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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A CIDADANIA, OS ROYALTIES E OS NOVOS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO

“Educação e os royalties
        
         A publicação da Lei 12.858/2013, que destina parte dos royalties do petróleo para a educação, embora seja um ponto louvável, não dará conta, sozinha, de garantir a oferta de ensino público de qualidade, fundamental para o desenvolvimento sustentável do país. Mais recursos para a educação são necessários, mas não suficientes para alcançar esse objetivo: a qualidade da gestão educacional é também essencial para avançarmos no tema. O desafio está em planejar, implementar e avaliar políticas e programas que de fato cheguem à sala de aula e promovam resultados significativos para todas as crianças e jovens brasileiros.
         O debate público tem se concentrado até aqui unicamente em dois pontos: a fixação de uma porcentagem de recursos do PIB para a educação, por meio da aprovação do Plano Nacional da Educação, que deve ocorrer neste semestre, e a chegada dos royalties, que, de acordo com o governo, devem destinar ao ensino público R$ 112 bilhões em 10 anos, permitindo atingir 10% do PIB para o setor em 15 anos.    
         As duas questões merecem um exame mais detalhado dos gestores e de toda a sociedade envolvida com o projeto de uma educação de qualidade, se não quisermos ver desperdiçados os recursos que ingressarão no sistema. O Brasil, gasta, anualmente, US$ 2.416 por estudante do ensino fundamental ao superior, ao passo que a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de US$ 8.354. No Chile, o gasto é de US$ 3.521 e, na Argentina, US$ 3.204.
         Como estamos em um sistema federativo, a aprovação do PNE não será o fim, mas sim o ponto de partida para desdobramentos decisivos que ocorrerão em cada estado e município. As cidades precisarão elaborar ou rever seus planos de educação para adequar-se às metas, o que exigirá um enorme esforço das equipes técnicas responsáveis e dos governos. De acordo com a Pesquisa de Informações Básicas Municipais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realizada com dados de 2011, dos 5.565 municípios do Brasil, 2.181 não têm Plano Municipal de Educação. Nesse sentido, o PNE será um catalisador importante para reversão desse quadro. A construção dos planos municipais abre a oportunidade para se definir prioridades e estratégias em nível local, com aprimoramento da gestão dos recursos.
         Experiências bem-sucedidas realizadas em outros países e já em curso em algumas redes brasileiras apontam medidas prioritárias para promover o salto de qualidade de que o Brasil necessita. Entre elas, atrair, apoiar e reter professores de qualidade e investir nos recursos humanos das escolas e secretarias, o que possibilitaria aprimorar a seleção, formação e apoio de lideranças e quadros técnicos do ensino público
         Outros pontos essenciais são o investimento em políticas que estimulem e apoiem as escolas no fortalecimento de suas relações com as famílias e comunidade e nos sistemas de avaliação e monitoramento, garantindo o uso pedagógico das avaliações e o controle social dos resultados de ensino a aprendizagem. A ampliação da jornada escolar e diversificação dos currículos por meio de educação integral oferece um bom exemplo do desafio de planejamento e gestão que as secretarias de educação precisarão enfrentar após a aprovação do PNE. As redes de ensino deverão adequar-se ao cumprimento da meta 6, que prevê a extensão da oferta de educação integral a 25% dos alunos e 50% das escolas de educação básica.
         Contudo, o poder público terá imensa dificuldade de atender essa demanda apenas com escolas de tempo integral. A possível expansão física e a do quadro de funcionários, bem como a formação necessária desses profissionais, serão insuficientes para oferecer a jornada ampliada no prazo de 10 anos.
         O esforço para colocar o Brasil na rota da educação integral tende, portanto, a considerar diversas modalidades de oferta e envolver outras instâncias e arranjos da sociedade civil. Importante colocar na agenda as parcerias público-privadas a alianças com organizações não governamentais, que já vêm executando esse trabalho com o poder público em todo o país. O trabalho das ONGs deve ser potencializado para que o projeto de ampliar a oferta de educação integral prospere, o que requer equipes gestoras mais preparadas para o desafio de alcançar essa meta.
         O dinheiro dos royalties e o aumento do orçamento destinado à educação são fundamentais para avançarmos. Mas não podemos mirar apenas nos recursos. Precisamos preparar o terreno para ampliar os investimentos de forma ordenada e eficiente. Sem um planejamento rigoroso, corremos o risco de jogar uma oportunidade de ouro pela janela. Os investimentos em educação devem ter destino certo e nos levar a um futuro melhor no campo da educação. Que venham os recursos e que eles sejam gastos de maneira exemplar.”

(ANTONIO JACINTO MATIAS. Vice-presidente da Fundação Itaú Social, membro do conselho de governança do Movimento Todos pela Educação, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de outubro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 2 de outubro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Alfabetto – autobiografia escolar (Ática), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Crianças robotizadas
        
         Todos nós já vimos uma menina dar de beber à boneca, embora ela saiba perfeitamente que bonecas não bebam, assim como meninos conversam com cães como se eles fossem capazes de responder na mesma linguagem.
         É imprescindível à nossa saúde psíquica desfrutar o máximo, na infância, do nosso universo onírico. Embora bonecas não bebam o suco que lhes é oferecido, nem cães possam estabelecer diálogo com uma criança, ela atribui à boneca e ao animal estados emocionais que são próprios de seres humanos.
         Toda criança é uma atriz, capaz de desempenhar múltiplos papéis. A menina é mãe, babá, irmã, professora e médica da boneca. Há uma interação entre as duas. A boneca, graças à projeção onírica da criança, responde, chora, come, bebe e faz manha.
         A fantasia é o recurso mimético que permite à criança transportar, à sua maneira, o universo dos adultos ao seu mundo e, ao mesmo tempo, é o complemento da sabedoria infantil, provedora de sentido e animação ao que, aos olhos adultos, carece de sentido e permanece inanimado.
         O menino, montado no cabo de vassoura, sente-se confortável em seu cavalo. Dê a ele um cavalo de brinquedo, com arreios e crina, e é bem provável que, dias depois, ele abandone o presente para voltar à vassoura – que dialoga com a sua imaginação.
         Exaurir a infância de tudo que ela tem de próprio, como atividades lúdicas, brincar de roda, de esconde-esconde, e enturmar-se com os amiguinhos, é essencial para o futuro saudável do adulto.
         Hoje em dia essa exigência se torna mais difícil. A rua é, agora, lugar perigoso, ameaçado pela violência e pelo trânsito. As crianças ficam retidas em casa, confinadas em apartamentos, entregues à jogos eletrônicos, TV e internet.
         A diferença com as gerações passadas é que, agora, o protagonista da fantasia não é a criança. É a animação do desenho virtual, como se a tecnologia “soubesse” por ela. A criança é relegada à condição de mera espectadora. A fantasia não brota dela, resulta do aplicativo ou do desenho animado ou filme projetado na TV e na internet.
         Na missa de domingo vi duas crianças compartilhando um smartphone, enquanto seus pais participavam da liturgia. Passaram todo o tempo atentas ao Homem-Aranha arrasando seus adversários.
         O que esperar de um adulto que, quando criança, divertia-se com a violência virtual e passava horas praticando assassinatos via bonequinhos eletrônicos? E de uma menina que, aos 4 ou 5 anos, se maquia como adulta, fala como adulta, manifesta desejos de adulta, padecendo a esquizofrenia de ser biologicamente infantil e psicologicamente “adulta”?
         A puberdade, momento crítico para todos nós, é mais angustiante para essa geração que não exauriu seu potencial de fantasias. O medo do real é mais acentuado, assim como a dependência familiar, que mantém jovens de 25 e 30 anos ao abrigo do lar paterno.
         Essa insegurança frente ao real é a porta de entrada para a vulnerabilidade às drogas. O traficante, graças a uma perversa intuição profissional, oferece de graça sua mercadoria aos adolescentes, como se advertisse: “Você já não pode sonhar com a própria cabeça. Mas não tema. Há outro jeito de fugir da realidade e “viajar” legal. Só que agora depende da química. Experimente isso”.
         Preocupam-me também as crianças robotizadas que cumprem, além da escola, agendas apertadíssimas, com aulas de idiomas, natação etc., sem tempo para brincar com outras crianças e, assim, se educar nos códigos da sociabilidade, como saber admitir seus próprios limites e reconhecer o direito dos outros.
         Talvez essa robotização explique um fenômeno tão comum nas grandes cidades: adolescentes e jovens que, em ônibus e metrô, se fazem de cegos ao ver, de pé, idosos, portadores de deficiência e mulheres grávidas, e permanecem tranquilamente sentados, se lixando para a mais elementar educação.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
    
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; esporte, cultura e lazer; turismo; comunicações; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam investimentos bilionários como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A CIDADANIA, A NAÇÃO E O COMBATE AO ANALFABETISMO

“Que falta faz uma Nação

Uma Nação é uma entidade com alma cívica e um sentimento generalizado de amor pela terra, pelos costumes, pelas facetas e pela crença de seu povo. Uma Nação possui uma identidade, algo parecido com a coluna vertebral que sustenta o corpo. O povo de uma Nação se orgulha de pertencer a ela e nunca se envergonha de sua condição. Vibra, luta, chora, ri e até pega em armas para defender a Pátria. As Nações, mesmo aquelas com territórios diminutos, se fazem respeitar por sua História e pelo caráter de seu povo.

Que dizer do Brasil, como Nação? Que dizer de um País que passa longos tempos afogado na boataria, transformando fatos mesquinhos em acontecimentos principais, dando vazão a uma cultura de inutilidades, abrindo oportunidades para a desfaçatez, as denúncias ocas, as invasões de privacidade, as acusações inconsistentes, o substantivo pesado e adjetivação maldosa? Temos de fato uma Nação? Quais os valores que defendemos, quais as causas que pregamos, qual o sentimento maior que une nosso povo, o que nos caracteriza como gente, quais os eixos de nossa identidade? Difícil responder, pois a politicalha, as maquinações e emboscadas, o individualismo egocêntrico, a desconfiança e a baixaria geral acabam apagando as coisas boas de nossos costumes.

Simon Bolivar, do alto de sua visão libertária, construiu um pensamento que continua atual para traduzir o que se passa entre nós. Na América Latina, dizia Bolivar, os tratados são papéis, as constituições não passam de livros, as eleições são batalhas, a liberdade é anarquia e a vida um tormento. A única coisa que se pode fazer na América é emigrar. O retrato do Brasil, nesses últimos tempos, cabe muito bem na moldura. Depois de escapar de 30 anos de pressão e arbítrio, descobrimos a linguagem desabrida e passamos a usá-la como escudo de comportamentos estróinos e atitudes irresponsáveis, que se originam nas elites e descem até as bases da sociedade. O Brasil está imerso em um inferno astral, há bastante tempo, e as elites parecem não se dar conta disso.

A ausência de instituições fortes reposiciona os valores da sociedade, implodindo normas e princípios, alterando comportamentos e distorcendo prioridades. Sinais das distorções aparecem nas extravagâncias da mídia, interessada em montar pautas exclusivamente declaratórias, em detrimento dos fatos. Uma greve de fontes jornalísticas deixaria a mídia em polvorosa por falta de assunto. Trocam-se acusações públicas e fica tudo por isso mesmo. As responsabilidades acabam correndo pelo ralo do esquecimento. O Congresso Nacional transforma-se em grande delegacia de apurações, onde a vontade de aparecer de um parlamentar se sobrepõe à missão precípua das duas Casas.

Os governos estaduais, em ano de eleições, se insurgem contra a decisão de fechar os cofres e jogam seu poder sobre o Governo Federal. Presidenciáveis colocam lenha no fogo para acender a fogueira e sair ganhando com as luzes sobre si próprios. A moralidade de alguns é apenas cosmética, de enfeite, enquanto outros procuram fazer arranjos, fóruns e programas artificiais, com um tom de seriedade administrativa, para atender a uma engenharia de burilação de embalagem. Pouca coisa tem profundidade e quase nada é muito sério. O País vai rolando sua desorganização, ao sabor de uma cultura de improvisação. As ilhas de excelência, os homens renomados, as figuras ilustres e os profissionais de respeito acabam engolidos pela esteira da galhofa, do desrespeito pelas pessoas e pelo impudor.

As massas aboletam-se nas arquibancadas periféricas, comendo o pão que o diabo amassou, ampliando os cordões de violência e seus espaços de amargura. Daqui a pouco, serão gentilmente convidadas a votar em candidatos bonitos, sérios, honestos, preparados e inteligentes. E, graças a um engenhoso mecanismo de pressão, elas acabam mesmo votando. E perpetuando a corrente da mesmice.

Mudar os costumes de um País para que ele se aproxime de uma Nação não é, convenhamos, tarefa para poucos dias. O diabo é que a luzinhas de fim do túnel que a gente vê acabam se apagando pelas intempéries, comuns em um País tropical, ainda meio selvagem.”
(GAUDÊNCIO TORQUATO, jornalista, é professor titular da USP e analista político, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de maio de 1992, Caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e caderno, edição de 16 de novembro de 2011, página 9, de autoria de FREI BETTO, Escritor, autor de Alfabeto – autobiografia escolar (Ática), entre outros livros, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Alunos analfabetos

No primeiro semestre, aplicou-se a Prova ABC (Avaliação Brasileira de Final do Ciclo de Alfabetização) em turmas de alunos que concluíram o 3º ano do ensino fundamental, em todas as capitais do país. Uma iniciativa do movimento Todos pela Educação, com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

O resultado é alarmante. Constatou-se que 43,9% dos alunos são deficientes em leitura e 46,6% em escrita. Ou seja, são semialfabetizados. Não captam o significado do que leem e redigem uma simples carta com graves erros gramaticais. Quanto à leitura, quase metade (48,6%) dos alunos da rede pública correspondeu ao resultado esperado. Na rede de escolas particulares, o desempenho foi bem melhor: 79%. No item escrita tiveram bom resultado apenas 43,9% dos alunos da rede pública. Na rede particular, 86,2% dos alunos se saíram bem em redação.

Os índices demonstram que, no Brasil, a desigualdade social se alia à desigualdade educacional. Alunos da rede pública, oriundos, na maioria, de famílias de baixa renda, não trazem de berço o hábito de leitura. Seus pais possuem baixa escolaridade e o livro não é considerado um bem essencial a ser adquirido, como ocorre em famílias de renda mais elevada. De qualquer modo, é preocupante o fato de alunos, tanto da rede pública quanto da particular, não atingirem 100% de alfabetização ao concluir o 3º do ensino fundamental. O que demonstra falta de método de alfabetização, embora esta seja a nação que gerou Paulo Freire.

Uma criança que, aos 8 anos, tem dificuldade de leitura e escrita sente-se incapaz de lidar com os textos de outras disciplinas escolares, o que prejudicará seu aprendizado. Uma alfabetização incompleta constitui um incentivo ao abandono da escola ou a uma escolaridade medíocre.

É hora de se perguntar se a progressão automática, isto é, fazer o aluno passar de ano sem provar estar em condições, é uma pedagogia recomendável. Com certeza, no futuro, o adulto com insuficiente escolaridade não merecerá aprovação automática em empregos que exigem concurso e qualificação.

Priscila Cruz, do Todos pela Educação, frisa a importância da educação infantil (creches, jardim da infância etc.) para dar à criança uma boa alfabetização. Para que se desperte na criança a facilidade de síntese cognitiva é importante que ela comece a ouvir histórias ainda no ventre materno.

O Brasil é um país às avessas. A Constituição de 1988 cometeu o erro de incumbir a União do ensino superior, o estado do ensino médio, e o município do ensino fundamental. Ora, uma nação se faz com educação. E a base reside no ensino fundamental. Dele devia cuidar o MEC.

Nenhum governo implementou, ainda, a revolução educacional sonhada por Anísio Teixeira, Lauro de Oliveira Lima, Paulo Freire e tantos outros educadores. Como acreditar que apenas 4 horas de permanência na escola são suficientes para uma boa educação? Por que os alunos não permanecem de 6 a 8 horas por dia na escola, como ocorre em tantos países? No Brasil, 10% da população adulta é considerada analfabeta. No Chile, 3,4%. Na Argentina, 2,8%. No Uruguai, 2%. Em Cuba e na Bolívia, 0%.

Outros fatores que contribuem para a semialfabetização são o desinteresse dos pais pelo desempenho escolar do filho e o longo tempo que este dedica à TV e a navegar aleatoriamente na internet. Nesta era imagética, há o sério risco de se multiplicar o número de analfabetos funcionais ou de alfabetizados iletrados, aqueles que sabem ler, mas não interpretar o texto, e muito menos evitar os erros primários na escrita.

O governo deve à nação uma eficiente campanha nacional de alfabetização, inclusive entre alunos do 3º e 4º anos. Para isso, há que ter método. Há vários. Quem se interessar por um realmente eficiente, basta indagar do deputado Tiririca como ele se alfabetizou em dois meses, a tempo de obter seu diploma na Justiça Eleitoral.”

Eis, pois, mais páginas contendo SÉRIAS, PEDAGÓGICAS, CONTUNDENTES e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para o caminho INDESVIÁVEL para a construção de uma NAÇÃO, passando pela REDUÇÃO – a níveis CIVILIZADOS – do TERRÍVEL e INACEITÁVEL mapa das DESIGUALDADES SOCIAIS e REGIONAIS, ora divulgado pelo IBGE - CENSO de 2010 – : a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, contemplando essencialmente a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em CRECHES e 4 e 5 anos, em PRÉ-ESCOLAS), o ENSINO FUNDAMENTAL (de 9 anos), o ENSINO MÉDIO, a EDUCAÇÃO ESPECIAL, a EDUCAÇÃO PROFISSIONAL e o ENSINO SUPERIOR...

Na esteira da REVOLUÇÃO EDUCACIONAL, a URGENTE e INDISSOCIÁVEL exigência de MODERNIZAÇÃO e AMPLIAÇÃO da INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos...), da SAÚDE, SANEAMENTO AMBIENTAL (água TRATADA, esgotos TRATADOS, resíduos sólidos TRATADOS e MACRODRENAGEM URBANA), MEIO AMBIENTE; ASSISTÊNCIA SOCIAL, ESPORTE, CULTURA, LAZER; SEGURANÇA PÚBLICA, MOBILIDADE URBANA, HABITAÇÃO, ENERGIA; LOGÍSTICA, COMUNICAÇÃO; EMPREGO, TRABALHO e RENDA; SEGURANÇA ALIMENTAR e NUTRICIONAL, QUALIDADE (economicidade – produtividade e competitividade) ...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS que, todavia, não ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES em 2013; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE NO RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DO MUNDO de 2014, a OLIMPÍADA de 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE – e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A CIDADANIA E O ENSINO MÉDIO QUE VAI MAL

“3. Educação “Versus” Massificação

[...] Tínhamos de nos convencer desta obviedade: uma sociedade que vinha e vem sofrendo alterações tão profundas e às vezes até bruscas e em que as transformações tendiam a ativar cada vez mais o povo em emersão, necessitava de uma reforma urgente e total no seu processo produtivo. Reforma que atingisse a própria organização e o próprio trabalho educacional em outras instituições ultrapassando os limites mesmo das estritamente pedagógicas.

Necessitávamos de uma educação para a decisão, para a responsabilidade social e política.

Neste sentido, faz Mannheim afirmações que se ajustavam às condições que começávamos a viver. Textualmente, diz ele: “Mas em uma sociedade na qual as mudanças mais importantes se produzem por meio da deliberação coletiva e onde as revalorizações devem basear-se no consentimento e na compreensão intelectual, se requer um sistema completamente novo de educação; um sistema que concentre suas maiores energias no desenvolvimento de nossos poderes intelectuais e dê lugar a uma estrutura mental capaz de resistir ao peso do ceticismo e de fazer frente aos movimentos de pânico quando soe a hora do desaparecimento de muitos de nossos hábitos mentais.

Se não vivíamos ainda, na verdade, uma fase, como de resto já ressaltamos, em que as “mudanças mais importantes se fizessem por meio da deliberação coletiva”, o crescente ímpeto popular nos levaria a este ponto, desde que não houvesse involução nele, que o deformasse, fazendo-o mais emocional que crítico.

Parecia-nos, deste modo, que, das mais enfáticas preocupações de uma educação para o desenvolvimento e para a democracia, entre nós, haveria de ser a que oferecesse ao educando instrumentos com que resistisse aos poderes do “desenraizamento” de que a civilização industrial a que nos filiamos está amplamente armada. Mesmo que armada igualmente esteja ela de meios com os quais vem crescentemente ampliando as condições de existência do homem.

Uma educação que possibilitasse ao homem a discussão corajosa de sua problemática. De sua inserção nesta problemática. Que o advertisse dos perigos de seu tempo, para que, consciente deles, ganhasse a força e a coragem de lutar, ao invés de ser levado e arrastado à perdição de seu próprio “eu”, submetido às prescrições alheias. Educação que o colocasse em diálogo constante com o outro. Que o predispusesse a constantes revisões. À análise crítica de seus “achados”. A uma certa rebeldia, no sentido mais humano da expressão. Que o identificasse com métodos e processos científicos.

Não podíamos compreender, numa sociedade dinamicamente em fase de transição, uma educação que levasse o homem a posições quietistas ao invés daquela que o levasse à procura da verdade em comum, “ouvindo, perguntando, investigando”. Só podíamos compreender uma educação que fizesse do homem um ser cada vez mais consciente de uma transitividade, que deve ser usada tanto quanto possível criticamente, ou com acento cada vez maior de racionalidade.

A própria essência da democracia envolve uma nota fundamental, que lhe é intrínseca – a mudança. Os regimes democráticos se nutrem na verdade de termos em mudança constante. São flexíveis, inquietos, devido a isso mesmo, deve corresponder ao homem desses regimes, maior flexibilidade de consciência.”
(PAULO FREIRE, in Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1999, páginas 96 a 98).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA e PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de EDITORIAL do Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de novembro de 2010, página 10, que merece INTEGRAL transcrição:

“Vai mal o ensino médio

A escassez de professores de matemática para o ensino médio tende a se agravar nos próximos anos e esse é apenas mais um dos problemas que não podem mais deixar de ser enfrentados se o país pretende levar a sério a prioridade que precisa dar à qualidade da educação. Não é de hoje que se sabe do verdadeiro gargalo que vem se formando na faixa que vai do quinto ao nono ano do ensino fundamental. Ponto de passagem entre o ensino básico, o profissionalizante e o universitário, essa fase do processo educativo brasileiro é crucial e pode influir decisivamente nos avanços a serem obtidos nas etapas seguintes e também da competitividade do futuro adulto nos mercados de trabalho mais sofisticados. Relatório divulgado ontem pelo Movimento Todos pela Educação a respeito do nível de aprendizagem naquelas séries é pouco animador, principalmente quanto à absorção de conhecimentos de matemática.

A entidade criou metas de qualidade a serem perseguidas pela educação no Brasil até 2022, quando pelo menos 70% de todos os alunos do país deverão ter aprendido o essencial para sua série em cada matéria. O prazo é longo e, a rigor, é absurdo que essa proporção já não seja a de praxe em nossas escolas. Como a conquista do patamar projetado deve avançar um pouco a cada ano, os resultados projetados para 2009 (base da atual pesquisa) foram apenas parcialmente alcançados pelos alunos do quinto ano, mas revelaram que há muito a fazer com os do nono. Em português, os alunos do quinto ano ficaram abaixo do esperado, já que apenas 34,2% aprenderam o que deveriam, para uma meta de 36,6%. Em matemática, os alunos dessa série mostraram bom desempenho, já que 32,6% atingiram o resultado indicado, superando a meta de 29,1%. O sinal de alerta mais urgente foi acionado pelos resultados do ensino de matemática no nono ano. Só 14,8% aprenderam o essencial da série que cursaram, desempenho bem abaixo dos 17,9% projetados pela entidade. Na escola pública, esse resultado é ainda mais preocupante, já que não alcançou menos da metade do projetado. Já em português, a meta de 24,7% foi superada.

Se esses números são preocupantes, piores ainda foram os do ensino médio. É verdade que as metas de português (26,3%) foram batidas. Mas só 11% aprenderam o que deveriam em matemática e, na escola pública, a situação é pior, já que o percentual não passou de 5,8%. O mais grave é que a meta era modesta, de apenas 14,3%. Não há atestado mais veemente de que algo precisa ser feito, sob pena de aumentar a perda de competitividade econômica do país, por falta de gente em condições de se qualificar para o trabalho. Os dados do universo estudantil brasileiro parecem indicar que o problema não está mais centrado na falta de escolas e, sim, na qualidade do ensino. Especialistas alertam para a baixa atratividade da profissão de professor e para a falta de envolvimento dos adolescentes com currículos pouco atraentes. A esta altura, é perda de tempo procurar culpados e trocar acusações. É urgente repensar a questão da qualidade da educação em geral, particularmente do ensino médio, pois o que está em jogo é mais do que disputas de palanque.”

Assim, diante de tais ADVERTÊNCIAS, tanto SÉRIAS quanto GRAVES a exigir URGENTE tomada de decisão, mais nos sentimos MOTIVADOS e FORTALECIDOS nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...