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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A REVOLUCIONÁRIA LIÇÃO DO SERMÃO DA MONTANHA E OS ADOLESCENTES NOS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE

“Há 122 anos
        Conhecido como um autor de romances famosos no século XIX, Leon Tolstói passou por uma fulguração comparável àquela de São Paulo no caminho de Damasco. Depois de um consagrador sucesso, renegou seu modo de viver que lhe dava trânsito nos salões dourados das aristocracias russa e europeia, virou a página, escrevendo a obra-prima “O Reino de Deus Está em Vós”.
         Rompeu, com antecedência de alguns séculos, os paradigmas sociais, políticos e culturais de seu tempo. Sem inventar nada. Apenas adotando o Sermão da Montanha como filtro de seu olhar, fez uma crítica penetrante ao sistema vigente em sua época, à forma de governar e dominar as massas. Mostrou que as vias da não violência e o respeito à verdade são imprescindíveis para uma sociedade harmoniosa.
         Imediatamente excomungado pela Igreja Ortodoxa Russa e banido pelo governo do czar, Tolstói passou a sofrer perseguições em toda a Europa. Seu livro profético, entretanto, chegou ao cidadão indiano Gandhi, depois reconhecido como Mahatma (grande e excelso homem), transformando radicalmente o curso de sua vida, despojando-o de qualquer ambição material e colocando-o a serviço de uma missão superior, social e política aqui, na terra. Especialmente na subjugada e miserável Índia, fracionada em classes intransponíveis e explorada pelo império inglês.
         O livro desapareceu de circulação, queimado nas fogueiras, e foi reeditado apenas em 1988, quando inspirou os movimentos de ecologistas, pacifistas, intelectuais do bem que anseiam pela sobrevivência da humanidade num modelo sustentável e universal. O livro se mantém atual como nunca, mereceria ser estudado nas escolas e estar na cabeceira dos homens de poder, especialmente os políticos que, ao assumirem um mandato, anseiam pelo bem-estar de uma nação sem prejudicar as demais.
         “Veja quanto é inútil e injusto recolher impostos do povo trabalhador para enriquecer funcionários (ocupantes de cargos públicos) ociosos”, apostrofou Tolstói.
“Quanto mais alta é a posição de um homem na hierarquia corrompida, tanto mais instável (e nociva) sua presença, pois ele tem fé na duração ilimitada da organização (criminosa) existente, que lhe permite cometer barbaridades com a maior e a mais perfeita tranquilidade de espírito, como se não agisse em seu proveito (para se locupletar)... Essa é a situação quase comum dos funcionários (do Estado) que ocupam posições mais lucrativas (e estratégicas) de quanto poderiam ocupar em outra organização (por mérito real e pessoal)”, escreveu no ano de 1894.
         “Na função pública, a tendência (de exploração do poder) se estende do mais humilde policial à mais alta autoridade”, anotando, infelizmente, que o poder se presta aos interesses pessoais. O governo defende a cobrança de impostos para atender a saúde pública, mas não se esforça para livrar-se da corrupção que o devasta. Insistem em cobrar mais, quando poderia primeiramente gastar menos cortando os desvios monumentais.
         Bilhões são subtraídos na forma de impostos para aplicar em aposentadorias injustas, privilégios descabidos para autoridades. Práticas que apenas sobrevivem no Brasil quebrado e castigado por filas infindáveis no atendimento.
         Outros bilhões são desviados cinicamente, com juros da dívida, de obras públicas desnecessárias, da merenda escolar, do programa Bolsa Família, num país que enfrenta parcela assustadora de crianças e jovens sem alimentação suficiente e que, bem por isso, pagam com graves prejuízos em sua formação.
         Escreveu Tolstói há 122 anos: “A corrupção consiste em tomar do povo suas riquezas por meio de impostos e distribuí-las às autoridades constituídas, que se encarregam de manter e aumentar a opressão (e o desserviço). Essas autoridades compradas, desde os ministros até os escreventes, formam uma invencível união pelo mesmo interesse: viver em detrimento do povo. Enriquecer, tanto mais quanto maior é a submissão” aos esquemas perversos que exploram o poder.
         Para chegar a isso, observa que é o “hipnotismo” do povo, que consiste em deter o desenvolvimento moral dos homens, com diversos métodos, inserindo o arcaico conceito de vida materialista, apegada a vícios, superstições e prazeres ilusórios.
         Faleceu como “subversivo excomungado”, pregando que os “deveres de cidadão devem ser subordinados aos deveres superiores da vida eterna de Deus” e lembrando, do Atos dos Apóstolos (5,29): “É preciso obedecer antes a Deus que aos homens”.”.

(VITTORIO MEDIOLI, em artigo publicado no jornal SUPER NOTÍCIA, edição de 22 de janeiro de 2017, caderno OPINIÃO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de janeiro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de ARISTIDES JOSÉ VEIRA CARVALHO, médico, mestre em medicina, especialista em clínica médica e em medicina de família e comunidade, e que merece igualmente integral transcrição:

“Adolescentes: segurar ou soltar?
        A forma de lidar com os adolescentes tem despertado discussões frequentes entre os pais. Nas rodas de conversa, é muito comum ouvirmos que os “filhos são todos iguais, o que muda é o endereço”. É uma frase que abranda a ansiedade. Traz consolo. Alivia. E tem a sua importância nos momentos críticos, quando as relações ou as situações causam surpresa, perplexidade ou dificuldade.
         Sabemos da diversidade dos relacionamentos entre pais e adolescentes. Em alguns casos, há enorme dificuldade para que a convivência se harmonize. Em outros, nem tanto. O fato é que, em um número expressivo de situações, nós, pais, devemos ter habilidade para lidar com as demandas dos nossos filhos. Muitas vezes precisamos pedir ajuda profissional ou de pessoas mais próximas, o que deve ser feito sempre que necessário. Essa afirmativa pode não ser devidamente valorizada por alguns, mas é importante dizer que a postura de segurar a barra sozinho quando “o leite está entornando”, assumindo a radicalidade do provérbio popular de que “quem pariu Mateus que o embale”, não nos parece ser uma medida sensata. Precisamos uns dos outros.
         É muito comum idealizarmos nossos filhos. Não há, a princípio, erro nisso. Temos os nossos sonhos e neles os incluímos, quase sempre com palavras e atitudes previsíveis e “politicamente corretas”. Mas as particularidades de cada filho e as influências do contexto sociocultural, muitas vezes comprometem essa imagem idealizada e nos geram sofrimentos. Isso é importante destacar porque teremos variações nos comportamentos e na forma de lidar com os nossos filhos e com as nossas expectativas.
         Não obstante as muitas pesquisas sobre o tema, não há uma “receita de bolo” para lidar com os adolescentes. As orientações podem surtir efeito em determinados momentos, mas na dependência da sua característica (autoritárias, liberais, democráticas, entre outras) e das particularidades do adolescente envolvido não serão eficazes, podendo, inclusive, ter consequências não muito positivas.
         É sabido que o adolescente quer conduzir a sua vida, fazer suas escolhas, o que significa ser sujeito. No relacionamento com ele vale o ensinamento dos antigos sobre o equilíbrio. O papel de chamar para o equilíbrio cabe sobretudo aos pais. A partir do diálogo é fundamental estabelecer limites. Alguns adolescentes não querem receber “não” como resposta, o que faz com que certas conversas sejam tensas e alguns “nãos” sofridos, mas necessários.
         A importância do exemplo que damos e dos princípios/valores que passamos aos nossos filhos deve ser sempre destacada e repetida. Mas os seus frutos não são colhidos no curto prazo, o que nos angustia e nos pede paciência.
         Essas pontuações nos remetem a uma aproximação e a uma tentativa de resposta à pergunta apresentada no título deste artigo: segurar ou soltar?. Novamente temos que admitir que não há uma única resposta. Dependerá da situação. O que podemos afirmar sem receio de errar é que os adolescentes devem ser preparados – e constantemente lembrados – para a autonomia, para o respeito e para a responsabilidade. Na verdade, essa formação provavelmente já se iniciou bem antes da adolescência. Mas fizemos questão de destacar essas palavras, porque elas se implicam e se interagem. E são fundamentais.
         Caberá a nós, pais, ao exercer nosso papel de educadores, trabalhar de forma equilibrada essa condução, sabendo que algumas vezes teremos que “segurar e em outras soltar”. Não é tarefa fácil. Acertaremos algumas vezes e erraremos em outras.
         Provavelmente, alguns pais dirão que nunca tiveram problemas com os seus filhos adolescentes. Que bom. Que bênção! Entretanto, sabemos que há um grande número de pais que convivem com sérios problemas na relação com os seus filhos. É para eles que fazemos as pontuações deste artigo e queremos destacar a importância da paciência, do carinho, do diálogo, de pedir ajuda quando necessária e de manter sempre acesa a chama do amor. E mais: que não desistam de seus filhos. Aos poucos o caminho vai ficando mais claro e a vida mais leve.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a ainda estratosférica marca de 482,05% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 330,65%; e já em dezembro o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 6,29%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 

  

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A FELICIDADE NA GESTÃO DAS EMPRESAS E A QUALIFICAÇÃO NA SUSTENTABILIDADE DAS CIDADES

“EXISTEM EMPRESAS QUE SÃO FELIZES?
        Você acredita já ter empenhado todos os esforços possíveis para melhorar a produtividade, a lucratividade e os relacionamentos na sua empresa? Ótimo. Tenho uma experiência no mínimo curiosa para compartilhar com você. Mas você precisará abrir mão do preconceito e mergulhar nessa reflexão. Os resultados podem surpreendê-lo.
         Pare. Respire e expire profundamente, até esgotar o ar dos pulmões. Repita uma segunda e, se quiser, mais algumas vezes. Feche os olhos e foque a atenção na sua respiração. Respire suavemente e se deixe levar, permitindo que seus pensamentos passem pela mente sem se importar muito com eles. Se já fez isso antes é possível que, neste momento, se sinta melhor, mais bem disposto, mais presente. Quem sabe não lhe veio um insight criativo neste segundo?
         Na vida e no trabalho, nos relacionamos o tempo todo: clientes, fornecedores, empregados, outros gestores, mercado. Vivemos crises e expectativas, e também exultamos quando realizamos, atendemos bem, atingimos metas e somos reconhecidos.
         Hoje, o homem percebe seu corpo, mente e espírito trabalhando juntos. Já entendeu que é um ser integral. As partes se inter-relacionam e interdependem.
         A medicina tradicional conjuga-se com outras abordagens; a psicologia e espiritualidade já conversam. Diversas técnicas começam a convergir.
         Embora as tecnologias, produção e administração tenham evoluído, nas empresas ainda não foi possível perceber se há também uma convergência que permita cuidar, restaurar ou ampliar as suas energias e potencialidades.
         Abordar desequilíbrios que se estabelecem nos processos ou no ambiente da empresa é mais fácil; em geral, recursos, tempo e técnica bastam. Porém, para atuar sobre as relações, a conversa é outra. Empresas são comandadas e constituídas por gente. Portanto, reproduzem toda essa estrutura de organização humana.
         Como abordar essas questões se os processos, técnicas e recursos tradicionais não são suficientes ou alcançam apenas parte do problema? Minha proposta é tomarmos um ponto de vista diferente – dar um zoom out, mudando o nosso olhar para a empresa como se fosse um ser vivo.
         Observar sem julgamentos prévios se a empresa está realmente a serviço do cliente ou apenas a serviço de um indivíduo ou de um pequeno grupo. Avaliar se alguns padrões erráticos estão se repetindo dentro da empresa e se sempre geram perda de energia.
         Pergunte-se se há quanto tempo não olha se seus negócios continuam alinhados com o propósito da empresa. Se seus ideais mudaram, sua empresa deveria saber disso. Se fluxos e processos estão bloqueados nas relações internas da empresa ou com seus parceiros, estes devem estar dificultando o seu funcionamento e vitalidade.
         Ao entender que nossas empresas são compostas de pessoas que interagem e que estas sofrem, têm dores, problemas de relacionamento e choram, mas que vibram, exultam, são generosas e inovam, percebemos que são tão mais produtivas quando o “clima” está bom.
         Se formos sensíveis o suficiente para entender que a contração e expansão em nós e nas empresas são ciclos naturais e vêm e vão, poderemos atuar para fazer com que deem o seu melhor.
         Proponho a nós, gestores, que a primeira chave está em observar, depois observar novamente, estão estudar e entender, avaliar alternativas e somente atuar quando estivermos conscientes o suficiente.
         Acredito que talvez a mudança se inicie em nós, ajustando nossos próprios comportamentos, perdoando quem deva ser perdoado, refazendo relacionamentos e fortalecendo elos. Sim, isso é realmente necessário.
         Ao atuarmos conscientemente, restabelecendo uma relação aberta e sadia entre as pessoas que compõem a nossa empresa, restabeleceremos aos poucos a confiança e o equilíbrio desses fluxos e relacionamentos e aos poucos tornaremos nossas empresas mais felizes.
         Se o homem aprendeu a meditar e se espiritualizar para buscar a paz, saúde e insights, por que não podemos usar isso para trazer resultados semelhantes para a nossa empresa?
         A segunda e mais importante chave é conhecer a si próprio e cuidar primeiro de si, só então cuidar do próximo. O nosso autoconhecimento nos faz mais preparados, mas é fundamental harmonizar espírito, mente e coração.
         Pessoas mais conscientes de suas potencialidades são capazes de fazer empresas mais felizes.”.

(EVANDRO VARELLA. Superintendente da Faculdade IBS/Fundação Getúlio Vargas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de outubro de 2016, caderno ADMITE-SECLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 10 de outubro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Pichações, bofetadas na cidade
        No dia seguinte ao debate dos candidatos à Prefeitura de São Paulo na TV Globo, em que a pichação foi criticada por João Doria (PSDB) e Marta Suplicy (PMDB), o Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera, na zona sul, e a Estátua do Borba Gato, em Santo Amaro, na mesma região, amanheceram cobertos de tinta colorida: rosa, verde, amarelo e azul. A barbárie é a ponta do iceberg de algo mais grave: a degradação das cidades e a incompetência arrogante das suas autoridades. A reação do prefeito Fernando Haddad (PT) foi emblemática. Em campanha na zona leste, Haddad disse achar que as pichações podem ser fruto de radicalização criada no debate.
         “Acho que tem a ver com o tipo de provocação que foi feito no debate. Quando você instiga as pessoas, desafia as pessoas, como Doria e Marta fizeram, dizendo que ‘não vai acontecer nunca mais’. Não é assim que se fala com as pessoas, dialoga-se”, afirmou. Lamentável. É a defesa do diálogo demagógico e transgressor. O crime não deve ser punido. A lei não deve ser cumprida. No episódio, a cidade de São Paulo foi demitida por seu governante.
         O Centro antigo de São Paulo, por exemplo, está à deriva. Edifícios pichados, prédios invadidos, gente sofrida e abandonada, prostituição a céu aberto, zumbis afundados no crack, uma cidade sem alma e desfigurada pela ausência criminosa do poder público.
         Nós, jornalistas, precisamos mostrar a realidade. Não podemos ficar reféns das assessorias de comunicação e das maquiagens que falam de uma revitalização que só existe no papel. Temos o dever de pôr o dedo na chaga. Fazer reportagem. Escancarar as contradições entre o discurso empolado e a realidade cruel. Basta percorrer três quarteirões. As pautas não estão dentro das redações. Elas gritam em cada esquina. É só pôr o pé na rua e a reportagem salta na nossa frente. Os jornais precisam ter cheiro de asfalto. Jornalismo é isso: mostrar a vida, com suas luzes e suas sombras. São Paulo, a cidade mais rica do país e um dos maiores orçamentos públicos, é um retrato de corpo inteiro da falência do Estado.
         Também o Brasil, um país continental, sem conflitos externos, com um povo bom e trabalhador, está na banguela. Os serviços públicos não funcionam. Basta pensar na educação. A competitividade global reclama crescentemente gente bem formada. Quando comparamos a revolução educacional sul-coreana com a desqualificação da nossa educação, dá vontade de chorar. A assustadora falta de mão de obra com formação mínima é um gritante atestado do descalabro da recente “pátria educadora”. Governos sempre exibem números chamativos. E daí? Educação não é prédio. Muito menos galpão. É muito mais. É projeto pedagógico. É exigência. É liberdade. É humanismo. É aposta na formação do cidadão com sensibilidade e senso crítico.
         O custo humano e social da incompetência e da corrupção brasileira é assustador. O dinheiro que desaparece no ralo da delinquência é uma tremenda injustiça, uma bofetada na cidadania, um câncer que, aos poucos e insidiosamente, vai minando a República. As instituições perdem credibilidade numa velocidade assustadora. Nós, jornalistas, temos um papel importante. Devemos dar a notícia com toda a clareza. Precisamos fugir do jornalismo declaratório.
         Nossa missão é confrontar a declaração do governante com a realidade dos fatos. Não se pode permitir que as assessorias de comunicação dos políticos definam o que deve ou não ser coberto. O jornalismo de registro, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial, mas oculta a verdadeira dimensão do país real. Precisamos fugir do espetáculo e fazer a opção pela informação. Só assim, com equilíbrio e didatismo, conseguiremos separar a notícia do lixo declaratório.
         A sociedade está cansada da inconsistência de alguns governantes, de tanto jogo de faz de conta, de tanto cinismo. Quer mudança. Quer um projeto verdadeiramente transformador. As cicatrizes que desfiguram o rosto de São Paulo e do Brasil podem ser superadas. Dinheiro existe, e muito. Falta vergonha na cara, competência e um mínimo de espírito público. Façamos reportagem. Informação é a arma da cidadania.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a ainda estratosférica marca de 475,20% para um período de doze meses; e em setembro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 8,48% e a taxa de juros do cheque especial  registrou ainda em agosto históricos 321,08%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
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segunda-feira, 14 de março de 2016

A CIDADANIA, O PODER, A ÉTICA, A TRANSPARÊNCIA E A LUZ DA SOLIDARIEDADE

“Poder e ética
        A sujeição à ética no exercício de um mandato, particularmente quando decorre ele do sufrágio eleitoral ou mesmo de uma simples designação, seja em corporações políticas, econômicas ou sociais, subsiste há milênios como fundamento de uma ação de êxito, sem a qual tende a ruir toda a construção que o mandatário queira intentar. Essa afirmativa não é de agora, está acertada há mais de 20 séculos pelos sábios gregos, aquela pletora de veneráveis inteligências que vazaram os tempos e continuam a nos ensinar.
         Ainda assim, o homem a desatende, ou melhor, deriva para um dilema, não alcança a compreensão de verdade que representa formulada há tempos imemoriais. Enquanto o animal racional não se convencer de que a legitimidade de uma empreitada só se configura com o irrestrito respeito à ética (que não é respeito à lei, teleologicamente, mas a submissão de amor ao próximo e ao dever de proporcionar-lhe o direito a sua porção), o homem, as corporações e seus mandatários não atingirão com celeridade os projetos que a humanidade ou um povo espera deles.
         Trocando em miúdos: a insinceridade, o protagonismo, a fraqueza moral e a má-fé, que rondam as corporações com acenos de vantagens, logo as corrompem e as sucumbem, e os que dependem de um clarão e de um clarim dos mandatários continuam seu paciente exercício de vida, de tolerância sofrida.
         O povo brasileiro está há longo tempo incluído nessa hipótese. Não houve amadurecimento dos mandatários, principalmente de seus elites, para a compreensão ou aceitação da prática ética em todos os setores de direção da vida nacional, causando ao país prejuízo irreversível em sua evolução.
         O panorama da cena política brasileira é contristador porque muito pouco se vê de seus membros identificados com a ética. Como é ela que nos dá régua e compasso para o nosso futuro, o momento é de desesperança. O pior é que esses criminosos não são de agravos eventuais à civilidade, porque são compulsivos e, como compulsivos, são contumazes. Uma razão justifica suas práticas criminosas: a tradição de impunidade e, daí, a opção de suas práticas; ou mesmo, se for o caso, surgem penas leves, que não constituem riscos para seu horizonte de enriquecimento.
         Essa sociedade de inimigos da nação se encoraja a nos dar justificativas cínicas sobre seus assaltos, que aprenderam com o chefe, cuja primeira lição recomenda negar e, a seguir, insistir que de nada sabia. Todos têm nome (a lista cresce a cada dia), e o povo sabe quais são. Tinham razão aqueles nossos antepassados que não transigiam ante faltas graves. O ladrão era execrado em praça pública. Aliás, não tão antepassados assim, a arrasada Cingapura de ontem é hoje modelo de harmonia social, a economia mais bem-sucedida do planeta, e o povo, com alto índice de conforto (é um dos “tigres asiáticos”), não transige com disciplina e a ordem (a pena capital é executada sem clemência), declarando a Transparência Internacional o país menos corrupto do planeta.”.

(José Maria Couto Moreira. Advogado, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de março de 2016, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de março de 2016, caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Fermento leveda a massa
        ‘Um pouco de fermento leveda a massa toda!’ Esta é uma lembrança pertinente do apóstolo Paulo diante de uma confusão estabelecida por divisões acirradas na comunidade dos gálatas. Os conflitos naquele cenário encontravam justificativa e sustento até mesmo na lei e nas práticas tradicionais. A comunidade não conseguia encontrar saídas, arquitetar consensos. Diante desse contexto, São Paulo adverte: “Se vos mordeis e vos devorais uns aos outros”, não haverá soluções e reconstruções. No momento atual, não estaria, de alguma maneira, desencadeada essa dinâmica das agressões nos segmentos da sociedade brasileira, particularmente no mundo da política? A imprescindível necessidade de reconfigurar essa esfera no país parece ter caído na dinâmica das “mordidas e voracidades”.
         Não se pode simplesmente pensar em construir nova sociedade com a destruição do outro. Essencial e eficaz é exercer a cidadania com o necessário reconhecimento da dignidade humana para, assim, corrigir os erros, reestabelecer a verdade e realinhar processos. Nesse sentido, é oportuno refletir sobre a orientação do apóstolo Paulo aos gálatas, em busca da superação de descompassos que causam abalos na dinâmica da vida da comunidade. O apóstolo recorre a um dito simples que ajuda a compreender a responsabilidade de cada pessoa no zelo da própria consciência, exercício fundamental para que toda a sociedade trilhe novos caminhos. Ele recorda que “um pouco de fermento leveda a massa toda”. Pensando a respeito da sociedade, isto significa que cada cidadão precisa compreender que a sua própria conduta em diferentes âmbitos, particularmente no exercício profissional, religioso e representativo, tem amplo alcance na esfera coletiva.
         “Jogar pedras e esconder a mão” não ajuda a sociedade a se reconstruir. Os segmentos diversos precisam de orientação para alcançar horizontes mais amplos, palavras com força de agregação que efetivem as mudanças urgentes. Obviamente, há segmentos com responsabilidade maior nessa tarefa de construir a necessária proximidade. Não é pequena, por exemplo, a tarefa do setor religioso e confessional, por suas instituições com força para orientar e agregar, motivar articulações e, assim, estabelecer processos que podem gerar, com maior velocidade, respostas adequadas às crises instauradas. Certamente, o Brasil carece mais dessa palavra incidente e agregadora, que não está no domínio de “um salvador da pátria”. As regionalidades desse país com dimensões continentais podem muito contribuir a partir de seu tecido cultural e de suas tradições, pois são capazes de inspirar articulações entre a representação política, líderes religiosos, culturais e artísticos, empreendedores e, obviamente, todo o povo. Essa união é capaz de formatar novos hábitos, agendas e pautas com mais pertinência no enfrentamento de problemas.
         Na contramão desse caminho, estão as formas de participação política que se reduzem a partidarismos. Ora, as soluções para os muitos problemas não estão apenas nos âmbitos governamentais. Há saídas simples que acabam perdidas por falta de competência, esforço individual, excesso de comodismo e preguiça, estreitamento de horizonte. Situações que encastelam os indivíduos, os grupos e as instituições na mediocridade. Cada cidadão não pode apenas criticar, como se estivesse fora da “massa”. É preciso e determinante se compreender como “fermento” capaz de “levedar a massa toda”. Eis, pois, um extenso e exigente processo de reeducação na cultura brasileira, que exige análises e, sobretudo, a coragem de se fazer algo não simplesmente para si, mas para toda a comunidade.
         Sem dispensar segmento algum, é preciso que, especialmente a classe política, em razão de sua representatividade, se consiga dialogar e, verdadeiramente, buscar o bem do povo. Para isso, o Parlamento, entre outras mudanças necessárias, deve deixar de ser palco de “gladiadores” que lutam por interesses particulares, cartoriais e partidários. De maneira simples, à luz da própria consciência, presidida por princípios éticos e morais, em todas as circunstâncias, os cidadãos todos são convocados a se compreender, nas suas atitudes, nos seus exercícios, como “fermento que leveda a massa”.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 419,60% para um período de doze meses; e mais, também em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

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segunda-feira, 11 de maio de 2015

A CIDADANIA, OS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE, A PAZ E A FORÇA INTERIOR

“Que dirão nossos filhos e netos sobre a imprevidência humana?
        Todos os países, especialmente os que passam por crises financeiras, como é o caso do Brasil de 2015, são tomados por uma obsessão persistente: temos que garantir o crescimento do PIB, que é fundamentalmente econômico na produção de bens materiais, mas cobra uma alta taxa de iniquidade social (desemprego e compressão dos salários) e uma perversa devastação ambiental.
         Na verdade, deveríamos, antes, falar de desenvolvimento integral, que comporta elementos materiais imprescindíveis, mas, principalmente, dimensões subjetivas e humanísticas.
         Há bastante tempo o equilíbrio entre crescimento e preservação da natureza foi quebrado em favor do crescimento. O consumo já supera em 40% a capacidade de reposição dos bens e serviços do planeta. Ele está perdendo sua sustentabilidade.
         Sabemos hoje que a Terra é um sistema vivo autorregulador, no qual todos os fatores se entrelaçam para manter sua integridade. Mas ela está falhando em sua autorregulamentação. Daí as mudanças climáticas, os eventos extremos e o aquecimento global que nos pode surpreender com graves catástrofes.
         A Terra está tentando buscar um equilíbrio novo, subindo sua temperatura entre 1,4ºC e 5,8ºC. Começaria, então, a era das grandes devastações, com a subida do nível dos oceanos afetando mais da metade da humanidade que vive nas costas.
         Com acerto afirma o ambientalista Washington Novaes: “Agora não se trata mais de cuidar do meio ambiente, mas de não ultrapassar os limites que poderão pôr em risco a vida”. Cientistas sustentam: já nos acercamos do ponto de não retorno. É possível diminuir a velocidade da crise, mas não sustá-la.
         Essa questão é preocupante. Em seus discursos oficiais, os chefes de Estado, os empresários e, o que é pior, os principais economistas quase nunca abordam os limites do planeta e os constrangimentos que isso pode trazer para a nossa civilização. Não queremos que nossos filhos e netos, olhando para trás, nos amaldiçoem porque sabíamos das ameaças, e nada ou pouco fizemos para escapar da tragédia.
         O erro de todos foi seguir ao pé da letra o conselho estranho de lorde Keynes para sair da Grande Depressão nos anos 1930: “Durante pelo menos cem anos devemos simular diante de nós mesmos e diante de cada um que o belo é sujo e o sujo é belo, porque o sujo é útil e o belo não o é. A avareza, a usura, a desconfiança devem ser nossos ‘deuses’, porque são eles que nos poderão guiar para fora do túnel da necessidade econômica rumo à claridade do dia... Depois virá o retorno a alguns dos princípios mais seguros e certos da religião e da virtude tradicional: que a avareza é um vício, que a exação da usura é um crime e que o amor ao dinheiro é detestável” (“Economic Possibilities of our Grand-Children”).
         É urgente redefinir novos fins e os meios adequados a eles, que não podem mais simplesmente produzir, devastando a natureza, e consumir ilimitadamente.
         Ninguém detém a fórmula de saída dessa crise civilizacional, mas suspeitamos que ela deve se orientar pela sabedoria da própria natureza: respeitar seus ritmos, sua capacidade de suporte, dar centralidade não ao crescimento, mas à sustentação de toda vida. Se nossos modos de produção respeitassem os ciclos naturais, seguramente teríamos o suficiente para todos e preservaríamos a natureza da qual somos parte.
         Cobrimos as chagas da Terra com esparadrapos. Remendos não são remédios. Praticamente, nos restringimos a esses remendos na ilusão de que estamos dando uma resposta às urgências que significam vida ou morte.”.

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 8 de maio de 2015, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Paz e força interior
        O dom da paz é um bem a ser conquistado e cultivado permanentemente. Dizer “somos da paz”, não apenas como simples slogan, mas a partir da força própria da linguagem, produz efeitos sobre a consciência coletiva e no interior de cada pessoa. Para cultivar a prática de dizer e viver a expressão “somos da paz”, é preciso mobilizar esforços de toda ordem. Torna-se imprescindível investir na educação para a paz. Esse exercício urge e requer o envolvimento permanente de famílias, igrejas, escolas, governos e os mais variados segmentos da sociedade. Um grande mutirão sem o qual o avanço em direção à conquista desse dom estará comprometido. A meta e a dinâmica para o cultivo do dom da paz têm uma inteligente indicação do apóstolo Paulo que, escrevendo aos romanos, diz: “Não te deixes vencer pelo mal, vence antes o mal com o bem” (Rom 12,21). Trata-se de um exercício existencial que produz efeitos imediatos. Afasta os riscos e prejuízos que fatalmente surgem quando a fúria, a intolerância, o revide e a vingança tomam conta do coração humano.
         Perder a paz interior tem se tornado cada vez mais comum porque não se respeita o compromisso com a verdade e com a justiça. Multiplicam-se fatos e ocorrências que revelam os absurdos praticados nas ruas, com confrontos que ferem não só a dignidade humana, mas também têm provocado outras modalidades vergonhosas de lesões – morais e corporais. As estatísticas da violência, de variados tipos, os confrontos entre pessoas, grupos e diferentes segmentos da sociedade brasileira comprovam o tamanho do problema. Talvez por ser uma nação-continente, com regiões separadas por grandes distâncias, aqui tudo se dilui sem produzir impactos proporcionais aos acontecimentos. As reações concentram-se nos territórios em que determinada ocorrência grave se desenvolveu e tornam-se mais pontuais nas regiões mais distantes.
         Porém, basta olhar para o conjunto da sociedade e perceber os prejuízos generalizados que surgem a partir da ausência de diálogo, das imposições e da indiferença em relação à dos mais sofridos e pobres. A sociedade está, cada vez mais, envolvida em um campo de batalha homicida e algoz. É preciso um esforço social dos grupos e segmentos, com a indispensável parcela da contribuição de cada pessoa a partir de elaborada e educada consciência social e política, para que se possa sair desse círculo vicioso da violência. Deve-se buscar a justiça, que, infelizmente, muitas vezes, não é meta de instâncias governamentais, religiosas, organizações e líderes diversos.
         Distorcida a verdade e desfigurado o compromisso com a justiça, instala-se a tirania dos conchavos, acirra-se a busca sem limites pelo poder, a presença de medíocres, que não são capazes de fazer a sociedade alcançar respostas novas, em postos estratégicos. Urgente e prioritário é o investimento na recomposição da gramática da lei moral na consciência de todos. As manifestações sociais e políticas do mal, nos cenários da sociedade, indicam estado de emergência. Afrontar essa realidade complexa e abrangente que vem comprometendo a paz depende de políticas públicas, de ações governamentais, de protagonismos dos segmentos da sociedade e de contribuições religiosas mais significativas.
         Vale, no entanto, tomar em consideração o princípio fundamental, com efeito imediato sobre a realidade, qualificador das relações: cada pessoa compreender-se como coração da paz. Ser coração da paz é um projeto pessoal que prioriza o cultivo da força interior. Fala-se hoje de todo tipo de força. Entre outras, comenta-se sobre a força política para se ganharem as eleições, fazer “passar” projetos, inclusive os que não respeitam os interesses sociais. Há também a força econômica – relacionada ao poder sustentado pelo dinheiro, muitas vezes alicerçada no sofrimento de quem vive na miséria e na fome.
         Pouco se comenta, no entanto, sobre a força interior, verdadeira espiritualidade, que é a indispensável competência para uma leitura humanística da realidade, com desdobramentos incidentes de escolhas e decisões que favoreçam mudanças mais rápidas em resposta aos problemas e clamores do povo. A força interior, cultivada na espiritualidade, meditação e silêncio, é que salvará pessoas e segmentos da mediocridade. Sustentará a audácia que leva à construção da paz. Sem força interior, impera a mediocridade. A mediocridade compromete a paz.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (assim sendo, já é crítica a superação da marca de 8% no acumulado de doze meses...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


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