, mas poderia ser bem dita e maldita por qualquer mulher.
         Apesar de se admitir que as mulheres não só são agora mais conscientes de seus direitos, mas mais capazes de exercê-los, em Moçambique, na negra e miserável África, mulheres são contaminadas pelo vírus da Aids por seus próprios maridos e, quando caem doentes e não mais podem trabalhar, são expulsas de casa e ainda perdem os filhos. Em algumas regiões, ter relações sexuais com virgem, de preferência estranha e à força, é considerado o melhor remédio para curar homens de suas doenças venéreas.
         Nos últimos 20 anos, somente no Sudeste Asiático, mais de 50 milhões de mulheres e de crianças foram vítimas do tráfico sexual. Na  Índia, mulheres são queimadas diariamente por motivos ligados aos seus dotes; pais e irmãos aceitam e participam de estupros coletivos contra meninas e moças; crimes de honra são aceitos na Jordânia, no Marrocos e no Brasil; países africanos cortam o clitóris e costuram a genitália das jovens, como repressão e controle da vidam sexual; a Nigéria sentencia à morte por apedrejamento mulher adúltera.
         Na verdade, a história e as estatísticas não favorecem a mulher. O conflito é milenar, as raízes são se sangue, a guerra é ancestral, o destino biológico ainda conviverá com a humilhação de julgamentos impiedosos, que transformam a mulher em bruxa amaldiçoada. Muitas Joanas Darcs continuarão morrendo queimadas em tribunais por transgredir normas. O preconceito ainda manchará de culpa a mulher que foi violentada por vestir uma roupa decotada. Não há absolvição para a menina que se pendura na boléia do caminhão para matar a fome em troca de favores sexuais. O perdão não ronda as crianças prostituídas no litoral do país, onde suas imagens viajam pela internet, distraindo turistas e estrangeiros, retratando o universo cruel da pornografia infantil. Essas meninas serão as mulheres deste século, maculadas em sua honra e proteção pela mesma sociedade que as homenageia no dia 8 de março de cada ano. Paradoxalmente, dos estranhos ventres das mulheres nascem os destinos do mundo. E foi do útero de uma mulher chamada Maria que nasceu o Cristo salvador.
         No entanto, não queremos muito: apenas conjugar realização profissional e crescimento pessoal; amor e parceria; sexo e compromisso. E não sermos rotuladas, como na música cantada por Paula Toller, como erradas, como errantes, sempre na estrada, sempre distantes, errando sempre, enquanto o tempo nos deixar. Dos novos tempos surge uma mulher que vem construindo nova gramática na luta pelos direitos humanos, pelas minorias raciais, pela derrubada de mitos ancestrais, denunciando a discriminação de gênero e cor, trabalhando ao lado do seu homem (ou da sua mulher) para a criação de um universo de amor e igualdade, fazendo-se ouvir pela razão e pelo coração.
         O compositor Chico César diz que sabe como pisar no coração de uma mulher: com sapatilhas de arame e alpercatas de aço. A liberdade poética da canção não esconde a realidade do novo século: mulheres que não ensarilham armas e nem queimam sutiãs, mas denunciam a violência e têm voz política para a ousadia do discurso da soberania do gênero sem o temor do destino biológico. Aí, sim, poderemos, enfim, comemorar o Dia Internacional da Mulher.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro/2017 a ainda estratosférica marca de 486,75% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,30%; e já o IPCA também acumulado nos últimos doze meses, chegou a 5,35%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 
 



quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A CIDADANIA, A BUSCA DE UM NOVO SONHO, O AMOR E A CIVILIZAÇÃO

“Sonho do homem branco é criar a ilusão de felicidade fácil
        A crise econômico-financeira que está afligindo grande parte das economias mundiais criou a possibilidade  de os muito ricos ficarem tão ricos como jamais na história do capitalismo, logicamente à custa da desgraça de países inteiros, como a Grécia.
         Ladislau Dowbor, professor de economia da PUC-SP, resumiu um estudo do famoso Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica (ETH) que mostra como funciona a rede do poder corporativo mundial, constituída por 737 atos principais que controlam os principais fluxos financeiros do mundo, especialmente ligados aos grandes bancos e a outras imensas corporações multinacionais. Para esses, a atual crise é uma incomparável oportunidade de realizar o sonho maior do capital: acumular de forma cada vez maior e de maneira concentrada.
         O capitalismo realizou até agora seu sonho, possivelmente o derradeiro. Atingiu o teto extremo. E depois do teto? Ninguém sabe. Mas podemos imaginar que a resposta virá não de outros modelos de produção e consumo, mas da própria Mãe Terra, que, finita, não suporta mais um sonho infinito. Ela está dando claros sinais antecipatórios. Precisamos estar atentos, pois os eventos extremos que já vivenciamos apontam para eventuais catástrofes ecológico-sociais ainda na nossa geração.
         O pior disso tudo é que nem os políticos, nem parte da comunidade científica e mesmo da população se dão conta dessa perigosa realidade. Ela é tergiversada ou ocultada, pois é demasiadamente antissistêmica. Obrigar-nos-ia a mudar, coisa que poucos almejam.
         Falta-nos um sonho maior que galvanize as pessoas para salvar a vida no planeta e garantir o futuro da espécie humana. Morrem as ideologias. Envelhecem as filosofias. Mas os grandes sonhos parmanecem.
         Agora entendemos a pertinência das palavras do cacique pele-vermelha Seattle dirigidas ao governador Stevens, do Estado de Washington, nos Estados Unidos, em 1856, quando este forçou a venda das terras indígenas aos colonizadores europeus. O cacique não entendia por que pretendiam comprar a sua terra. Pode-se comprar ou vender a aragem, o verdor das plantas, a limpidez da água cristalina e o esplendor das paisagens? Para ele, tudo isso é terra, e não o solo como meio de produção.
         Nesse contexto, ele reflete que os peles-vermelhas compreenderiam o porquê da civilização dos brancos “se conhecessem os sonhos do homem branco, se soubessem quais as esperanças que este transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, e quais visões de futuro oferece para o dia de amanhã”.
         Qual é o sonho dominante de nosso paradigma, que colocou o mercado e a mercadoria como eixos estruturadores de toda a vida social? É o triunfo do materialismo refinado que coopta até o espiritual. É enganação para criar a ilusão da felicidade fácil.
         Mesmo assim, por todas as partes surgem grupos portadores de nova reverência para com a Terra. Inauguram comportamentos alternativos, elaboram novos sonhos de um acordo de amizade com a natureza e crêem que o caos presente não é só caótico, mas generativo de um novo paradigma de civilização, que eu chamaria de “civilização de religação”, sintonizada com a lei mais fundamental da vida e do universo, a panrelacionalidade, a sinergia e a complementaridade.
         Então, teríamos feito a grande travessia para o realmente humano, amigo da vida e aberto ao mistério de todas as coisas. Ou mudamos, ou seguiremos por um triste caminho sem retorno.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 21 de novembro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de novembro de 2014, caderno PENSAR, página 3, de autoria de HENRI KAULFMANNER, psiquiatra, psicanalista, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e diretor do 20º Encontro Brasileiro do Campo Freudiano, e que merece igualmente integral transcrição:

“Amor e civilização
        Em 1932, Albert Einstein escreveu a Sigmund Freud para que este lhe ajudasse a entender quais as razões para a beligerância entre as nações e, quem sabe, a partir desse entendimento, apontar soluções. Em resposta ao físico, Freud esclarecia que a violência é um fato da própria condição humana. Ele dizia que a violência somente era suplantada pela união dos indivíduos e a lei, como consequência, seria a representação do poder desses que se uniam.
         A lei sustentaria então a força da comunidade resultante dessa união, de tal forma que ela própria carregaria em si a violência, pronta a se dirigir contra qualquer indivíduo que se voltasse contra essa força. A própria lei seria, assim, violenta.
         As leis, segundo Freud, teriam sido criadas para evitar um recrudescimento da violência por parte dos indivíduos, sobrepondo-se ao poder dos que se uniam. Já as instituições seriam as responsáveis por zelar pelos interesses comuns que as leis representavam. A manutenção dos interesses comuns levaria a vínculos emocionais entre os membros da comunidade, sendo esta, segundo Freud, a verdadeira fonte de sua força. Os interesses comuns podemos chamar de ideais e estes ideais coletivos consistiriam a matriz simbólica dos laços entre os indivíduos.
         Este é, reduzido a poucas palavras, o modelo freudiano para a civilização. A violência do homem, contida pelas leis também em si mesmas violentas, mas sustentadas pelos ideais civilizatórios. A correspondência entre Freud e Einstein ficou conhecida com o título de “Por que a guerra”, e a eclosão da Segunda Guerra Mundial permite bem perceber o insucesso de Einstein em seus esforços.
         Nesses últimos, comemoram-se os 25 anos da queda do Muro de Berlim e o mundo dos sonhos que parecia se anunciar com o aparente fim da divisão representada por aquele muro não se concretizou. O mundo continua dividido, violento, mas – e isto nos interessa muito – a violência de nossos dias se mostra diferente daquela que tanto afligia Einstein.
         Hoje em dia, não há como contestar que a violência é uma presença insistente em nossa vida cotidiana. É inevitável deparar-se com ela, seja por experiência direta, seja pelo relato de alguém que nos é próximo, seja por sua onipresença nas mídias mais diversas Tal realidade, contudo, seria o bastante para nos permitir afirmar que vivemos em um mundo mais violento?
         Seria o Brasil, hoje, mais violento que aquele dos nossos colonizadores, que exterminaram boa parte da população indígena que aqui habitava? Ou ainda: seríamos hoje mais violentos que no tempo em que a escravidão era a ordem da sociedade, mantida sob o peso da chibata?
         A resposta de Freud a Einstein e o modelo civilizatório que nela se delineia permite-nos refletir sobre as particularidades da violência em nossos dias, não pela escala de intensidade, mas pela forma diferenciada em que esta se apresenta. A grande diferença deste mundo violento para o de outrora – e em nosso país isso se mostra de maneira bem evidente – é a percepção de que a violência deixou de ser um assunto de nações, um privilégio de Estado, para se tornar uma prática privada. Não são mais os ideais coletivos que estão em cena.
         Não há como perceber que a violência hoje em dia não somente é disseminada, como também não encontra nas leis e nas práticas de contenção qualquer regulação. Ela se apresenta em cenas corriqueiras, como num desentendimento no trânsito, um desencontro em um bar, nas escolas, nos espaços da vida privada e, de forma mais brutal, no latrocínio, nas gangues, nas milícias, no tráfico de drogas e, por que não, nas chamadas torcidas organizadas dos times de futebol.
         É em torno dessa nova realidade da violência que os psicanalistas da Escola Brasileira de Psicanálise se reúnem em Belo Horizonte para o seu 20º Encontro Brasileiro do Campo Freudiano. Com o tema “Trauma nos corpos, violência nas cidades”, interessa-nos discutir em que a invenção freudiana, a partir dos avanços do ensino de Lacan, nos permite pensar, enquanto psicanalistas, caminhos para essa difícil realidade que afeta dos nós.
         Os psicanalistas há muito não se restringem a seus consultórios. Eles hoje estão presentes nos serviços de saúde mental da rede pública, nos hospitais, nas instituições da defesa social, nas escolas, nos presídios, nas ruas. Tal presença se faz a partir da responsabilidade ética com nossa prática e com nossa experiência, que acreditamos que pode contribuir muito no enfrentamento de problemas que afetam a sociedade.
         Para a psicanálise, a forma contemporânea da violência está intimamente ligada ao tratamento que se dá aos corpos em nosso tempo, mais especificamente, o tratamento que se dá ao que chamamos o corpo traumatizado. O corpo para a psicanálise não é um amontoado biológico e, portanto, unicamente natural, regido por hormônios e neurotransmissores. O corpo é afetado, traumatizado pela palavra e, consequentemente, desnaturalizado.
         Diferentemente do filhote animal, que ao nascer, conduzido por seu instinto, já se dirige ao úbere materno, ao filhote humano resta o choro e seus gritos como único recurso ao mal-estar de sua precária existência. E é na expressão desse mal-estar que se apoia o apelo à sua própria sobrevivência. De tal forma dependente do outro, o filhote humano tem seu corpo marcado pelas falas e cuidados deste que lhe acolhe. E nesse caminho criado na relação com o outro, seu corpo vai, pelo resto de sua vida, buscar de forma incessante e imperativa uma satisfação, um alívio para seu mal-estar estrutural, aquilo que a partir de Lacan chamamos de gozo.

MAL-ESTAR Sobre essa satisfação, essa busca que se eterniza em sua existência, o ser humano não tem o menor controle. Foi o encontro com esse outro em cada um de nós que permitiu a Freud a invenção da psicanálise. O ser humano, que da fala extrai sua condição de humano, tem assim com seu corpo uma relação de exterioridade e, por isso, não o somos, nós o temos. Tal singularidade humana tem como efeito uma relação de estranhamento com o próprio corpo, que passa a ser afetado pelas falas que recebe desde seus primórdios, um corpo que busca sempre se satisfazer.
         Essa exterioridade com a natureza é emblematicamente denunciada pelas diversas formas que o mal-estar se apresenta contemporaneamente, como, por exemplo, em nossos problemas com a ecologia. Assim como destrói a natureza, o homem atua sobre os corpos, mais além de sua natureza, sempre na busca imperativa de satisfação. Daí a afirmação tão aceita de que o ser humano é o único animal que mata por prazer.
         Esse é o trauma fundante do humano e que nos coloca tensionados pelas demandas deste corpo, que não se sacia jamais. Há em cada um de nós um outro, que Freud chamou de inconsciente, mas que bem diferente do que pode parecer, não se trata de uma memória, mas de um corpo traumatizado, sexualizado e que busca incessantemente uma satisfação que, como vindo de um outro em nós mesmos, não de provocar estranhamento, conflitos e mal-estar.
         Se anteriormente a demanda insaciável dos corpos podia ser temperada pelas leis, em função dos ideais coletivos que as sustentavam, o que vemos proliferar hoje é aquilo que alguns escolheram nomear como individualismo de massa. Hoje, a satisfação de cada um, distinto do que Freud então anunciava, não se contém pela lei ou pelos vínculos. O mal-estar de nosso tempo não se trata mais pela civilização, pelo menos não como anteriormente.
         O avanço do mundo do consumo, com todos os seus recursos tecnológicos, e a redução de todos à igualdade aparentemente democrática do consumidor, esforça-se em reduzir cada sujeito ao que ele pode em seu direito de consumir. O mundo da técnica e os objetos que produz oferecem a cada um a sua droga lícita ou ilícita, sua cirurgia, seu telefone, seu computador, uma infinidade de produtos apoiados no direito ao consumo e na ilusão do gozo acessível, desde que comprado – e comprar é um direito que nos faz iguais.
         Cada um busca sua própria satisfação, sua vitória sobre o mal-estar do corpo traumatizado, pela ilusão do consumo do produto, gadget contemporâneo, cada vez mais talhado para servir a cada um. O mundo se vê habitado em massa por indivíduos que buscam, naquilo que o consumo lhes oferece, sua satisfação, seu gozo. Constrói-se assim um mundo onde de cada um se faz um walking dead, cuja busca de satisfação não encontra limites na dor, nas formas de violência, e atua diretamente sobre os corpos, seja o próprio seja o do outro.
         O toxicômano  é a expressão máxima dessa lógica e não há, portanto, que se assustar com a sua prevalência nos dias de hoje. Ele simplesmente traz exposto em seu corpo o modo contemporâneo que a sociedade do consumo nos oferece para viver.
         Provocados pela perplexidade diante dessa realidade, vimos surgir novas formas de segregação, como se nos livrando da diferença do outro pudéssemos por magia nos livrar da diferença que insiste em nós mesmos e que não cessa em nos cobrar a sua cota. Aparecem as agressões, as práticas violentas, as propostas de redução da maioridade penal, as internações compulsórias, as diversas formas de racismo ou os sonhos da volta de uma ditadura, como se um reforço das leis e da contenção pudessem domar a dispersão de nosso tempo. As propostas violentas, na medida em que não se apoiam mais em ideais coletivizados, produzem apenas respostas violentas. Assistimos a isso todos os dias.
         A psicanálise se oferece nesse momento como um parceiro que tem a partir de seu campo de saber uma experiência e uma prática que nos permitem sustentar a aposta em um caminho diferente.
         É possível inventar variáveis para uma relação menos devastadora com estes corpos traumatizados. É preciso criar espaço para as diferenças de cada um a partir do sintoma de cada um, sem que para isso sejam necessárias intervenções sedativas ou segregadoras.
         Somos convictos de que um novo laço, um novo vínculo emocional pode ser construído entre os indivíduos, desde que haja lugar para o singular de cada um, que cada um, suportando sua própria diferença, horrorize-se menos com a diferença do outro e possa assim suportar esta diferença, sem o imperativo de fazer do outro um igual.
         Num mundo sem grandes ideias ou ideais, a diversidade sustentada na absoluta diferença de cada um pode abrir espaço para um novo amor, bem mais civilizatório. Um amor da diferença.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados” –, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...