sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A CIDADANIA, A NAÇÃO E O COMBATE AO ANALFABETISMO

“Que falta faz uma Nação

Uma Nação é uma entidade com alma cívica e um sentimento generalizado de amor pela terra, pelos costumes, pelas facetas e pela crença de seu povo. Uma Nação possui uma identidade, algo parecido com a coluna vertebral que sustenta o corpo. O povo de uma Nação se orgulha de pertencer a ela e nunca se envergonha de sua condição. Vibra, luta, chora, ri e até pega em armas para defender a Pátria. As Nações, mesmo aquelas com territórios diminutos, se fazem respeitar por sua História e pelo caráter de seu povo.

Que dizer do Brasil, como Nação? Que dizer de um País que passa longos tempos afogado na boataria, transformando fatos mesquinhos em acontecimentos principais, dando vazão a uma cultura de inutilidades, abrindo oportunidades para a desfaçatez, as denúncias ocas, as invasões de privacidade, as acusações inconsistentes, o substantivo pesado e adjetivação maldosa? Temos de fato uma Nação? Quais os valores que defendemos, quais as causas que pregamos, qual o sentimento maior que une nosso povo, o que nos caracteriza como gente, quais os eixos de nossa identidade? Difícil responder, pois a politicalha, as maquinações e emboscadas, o individualismo egocêntrico, a desconfiança e a baixaria geral acabam apagando as coisas boas de nossos costumes.

Simon Bolivar, do alto de sua visão libertária, construiu um pensamento que continua atual para traduzir o que se passa entre nós. Na América Latina, dizia Bolivar, os tratados são papéis, as constituições não passam de livros, as eleições são batalhas, a liberdade é anarquia e a vida um tormento. A única coisa que se pode fazer na América é emigrar. O retrato do Brasil, nesses últimos tempos, cabe muito bem na moldura. Depois de escapar de 30 anos de pressão e arbítrio, descobrimos a linguagem desabrida e passamos a usá-la como escudo de comportamentos estróinos e atitudes irresponsáveis, que se originam nas elites e descem até as bases da sociedade. O Brasil está imerso em um inferno astral, há bastante tempo, e as elites parecem não se dar conta disso.

A ausência de instituições fortes reposiciona os valores da sociedade, implodindo normas e princípios, alterando comportamentos e distorcendo prioridades. Sinais das distorções aparecem nas extravagâncias da mídia, interessada em montar pautas exclusivamente declaratórias, em detrimento dos fatos. Uma greve de fontes jornalísticas deixaria a mídia em polvorosa por falta de assunto. Trocam-se acusações públicas e fica tudo por isso mesmo. As responsabilidades acabam correndo pelo ralo do esquecimento. O Congresso Nacional transforma-se em grande delegacia de apurações, onde a vontade de aparecer de um parlamentar se sobrepõe à missão precípua das duas Casas.

Os governos estaduais, em ano de eleições, se insurgem contra a decisão de fechar os cofres e jogam seu poder sobre o Governo Federal. Presidenciáveis colocam lenha no fogo para acender a fogueira e sair ganhando com as luzes sobre si próprios. A moralidade de alguns é apenas cosmética, de enfeite, enquanto outros procuram fazer arranjos, fóruns e programas artificiais, com um tom de seriedade administrativa, para atender a uma engenharia de burilação de embalagem. Pouca coisa tem profundidade e quase nada é muito sério. O País vai rolando sua desorganização, ao sabor de uma cultura de improvisação. As ilhas de excelência, os homens renomados, as figuras ilustres e os profissionais de respeito acabam engolidos pela esteira da galhofa, do desrespeito pelas pessoas e pelo impudor.

As massas aboletam-se nas arquibancadas periféricas, comendo o pão que o diabo amassou, ampliando os cordões de violência e seus espaços de amargura. Daqui a pouco, serão gentilmente convidadas a votar em candidatos bonitos, sérios, honestos, preparados e inteligentes. E, graças a um engenhoso mecanismo de pressão, elas acabam mesmo votando. E perpetuando a corrente da mesmice.

Mudar os costumes de um País para que ele se aproxime de uma Nação não é, convenhamos, tarefa para poucos dias. O diabo é que a luzinhas de fim do túnel que a gente vê acabam se apagando pelas intempéries, comuns em um País tropical, ainda meio selvagem.”
(GAUDÊNCIO TORQUATO, jornalista, é professor titular da USP e analista político, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de maio de 1992, Caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e caderno, edição de 16 de novembro de 2011, página 9, de autoria de FREI BETTO, Escritor, autor de Alfabeto – autobiografia escolar (Ática), entre outros livros, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Alunos analfabetos

No primeiro semestre, aplicou-se a Prova ABC (Avaliação Brasileira de Final do Ciclo de Alfabetização) em turmas de alunos que concluíram o 3º ano do ensino fundamental, em todas as capitais do país. Uma iniciativa do movimento Todos pela Educação, com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

O resultado é alarmante. Constatou-se que 43,9% dos alunos são deficientes em leitura e 46,6% em escrita. Ou seja, são semialfabetizados. Não captam o significado do que leem e redigem uma simples carta com graves erros gramaticais. Quanto à leitura, quase metade (48,6%) dos alunos da rede pública correspondeu ao resultado esperado. Na rede de escolas particulares, o desempenho foi bem melhor: 79%. No item escrita tiveram bom resultado apenas 43,9% dos alunos da rede pública. Na rede particular, 86,2% dos alunos se saíram bem em redação.

Os índices demonstram que, no Brasil, a desigualdade social se alia à desigualdade educacional. Alunos da rede pública, oriundos, na maioria, de famílias de baixa renda, não trazem de berço o hábito de leitura. Seus pais possuem baixa escolaridade e o livro não é considerado um bem essencial a ser adquirido, como ocorre em famílias de renda mais elevada. De qualquer modo, é preocupante o fato de alunos, tanto da rede pública quanto da particular, não atingirem 100% de alfabetização ao concluir o 3º do ensino fundamental. O que demonstra falta de método de alfabetização, embora esta seja a nação que gerou Paulo Freire.

Uma criança que, aos 8 anos, tem dificuldade de leitura e escrita sente-se incapaz de lidar com os textos de outras disciplinas escolares, o que prejudicará seu aprendizado. Uma alfabetização incompleta constitui um incentivo ao abandono da escola ou a uma escolaridade medíocre.

É hora de se perguntar se a progressão automática, isto é, fazer o aluno passar de ano sem provar estar em condições, é uma pedagogia recomendável. Com certeza, no futuro, o adulto com insuficiente escolaridade não merecerá aprovação automática em empregos que exigem concurso e qualificação.

Priscila Cruz, do Todos pela Educação, frisa a importância da educação infantil (creches, jardim da infância etc.) para dar à criança uma boa alfabetização. Para que se desperte na criança a facilidade de síntese cognitiva é importante que ela comece a ouvir histórias ainda no ventre materno.

O Brasil é um país às avessas. A Constituição de 1988 cometeu o erro de incumbir a União do ensino superior, o estado do ensino médio, e o município do ensino fundamental. Ora, uma nação se faz com educação. E a base reside no ensino fundamental. Dele devia cuidar o MEC.

Nenhum governo implementou, ainda, a revolução educacional sonhada por Anísio Teixeira, Lauro de Oliveira Lima, Paulo Freire e tantos outros educadores. Como acreditar que apenas 4 horas de permanência na escola são suficientes para uma boa educação? Por que os alunos não permanecem de 6 a 8 horas por dia na escola, como ocorre em tantos países? No Brasil, 10% da população adulta é considerada analfabeta. No Chile, 3,4%. Na Argentina, 2,8%. No Uruguai, 2%. Em Cuba e na Bolívia, 0%.

Outros fatores que contribuem para a semialfabetização são o desinteresse dos pais pelo desempenho escolar do filho e o longo tempo que este dedica à TV e a navegar aleatoriamente na internet. Nesta era imagética, há o sério risco de se multiplicar o número de analfabetos funcionais ou de alfabetizados iletrados, aqueles que sabem ler, mas não interpretar o texto, e muito menos evitar os erros primários na escrita.

O governo deve à nação uma eficiente campanha nacional de alfabetização, inclusive entre alunos do 3º e 4º anos. Para isso, há que ter método. Há vários. Quem se interessar por um realmente eficiente, basta indagar do deputado Tiririca como ele se alfabetizou em dois meses, a tempo de obter seu diploma na Justiça Eleitoral.”

Eis, pois, mais páginas contendo SÉRIAS, PEDAGÓGICAS, CONTUNDENTES e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para o caminho INDESVIÁVEL para a construção de uma NAÇÃO, passando pela REDUÇÃO – a níveis CIVILIZADOS – do TERRÍVEL e INACEITÁVEL mapa das DESIGUALDADES SOCIAIS e REGIONAIS, ora divulgado pelo IBGE - CENSO de 2010 – : a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, contemplando essencialmente a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em CRECHES e 4 e 5 anos, em PRÉ-ESCOLAS), o ENSINO FUNDAMENTAL (de 9 anos), o ENSINO MÉDIO, a EDUCAÇÃO ESPECIAL, a EDUCAÇÃO PROFISSIONAL e o ENSINO SUPERIOR...

Na esteira da REVOLUÇÃO EDUCACIONAL, a URGENTE e INDISSOCIÁVEL exigência de MODERNIZAÇÃO e AMPLIAÇÃO da INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos...), da SAÚDE, SANEAMENTO AMBIENTAL (água TRATADA, esgotos TRATADOS, resíduos sólidos TRATADOS e MACRODRENAGEM URBANA), MEIO AMBIENTE; ASSISTÊNCIA SOCIAL, ESPORTE, CULTURA, LAZER; SEGURANÇA PÚBLICA, MOBILIDADE URBANA, HABITAÇÃO, ENERGIA; LOGÍSTICA, COMUNICAÇÃO; EMPREGO, TRABALHO e RENDA; SEGURANÇA ALIMENTAR e NUTRICIONAL, QUALIDADE (economicidade – produtividade e competitividade) ...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS que, todavia, não ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES em 2013; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE NO RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DO MUNDO de 2014, a OLIMPÍADA de 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE – e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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