“Sua
excelência, o estresse
Sou fã do estresse! E,
de cara, como psiquiatra, ouvi muitos apelos do tipo: “Quero que o senhor acabe
com meu estresse”. Nunca, nunquinha! Afinal, seu inventor foi um Deus maior, e
o estresse sendo uma das maiores invenções da natureza! Então, sejamos justos e
reflitamos antes de denegrirmos a imagem desse mecanismo injustiçado pela nossa
ignorância.
O
estresse é um mecanismo natural, inerente aos seres que habitam nosso planeta,
cujo objetivo único é permitir uma reação aguda, profunda e precisa para
responder a um perigo imediato real (prestem atenção no termo “real”) do
ambiente externo, que ameace a vida. Em poucas palavras, é “lutar ou correr”!
Tal mecanismo, quando ativado, aumenta muito a capacidade de combater o inimigo
que nos ataca: ficamos imensamente mais fortes, ágeis, lúcidos.
É bem
verdade que, para criar esse “super-humano estressado”, capaz de se atracar com
um ladrão, correr de um pit Bull, saltar um muro alto, desviar-se de um
caminhão na estrada com a agilidade de um Ayrton Senna, por exemplo, nosso
organismo tem que acelerar: o coração dispara, a pressão arterial sobe, a
respiração acelera, ficamos pálidos, suamos.
A
química do estresse é simples e eficiente: adrenalina, que, liberada no corpo,
mediada pela cortisona, permite tal aceleramento de órgãos, que nos torna
super-humanos, heróis ou covardes, dependendo se somos os que lutam ou os que
fogem correndo. Aliás, nada mais democrático que o estresse, e, a priori, só
nos décimos de segundo em que ativamos nosso sistema de defesa, como num
assalto, saberemos o que nos aguarda: ou nos atracamos e lutamos contra dois ou
três atacantes, ou saímos em desabalada carreira, capazes de fazer 100 m rasos
em nove segundos, tal qual um medalhista olímpico! Assim como os assaltantes
que podem tanto lutar como correr ou, infelizmente, até atirar. Mas todos nós,
tomados pelo estresse, somos, no fundo, gladiadores do violento mundo moderno,
deflagrado por conflitos de toda a ordem. Não se estranha a epidemia de
estressados e medrosos, vítimas do pânico e do salve-se quem puder!
Pois
é, graças ao estresse, sobrevivemos a cada dia, e os mamíferos dominaram a
Terra. Afinal, mamíferos são muito mais eficientes e, ao somarem o instinto
típico dos répteis ao afeto de quem amamenta, se tornaram estressados campeões.
Isso porque tinham que defender não só a si, mas também aos filhotes e aos
familiares, já que o afeto trouxe emoções que nos ligam a quem amamos.
Quebramos o “cada um cuida de si e Deus de todos” por sacrifícios coletivos,
noção de família, bando, coletivo. As estratégias de defesa sofisticaram, e a
empatia fez com nos importássemos com nossos semelhantes.
Mas aí
vem a velha história: certo mamífero, sentindo-se superior, capaz de falar,
usar a lógica, emitir pensamentos, começou a criar perigos imaginários. Ouvia
ruídos à noite, escura e tenebrosa, e já se imaginava que era um predador. Ia
caçar e imaginava que outro bando poderia roubar sua tribo, levar sua fêmea e
seus filhos. Desconfiava de seus pares e ficava grilado em ser “corneado” ou
desafiado na sua posição de comando. E por aí vai a nossa imensurável
capacidade de criar inimigos e problemas imaginários. Como nos ensina a
filosofia quântica, “ pensar equivale a agir”!
Sendo
ainda mais didático, nosso cérebro-computador biológico e insuperável processa
tudo aquilo que nossa mente emite, em termos de energia psíquica, em forma de
pensamentos, sentimentos, desejos (pensar, sentir, agir). Como se a mente fosse
um software, e o cérebro, um hardware. Daí, ao criar preocupações em forma de
sofrimentos antecipados, projetamos pit bulls, ladrões, perigos e situações
imaginárias de estresse, que infelizmente nosso cérebro processa como reais,
liberando adrenalina, nos acelerando, gerando desconforto, coração disparado,
insônia, falta de ar, aumento e queda da pressão arterial, dor de cabeça, no
corpo, intestino solto e mil sintomas com exames médicos normais.
Sim, o
“mau estresse” é fruto de nossa incompetência e “pensação disparada”! Criamos
um mundo insuportável mentalmente falando, no qual o perigo é imaginário e não
tem solução. Cerca de 70% das doenças modernas vêm desse estresse crônico que
nenhum organismo suporta. Já o “bom estresse” é aquele que nos ajuda diante dos
perigos reais e que, se bem administrado e usado, gera campeões, vencedores.
Por fim, nunca esqueçamos que o contrário do estresse é o relaxamento! E que
pessoas felizes, que têm prazer, alegria, satisfação em viver, são mestres e
sábias em usar o estresse e emoções a seu favor.”
(Eduardo
Aquino. Escritor e neurocientista, em artigo publicado no jornal SUPER NOTÍCIA, edição de 27 de julho de
2014, caderno CIDADES, coluna Bem-vindo à vida – crônicas sobre o
comportamento e o relacionamento humano, página 5) .
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de julho
de 2014, caderno OPINIÃO, página 7,
de autoria de CARLOS RODOLFO SCHNEIDER, empresário,
coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE), e que merece igualmente
integral transcrição:
“Servir
o público
A mensagem central que
vem sendo passada aos gestores públicos
pelas manifestações de junho de 2013 para cá é que o governo deve devolver mais
à sociedade pelo que dela cobra. O poder público, fazendo-se de surdo, tenta
cobrar ainda mais do contribuinte para tentar entregar apenas uma parte do que
já deveria estar retribuindo. Essa demonstração consta no orçamento federal,
que prevê para 2014 uma expansão da receita com impostos e contribuições de
8,3%, contra um crescimento previsto da economia de aproximadamente 1%. Pior do
que isso é o fato de que, no primeiro trimestre do ano, a arrecadação com
impostos aumentou “apenas” 7% em termos nominais, enquanto as despesas do
Tesouro avançaram 10,8% acima do crescimento do PIB, segundo dados da
Secretaria do Tesouro Nacional.
Na
medida em que o governo projeta o aumento de receita tributária acima da
expansão do país, deliberadamente está nos aprisionando em uma armadilha de
baixo crescimento. Com o incremento dos gastos correntes ainda mais alto,
cria-se a necessidade de novos aumentos da carga tributária, num círculo
vicioso que, além de frear o crescimento, compromete progressivamente a
competitividade do país.
Os
brasileiros que foram às ruas disseram que há recursos públicos suficientes
para termos uma contrapartida adequada, desde que sejam bem aplicados e se
reduza a corrupção. Ou seja, mais e melhores serviços públicos não depende de
mais impostos, e sim de mais gestão. Não é necessário, por exemplo, como
defende parte do governo, restabelecer a Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira (CPMF) para termos bons serviços de saúde. Até porque,
a carga tributária no Brasil subiu de 20% do PIB, em 1988, para mais de 36% em
2013, contra 24,6% no Chile, 22,4% na Colômbia, 19,5% no México, e 19,4% no
Peru.
O
Movimento Brasil Eficiente (MBE) tem feito simulações que demonstram o caminho
para a criação de um círculo virtuoso de crescimento: a expansão dos gastos
públicos correntes a uma taxa inferior à da economia – tendendo à metade –,
permitirá a redução gradual da carga tributária para 30% do PIB; o aumento da
taxa de investimento para 25%, com o consequente incremento da produtividade; e
o crescimento econômica na casa dos 5%.
A
necessidade de uma ajuste fiscal é partilhada por economistas tanto da posição
como da oposição. O próximo presidente da República terá que enfrentá-lo com
coragem, de preferência no início do mandato, e os principais candidatos
prometem fazê-lo. Os últimos ex-presidentes tentaram, mas pararam sempre nas
resistências daqueles que ganham com o caos e daqueles que temem perder
arrecadação. O MBE tem uma proposta consistente tanto para a simplificação dos
impostos, a partir de um ICMS nacional partilhado entre União, estados e
municípios, como para não prejudicar a arrecadação dos entes federativos no
momento de uma reforma tributária, sem a necessidade de criar um grande fundo
de compensação, que, certamente, também sairia do bolso do contribuinte.
A
condição primeira para viabilizar a menor necessidade de arrecadação por parte
do governo, contudo, é justamente a contenção do crescimento do seu gasto, a
ser conquistada com mais eficiência, meritocracia no serviço público, mais
planejamento e controle nas obras, menos desvios e corrupção e menos
aparelhamento da máquina. Em resumo, resgatando a função primeira do poder público,
que é servir o público e não dele servir-se.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua, aos três dos
nossos maiores e mais devastadores
inimigos que são: I – a inflação, a
exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em
patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem;
III – o desperdício, em todas as
suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos (por oportuno,
o fato de termos eleições no país a cada dois anos, com campanhas eleitorais
cada vez mais bilionárias; e, por que não, a cada cinco anos?; a quem interessa
tanta perda?...);
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
intolerável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade,
produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e
solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as
obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da
era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...