quarta-feira, 20 de julho de 2011

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO E O INVERNO DO NOSSO DESALENTO

“O inverno do nosso desalento

Não há como não ver, escutar, comentar: a ponta do iceberg, a ponta do novelo da realidade que finalmente começa a se desvendar, a imprensa divulga, os brasileiros comuns, como eu, encaram assustados – pois ela comanda nosso presente e futuro, o bolso, a esperança. Nos bastidores da vida pública, um fervilhante mercado persa de cargos, dinheiros e favores do qual não temos ideia.

Pois nesse teatro ou circo todos correm a se proteger, a preservar as últimas ilusões da platéia, e a defender seus feudos não muito limpos. Havia muito eu andava perplexa: agora, começo a sentir aquele profundo desalento do qual falou um político honrado, antes de se recolher à vida particular, para pouco depois subitamente morrer. O coração não agüentou, imagino. Deve ser grande, dolorosa, a solidão dos honestos no meio público. Os honrados existem, mas hão de nadar penosamente com um correnteza poluída - objeto de preconceito dos seus pares, olhados como ameaça: o que eles pensam? Achando-se melhores que nós? E se forem dedurar?

E nós, do lado de fora, que pagamos a conta, que armamos o circo, carregamos a lona e as gambiarras, enfrentamos as feras, levamos nas costas até o elefante: e nós? Quem nos perguntou, quem nos pediu licença para organizar esse melancólico espetáculo, que transcorre em meio silêncio e meia-luz? Que circo, que teatro é esse, causando desorientação nossa, falta de idealismo nos jovens, e que devia ser escondido das crianças como pornografia?

Aqui onde vivo faz frio neste inverno. Geada cobre gramados e campos, queima as colheitas, diverte os turistas, nos faz recear a rua onde de manhã frequentemente temos sensação térmica negativa. Nestes dias, parece que esse sentimento gélido é reforçado pelo clima dentro de nós, que contemplamos e ouvimos os atores desse espetáculo que nós sustentamos, sem entender direito – por alienados e fúteis –, no circo dos nossos pesadelos, no teatro das nossas desilusões. Quem lhes dá força, quem os protege? Algum será devidamente punido – ou vai fingidamente se recolher para reaparecer em outro cargo igualmente poderoso, igualmente facilitador de ganhos escusos? Enquanto nós, crédulos ou omissos, acreditamos em ganhar a vida e sustentar a família com o suor do nosso rosto, o desgaste do nosso corpo, a perda da nossa vida, o esforço da nossa inteligência.

Sim, nestes dias eu sinto, mais que o frio do clima, o gelo do desalento. De não acreditar que vá ocorrer uma grande faxina, uma real limpeza, alguma solução ou verdadeira melhora, um grande avanço em direção à honestidade. Pois “transparência” se tornou uma palavra banalizada e vazia, sem valor, quando tudo é obscurecido para favorecer as ações na sombra. Talvez, para ser algo real, essencial e radical, fosse preciso mudar tudo. Quase tudo. A cena, os atores, as falas, até a plateia. As coxias, os bastidores, teriam de ser varridos e abertos ao público. O público teria de prestar atenção, reagir, aplaudir ou renegar. Nunca relevar. Demitir muita gente do quadro de seu respeito e confiança. E tamanha mudança causa medo e insegurança.

Uma grande transformação seria possível com informação, para começar, que vem de uma educação eficiente, e leva tempo. Assim se fazem mudanças com ordem, calma, Inteligência, vontade. Mas eu, neste frio que me assola, receio que o espetáculo apenas continue: trocados os atores e nomes ou máscaras, o tom e algumas falas, recolocadas as luzes, o indevido oculto atrás de papelão pintado, e toca em frente, o teatro, o circo. E nós, omissa ou submissa plateia, continuaremos aplaudindo mesmo sem entender direito, ofuscados pela luz que vem do alto, ainda levando em nossas doloridas costas os paus, as lonas, até o elefante.

A solução poderia ser um desalento criativo, produtivo, ativo, que agisse para limpar o que está sujo e nos humilha, expor o que é duvidoso e nos envergonha, mudando, sabe Deus como, o que nos rouba a dignidade enquanto explora a indecisão de quem não quer ver, para não ter de crer.”
(LYA LUFT, é escritora, em artigo publicado na Revista VEJA, edição 2226 – ano 44 – nº 29, de 20 de julho de 2011, página 24).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de julho de 2011, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de VIVINA DO C. RIOS BALBINO, Psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e Psicologia Escolar do Brasil, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“30 milhões de analfabetos funcionais

Na recente 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a educação permeou vários debates e propostas. Mas, apesar do esforço do governo e pesquisadores, dados recentes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostram o Brasil como o oitavo pior país no ranking de analfabetismo no mundo. São 14 milhões de adultos brasileiros analfabetos. No mundo são 67 milhões. Ocupamos a 7ª posição entre as potências econômicas, mas segundo a Unesco, ocupamos o 88º lugar em educação. Temos cerca de 30 milhões de analfabetos funcionais. Só um em cada quatro brasileiros de 15 a 64 anos pode ser considerado plenamente alfabetizado. A proporção de pessoas que não sabem ler ou escrever no Brasil é maior que a média na América Latina e no Caribe. Segundo o Ipea, 98% das crianças brasileiras de 7 a 14 anos hoje estão nas escolas. Isso é fantástico, mas conter a evasão e oferecer ensino de qualidade é o desafio.

O Brasil investe R$ 1.900 por ano em cada estudante do ensino básico e R$ 13 mil em cada estudante do ensino superior. Em sete anos, o número de matrículas na educação superior aumentou de 3,5 milhões para 5,9 milhões. Grande investimento, mas quais são os grandes impactos de pesquisas e grandes projetos socialmente importantes das universidades? Temos uma rede pública de ensino superior excepcional e é fundamental que ocorram grandes retornos sociais para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. Apesar dos grandes investimentos, infelizmente no último censo Times Higher Education, nenhuma universidade brasileira foi incluída nas 100 melhores do mundo.

Com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec), o governo promete R$ 1 bi e criar mais 200 escolas técnicas até 2014. Desse total, R$ 700 milhões vão para bolsas de estudo e R$ 300 milhões para financiamento estudantil. Com isso, o governo espera reduzir um problema crônico para o crescimento dos serviços e da indústria nacional: a falta de mão de obra qualificada. Projeto ambicioso que contribuirá para o emprego e inclusão de milhões de brasileiros, mas que precisa ter excelente gestão do gasto público.

Educadores do Brasil, Índia, Coreia do Sul, Estados Unidos e Argentina se reuniram recentemente em Brasília e debateram o papel da educação na promoção do desenvolvimento e no combate às desigualdades sociais. É de fundamental importância que a educação seja efetivamente vista como inclusão social e qualidade de vida do povo. Uma recente pesquisa da Associação dos Magistrados do Brasil, Justiça em números – novos ângulos, de Maria Tereza Sadek, revela a relação direta entre nível de escolaridade e busca dos direitos na Justiça. A autora comenta que a alfabetização implica maior conhecimento dos direitos e as pessoas procuram mais a Justiça. Nos estados mais pobres, com maior número de analfabetos, há menor procura pela Justiça. Segundo o presidente da ABM, as pessoas mais esclarecidas reivindicam mais os seus direitos e têm noção de cidadania. Um bom projeto nacional de educação necessariamente tem que incluir conhecimentos de direitos humanos e cidadania. Piero Massimo Forni, especialista em civilidade pela Universidade Johns Hopkins, afirma que a falta de civilidade nos EUA custa 30 bilhões de dólares por ano. Quanto custa no Brasil a falta de civilidade e cidadania? E o que isso tem a ver com educação de qualidade? Além do desenvolvimento, crescimento econômico, melhora da vida dos cidadãos, uma educação de qualidade terá grande impacto também na redução de violências e na criação de atitudes cidadãs. O indivíduo bem alfabetizado é um cidadão sábio, crítico e se posiciona de forma positiva nas relações sociais aumentando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da nação – menos criminalidade e maior qualidade de vida. É essa importante cadeia qualitativa da educação, que diferencia uma grande nação. Educação de qualidade para todos em todos os níveis de escolarização é preciso!”

São estas, pois, mais SÉRIAS e GRAVES abordagens e REFLEXÕES que acenam para grandes, URGENTES e inadiáveis TRANSFORMAÇÕES de nossa SOCIEDADE, e do mesmo modo, apontam para a PRIORIDADE ABSOLUTA das nossas POLÍTICAS PÚBLICAS, e de maneira POSITIVA e IMPOSITIVA: “EDUCAÇÃO de QUALIDADE para TODOS em TODOS os NÍVEIS de escolarização é PRECISO! (o grifo é meu).

São, e sabemos, DESAFIOS GIGANTESCOS que, de outro lado, não nos ABATEM e nem ARREFECEM nosso ÂNIMO e ENTUSIASMO nesta grande CRUZADA NACIONAL, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL e MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012, a COPA DAS CONFEDERAÇÕES DE 2013, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL!...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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