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segunda-feira, 23 de março de 2015

A CIDADANIA, A UNIVERSALIDADE DOS DIREITOS DA ÁGUA E OS CAMINHOS DA VERDADE E DO DIÁLOGO

“Água, direitos e deveres de todos
        O tema  do Dia Mundial da Água deste ano, que se comemora amanhã (22/3), “Água e Desenvolvimento Sustentável” – instituído pela UM-Water, agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que coordena ações em assuntos sobre água doce e saneamento –, não poderia  ser mais adequado ao momento que estamos vivendo. Parece até um recado direcionado aos brasileiros, mas não é. O fato é que o mundo precisa entender que a água é um recurso precioso e finito e que, se não for bem cuidado, trará sérias consequências a todos. Não se pode ignorar que, sem água, não há vida.
         Ao longo dos últimos anos, a mensagem de especialistas tem sido a mesma: alertar sobre as crescentes dificuldades em fornecer água em quantidade e qualidade a todos. Discussões e debates em todos os níveis e esferas se arrastam em torno do mesmo apelo. Seja a população, o setor público ou privado, todos precisam abrir os olhos, já que a água é um bem essencial para o planeta.
         Usufruir de saneamento básico potável é direito essencial garantido constitucionalmente no Brasil. Mas e os deveres, quem os administra? Não adianta olhar o problema apenas como responsabilidade dos outros. Cada um de nós tem o direito de cobrar a universalização de saneamento básico e de água potável, mas também temos responsabilidades. Não acreditamos que o estresse hídrico vivido no momento pela Região Sudeste do país seja contingencial. Acreditamos sim ser um novo paradigma e, como tal, deve-se considerar que a água é um bem precioso e que deve estar submetido a uma ampla gestão integrada de nossos recursos hídricos.
         O sétimo item da Declaração Universal dos Direitos da Água diz que: “A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis”. Infelizmente, é para isso que estamos caminhando se providências não forem tomadas rapidamente. E de quem seria essa responsabilidade? Respondo: de todos, afinal, direitos e deveres existem para todos.
         De um lado, a população cumprindo com a sua parte, economizando, utilizando o recurso de forma responsável, fazendo descartes de maneira correta, não desmatando, plantando. De outro o poder público e a sociedade civil organizada investindo continuamente em tecnologia e educação. É preciso aplicar recursos em obras que garantam o abastecimento de água. Não acreditamos em soluções paliativas e de curto prazo. São necessárias para a situação emergencial presente, mas somos todos chamados a pensar em soluções sustentáveis e de longo prazo.
         Segundo o relatório Progress on Sanitation and Drinking-Water 2014, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), existem ainda hoje cerca de 7 milhões de brasileiros sem acesso a instalações hidrossanitárias adequadas. De acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), o custo para universalizar o acesso aos quatro serviços do saneamento (água, esgotos, resíduos e drenagem) é de R$ 508 bilhões, no período de 2014 a 2033. Considerando apenas água e esgoto, o valor gira em torno de R$ 303 bilhões. Ou seja, ainda temos um longo caminho a percorrer até atingirmos a universalização do saneamento básico no país.
         Indústrias, comércio, prefeituras, órgãos públicos e privados, e até mesmo cidadãos comuns, têm adotado boas práticas no seu dia a dia e muitos fazem uso das tecnologias disponíveis no mercado, como estações compactas para tratamento de esgoto sanitário (ETEs), que permitem o reuso da água tratada para fins não potáveis. São exemplos a serem seguidos em todas as esferas, uma vez que contribuem sobremaneira para preservação dos recursos hídricos, redução da poluição de rios e mananciais, redução de casos de doenças e melhoria na qualidade de vida.”

(HÉLCIO DA SILVEIRA. Diretor da Mizumo, especializada em soluções para tratamento de esgoto sanitário, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de março de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 20 de março de 2015, mesmo caderno, página 5, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Diálogo e insatisfação
        A onda de insatisfação popular neste momento da sociedade brasileira é interpelativa. Essa interpelação precisa afetar desde os governos, passando por todas as instituições, religiosas, educativas e culturais, até os ambientes familiares, envolvendo cada cidadão em particular. A lista das insatisfações inclui, prioritariamente, os rumos da governabilidade, os funcionamentos no conjunto da sociedade, como também não exclui o que é de caráter estritamente existencial.
         O momento está caracterizado pelo peso de exigências que parecem inatingíveis. Projeta, numa vala de lamentações e desânimos, a credibilidade que deveria sustentar os processos e impulsionar inovações capazes de apontar as saídas para as crises que se abatem sobre esta pobre sociedade. Pobre, sobretudo, porque,  tendo a oportunidade de se organizar adequadamente, carece de líderes competentes para imprimir rumos novos aos processos, envergadura às instâncias ocupadas e inventividades que não permitam o encastelamento de chefias e representações no gênero literário próprio do profeta Jeremias: a lamentação.
         Agora, em meio à crise, é hora de aprendizagem. De utilizar o desafio próprio do interno de toda crise – econômica, política, existencial – para desenvolver a capacidade de conduzir processos e legar à cultura, tecido constituinte da sociedade, um horizonte novo. De partir da crise para criar a consistência mais adequada e, assim, não correr o risco de perder o que se tem de bom e, mais terrivelmente, não conseguir avançar, abrindo mão das oportunidades. Alguns focos são importantes e decisivos neste momento do país, como também acontece na vida de cada cidadão. A perda de foco e o desespero de abraçar tudo e todos ao mesmo tempo  podem ser fatais, a exemplo de um náufrago que se debate muito, perdendo as forças e a chance de continuar a viver, bem próximo do porto procurado.
         Entre os focos essenciais neste momento, como reação e resposta, é fundamental incluir a importância capital das lideranças que precisam despontar nos diferentes ambientes e no coração das instituições. Como bem advertem os que refletem sobre o assunto, não se está à procura de chefes, mas de líderes. A liderança se constrói essencialmente pelo caminho determinante do foco para este momento, que é o diálogo. Nossa cultura precisa exercitar-se na capacidade do diálogo, o que não significa muita conversa, pois se conversa muito, fala-se sobre tudo, até mesmo daquilo que não é da própria conta. Mas o resultado são conchavos interesseiros. Tramam-se derrubadas e impõem-se prejuízos para os outros. A mesquinhez da cultura da disputa e da incompetência humana e profissional produz o fracasso do outro e a ascensão daquele que passa a ocupar o lugar vazio sem o esforço honesto e qualificado.
         A escassez de líderes, em todos os níveis, ocasionada pela falta do diálogo, tem criado e reforçado uma cultura mesquinha cujas soluções se dão exclusivamente pelo prisma do dinheiro. A economia, então, torna-se perigosa arma, e não instrumento de regulações para garantir a solidariedade e a justiça. Ao contrário, produz privilégios e perpetua a exclusão social. A ausência de lideranças e do diálogo vai deixando os funcionamentos institucionais, religiosos, políticos e governamentais em campo de guerra onde uns lutam contra os outros, instigados pelos ciúmes e pelas invejas que envenenam e corroem.
         Para superar os aspectos negativos dessa realidade, o enfrentamento da crise e tudo o que ela envolve, em respeito à onda de insatisfação popular, deve-se eleger o diálogo como prioridade. Esse pode ser o mecanismo para reconfigurar a cultura, no atual momento, esgarçada e sem forças para garantir a mínima credibilidade em relação a governos, instituições, políticos, investidores e investimentos. As condições necessárias se esvaem não porque foram transportadas para a estratosfera, mas porque as escamas dos olhos não permitem a clareza que o momento atual exige para fazer despontar lideranças e convencer cada cidadão da responsabilidade e importância de sua contribuição. É hora, sobretudo, de dialogar. Ninguém pode se encastelar em suas casas e escritórios. É hora de descer às ruas, ir ao encontro dos pobres, dar ouvidos ao povo, é hora de se aproximar de todos.
         Certamente, neste momento, líderes governamentais não se despontarão e não serão capazes de soluções inovadoras, nascidas de dentro da crise, se não exercitarem incansavelmente no diálogo. Não se trata de negociações palacianas visando à distribuição de fatias do poder ou da busca mesquinha de garantias de vitórias político-partidárias. Trata-se do diálogo que gera a cultura da “pertença”, da dignidade, da reverência ao outro e da compreensão da cidadania vivida como instrumento determinante na construção da sociedade nova que precisa nascer. Trata-se de algo muito simples. Do diálogo filosoficamente entendido como atitude própria do homem capaz de se dirigir e de responder ao outro como igual, para com ele estabelecer uma relação. Essa é a primeira resposta às insatisfações populares, sintomáticas da necessidade de mudanças.
         O diálogo, sempre e em todas s circunstâncias, evitando arbitrariedades e autoritarismos, é o caminho permanente para gerar uma cultura digna da nação que somos. É preciso dialogar para aprender a ser sincero e, na sinceridade, fazer o que se faz com seriedade. Quem não dialoga não diz de si, não diz a verdade. Quem não sabe dizer de si não escuta. E quem não diz a verdade trava o diálogo, e a consequência disso será sempre o fracasso e a insatisfação. Não há quem dê conta dessa onda.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 20 de março de 2015

A CIDADANIA E OS GIGANTESCOS DESAFIOS PARA A PÁTRIA EDUCADORA E A CRISE DA ÁGUA

“Um atraso de 30 anos
        Pesquisa sobre o ensino médio divulgado na semana passada pelo Unicef não surpreende, mas reafirma a necessidade de olhar de frente para chaga que se amplia ano após ano. Segundo o órgão das Nações Unidas para a Cultura e Educação, mantidas as condições atuais, serão necessárias três décadas para o Brasil universalizar a oferta de educação de qualidade aos jovens.
         Em 10 anos, entre 2004 e 2014, o percentual de moços entre 15 e 17 anos no nível intermediário de ensino aumentou de 47,5% para 59,5%. Apesar do incremento, nada menos de 1,7 milhão de brasileiros nessa faixa etária estão fora das salas de aula. Não só. Quase um terço (31,1%) dos matriculados não cursa a série adequada. São 2,6 milhões de pessoas.
         Resultado: só 48,7% dos estudantes concluem o ensino médio aos 19 anos. Os demais se perdem no caminho. Alguns marcam passo no ensino fundamental. Outros frequentam o médio em séries que deveriam ter ficado para trás. Ambos, vítimas da reprovação, são candidatos a engrossar a fila da evasão escolar.
         Não faltam forças que funcionam como ímã do atraso. Paradoxalmente, a escola é uma das mais poderosas. De um lado, veem-se instalações inadequadas, equipamentos antigos, bibliotecas mortas, laboratórios inexistentes, material didático que não responde às necessidades. De outro, currículo enciclopédico voltado à memorização de conteúdos que ou envelhecem com rapidez ou se acessam sem dificuldade na internet.
         No meio, professores sem preparo e sem motivação. Negligenciada há décadas, a carreira do magistério deixou de recrutar talentos. A maior parte dos que optam por cursos de pedagogia, letras, matemática, geografia, história não o faz por vocação, mas por impossibilidade de entrar em outra faculdade. Assim, os docentes, que poderiam suprir eventuais deficiências, são incapazes de fazê-lo.
         A tragédia do ensino médio não para aí. Causas externas se aliam às internas para sedimentar o ambiente de hostilidade à aprendizagem. Uma delas: a violência, que ameaça professores, alunos e funcionários administrativos. Outra: fatores socioeconômicos, que interferem negativamente no processo educacional. É o caso do trabalho e da gravidez precoces.
         Trata-se de situação dramática que compromete o presente e se agravará no futuro. Não há país desenvolvido com educação subdesenvolvida. Sem medidas eficazes, que passam necessariamente por criação de currículo contemporâneo e formação de recursos humanos de ponta, o Brasil continuará a caminhada rumo ao aprofundamento do atraso.”

(EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, publicado na edição de 17 de março de 2015, caderno OPINIÃO, página 14).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de março de 2015, mesmo caderno, página 7, de autoria de ROSA SIMÕES, Coordenadora do ensino médio do Colégio ICJ, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educar para a água
        Durante muito tempo acreditou-se que a água era um recurso renovável. A crença errônea produziu um comportamento inconsequente do brasileiro diante desse elemento, posicionamento que apresentou um despreparo não só da população, mas dos órgãos competentes pelo gerenciamento dos recursos hídricos, uma vez que não implementaram um processo de reeducação da comunidade para lidar com a água, nem se planejaram para uma ameaça já prevista há pelo menos duas décadas. O resultado desse descaso está diariamente nos jornais, que são os  baixios níveis dos reservatórios e a cada vez mais iminente necessidade de racionamento de energia. Mas o que temos feito para evitar essa situação?
         Atualmente, apesar do avanço tecnológico, gerentes e profissionais técnicos responsáveis por importantes empresas gerenciadoras de recursos hídricos, como a Sabesp, em São Paulo (maior cidade em população da América Latina), bem como a Copasa, em Minas Gerais, rezam para que São Pedro resolva enviar chuvas torrenciais para amenizar a defasagem dos leitos e suavizar a seca na qual se encontram importantes rios e represas que alimentam hidrelétricas.
         A chuva será nossa salvação? Certamente, não. É, no mínimo, incoerente que técnicos e cientistas apelem para o elemento sobrenatural e divino como solução para uma catástrofe causa pelo próprio homem, por falta de planejamento e educação.
         A solução está educação, principalmente, desde a base dos estudantes. Projetos sobre a crise hídrica, disciplinas interligadas, ações de conscientização escolar e comunitária, entre outros vários, pontos podem ser criados pelos colégios para discussão e atividades em sala de aula.
         É interessante que os alunos busquem informações para debates e a organização de grupos para diferentes trabalhos, como criar um fôlder com informação sobre as principais formas de desperdício de água potável e como evita-las; cartilha sobre como não desperdiçar água em casa, apresentando os conceitos de escassez, racionamento, manancial e os principais sistemas de abastecimento da capital mineira; elaboração de cartaz para campanha comunitária com alerta sobre como evitar o desperdício na escola e em casa; e também vídeo publicitário de campanha comunitária com dicas pedagógicas e persuasivas sobre como a comunidade e os próprios estudantes poderão contribuir para evitar a escassez dos recursos hídricos.
         Temos que despertar nos alunos a consciência sobre o fato de a comunidade exigir um planejamento de longo prazo dos governantes e órgãos responsáveis para amenizar a escassez de água potável, uma ameaça real. Eles precisam perceber as interferências negativas e positivas que o homem pode fazer na natureza, a partir de sua realidade social.
         É preciso entender que a qualidade de vida está ligada às condições de higiene e saneamento básico, à qualidade do ar e do espaço. Adotar, por meio de atitudes cotidianas, diversas medidas de valorização da água, a partir de uma postura crítica. Precisamos conduzir os alunos a entenderem que o equilíbrio e o futuro do planeta dependem de preservação da água e de seus ciclos.
         É fundamental as escolas perceberem que precisam trabalhar para a promoção de um novo comportamento diante da possibilidade mundial de escassez dos recursos hídricos em curto prazo. Vivemos, sim, mudanças climáticas que poderão servir como um incentivo para a conscientização dos brasileiros e a inovação com estratégias e projetos para incentivar o consumo consciente ou o não desperdício.
         É necessária a conscientização de todos. Vamos propor debates sobre o tema para apresentação à comunidade. Precisamos refletir e problematizar a realidade brasileira, considerando o conteúdo programático. Teremos que nos preparar para enfrentarmos meses de escassez de água até a próxima temporada de chuvas, e torcer para que o volume de água retorne ao nível considerado normal. Caso contrário, continuaremos convivendo com o racionamento.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!




quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO E OS PROFESSORES SEM LASTRO

“Educação para um país mais justo e solidário

A educação está para o jovem como este está para a vida: em estado de urgência. O emaranhado de questionamentos e mudanças comuns na fase da adolescência não deveria impedir o jovem de ter uma certeza na vida: a de que a educação é o único caminho que ele deve trilhar até o fim – a única plataforma para uma vida melhor e mais digna. Só que o Brasil ainda não alcançou padrões aceitáveis, em termos educacionais, para um país com aspirações de potência mundial.

Veja-se, por exemplo, o relatório divulgado recentemente pelo Unicef sobre a situação escolar dos jovens brasileiros. O documento revela que cerca de 20% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estão fora da escola – um dado mais do que alarmante –, identificando a pobreza na origem dessa realidade. A extrema pobreza, por exemplo, afeta 11,9% de meninos e meninas de 12 a 17 anos num país onde vivem 21 milhões de jovens de jovens nessa faixa etária.

Para quebrar o ciclo vicioso da pobreza e da desigualdade, devemos aproveitar os próximos anos de esperado crescimento econômico para ampliar a inclusão educacional dos jovens provenientes dos estratos sociais menos favorecidos. É preciso investir cada vez mais na universalização do ensino de qualidade, na qualificação profissional e na valorização dos professores.

Com uma educação melhor e mais inclusiva, o Brasil terá cada vez mais condições de formar cidadãos aptos a viver em sociedade. Assim, estaremos criando as bases para construir um país mais justo e solidário.”
(GILBERTO ALVAREZ, Professor, em artigo publicado no jornal O TEMPO BELO HORIZONTE, edição de 31 de dezembro de 2011, Caderno L.LEITOR, página 18).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, publicado na edição de 31 de dezembro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 10, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Professores sem lastro

Na Antiguidade, na Grécia dos pensadores, a educação era levada extremamente a sério. As famílias entregavam a tutela de seus filhos aos professores, que ficavam responsáveis por sua formação cultural e moral. A aceitação dessa prática pelos pais se fundamentava na consciência de que a cultura era o bem mais valioso que poderiam presenteá-los. A transmissão dela devia ficar a cargo dos mais qualificados e sábios homens. Como resultado, a sociedade grega deu ao mundo Sócrates, Platão, Aristóteles e dezenas de outros ícones que fincaram os alicerces da filosofia, arte, arquitetura, astronomias, ética etc.

Essa cultura é diametralmente oposta ao conteúdo do Projeto de Lei 220/10, que pretende flexibilizar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDEN) para permitir às universidades a contratação de docentes sem título de pós-graduação, em regime de trabalho temporário renovável. Em favor da ignorância, apresenta-se o argumento da dificuldade de contratação pelos universidades de docentes titulados. Quais os interesses por trás disso? Seriam os grandes grupos privados de educação, que pretendem com isso baratear o custo de mão de obra no setor.

Em suas respectivas áreas de atuação profissional, um mestre ou doutor pode ser remunerado na faixa de R$ 500 a R$ 1 mil por hora/aula. Para esses profissionais a docência decorre da convicção, de uma satisfação pessoal, ou mesmo da opção por devolver à sociedade o conhecimento duramente construído, e que deve ser valorizado. Prover seu sustento e o de sua família como uma remuneração de R$ 150 por hora/aula é razoável para um docente titulado em regime de exclusividade. Mas a grande maioria das universidades avaliadas pelo Ministério da Educação (MEC) paga não mais que R$ 20 por hora/aula. Algumas ainda exigem do docente dedicação exclusiva, o que espanta mentes mais qualificadas. O PL 220/10 pretende ainda formalizar esse serviço como trabalho temporário, o que reduzirá o impacto do custo das obrigações sociais da universidade.

Muitas universidades Brasil afora formam profissionais despreparados para o exercício do ofício pretendido. A última prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reprovou 88% dos candidatos. Considerando que as universidades tradicionais aprovam, em média, mais de 80% dos seus alunos, conclui-se que diversas delas apresentam índices de aprovação que beiram o inacreditável. Enquanto o Poder Legislativo continuar cedendo às pressões dos grupos econômicos ao sacrifício da cultura do conhecimento continuará sobressaindo a mediocridade. Professores desqualificados fingem ensinar e alunos despreparados simulam aprender. A educação brasileira carece de mestres e doutores, bem como o Congresso Nacional.”

Eis, portanto, mais páginas contendo GRAVES, PEDAGÓGICAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de MUDANÇA PROFUNDAS em nossas estruturas POLÍTICAS, EDUCACIONAIS, SOCIAIS, CULTURAIS e ECONÔMICAS que permitam a inserção – e DEFINITIVA – do PAÍS no rol das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE a aprofundada PROBLEMATIZAÇÃO de questões CRUCIAIS à travessia HISTÓRICA pretendida, como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;
b) o COMBATE – vigoroso e sem TRÉGUA – aos maiores e mais devastadores INIMIGOS do PAÍS: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DITURNA vigilância, de forma a se inserir e se manter em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, que campeia por TODAS as esferas da vida NACIONAL; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES;
c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO montante de R$ 1 TRILHÃO – a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFIANCIAMENTO da DÍVIDA –, a exigir igualmente uma AUDITORIA, que seja IMEDIATA, ABRANGENTE e QUALIFICADA...

Destarte, torna-se absolutamente INÚTIL lamentar FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA em nossa ECONOMIA, que além de MINAR nossa capacidade de INVESTIMENTO e POUPANÇA, afeta a CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES, acarretando INESTIMÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem...

São, e sabemos bem, que são GIGANTESCOS os DESAFIOS mas, NADA, NADA mesmo ABATE o nosso ÂNIMO nem ARREFECE o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) neste ano; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES em 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A CIDADANIA E UMA VERGONHA NACIONAL

“DÉFICIT DE SANEAMENTO BÁSICO COMPROMETE O DESENVOLVIMENTO DO BRASIL”

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de matéria publicada no Caderno PENSARBRASIL, do Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de outubro de 2010, página 2 – Editorial – e páginas 7 a 11, de autoria de CARLOS TIEGHI, que é engenheiro químico e presidente do Instituto Trata Brasil, que merece INTEGRAL transcrição:

“ATÉ QUANDO?

Não é preciso recorrer a estatísticas para afirmar, com base em alguns indicadores de desenvolvimento social: o Brasil melhorou muito. Ainda que a qualidade do serviço oferecido à população pelo poder público deixe a desejar – em matéria de educação e saúde, por exemplo –, o país avançou inegavelmente. O mesmo se pode dizer da energia elétrica – mesmo que apagões, principalmente no período de chuva, tragam transtornos.

Porém, de todos os principais serviços de responsabilidade do governo que deveriam ser igualmente universalizados, um parece ter ficado no limbo do esquecimento: o saneamento básico. Trocando em miúdos: água e esgoto tratados. Não fosse a divulgação, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de dados da Pesquisa Nacional sobre Saneamento Básico, em agosto, o assunto teria sido esquecido. Principalmente pelos candidatos à Presidência da República.

Mais da metade dos brasileiros mora em domicílios sem esgoto sanitário. A precariedade do saneamento básico é reforçada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada em setembro. Ali, acendeu-se novamente o sinal vermelho: o percentual de residências conectadas à rede coletora de esgotos foi reduzido.

Nesta edição, Pensar Brasil discute por que o saneamento é mantido no limbo da universalização dos serviços básicos. Ao mesmo tempo, constata: é preciso, o quanto antes, mudar tal realidade. Seja qual for a causa do atraso, o Brasil comprometido com a Copa do Mundo de 2014 e com os Jogos Olímpicos de 2016, tem imenso desafio pela frente. Tão importante quanto construir estádios e duplicar avenidas é levar a todos os cidadãos água tratada e rede coletora de esgotos. E mais: é fundamental tratar esse esgoto, para que a universalização do saneamento não se transforme em impasse ambiental.

Boa leitura.” ( Editorial, página 2)

DOSSIÊSANEAMENTO

TIRO NO PÉ

O desenvolvimento sustentável de um país deve ser caracterizado pelo crescimento econômico de baixo impacto ao meio ambiente, mas também depende de políticas públicas eficazes com vista à solução de desigualdades de ordem econômica e social, entre as quais os direitos fundamentais à vida, à saúde e à habitação. Saneamento é direito essencial garantido constitucionalmente no Brasil. Esse reconhecimento legal é reflexo da profunda implicação desses serviços para a saúde pública e para o ambiente, já que sua carência pode influenciar de forma negativa campos como educação, trabalho, economia, biodiversidade e disponibilidade hídrica, entre outros.

Entretanto, a realidade traduzida em déficit de rede coletora de esgotos de 40,9% revela o atraso da agenda nacional em saneamento. Apesar de o Brasil ter hoje o décimo Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, ocupa a 70ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No ranking de pessoas sem acesso a banheiro, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Criança (Unicef) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o país, que sediará a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, aparece em nono lugar. Treze milhões de brasileiros nem sequer têm banheiro em casa.

Um estudo sobre a prestação de serviços de água e esgoto nas 81 maiores cidades brasileiras como mais de 300 mil habitantes, divulgado pelo Instituto Trata Brasil em maio, revela que, apesar do avanço de 4,5% no atendimento de coleta de esgoto e de 14,1% no tratamento desses dejetos entre 2003 e 2008, ainda estamos longe de poder comemorar. Diariamente, elas despejam no meio ambiente 5,9 bilhões de esgoto sem tratamento algum, contaminando solos, rios, mananciais e praias, com impacto direto na saúde da população. Em números: essas 81 cidades representam 72 milhões de habitantes, que consomem, em média, 129 litros de água por dia – 80% da água consumida se transforma em esgoto, mas apenas 36% desse esgoto recebe tratamento adequado.

O Instituto Trata Brasil, organização da sociedade civil de interesse público, tem realizado diversas pesquisas que comprovam como a falta de saneamento impacta de forma negativa os indicadores sociais e a economia, afetando principalmente a população infantil.

De acordo com a pesquisa A falta que o saneamento faz, encomendada à Fundação Getúlio Vargas (FGV), crianças que vivem ou estudam em áreas sem acesso a serviços de saneamento básico apresentam redução de 18% no aproveitamento escolar. As principais vítimas da falta desses serviços têm de 1 a 6 anos, com probabilidade 32% maior de morrerem por doenças relacionadas à falta de acesso a esgoto coletado e tratado adequadamente.

Outra pesquisa , Benefícios econômicos da expansão do saneamento brasileiro, divulgada recentemente, comprova que a implantação de rede de esgoto reflete positivamente na saúde e na qualidade de vida do trabalhador, gerando o aumento de sua produtividade e renda. Anualmente, 217 mil trabalhadores precisam se afastar de suas atividades devido a problemas gastrointestinais ligados à falta de saneamento. A cada afastamento, perdem-se 17 horas de trabalho em média. A probabilidade de uma pessoa com acesso à rede de esgoto faltar às atividades por diarreia é 19,2% menor que o cidadão sem acesso à rede. Considerando o valor médio da hora de trabalho do país de R$ 5,70 e apenas os afastamentos provocados pela falta de saneamento básico, os custos cegam a R$ 238 milhões/ano em horas pagas e não trabalhadas.

Por outro lado, ao ter acesso à rede de esgoto, o trabalhador aumenta sua produtividade em 13,3%, permitindo, assim, o crescimento de sua renda na mesma proporção. A estimativa é de que a massa de salários, que hoje gira em torno de R$ 1,1 trilhão, se eleve em 3,8%, provocando aumento na renda de R$ 41,5 bilhões.

O estudo também apurou que, em 2009, de acordo com o Datasus, dos 462 mil pacientes internados por infecções gastrointestinais, 2.101 faleceram no hospital. Cada internação custa, em média, R$ 350. Com a universalização da rede de esgoto, seria possível obter economia de R$ 745 milhões em internações ao longo dos anos. Com o acesso universal ao saneamento, haveria redução de 25% nas internações e de 65% na mortalidade. Ou seja, 1.277 vidas seriam salvas.

Esses números expõem a gravidade da situação brasileira. Serviço absolutamente essencial, a coleta e o tratamento de esgoto têm sido deixados de lado por sucessivos governos. Em que pesem os avanços, como o advento do marco regulatório do setor, a criação do Ministério das Cidades, em 2003, as parcerias público-privadas e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), nosso país continua patinando e precisa investir muito mais para reduzir déficits e garantir qualidade de vida e saúde à população.

Para prover água e ligação à rede de esgoto de todos os domicílios brasileiros, o Brasil precisa mais que dobrar os investimentos em saneamento. Para universalizar os serviços, seriam necessários investimentos de 270 bilhões. Considerando os R$ 40 bilhões destinados pelo PAC ao saneamento entre 2007 e 2010, seriam necessários pelo menos sete PACs para alcançarmos essa meta. Resumindo: sete governos priorizando o investimentos em saneamento.

No projeto De olho no PAC, que monitora o status das obras do PAC Saneamento em cidades com mais de 500 mil habitantes, o Instituto Trata Brasil identificou os principais entraves do setor e preparou documento com sugestões de ações para que os entraves sejam vencidos ou minimizados. A proposta foi encaminhada formalmente ao Senado e à Câmara dos Deputados.

Esse documento nos ajuda a entender por que a universalização do saneamento é meta tão difícil de ser alcançada. Entre os principais entraves merecem ser destacados a implementação da Lei 11.445/07, com ênfase na execução dos planos municipais de saneamento; investimentos e recursos insuficientes, com consequentes estagnação, atrasos, prestação de serviço inadequada e não cumprimento de metas; a dependência de recursos federais, com ampliação dos prazos para alcançar a universalização; os procedimentos para acesso a recursos e execução dos empreendimentos, com aumento dos custos e atrasos no início e na realização das obras; os projetos com viés político lançados sem o devido preparo; divisão de competências e pulverização de ações e recursos; projetos de engenharia desatualizados, imprecisos e mal estruturados; desinformação sobre a importância do saneamento; desinteresse e desconhecimento da legislação por parte dos titulares dos serviços; e despreparo dos operadores, principalmente dos municípios, para obter recursos devido à falta de capacidade de endividamento e à incapacidade de atender procedimentos excessivamente burocráticos dos agentes financeiros.

Saneamento é investimento, não despesa, comprovam as pesquisas. Não há como negar que o país não alcançou a universalização desses serviços por falta de vontade política e má gestão. Pesquisas vêm sendo divulgadas regularmente para comprovar que o investimento no setor é prevenção. Ao investir, estamos economizando em saúde, preservando o meio ambiente, aumentando a qualidade de vida de nossos cidadãos e melhorando a educação de nossas crianças. Sem contar o inegável legado que deixaremos para as próximas gerações.

Dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada recentemente, mais que comprovam: o setor foi deixado de lado pelos últimos governos. A sociedade, atualmente, conta com mais acesso à tecnologia que à rede coletora de esgotos.

Dado o contraste dos indicadores relativos a saneamento básico com os demais setores (rede elétrica, telefonia e internet, por exemplo), cabe ao próximo governo priorizá-lo e promover todas as alternativas de investimentos previstas na legislação para prover esse direito à população. Cabe à sociedade civil exercer sua cidadania e exigir, cobrar e acompanhar de perto os investimentos em saneamento básico.”
(CARLOS TIEGHI, páginas 7 a 11).

São, portanto, contribuições INESTIMÁVEIS como essas que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, SAUDÁVEL, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A CIDADANIA, A ESCOLA E A PEDAGOGIA DA CORRUPÇÃO


“A pedagogia da corrupção


[...] Temos vivido tempos realmente muito difíceis. A opinião pública reivindica da escola a formação do cidadão crítico, portador dos mais elevados ideais. Ora, qual é a eficácia do discurso pedagógico, por mais elevados que sejam os ideais dos profissionais da educação, se a realidade concreta que se estampa diante de nós e essa que a todos é permitido saber pela imprensa? Que poder têm os profissionais da educação de interferir na vida coletiva alheia se eles não têm conseguido reivindicar sequer para si mesmos aquilo que lhes permitiria uma situação menos deplorável? Que poder tem a escola de formar tal cidadão se os próprios profissionais da educação foram transformados em cidadãos de segunda categoria? Como a escola, também ela vítima do descaso para com o cultivo do conhecimento, pode fazer face a uma realidade para a qual conhecer é o que menos importa? Ao reivindicar da escola o milagre da construção do nosso futuro, não estaria o discurso político invertendo o lócus principal para onde se deve orientar as exigências?

É verdade que a escola tem um grande papel a cumprir enquanto instituição social. Mas que não se iludam os leitores. A eficácia do discurso e da prática escolares, assim como de qualquer instituição pedagógica, como a família, a Igreja e o trabalho, é inversamente proporcional ao aumento da corrupção, que, por sua vez, cresce na proporção direta da incompetência administrativa e da impunidade. É uma perversa prática pedagógica, não há dúvida. Mas é a ela que estamos sujeitos, muito mais do que àquela das instituições educacionais.”
(JOÃO VALDIR ALVES DE SOUZA, Professor de Sociologia da Educação na UFMG, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de abril de 1997, Caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo também publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de agosto de 1995, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de MARLY MOYSÉS S. ARAÚJO, Pedagoga, conselheira da Fundação AMAE para Educação e Cultura, que merece INTEGRAL transcrição:

“Escola, a construção do sucesso


A Fundação Amae, ancorada em seus 30 anos de estudos, pesquisa e ação concreta no sentido de melhoria do ensino e da educação em Minas e no País, sai na frente ao propor o tema de seu mais importante evento anual, o XXVII Encontros Nacional de Educação, que se realiza em Poços de Caldas, de hoje a 30 de agosto: “Escola, a construção do sucesso”. Isto porque, historicamente, todos aqueles – com raríssimas exceções – que se dispõem a tratar da questão educacional no Brasil, carregam nas tintas ao denunciar seculares problemas que seguem mal resolvidos, sem fazer acompanhar essas denúncias de propostas realistas.

A escolha do tema representa, de fato, a mudança do eixo de discussão, já que em vez de se mostrarem problemas – sobejamente conhecidos – serão apontadas e discutidas dezenas de soluções vitoriosas, exemplares, que têm sido encontradas por educadores, dirigentes públicos e comunidades nas diversas regiões brasileiras, em pequenas e grandes escolas, em municípios ricos e pobres. Essas soluções, levantadas pelo Unicef/Mec/Cecip têm pontos comuns e não estão dando certo por acaso. Elas resultam, de um lado, tratando-se da escola pública, da expressa vontade política de governantes e de outro, da mobilização da sociedade, aliada à ação perseverante da comunidade escolar. Ao aprofundar a discussão em torno das ferramentas, mecanismos, fatores e indicadores de sucesso da Escola; ao propor a análise da realidade de cada unidade escolar para a seleção de parceria e adoção de medidas que favoreçam seu sucesso, a Amae está convencida de que a cultura do pessimismo só faz aumentar o desânimo, a descrença e o imobilismo dos cidadãos, contribuindo para o agravamento da crise que penaliza a Nação, especialmente em seus segmentos mais frágeis. Conhecer e analisar detidamente as boas soluções já encontradas, significa iniciar a caminhada em direção oposta à que leva ao insucesso. Apontar iniciativas exemplares representa um avanço no sentido de se desmascararem desculpas para fracassos muitas vezes injustificáveis no campo educacional. Repetindo o jargão “a educação é muito importante para ser tratada somente por educadores”, a Fundação Amae decidiu abrir o leque da participação no Encontro, envolvendo entre os parceiros da Escola todos os que, direta ou indiretamente, compartilham de sua existência e funcionamento. Assim, lado a lado com os fatores de sucesso na formação e valorização do educador, serão postos em discussão aspectos que vão da qualidade de vida, passando pela relação escola-sociedade, até chegar à sala de aula. A discussão desses fatores universais no que diz respeito à sua otimização, visando à construção do sucesso da escola, além de oportuna é necessária, para viabilizar a passagem do diagnóstico para a realização de ações que conduzam aos avanços desejados. Com essas propostas, a Amae está lançando o desafio da mudança radical de atitude diante da questão educacional no País. Aceitá-lo é recusar o derrotismo e apostar na possibilidade do sucesso tão requerido e almejado.”

São, portanto, páginas que nos mostram, à MÃO CHEIA, o quanto EXACERBOU e DETERIOROU a EDUCAÇÃO e a ESCOLA, no seu conjunto, vitimadas, entre outros carrascos, pela CORRUPÇÃO e INAÇÃO POLÍTICA, mas que, e por tudo isso, que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS como os previstos para eventos, entre eles, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo exigências da MODERNIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...