“O
conhecimento espiritual ajuda
a iluminar e a redimir a vida
A flor
dos campos, que desabrocha, oferece generosamente sua beleza e seu perfume sem
outra finalidade a não ser a de doar-se ao Criador. O canto do pássaro e o
rumor do mar, que outra coisa são senão um permanente ofício divino? Nós, seres
humanos, cremos sempre ter outras coisas a fazer, coisas mais importantes do
que glorificar o Criador.
O
despertar espiritual não nos leva para fora deste mundo, mas nos ajuda a
iluminar a estância terrena, e a redimi-la. Quando se percorre um caminho
perigoso pela vida terrena, abandona-se tudo o que é inferior e parte-se em
busca do Cosmos. Nesse caso, o exercício espiritual, por meio dos caminhos de
uma Lei Maior, divina, levará o homem ao despertar.
A
essência do despertar é trazer luz à obscuridade, é transformar ignorância em
conhecimento, é colaborar com o processo de redenção do planeta, é servir à
Luz. Só os renascidos podem despertar. O verdadeiro poder é somente aquele que
se tem sem que se o imponha. Enquanto o homem prosseguir usando o poder
próprio, continuará a ser escravo dele e continuará impotente, como é agora.
Em
geral, nem todos compreendem essas relações. Espera-se que quem desenvolver em
si certo “poder” se dê conta disso. Porém, o despertar cósmico verdadeiro
jamais pretende “compreender”, pois era o próprio tentador que, segundo a
Bíblia, queria provas visíveis. E não as recebeu.
Aqui
está a diferença entre o desertar cósmico e o esoterismo malconduzido. Enquanto
o homem continuar a ser curioso, as portas do Cosmos permanecerão fechadas para
ele.
Depois
de vivificar sua motivação, e de ter-se assegurado de que as causas das suas
ações não são nem a curiosidade, nem o poder, o indivíduo estará, então, apto a
dar os primeiros passos para o despertar cósmico.
Aqui
convém advertir sobre um ponto perigoso para toda e qualquer associação. O
ensinamento que abarca só uma partícula da realidade, e que é apresentado como
verdade salvadora única, desperdiça energias da própria evolução em burocracia,
em cruzadas e em rivalidades com os que pensam de outro modo. Sistemas
tornam-se uma meta em si mesmos e fixam o indivíduo em vez de liberá-lo de
fixações.
Cada
um de nós tem hoje uma opção a fazer. Recordamos de que, na etapa em que nos
encontramos, o caminho do Cosmos é o caminho da luz e não o da obscuridade.
O
verdadeiro conhecimento existe como ordem cósmica, interior; é a lei do
universo. Estará à disposição para nos servir até quando necessitarmos. A lei
mostra o caminho da liberdade e nunca leva o ser à dependência.
Não
será a dependência de grupos ou de mestres que nos dará a luz. Cada ser tem que
percorrer caminho sozinho. Se em seu trajeto necessitar de ajuda, esta lhe
chegará sem que ele tenha de busca-la. Para recebe-la é preciso necessitá-la
realmente.
O
despertar de uma luz interna é, para cada indivíduo, um processo singular. Se
ele transcender “as dores” que caracterizam esse momento, conhecerá a alegria
que vem depois. Há em todos uma fortaleza semioculta que assegura essa
realização. Na raiz de tal fortaleza está a essência mesmo do eu interno.
A
consciência do ser humano é infinita, pois se aprofunda e se amplia na
existência universal. Tudo o que a conduz à expansão e que a retira do
envolvimento com o mundo das formas auxilia a revelação da sua essência.”.
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de setembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 16).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de outubro
de 2015, caderno OPINIÃO, página 7,
de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente
integral transcrição:
“Evangelho
e empresários
Parece novo e curioso
relacionar o Evangelho de Jesus Cristo aos empresários, mas não se trata de
novidade. A União Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresas e a
Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas, criadas em 1931, no âmbito
internacional, e em 1961, em nível nacional, em seis estados brasileiros,
realizam, em Belo Horizonte, seu Congresso Mundial, junto do 10º Seminário
Internacional de Sustentabilidade. Empresários, políticos, construtores da
sociedade pluralista, religiosos e outros representantes da sociedade civil,
num ato inteligente e humanitário, aproximam o que é próprio do mundo
empresarial dos valores do Evangelho. O horizonte é o indispensável parâmetro
da responsabilidade social.
Ora, é
obsoleto, tirano e arbitrário produzir e negociar nos horizontes estreitos e
perversos do lucro a qualquer custo ou do consumo doentio e predador.
Responsabilidade social é escolha que aponta saídas para crises. Remete ao
sentido humanístico que motiva a construção de uma sociedade justa e solidária.
Trata-se de um ideal exigente, mas possível, quando é buscado a partir do
Evangelho de Jesus Cristo, fonte incontestável e inesgotável de valores.
A
convicção a respeito da iluminação que o Evangelho traz para se alcançarem
novos rumos nas dinâmicas sociais é consolidada. Por isso, o Congresso Mundial
e o Seminário Internacional são esperança na construção de caminhos para
superar o corrosivo veneno que a lógica do mercado impõe à humanidade. Esses
eventos são particularmente importantes para ajudar os processos de
reconfiguração da sociedade brasileira, imersa em caos político e em
descompassos de crises que impactam o âmbito econômico. Os resultados são
conhecidos por todos: aumento do número de desempregados e de pessoas que
sofrem com a miséria.
Na
pauta do Congresso Mundial e do Seminário Internacional, não estão simplesmente
as taxas, juros, números, dívidas, superávits e outros conceitos que compõem o
“economês”. As reflexões incidem sobre a responsabilidade de empresas, governos
e sociedade civil, reafirmando a importância e a urgência de todos trabalharem
para construir o bem comum. Nessa tarefa, o papel do empresário e do dirigente
de empresa é determinante, pois a iniciativa econômica é expressão da
inteligência e da exigência de responder às necessidades da humanidade de modo
criativo e colaborativo.
À luz
dos valores cristãos do Evangelho de Jesus Cristo é buscar, juntos, as soluções
mais adequadas para se responder às necessidades dos cenários sociais e
políticos. Inquestionável é a importância da participação de empresários e
dirigentes de empresas na superação das muitas crises. Esses líderes ocupam
lugar estratégico no coração das redes que abrangem aspectos técnicos,
comerciais, financeiros e culturais. Por isso, a importância de cultivarem
valores humanistas. É justamente a falta de referências que gera descompassos e
sofrimentos – como a corrupção endêmica que fere a sociedade mundial e
brasileira – com impactos mais graves na vida dos pobres. Valores cristãos são
remédio para a corrupção. Possibilitam um horizonte de compreensão sempre novo
e corajoso, inteligente e humanitário no apoio aos projetos, grandes e
pequenos, que estimulam novas experiências humanitárias e democráticas.
Não há
outra fonte inspiradora mais completa e inesgotável que o Evangelho. Conhecê-lo
e vivenciá-lo é uma experiência de grande impacto. É preciso coragem e
disposição para aprender e praticar os valores que brotam dessa fonte. Os
resultados serão imediatos e com força revolucionária capaz de modificar
cenários, levar ao alcance de metas que efetivarão o sonho de sociedades mais
democráticas, civilizadas e solidárias. Investir nos valores do Evangelho é
caminho para que parâmetros humanísticos se desenvolvam com velocidade.
Nesse
urgência de se construir uma nova sociedade, o papa Francisco faz sábia advertência,
na sua Exortação apostólica à alegria do Evangelho: “A dignidade de
cada pessoa humana e o bem comum são questões que deveriam estruturar toda a
política econômica”. Somente assim é possível promover um verdadeiro
desenvolvimento integral. Para isso, é imprescindível o horizonte espiritual e
humanístico do Evangelho de Jesus Cristo, capaz de despertar, em cada
empresário, o compromisso de viver a sua vocação. O papa ensina que a vocação
do empresário é “uma nobre tarefa, desde que se deixe interpelar por um sentido
mais amplo da vida; isto permite-lhe servir verdadeiramente o bem comum com o
seu esforço por multiplicar e tornar os bens deste mundo mais acessíveis a
todos”. Eis a inteligência e a possibilidade de se alcançarem as respostas necessárias:
reconhecer a importância indispensável de se aproximarem Evangelho e
empresários.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a
estratosférica marca de 350,79% ao ano; e mais, também em agosto, o IPCA
acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,52%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção
mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no
artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança
das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 868 bilhões), a exigir alguns
fundamentos da sabedoria grega:
-
pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e
nem arrefecem o nosso entusiasmo e
otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação
verdadeiramente participativa, justa,
ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os
projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização,
da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da
inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo
mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”