segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A CIDADANIA, O CONHECIMENTO ESPIRITUAL E OS VALORES CRISTÃOS NA GESTÃO EMPRESARIAL

“O conhecimento espiritual ajuda 
a iluminar e a redimir a vida
         A flor dos campos, que desabrocha, oferece generosamente sua beleza e seu perfume sem outra finalidade a não ser a de doar-se ao Criador. O canto do pássaro e o rumor do mar, que outra coisa são senão um permanente ofício divino? Nós, seres humanos, cremos sempre ter outras coisas a fazer, coisas mais importantes do que glorificar o Criador.
         O despertar espiritual não nos leva para fora deste mundo, mas nos ajuda a iluminar a estância terrena, e a redimi-la. Quando se percorre um caminho perigoso pela vida terrena, abandona-se tudo o que é inferior e parte-se em busca do Cosmos. Nesse caso, o exercício espiritual, por meio dos caminhos de uma Lei Maior, divina, levará o homem ao despertar.
         A essência do despertar é trazer luz à obscuridade, é transformar ignorância em conhecimento, é colaborar com o processo de redenção do planeta, é servir à Luz. Só os renascidos podem despertar. O verdadeiro poder é somente aquele que se tem sem que se o imponha. Enquanto o homem prosseguir usando o poder próprio, continuará a ser escravo dele e continuará impotente, como é agora.
         Em geral, nem todos compreendem essas relações. Espera-se que quem desenvolver em si certo “poder” se dê conta disso. Porém, o despertar cósmico verdadeiro jamais pretende “compreender”, pois era o próprio tentador que, segundo a Bíblia, queria provas visíveis. E não as recebeu.
         Aqui está a diferença entre o desertar cósmico e o esoterismo malconduzido. Enquanto o homem continuar a ser curioso, as portas do Cosmos permanecerão fechadas para ele.
         Depois de vivificar sua motivação, e de ter-se assegurado de que as causas das suas ações não são nem a curiosidade, nem o poder, o indivíduo estará, então, apto a dar os primeiros passos para o despertar cósmico.
         Aqui convém advertir sobre um ponto perigoso para toda e qualquer associação. O ensinamento que abarca só uma partícula da realidade, e que é apresentado como verdade salvadora única, desperdiça energias da própria evolução em burocracia, em cruzadas e em rivalidades com os que pensam de outro modo. Sistemas tornam-se uma meta em si mesmos e fixam o indivíduo em vez de liberá-lo de fixações.
         Cada um de nós tem hoje uma opção a fazer. Recordamos de que, na etapa em que nos encontramos, o caminho do Cosmos é o caminho da luz e não o da obscuridade.
         O verdadeiro conhecimento existe como ordem cósmica, interior; é a lei do universo. Estará à disposição para nos servir até quando necessitarmos. A lei mostra o caminho da liberdade e nunca leva o ser à dependência.
         Não será a dependência de grupos ou de mestres que nos dará a luz. Cada ser tem que percorrer caminho sozinho. Se em seu trajeto necessitar de ajuda, esta lhe chegará sem que ele tenha de busca-la. Para recebe-la é preciso necessitá-la realmente.
         O despertar de uma luz interna é, para cada indivíduo, um processo singular. Se ele transcender “as dores” que caracterizam esse momento, conhecerá a alegria que vem depois. Há em todos uma fortaleza semioculta que assegura essa realização. Na raiz de tal fortaleza está a essência mesmo do eu interno.
         A consciência do ser humano é infinita, pois se aprofunda e se amplia na existência universal. Tudo o que a conduz à expansão e que a retira do envolvimento com o mundo das formas auxilia a revelação da sua essência.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de setembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de outubro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Evangelho e empresários
        Parece novo e curioso relacionar o Evangelho de Jesus Cristo aos empresários, mas não se trata de novidade. A União Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresas e a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas, criadas em 1931, no âmbito internacional, e em 1961, em nível nacional, em seis estados brasileiros, realizam, em Belo Horizonte, seu Congresso Mundial, junto do 10º Seminário Internacional de Sustentabilidade. Empresários, políticos, construtores da sociedade pluralista, religiosos e outros representantes da sociedade civil, num ato inteligente e humanitário, aproximam o que é próprio do mundo empresarial dos valores do Evangelho. O horizonte é o indispensável parâmetro da responsabilidade social.
         Ora, é obsoleto, tirano e arbitrário produzir e negociar nos horizontes estreitos e perversos do lucro a qualquer custo ou do consumo doentio e predador. Responsabilidade social é escolha que aponta saídas para crises. Remete ao sentido humanístico que motiva a construção de uma sociedade justa e solidária. Trata-se de um ideal exigente, mas possível, quando é buscado a partir do Evangelho de Jesus Cristo, fonte incontestável e inesgotável de valores.
         A convicção a respeito da iluminação que o Evangelho traz para se alcançarem novos rumos nas dinâmicas sociais é consolidada. Por isso, o Congresso Mundial e o Seminário Internacional são esperança na construção de caminhos para superar o corrosivo veneno que a lógica do mercado impõe à humanidade. Esses eventos são particularmente importantes para ajudar os processos de reconfiguração da sociedade brasileira, imersa em caos político e em descompassos de crises que impactam o âmbito econômico. Os resultados são conhecidos por todos: aumento do número de desempregados e de pessoas que sofrem com a miséria.
         Na pauta do Congresso Mundial e do Seminário Internacional, não estão simplesmente as taxas, juros, números, dívidas, superávits e outros conceitos que compõem o “economês”. As reflexões incidem sobre a responsabilidade de empresas, governos e sociedade civil, reafirmando a importância e a urgência de todos trabalharem para construir o bem comum. Nessa tarefa, o papel do empresário e do dirigente de empresa é determinante, pois a iniciativa econômica é expressão da inteligência e da exigência de responder às necessidades da humanidade de modo criativo e colaborativo.
         À luz dos valores cristãos do Evangelho de Jesus Cristo é buscar, juntos, as soluções mais adequadas para se responder às necessidades dos cenários sociais e políticos. Inquestionável é a importância da participação de empresários e dirigentes de empresas na superação das muitas crises. Esses líderes ocupam lugar estratégico no coração das redes que abrangem aspectos técnicos, comerciais, financeiros e culturais. Por isso, a importância de cultivarem valores humanistas. É justamente a falta de referências que gera descompassos e sofrimentos – como a corrupção endêmica que fere a sociedade mundial e brasileira – com impactos mais graves na vida dos pobres. Valores cristãos são remédio para a corrupção. Possibilitam um horizonte de compreensão sempre novo e corajoso, inteligente e humanitário no apoio aos projetos, grandes e pequenos, que estimulam novas experiências humanitárias e democráticas.
         Não há outra fonte inspiradora mais completa e inesgotável que o Evangelho. Conhecê-lo e vivenciá-lo é uma experiência de grande impacto. É preciso coragem e disposição para aprender e praticar os valores que brotam dessa fonte. Os resultados serão imediatos e com força revolucionária capaz de modificar cenários, levar ao alcance de metas que efetivarão o sonho de sociedades mais democráticas, civilizadas e solidárias. Investir nos valores do Evangelho é caminho para que parâmetros humanísticos se desenvolvam com velocidade.
         Nesse urgência de se construir uma nova sociedade, o papa Francisco faz sábia advertência, na sua Exortação apostólica à alegria do Evangelho: “A dignidade de cada pessoa humana e o bem comum são questões que deveriam estruturar toda a política econômica”. Somente assim é possível promover um verdadeiro desenvolvimento integral. Para isso, é imprescindível o horizonte espiritual e humanístico do Evangelho de Jesus Cristo, capaz de despertar, em cada empresário, o compromisso de viver a sua vocação. O papa ensina que a vocação do empresário é “uma nobre tarefa, desde que se deixe interpelar por um sentido mais amplo da vida; isto permite-lhe servir verdadeiramente o bem comum com o seu esforço por multiplicar e tornar os bens deste mundo mais acessíveis a todos”. Eis a inteligência e a possibilidade de se alcançarem as respostas necessárias: reconhecer a importância indispensável de se aproximarem Evangelho e empresários.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 350,79% ao ano; e mais, também em agosto, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,52%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  
     


  

                

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