quarta-feira, 6 de julho de 2011

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO E OS GARGALOS QUE TRAVAM O BRASIL

“ESCOLA SEM COMPUTADOR
Agora que o governo conseguiu um acordo envolvendo as empresas de telecomunicação no Programa Nacional de Banda Larga (PBBL), é hora de começar a recuperar o tempo perdido no processo de inclusão digital das escolas brasileiras. Essa é, aliás, mais uma falha que o país insiste em varrer para debaixo do tapete da precariedade da educação. Em troca do afrouxamento de outros exigências, as empresas vão oferecer acesso à internet em banda larga de pelo menos um megbit por segundo, cobrando não mais que R$ 35 por mês do consumidor. Com isso, o mínimo que se espera é que haja uma rápida expansão geográfica da oferta de acesso à rede mundial de computadores, abrindo caminho para programas de inclusão digital de camadas de menor renda da população. Acoplando essa novidade a programas de compra de computadores a preços acessíveis (por desoneração fiscal e crédito especial), será possível em prazo razoavelmente curto atacar uma das principais causas, segundo especialistas, da baixa inclusão digital da educação no Brasil.

A segunda tem a ver com a infraestrutura das escolas. Recente pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que as escolas brasileiras ocupam o constrangedor último lugar, entre 38 países pesquisados quanto ao número de computadores por aluno. São 6,25 estudantes por computador, o que equivale a 0,16 aparelho por aluno. O estudo da OCDE revela que as escolas brasileiras estão muito abaixo  da média dos 34 países membros da entidade (o Brasil, e mais três pesquisados não são filiados), que é de 1,69 aluno por computador. A Austrália apresentou a melhor média, com 1,03 aluno por computador, ou seja, quase todo estudante australiano  tem acesso ao mundo digital da própria escola. A média da China, 1,75 aluno por computador, demonstra que esse país emergente tem avançado muito na inclusão digital de suas escolas, uma das características da moderna preparação para a competitividade internacional. Na América Latina, a Colômbia, segundo o estudo da OCDE, tomou a dianteira nesse processo de inclusão e já conseguiu baixar sua média para 2,85 alunos por computador.

Ter acesso ao computador e à internet em casa, segundo especialistas, é um estímulo poderoso ao interesse dos estudantes por essa disponibilidade na escola, além de permitir a continuidade do estudo e a ampliação do conhecimento. A pesquisa da OCDE constatou que 53,3% dos estudantes brasileiros não tem computador em casa. Portanto, quase metade desse universo está fora do mundo digital, a não ser por visitas esporádicas a lan houses. Para ter uma ideia da situação brasileira, essa média registrada nos países da OCDE é de apenas 5,7%. Mas é também necessário cuidar do atraso do país em relação a computadores e à internet nas escolas. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) revelam que 9,5 milhões de alunos, um quarto do total, estudam em escolas sem laboratório de informática. Além disso, segundo dados da OCDE, em 62,5% das escolas brasileiras faltam computadores ou os disponíveis são inadequados. Essa relação não passa de 8%  na Coreia do Sul, país que colhe os frutos da revolução na educação que vem fazendo há quatro décadas. Os coreanos compreenderam há anos que a educação é, cada vez mais, questão de sobrevivência no mundo competitivo.”

(EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de julho de 2011, publicado no Caderno OPINIÃO, página 10).

Mais uma IMPORTANTE, ORIENTADORA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de reportagem publicada no mesmo veículo, edição de 27 de junho de 2011, Caderno ECONOMIA, página 12, de autoria de ANA D’ÂNGELO, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“DESENVOLVIMENTO

Problemas como infraestrutura precária, falta de mão de obra qualificada e custo do capital ameaçam ciclo de alta

Gargalos que ainda “travam” o Brasil

Brasília – Os problemas não são novos, mas ficaram escancarados. O crescimento da economia, a redução das desigualdades e a melhora do padrão de vida da população trombaram com um Brasil cheio de gargalos. O país que deu um salto positivo em diversos indicadores econômicos e sociais contrasta com um outro que tem estradas, portos, ferrovias e aeroportos precários, falta de mão de obra qualificada, custo alto do capital, carga tributária complexa e baixos investimentos públicos. É esse Brasil do atraso que vai travar a continuidade do desenvolvimento econômico a percentuais acima de 4% ao ano.

“O país está estrangulado. Isso é termômetro da falta de uma agenda clara do governo, que está demonstrando falta de capacidade de formular e implementar políticas públicas para resolver esses gargalos”, critica o economista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Roberto Padovani. Para ele, a decisão anunciada recentemente de privatizar parcialmente os aeroportos é um sintoma de falta de projeto de desenvolvimento consistente, pois a então candidata Dilma Rousseff  havia garantido antes que isso não aconteceria. Mas a deficiência do setor combinada com a escassez de recursos públicos, obrigaram a mudança de planos pelo governo.

O governo pretende também entregar à iniciativa privada a construção e operação de futuras instalações nos portos, que não têm espaço físico suficiente para carregar e descarregar contêineres. “Há também a falta de silos para armazenagem das mercadorias. Perde-se muito tempo no carregamento e na descarga por falta desses investimentos”, assinala o presidente da seção de Transporte de Cargas da Confederação Nacional de Transporte (CNT), Flávio Benatti.

“O estado de graça acabou no final do ano passado. Os problemas que estão aparecendo deverão persistir”, avisa o economista Fábio Giambiagi. Segundo ele, houve algum avanço com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas nada expressivo que alterasse o diagnóstico da infraestrutura deficiente. “Esses avanços não têm sido suficientes para desimpedir a expansão futura”, avalia.

QUALIFICAÇÃO Giambiagi destaca um outro gargalo que começa a piscar intermitentemente nesse momento de crescimento econômico: o apagão da mão de obra, a falta de profissionais mais habilitados e capazes de executar  as funções exigidas pelas empresas pressionadas por maior produtividade. Na avaliação do economista, esse problema vai aparecer com mais nitidez provavelmente a partir de 2013, com a consolidação da situação de pleno emprego, configurada por uma taxa de desemprego considerada baixa, próxima de 5% (hoje está em torno de 6,5%). Nesse momento, a ausência de mão de obra será sentida pelo setor produtivo.

A previsão do mercado em geral é de que o país cresça a taxas de 4% em 2011 e 2012. “Para crescermos mais a partir de 2013, teríamos que dar um salto na produtividade. Como não vai haver mão de obra capacitada disponível, a alternativa seria as pessoas empregadas serem mais produtivas”, prevê Giambiagi.

O apagão da mão de obra deve causar, de imediato, um efeito cruel. A grande mobilidade social dos últimos anos, que alçou os mais pobres às classes C e D, terá dificuldade de alcançar quem continua na base da pirâmide social. Os grupos mais pobres e de baixa escolaridade terão cada vez menos chances de encontrar colocação no mercado formal por causa da maior sofisticação do processo produtivo e de maiores demandas educacionais por parte dos empregadores, avalia o demógrafo Haroldo Torres, da Consultoria Plano CDE. “Não se recupera a ausência de anos de escola da noite para o dia”, afirma a antropóloga Luciana Aguiar.

“A elevada desigualdade incorporou ao mercado de trabalho e ao mercado de trabalho as famílias que ganhavam menos. Mas, de agora em diante, ficará mais difícil atingir as pessoas do final da linha”, analisa Giambiagi. Segundo ele, a melhora de vida dessa parcela da população foi possível graças às políticas sociais de distribuição de renda, como o programa Bolsa-Família, mas cujo efeito já se esgotou. Continuar chegando a essas pessoas será um desafio cada Vaz maior para as políticas públicas”, diz o economista.

BAIXO INVESTIMENTO A partir de recursos que o Brasil destina à construção de estradas e outras obras de infraestrutura e a compras de maquinários é uma das mais baixas do mundo. A taxa de investimentos está 18,4% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativos a 2010. A maior parte é aplicada pelo setor privado. O poder público – União, estados  e municípios – contribui somente com 5,1%.

Como comparação, a China investe no total 45,6%, o Vietnã 34,5%, a Índia 30,8% e a Rússia 21,4%. Na América Latina, o Brasil aplica menos que Equador (24,1%),  México (21,8%), Chile (21,4%) e Argentina (20,9%). “O produto brasileiro, de forma geral, acaba perdendo competitividade em função da infraestrutura deficiente, principalmente o de menor valor agregado”, afirma Flávio Benatti, da CNT. Mais de 60% das mercadorias passam pelas rodovias, das quais em torno de 70% precisam de reparos. Apenas 20% das cargas circulam pelas ferrovias e 13% pelos rios. “O fato é que o governo deveria controlar os gastos correntes para sobrar dinheiro e aumentar o investimento público. Em vez de comprar clips, o governo deveria construir estradas”, resume Padovani.

PRINCIPAIS ENTRAVES

Desigualdade alta
- A desigualdade no país é uma das mais altas do mundo. O Índice Gini, usado para medir a desigualdade de distribuição de renda, varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de zero, menor é a desigualdade, com melhor distribuição de renda. O Brasil tem índice de 0,5304, um dos piores do mundo.

Rodovias
- Dos 89,5 mil quilômetros de rodovias pavimentadas, 69% apresentavam alguma deficiência no pavimento, na sinalização ou na geometria da via, conforme pesquisa da CNT, de 2009.

Ferrovias
- Praticamente apenas 10% da malha do país é utilizada, respondendo por 21% da matriz de transporte de carga, concentrado principalmente no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. É preciso maior aproveitamento da malha.

Portos
- Enfrentam problemas de acesso por causa das vias terrestres de má qualidade e da ociosidade da malha ferroviária, além da pressão urbanística, impossibilitando o aumento da área para recebimento ou carregamento de cargas. Há insuficiência de silos para armazenagem. As tarifas excessivas encarecem a movimentação de contêineres.

Aeroportos
- O setor enfrenta sucessivas crises relacionadas ao controle e à infraestrutura operacional, o que tem gerado atrasos de viagens, queda no nível do serviço prestado pelas empresas aéreas e falta de credibilidade.

Falta de mão de obra
- O país enfrenta falta de mão de obra qualificada, com capacitação técnica para a função que precisa desempenhar. Há necessidade de ensino médio profissionalizante.

Investimentos baixos
- A taxa de investimento no Brasil é uma das mais baixas do mundo, apenas 18,4 do PIB em 2010. Desse percentual, o poder público contribui somente com 5,1%. A China investe 45,6% do PIB.

Pesada carga tributária
- Além de ter uma das mais altas cargas tributárias do mundo, de 35% do PIB, o Brasil tem um sistema complexo, que demanda investimento e tempo das empresas para administrá-lo.

Juros elevados
- A taxa básica de juros, de 12,5% ao ano, se reflete em encargos elevadíssimos na ponta do crédito para as empresas e o consumidor, cuja média é de 46% ao ano. Eles diminuem a competitividade dos produtos brasileiros frente a outros países e reduzem o mercado consumidor.
Fonte: Confederação Nacional dos Transportes, Agência Nacional de Transportes Terrestres, Ministério da Fazenda e analistas de mercado.”    

Eis, pois, mais ADEQUADAS e CONTUNDENTES abordagens e REFLEXÕES que acenam para os GIGANTESCOS DESAFIOS que a modernidade e a natural ASCENSÃO do PAÍS nos impõem... e também estão a EXIGIR a EDUCAÇÃO como PRIORIDADE ABSOLUTA para os nossos mais CAROS planos de ADENTRARMOS ao SELETO clube dos DESENVOLVIDOS...

Mas, NADA, NADA mesmo, ARREFECE e ABATE o nosso ÂNIMO e o nosso ENTUSIASMO com esta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO + 20) em 2012, a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOV AS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...




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