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sexta-feira, 20 de março de 2015

A CIDADANIA E OS GIGANTESCOS DESAFIOS PARA A PÁTRIA EDUCADORA E A CRISE DA ÁGUA

“Um atraso de 30 anos
        Pesquisa sobre o ensino médio divulgado na semana passada pelo Unicef não surpreende, mas reafirma a necessidade de olhar de frente para chaga que se amplia ano após ano. Segundo o órgão das Nações Unidas para a Cultura e Educação, mantidas as condições atuais, serão necessárias três décadas para o Brasil universalizar a oferta de educação de qualidade aos jovens.
         Em 10 anos, entre 2004 e 2014, o percentual de moços entre 15 e 17 anos no nível intermediário de ensino aumentou de 47,5% para 59,5%. Apesar do incremento, nada menos de 1,7 milhão de brasileiros nessa faixa etária estão fora das salas de aula. Não só. Quase um terço (31,1%) dos matriculados não cursa a série adequada. São 2,6 milhões de pessoas.
         Resultado: só 48,7% dos estudantes concluem o ensino médio aos 19 anos. Os demais se perdem no caminho. Alguns marcam passo no ensino fundamental. Outros frequentam o médio em séries que deveriam ter ficado para trás. Ambos, vítimas da reprovação, são candidatos a engrossar a fila da evasão escolar.
         Não faltam forças que funcionam como ímã do atraso. Paradoxalmente, a escola é uma das mais poderosas. De um lado, veem-se instalações inadequadas, equipamentos antigos, bibliotecas mortas, laboratórios inexistentes, material didático que não responde às necessidades. De outro, currículo enciclopédico voltado à memorização de conteúdos que ou envelhecem com rapidez ou se acessam sem dificuldade na internet.
         No meio, professores sem preparo e sem motivação. Negligenciada há décadas, a carreira do magistério deixou de recrutar talentos. A maior parte dos que optam por cursos de pedagogia, letras, matemática, geografia, história não o faz por vocação, mas por impossibilidade de entrar em outra faculdade. Assim, os docentes, que poderiam suprir eventuais deficiências, são incapazes de fazê-lo.
         A tragédia do ensino médio não para aí. Causas externas se aliam às internas para sedimentar o ambiente de hostilidade à aprendizagem. Uma delas: a violência, que ameaça professores, alunos e funcionários administrativos. Outra: fatores socioeconômicos, que interferem negativamente no processo educacional. É o caso do trabalho e da gravidez precoces.
         Trata-se de situação dramática que compromete o presente e se agravará no futuro. Não há país desenvolvido com educação subdesenvolvida. Sem medidas eficazes, que passam necessariamente por criação de currículo contemporâneo e formação de recursos humanos de ponta, o Brasil continuará a caminhada rumo ao aprofundamento do atraso.”

(EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, publicado na edição de 17 de março de 2015, caderno OPINIÃO, página 14).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de março de 2015, mesmo caderno, página 7, de autoria de ROSA SIMÕES, Coordenadora do ensino médio do Colégio ICJ, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educar para a água
        Durante muito tempo acreditou-se que a água era um recurso renovável. A crença errônea produziu um comportamento inconsequente do brasileiro diante desse elemento, posicionamento que apresentou um despreparo não só da população, mas dos órgãos competentes pelo gerenciamento dos recursos hídricos, uma vez que não implementaram um processo de reeducação da comunidade para lidar com a água, nem se planejaram para uma ameaça já prevista há pelo menos duas décadas. O resultado desse descaso está diariamente nos jornais, que são os  baixios níveis dos reservatórios e a cada vez mais iminente necessidade de racionamento de energia. Mas o que temos feito para evitar essa situação?
         Atualmente, apesar do avanço tecnológico, gerentes e profissionais técnicos responsáveis por importantes empresas gerenciadoras de recursos hídricos, como a Sabesp, em São Paulo (maior cidade em população da América Latina), bem como a Copasa, em Minas Gerais, rezam para que São Pedro resolva enviar chuvas torrenciais para amenizar a defasagem dos leitos e suavizar a seca na qual se encontram importantes rios e represas que alimentam hidrelétricas.
         A chuva será nossa salvação? Certamente, não. É, no mínimo, incoerente que técnicos e cientistas apelem para o elemento sobrenatural e divino como solução para uma catástrofe causa pelo próprio homem, por falta de planejamento e educação.
         A solução está educação, principalmente, desde a base dos estudantes. Projetos sobre a crise hídrica, disciplinas interligadas, ações de conscientização escolar e comunitária, entre outros vários, pontos podem ser criados pelos colégios para discussão e atividades em sala de aula.
         É interessante que os alunos busquem informações para debates e a organização de grupos para diferentes trabalhos, como criar um fôlder com informação sobre as principais formas de desperdício de água potável e como evita-las; cartilha sobre como não desperdiçar água em casa, apresentando os conceitos de escassez, racionamento, manancial e os principais sistemas de abastecimento da capital mineira; elaboração de cartaz para campanha comunitária com alerta sobre como evitar o desperdício na escola e em casa; e também vídeo publicitário de campanha comunitária com dicas pedagógicas e persuasivas sobre como a comunidade e os próprios estudantes poderão contribuir para evitar a escassez dos recursos hídricos.
         Temos que despertar nos alunos a consciência sobre o fato de a comunidade exigir um planejamento de longo prazo dos governantes e órgãos responsáveis para amenizar a escassez de água potável, uma ameaça real. Eles precisam perceber as interferências negativas e positivas que o homem pode fazer na natureza, a partir de sua realidade social.
         É preciso entender que a qualidade de vida está ligada às condições de higiene e saneamento básico, à qualidade do ar e do espaço. Adotar, por meio de atitudes cotidianas, diversas medidas de valorização da água, a partir de uma postura crítica. Precisamos conduzir os alunos a entenderem que o equilíbrio e o futuro do planeta dependem de preservação da água e de seus ciclos.
         É fundamental as escolas perceberem que precisam trabalhar para a promoção de um novo comportamento diante da possibilidade mundial de escassez dos recursos hídricos em curto prazo. Vivemos, sim, mudanças climáticas que poderão servir como um incentivo para a conscientização dos brasileiros e a inovação com estratégias e projetos para incentivar o consumo consciente ou o não desperdício.
         É necessária a conscientização de todos. Vamos propor debates sobre o tema para apresentação à comunidade. Precisamos refletir e problematizar a realidade brasileira, considerando o conteúdo programático. Teremos que nos preparar para enfrentarmos meses de escassez de água até a próxima temporada de chuvas, e torcer para que o volume de água retorne ao nível considerado normal. Caso contrário, continuaremos convivendo com o racionamento.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!




segunda-feira, 14 de abril de 2014

A CIDADANIA, O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE E A LUZ DO VIGOR ESPIRITUAL

“Sustentabilidade sem apoio no Brasil
        
         Embora no ambiente corporativo as práticas sustentáveis já estejam se disseminando rapidamente aqui no Brasil, a exemplo do que acontece em diversos outros países, especialmente na Europa, as questões ligadas à sustentabilidade parecem não ter ainda entusiasmado o nosso governo federal. Essa constatação ficou bastante evidente para mim depois de participar do 6º Fórum Internacional pelo Desenvolvimento Sustentável 2013. Nos dois dias do evento, foram discutidos os fatores sociais, econômicos, ambientais e culturais que balizam a construção de nação sustentável – tema do encontro.
         Percebeu-se com nitidez, por meio dos muitos cases apresentados, que praticamente todas as iniciativas bem-sucedidas de investimentos em sustentabilidade no nosso país tiveram origem no setor privado, entre os quais o maior projeto do mundo para reciclagem de água industrial, que está sendo executado por duas companhias brasileiras em associação com a Sabesp, empresa paulista de saneamento com capital misto.
         Há uma razão óbvia para isso: as práticas sustentáveis, ao reduzirem o consumo de matérias-primas e a produção de resíduos, ao aprimorarem processos e incrementarem a qualidade também jogam para baixo os custos. Chama a atenção o fato de a grande maioria dessas empresas serem de grande porte, não necessariamente no sentido de dimensões físicas, de número de empregados ou de patrimônio, mas, principalmente, no sentido da capacidade de agregar valor aos seus produtos. Porte e rentabilidade são, claramente, fatores que lhes permitem investir bilhões na implantação de projetos de sustentabilidade em seus negócios – e, não poucas vezes, até nas suas redes de fornecedores, que, quase sempre constituída por empreendimentos de médio porte, nem sempre dispõem de recursos financeiros para bancar seus próprios investimentos, essenciais para assegurar que hiatos na cadeia produtiva não comprometam a integridade do conjunto. Em diversos países, essas empresas dispõem de incentivos governamentais de natureza fiscal, conhecidos como “impostos verdes”.
         No ano passado, uma rede internacional de consultoria empresarial, a KPMG, elaborou um ranking da eficácia do imposto verde entre 21 países que o adotam. Nele, o Brasil não está nada bem: é o 18º colocado, o que não é motivo de espanto: muito pouco se faz aqui, na esfera governamental, para estimular projetos dessa natureza. O mais próximo disso é o Inova Empresa, programa federal de financiamento à inovação, com orçamento de R$33 bilhões, no qual sustentabilidade é um termo que aparece timidamente entre as iniciativas que nele podem se enquadrar. Por esses dias, quase um semestre depois do lançamento do projeto, havia demanda de 1.904 empresas pelos recursos – o que é, sem dúvida, um bom sinal, já que a sustentabilidade é irmã gêmea da inovação. Mas apenas demanda. Nenhum projeto, até ontem, havia sequer sido avaliado, e o mais provável é que o Inova Empresa faça seu primeiro aniversário sem que um centavo tenha sido liberado.
         Também no papel, há o Brasil Sustentável, programa da Finep lançado durante a Rio + 20, ou seja, há mais de um ano. Numa consulta feita à página do projeto no site daquele órgão, cuja última atualização foi feita há oito meses, constava a seguinte informação: “O Brasil Sustentável disponibilizará recursos de R$ 2 bilhões”. Um tempo verbal, convenhamos, desestimulante para quem espera obter recursos para investir em práticas sustentáveis.
         O fato é que neste nosso Brasil cheio de programas disso, projetos daquilo, dinheiro sendo distribuído a rodo com finalidades inequivocamente eleitorais em meio a conturbações econômicas e políticas, não se tem notícia de um único centavo especificamente para a promoção da sustentabilidade. Enquanto nossas autoridades não assumirem atitudes proativas, engajamento legítimo e destinarem recursos específicos para investimentos – e aí destaco as médias empresas, coluna vertebral das cadeias produtivas –, vamos continuar a amargar décimos oitavos lugares, cada vez mais distantes da construção de uma nação sustentável.”

(ROBERTO LUCIANO FAGUNDES. Engenheiro, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas e do Instituto Sustentar, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de setembro de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 11 de abril de 2014, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Buscar vigor espiritual
        
         Os diagnósticos da crise contemporânea apontam processos corrosivos de desumanização, pesando existencialmente sobre os ombros de todos. É incontestável a perda do sentido da própria vida, com consequentes atentados contra a dignidade do outro. Violências de todo tipo permeiam as relações sociais e humanas, como o tráfico de pessoas – tema da Campanha da Fraternidade (CF-2014) –, a banalização da vida e a perda da noção de moralidade, que resultam no desrespeito aos valores essenciais do ser humano.
         Essa desumanização que alimenta dia a dia o aumento da violência e intensifica a inércia de ações governamentais e cidadãs exige reação urgente e massiva na reconfiguração dos cenários socioculturais e políticos.
         Tem-se a impressão de que a sociedade contemporânea é um caminhão desgovernado ladeira a baixo, sem freios. De tudo acontece. Tudo parece possível quando deixa de existir clareza sobre os valores do bem e do mal na vida social e familiar. Diante dessa realidade, é compromisso inegociável do cristão o combate diuturno para fazer triunfar o bem e a justiça.
         Ardiloso, o mal não se dobra facilmente a qualquer ameaça. Vencê-lo requer estratégias inteligentes, de racionalidade e de vontade política próprias de quem tem estatura cidadã. Mas só a espiritualidade é capaz de sustentar a competência daquele que assume essa luta. Só ela tem poderes para alargar os corações e capacitar as pessoas para uma compreensão que ultrapassa a simples lógica das relações formais e conduzir à construção de uma sociedade justa e solidária, por meio do aprendizado do amor a partir de sua gênese: a fonte inesgotável, o amor, Deus revelado de maneira plena na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo, Salvador e Redentor. Significativo é ter presente o ápice do diálogo de Jesus com Nicodemos, narrado pelo evangelista João, quando o Mestre diz: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu filho único para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”.
         Não se pode ser coração da paz e, assim, vencer o mal, sem beber da fonte do amor, que o limite humano não garante, em si. E esse amor de Deus, na história da humanidade, se personifica em Jesus Cristo. Se há essa compreensão permanece cotidianamente o desafio de aproximação dessa fonte da oferta dadivosa que ele faz de si, com ensinamentos e gestos que, imitados e testemunhados, podem fazer de cada coração da paz instrumento de consecução de uma dinâmica social e política que promove a dignidade humana.
         Esses espantosos diagnósticos de desumanização da sociedade contemporânea precisam ser afrontados, com o propósito inadiável de nova configuração, em segurança pública, educação, trabalho, saúde, moradia, política menos partidarista e mais cidadã. Pela garantia de oportunidades para todos, por uma cultura que supere a exclusão social. Sendo assim, a reconquista da humanização que se anseia neste momento, com a reorganização das diversidades de todo tipo, autonomias e liberdades, demandas e prioridades, só será possível por meio de uma espiritualidade enraizada, fazendo de cada pessoa coração da paz.
         A vivência da semana santa, a semana maior, fixando o olhar na revelação plena do amor de Deus, aproximando-nos da fonte inesgotável, é a grande oportunidade para se recuperar a espiritualidade tão necessária. A superficialidade de fazer da semana santa um feriadão pode ser um equívoco. O repouso justo, o silêncio fecundante, a oração alargadora do coração, as abstinências, a sensibilização pela escuta e a celebração do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus são possibilidades  fecundas para um novo tempo de vida pessoal e comunitária em busca do indispensável vigor espiritual.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública;forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...