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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A CIDADANIA, A FORÇA DOS SONHOS E A UTOPIA DE MORUS


“Os sonhos podem mostrar nossa realidade com maior clareza
        
         Geralmente somos mais livres nos sonhos, de modo que eles podem colocar-nos em contato com níveis mais elevados do nosso ser, de onde podem vir orientações precisas.
         Todos os que passaram pela experiência de um sonho marcante sabem que depois de vivenciá-lo não continuaram a ser os mesmos.
         No nível da consciência de vigília, de desperto, temos a ilusão de que somos separados uns dos outros, de que somos uma coisa e o universo é outra, como algo distante e fora de nós. Todavia, um sonho pode mostrar que essa não é a realidade.
         Um sonho pode apresentar o que vem realmente do nosso lado interno, profundo, e não da nossa parte mais superficial, aparente ou racional. Num sonho, isso pode ser liberado, e então ficamos diante da realidade, vendo-a com mais clareza.
         Quanto mais nos aprofundamos nesse assunto, mais temos sonhos simbólicos, ligados a fatos não concretos, conforme costumamos pensar. Em vários casos, esses sonhos simbólicos podem ser considerados a linguagem da nossa alma, a qual não se atinge com a mente comum.
         Na vida de desperto, um mais um é igual a dois; ao passo que, na linguagem da alma, não é assim. Na vida espiritual, se interpretarmos um sonho simbólico em termos lógicos e racionais, dificilmente chegaremos a uma conclusão correta. Para sabermos o que ele está manifestando, é preciso despir-nos de toda preocupação de ver as coisas logicamente, de querer introjetar nossas ideias sobre o significado que possa ter. É preciso que nos liberemos de conceitos; do contrário, não compreenderemos o símbolo.
         Diante de um sonho, convém ficarmos imparciais, tanto ao passá-lo a outros, se for o caso, como para a nossa própria compreensão. Devemos registrá-lo com fidedignidade, com detalhes, mas sem acrescentar-lhe nada. Se me coligo em silêncio com o símbolo que vi e fico quieto, isentando-me de formar uma opinião, provavelmente outros elementos surgirão na minha consciência. Esses elementos podem ter um significado específico que emergirá de dentro de mim, não através de explicações mentais, mas de estados de ânimo que me transformam.
         Ainda que, quieto e imparcial diante do símbolo, eu não consiga chegar a conclusão alguma, não tem importância; pelo simples fato de ter ficado nessa atitude, impassível e impessoal, permito que o símbolo me transforme. Por ser ele um concentrado de energias de um outro nível, com minha atitude de imparcialidade acabo entrando em contato com a energia que traz, mesmo sem compreendê-lo.
         Se um símbolo for muito abstrato, de tal modo que meu grau de compreensão atual não me permita atingi-lo, basta eu ficar relaxado para ser tocado por sua energia. Talvez o símbolo visto ou sonhado, mais profundo o nível do qual terá vindo. Cada vez que o recordo, e que nele penso com gratidão e afeto, sou energizado e me coligo com um nível mais interno do meu ser. Tal nível está sendo representado pelo símbolo e, por isso, quando minha mente se volta para ele, sou colocado em contato com meu ser interno, na proporção em que isso pode ser feito na atual fase da minha existência.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 16 de fevereiro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de fevereiro de 2014, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, escritor, autor de O Calendário do poder (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Utopia de Morus
        
         João Paulo II consagrou, em 2000, o inglês Thomas Morus (1478-1535) padroeiro dos políticos. Fez boa escolha, considerada a ambiguidade da maioria dos políticos. Canonizado em 1935 pelo papa Pio XI e pouco conhecido por sua suposta santidade, Morus é famoso por ser autor de um livro clássico, Utopia (1516), termo que cunhou a partir do grego utopos, que significa “lugar nenhum”.
         Morus inspirou-se em Luciano, satírico grego do século 2, autor de História verdadeira , e em Erasmo, de quem era amigo, autor de Elogio da loucura (1511), que, em carta enviada a Morus, afirmou que “gracejos podem levar a algo mais sério”. É o que faz a boa literatura de nosso Veríssimo.
         Em sua obra, Morus descreve a comunidade de uma ilha onde não havia dinheiro nem propriedade privada; admitiam-se adoradores do Sol e da Lua. “Todos eram livres para praticar a religião que bem entendessem, e tentar converter as outras pessoas para a sua própria fé, desde que o fizessem traquila e educadamente, por meio de argumento racional.”
         Tinha o autor por objetivo protestar contra as injustiças da Inglaterra de sua época: pobreza generalizada, criminalidade (e apelos à redução da maioridade penal...),  pena de morte para quem furtava para matar a fome. “Vocês ingleses” – diz o narrador da Utopia – “me fazem lembrar os professores incompetentes, que preferem reprovar os seus alunos que ensinar-lhes. Em vez de infligir essas punições horríveis, seria muito mais adequado proporcionar a todos algum meio de sobrevivência, de modo que ninguém se encontrasse sob a horripilante necessidade de se tornar, primeiramente, um ladrão, e depois um cadáver.”
         Na ilha de Morus “todos recebem uma porção justa, de modo a não haver jamais pobres ou mendigos. Ninguém é proprietário de nada, mas todos são ricos – afinal, que riqueza maior pode haver que a alegria, a paz de espírito e estar livre da angústia?”
         Dois fatores fizeram Morus renegar suas antigas ideias: a Reforma de Lutero e a sua nomeação a funcionário real, em 1518. Picado pela mosca azul, o poder lhe subiu à cabeça. Logo foi promovido a “conselheiro teológico” e, em 1529, nomeado lorde chanceler de Henrique VIII.
         O que ele antes via como desejável, agora que chegara ao poder lhe parecia perigoso. Preferiu esquecer o que pregou e escreveu. Embora a comunidade da Utopia assemelhe-se ao comunismo, Morus, inimigo da Reforma, passou a atacar a vida comum dos anabatistas como terrível heresia, e tomou a defesa dos ricos proprietários de terras.
         Lorde Morus proibiu mais de 100 livros, perseguiu quem não professava a fé católica, entre os quais o teólogo protestante William Tyndale, que traduziu a Bíblia para o inglês. Segundo seu biógrafo, John Guy, Morus aplicava severamente as leis que decretava: “Vendedores de livros eram multados e presos, e seus estoques de literatura herética queimados em praça pública”, e eles obrigados a desfilar em feiras livres, cavalgando de costas, para que o povo lhes atirasse frutas podres.
         No epitáfio que cunhou para si mesmo, Morus afirmava orgulhoso ter sido um “perseguidor de ladrões, assassinos e hereges”. O último termo foi suprimido na reforma de seu túmulo, no século 19.
         Em 1533, Henrique VIII separou-se de Catarina de Aragão, apaixonado que estava por Ana Bolena. Como Roma lhe negou a anulação do casamento, a fim de legalizar seu divórcio e sacramentar o novo matrimônio perante a Igreja, o rei transferiu para si a autoridade do papa e fundou a Igreja Anglicana. Por se recusar a aceitar Ana Bolena como rainha da Inglaterra e ficar do lado do lado do papa Clemente VII, que excomungou Henrique VIII, Morus foi decapitado em 1535.
         O poder é antiutópico ou distópico por natureza? Por que, hoje, tantos que outrora elevavam sua voz contra a exploração do capital e desfraldavam bandeiras progressistas, de leões bravios tornaram-se dóceis cordeiros do rebanho neoliberal?
         Penso que o poder, devido às premências do presente, faz com que se perca a visão de futuro. E, como o poderoso tende a perpetuar-se no cargo (vide as velhas raposas da política brasileira), procura reduzir o processo histórico a seu momento pessoal. Julga-se início e fim, sem consciência de que não passa de mediador (meio) de um mandato popular.
         Daí o risco de transformar-se numa figura ridícula, sem honra biográfica, merca caricatura de suas ambições desmedidas. Em sua pobre topia, não há mais lugar para a utopia.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas  educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 639 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (transporte, trânsito, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. E ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...



          

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A CIDADANIA, A VIRTUDE DA CIÊNCIA, O SONHAR E O REALIZAR

“Sonhar e realizar

Viver com os pés na terra é uma afirmação que muita gente faz, sinceramente convencida de que sua maneira de proceder, decidir e agir é a melhor possível, a mais correta e gratificante.

Entretanto, há gente que aprende a colocar os pés na terra, porém num exíguo território, numa faixa estreita de chão, ficando ali, morando ali com seus sonhos limitados, suas ambições tolhidas, seus desejos atrofiados. A lucidez e a iniciativa em muitas dessas pessoas incide num mesmo ponto, prevalece numa única direção, desenvolve-se em torno de um mísero punhado de coisas, sempre as mesmas, como se o indivíduo vivesse trancado numa propriedade sua, mas impedido de olhar por cima do muro, através da janela ou de caminhar em frente, alcançar o portão e encarar o mundo.

É que a luta pela vida, a imposição dos deveres, o sufoco dos compromissos, a entrega tenaz e cega à missão humana e profissional de cada um deixa pouco tempo, pouca disposição ou coragem ao indivíduo, de sacudir o sistema em que vive, refletir, analisar seu íntimo, investigar seus sonhos e ambições e questionar suas opções transformadas em hábito. Com o tempo, uma tal atitude de bloqueio empobrece a criatura, despoja-a de suas riquezas mais preciosas, de seu comportamento mais positivo e, dentro de uns poucos anos, eis mais uma pessoa irremediavelmente frustrada, ressentida, irrealizada.

Viver com os pés na terra é pisar firme e forte na superfície do mundo; é escancarar janelas; é atravessar divisas; é transpor fortalezas; é olhar do outro lado; olhar longe; é caminhar e conhecer; é saber assumir o desconforto e o receio; é balançar o coreto do comodismo e, acima de tudo, é definir o que o coração pede, o que a mente deseja, o que os sonhos sugerem. Ninguém pode gabar-se de viver com os pés na terra, ocupando apenas alguns centímetros do chão, um chão do tamanho da sola dos pés, chão pisado, obscuro, massacrado por um peso hirto, um peso imóvel, estático e escravizado à rotina imutável.

Viver com os pés na terra é percorrer distâncias, sejam elas geográficas ou práticas, porque viver em estado de vigília e lucidez é saber usar a vida que Deus concedeu a cada um de nós. Quem se deixa conduzir pela rotina, o marasmo – perde chances, oportunidades e esperança.

Quanta gente compromete seus sonhos, seus anseios, seus castelos, seus lirismos e se torna impregnada de amargura, de tristeza, revolta e ressentimento. Isso ocorre pelo fato de o indivíduo privar-se das coisas que sua estrutura reclama e aceitar outras que sua personalidade repele. Ninguém pode viver exclusivamente trabalhando, perenemente mergulhado num programa de atividades desgastantes, desdobrando-se entre tarefas exigentes – tudo sem lazer, sem pausa, sem um pingo de concessão a si mesmo, seja em que sentido for. O pior, talvez, nem seja a aceitação de disciplina férrea, de responsabilidades incessantes, mas a negação daquilo que o íntimo de cada um estabelece como desejo de seu coração.

Não existe nada tão maléfico ao ser humano, tão negativo, tão pernicioso, como o estado de frustração. Acontece mesmo que, em inúmeros casos, essa frustração não decorre de situação econômico-financeiro, falta de oportunidade de buscar alterações, mas justamente das viseiras que, sem querer, as criaturas criam para si mesmas. E, de tanto usá-las, não conseguem ver o mundo em torno, alcançar horizontes, enxergando tudo estreito, contínuo e imutável.

Os sonhos que se têm, devem ser analisados, dissecados, avaliados, respeitados, devem ser realizados. Esse empenho é o único gerador do estímulo que nada destrói: nem pessoas, nem incidentes, nem tristezas a que todos estamos sujeitos. Saber conceder a si próprio aquilo que representa um desejo real, imperioso e antigo, é o mesmo que renovar todas células do corpo e todas as faces da alma.”

(IVONE BORGES BOTELHO, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de janeiro de 1981, na coluna Seu Lar e Você), página 2).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA e PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 2 de julho de 1978, Caderno OPINIÃO, de autoria de PEDRO MACIEL VIDIGAL, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“A virtude da ciência

“Todos os homens desejam saber”, afirmava Aristóteles no Livro I de sua Metafísica.

Na verdade, se o maior dos males é a ignorância, o maior dos bens é a ciência, que para ser adquirida custa grande trabalho, visto que não dorme em colchão de mola. Quanto a este particular, um poeta escreveu: “Non jacet in moli veneranda scientia letho”.

Conhecendo o justo e o injusto, o falso e o verdadeiro, quem estuda é admirado pelo ignorante. Por isso, Aristóteles escreveu a seu discípulo Alexandre que muito mais domina a alma de um Príncipe com a ciência, do que com um corpo coberto de galas. Este ensinamento o filósofo aprendera de seu mestre Platão, que advertia ser feliz somente o reino governado por sábios.

A História registra que Alexandre tirou notável proveito da doutrina do seu mestre e muito se dedicou ao estudo das letras. Assim pôde atrever-se a conquistar o mundo, mais armado com o que havia aprendido de Aristóteles do que com as riquezas e povos herdados de seu pai Felipe.

Bem entendeu Salomão o quanto lhe era necessária a ciência para bem governar o seu reino, quando Deus lhe aparecera em Gabaon, permitindo-lhe pedir as graças e mercês que quisesse.

Diz a Sagrada Escritura que Salomão não pediu a Deus longa vida, nem felicidade na saúde, nem um vasto império, nem grande riqueza, mas ciência, só a ciência, a fim de poder distinguir o justo do injusto. Consta na Bíblia que Deus lhe concedera a graça de tal sabedoria, que não houve quem antes dele lhe pudesse ser comparado.

Em um de seus epigramas, Auduenus advertiu aos Príncipes que é muito danosa a ignorância para o governo de um reino. “Labitur indoeto populus sub Príncipe, sicut/Prae capitis titubant ebritate pedes”.

Ao estudo das letras devem César a glória, que teve na força de suas palavras, e Tibério, na ponderação; Claúdio, na suavidade, e Adriano, na brandura. Mais pela cultura, que possuíam, do que usando outros recursos, foi que Licurgo, Pisístrato e Agesilau subiram a Reis de Lecedemônia. Os persas só elegiam para Rei o mais sábio. Enquanto conservaram este processo de escolha, prosperaram, floresceram. E, logo que o abandonaram, entraram em um longo período de decadência.

Basílio, rei da Sicília, se entregava tanto ao estudo das ciências, que houve quem chegasse a adverti-lo que estava faltando às obrigações do seu ofício. A sua resposta foi esta: “Não posso ser Rei sem ser sábio. E a troco de ser sábio, deixarei de ser Rei”. Certamente havia aprendido, de Sócrates, que não eram Reis e Príncipes aqueles que empunhavam os cetros, mas os sábios que sabiam governar bem. Segundo Aristóteles, governa bem aquele que sabe e conhece o que importa para um bom governo. Foi ele mesmo que, certa vez, disse que será feliz e bem afortunada aquela Cidade ou aquela República que os sábios governarem.

Só é apto para a direção do governo, quem tem perfeito conhecimento dele.

Cícero declarou que, com a sabedoria, passam as cousas de boas a melhores, e as ruins se emendam e se tornam boas: “Quae bona sunt, fieri meliora possunt doctrina, et quae non optima, aliquo modo corrigi possunt”.

Não é de hoje que todo o compêndio da felicidade está na cultura das letras. Nelas o pobre acha riquezas; o rico, honra; e o velho, recreação: “Philosophia ad omnem fortunam parat, pauperibus divitias, divitibus ornamentum, senibus oblectamentum” (Lúcio Floro).

É a ciência guia da vida, pregoeira da verdade e destruidora dos vícios: (“Scientia est vitae ductrix, veritatis indagatrix, vitiorum expultrix” (Cícero).

Não há ciência que não traga consigo, anexa, a honra. “Nulli discipline sui honores desunt” (Erasmo). Não há ciência que não traga após si a riqueza: “Si fuieres sapiens. Craessi superaveris aurum;/Nam sapiens nullo tempore vivit inops”. (Erasmo).

São as ciências, riquezas que sempre duram com igual estimação.

São delícias que nunca encontram desgostos. São alegrias, que nunca finalizam em tristezas. São gostos que nunca se avizinham com os pezares.

Com a abundância, as riquezas perdem a estimação. Creso as arrojou ao mar. Nidas, farto do ouro, as aborreceu. E as ciências, quanto mais se acumulam, mais o desejo arrebatam. Os prazeres chegam a causar tédio. Mas as ciências sempre ao apetite provocam e ao entendimento dão gosto. Quanto mais sabemos, maior o nosso desejo de saber mais.

Nada há mais vizinho do prazer que o pesar. Nada há nas ciências, que não recreie. Nada se inculca nelas, que não agrade. As honras, quanto maiores, tanto mais pesadas. São as ciências, quanto mais excelentes, mais sublimes.

As ciências nunca enfadam, nunca aborrecem. Quanto mais se sabe, mais se deseja saber. Sêneca recomendava que se devia estudar, não para saber muito, mas para viver bem: “Stude non ut plus aliis scias, sede ut melius fias”

Da perseverança nas boas e interessantes leituras ou nos sérios estudos se tiram grandes e muitos proveitos. Em todas as cousas, a continuação produz efeitos.

Com certeza, o leitor conhece aqueles dois versos em que Ovídio fala: a gota cava a pedra, não pela violência, mas caindo muitas vezes, assim o homem se faz sábio, não à força, mas sempre lendo ou estudando “Gutta cavat lapidem, non vi, sed saepe cadendo; Sic homo fit sapiens, non vi, sed saepe legendo”

Quando não for possível a aquisição de livros por causa do seu alto preço, qualquer homem poderá conseguir bons e até profundos conhecimentos, perguntando o que não sabe a quem possui cultura humanística ou filosófica, cientifica ou teológica, em grau elevado.

Santo Agostinho se confessava preparado para aprender ainda que fosse de um menino. E o papa Pio II, quanto mais duvidava, mais perguntava e ficou sabendo muito.

Torpe e vergonhoso é ignorar o que a todos convém saber.

É claro que o estudo nunca deve ser feito para vanglória ou superestimação de quem quer que seja. Pois o muito estudo muito humilha a quem estuda. Quanto mais aprendemos com o estudo, mais se dilata o horizonte da nossa ignorância. Por mais que saibamos, sabemos poucas cousas. E ficamos na certeza de que a nossa ciência é como a gota d’água diante do mar da nossa ignorância.

Nas letras, o ignorante acha misteriosas luzes para a sua cegueira e o prudente novos reforços para a sua sabedoria.

Da famosa encantadora Circes se conta que, com suas mágicas bebidas, transformava homens em animais. A virtude da ciência opera o contrário, de maneira prodigiosa: “In porcos homines mutarunt pocula Circes; Ex porcis homines docata Sophia facit”.

“Vai tanta diferença entre um homem sábio e o ignorante, quanta vai da luz à sombra” (Ecclesiastes, cap. I).

Entre os mais homens, o sábio é o primeiro, como é o comandante no avião, o general no exército, a unha no corpo.

A maior excelência que o pode ter é saber. Pelo saber, se faz mais semelhante a Deus.”

Eis, pois, mais RICAS e PROFUNDAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, entre outros, para o GIGANTESCO DESAFIO de se ter POLÍTICAS PÚBLICAS que primam e ANCORAM a EDUCAÇÃO como PRIORIDADE ABSOLUTA de GOVERNO e da SOCIEDADE...

Portanto, são RAZÕES como essas que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CULTA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012, a COPA DA CONFEDERAÇÕES DE 2013, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...