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segunda-feira, 7 de maio de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A RESTAURAÇÃO DA ÉTICA CORPORATIVA E A LUZ NO CUIDADO E FRUIÇÃO DOS SANTUÁRIOS DE MINAS NA SUSTENTABILIDADE


“Fraude corporativa: além do e-mail e do WhatsApp
        Há 13 anos, a Justiça alemã constatou que a Siemens, gigante de tecnologia, era parte de uma rede internacional de distribuição de subornos que incluía também o Brasil. Calcula-se que o caso acabou custando a uma das empresas de maior prestígio na Alemanha cerca de 2,5 bilhões de euros, ou seja, mais de R$ 8 bilhões.
         De 2005 até os dias de hoje, com o escândalo mais recente que envolveu a Odebrecht, o maior grupo da construção da América Latina, as formas de combate ao crime vêm se sofisticando e o fraudador vem tomando maiores cuidados com o passar do tempo e a partir do uso constante da tecnologia. Nesse sentido, podemos considerar que investigações e fraudes corporativas figuram quatro momentos diferentes.
         Tendo como marco importante a Lei Anticorrupção (Lei 12.846/13), que passou a valer a partir de 2013 e que dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, a primeira fase ocorreu antes dessa legislação entrar em vigor. Na época em que não havia uma norma jurídica que desse conta das fraudes, as ações de combate eram apenas reativas, e não preventivas, e realizadas por escritórios não especializados em investigação.
         Com a entrada em vigor da lei no ordenamento jurídico brasileiro, as firmas de investigação começaram a se consolidar no mercado. Nesse período, começa-se a pensar em prevenção de fraudes e surgem os primeiros programas de compliance nas companhias estrangeiras sediadas no Brasil. Contraditoriamente, as empresas brasileiras ainda estavam resistentes à aplicação da Lei 12.846/13.
         Num terceiro momento, entre 2014 e os dias atuais, temos como referência o início da Operação Lava-Jato – que investiga um esquema bilionário de desvio e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras, empreiteiras e políticos –, ainda com ações fortemente reativas, mas com o objetivo de estabelecer padrões de prevenção com equilíbrio entre investigações internas e externas. Na realidade atual, vimos finalmente programas de compliance ganhando corpo e entrando finalmente em fase de maturidade no Brasil.
         Diante desse cenário, podemos vislumbrar que, no futuro, nas ações de combate e de resposta a incidentes de fraudes, haverá um equilíbrio entre prevenção e reação e o fortalecimento ainda maior da maturidade de compliance com as empresas aptas a responder às demandas que surgirem. Podemos apostar que o tema fraude corporativa irá fazer parte permanente da agenda da auditoria externa e da pauta dos comitês de administração e de auditorias das empresas. Sendo assim, a revisão de documentos dará lugar ao apoio das ferramentas de tecnologia da informação, sendo implementadas de forma combinada e cruzada com o conhecimento contábil, o que terá papel importante e será um diferencial desse processo. Surge aqui a importância do uso de dados e análises e da inteligência artificial como parceiros na identificação de transações suspeitas, relação de conflito de interesses, entre outros.
         Frente a um ambiente corporativo cada vez mais complexo e de fraudadores ainda mais especializados, com práticas sofisticadas que vão além da troca de mensagens por e-mail e pelo WathsApp, as investigações terão que aprender a navegar nesse universo para trazes as respostas, que se espera, num futuro bem próximo.”.

(MARCELO ALCIDES C. GOMES. Sócio da área de Strategic & Compliance Risk da KPMG, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de abril de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Os santuários de Minas
        Minas Gerais é uma terra de santuários. É urgente enxergar e compreender a realidade desse estado que hospeda importantes lugares sagrados, merecedores de respeito e adequado tratamento, exigindo nova mentalidade e o repúdio a interesses pouco altruístas. Há uma luz que precisa brilhar para se enxergar essa realidade. Essa luz é a consciência cidadã, fundamental para que todos os segmentos da sociedade mineira saibam cuidar bem do tesouro tricentenário forma pela cultura e o patrimônio sociopolítico de Minas. Um tesouro tão maltratado pela corrupção e pela mediocridade de líderes que deveriam representar o povo. Eis aqui o urgente desafio: a sociedade mineira precisa cultivar a ampla visão capaz de priorizar o desenvolvimento integral do estado, com qualificado tratamento de toda essa imensurável riqueza.
         Esse tesouro está nos territórios de Minas, que ao serem reconhecidos como santuários, conseguem vencer as “bitolas estreitas”, impedindo, assim, que o estado mineiro fomente as mudanças tão necessárias ao país. Por isso é preciso que se faça, antes, justiça ao seu riquíssimo e diversificado patrimônio de tradições imateriais, incluindo as diferentes culturas que, singularmente, compõem as muitas Minas. Destacam-se ainda os santuários ambientais, de inestimável valor, que exigem adequados discernimentos em cada uma de suas microrregiões. Os muitos e diferentes biomas reunidos em todo estado não podem ser devastados pela insanidade da ganância e do lucro. Um risco sempre presente em razão de miopias. Há urgência de se estabelecerem marcos regulatórios diferentes dos tendenciosos e que não ofereçam respaldo legal a atitudes fora dos parâmetros de uma ecologia integral.
         O adequado tratamento dos santuários de Minas é ponto de parte para a constituição de novas práticas, capazes de incidir nas ações políticas, nas relações sociais e nas iniciativas religiosas. Um tempo diferente que possa acabar com as dispersões do povo mineiro, que o fragilizam, incapacitando-o para perceber o próprio valor. Sem a consideração da importância de seus santuários, os mineiros se habituarão, cada vez mais, a valorizar o que “é de fora”, de outros lugares. Mas o patrimônio de Minas Gerais é tão valioso que, mesmo diante de tantas atitudes absurdas que levaram – e ainda levam – a graves perdas, continua a reunir riquezas inestimáveis. Percebe-se, pois, que são muito importantes novos parâmetros éticos e regulatórios, para evitar tragédias a exemplo da que ocorreu em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, até hoje sem medidas suficientes para minimizar o sofrimento da população, os danos à natureza e ao patrimônio histórico-cultural.
         Pelo bem do povo mineiro, além do cumprimento das regulamentações vigentes, são imprescindíveis legislações capazes de proteger o território do estado. Sem essas medidas necessárias e urgentes, Minas continuará a conviver com a possibilidade de novas tragédias provocadas pelo insaciável apego ao lucro, que alguns fazem questão de cultivar. E o povo mineiro permanecerá convivendo com cenários de exclusão e pobreza, uma imposição amarga às pessoas que vivem sobre um chão tão rico. Minas são muitas e cada uma é um santuário ecológico, sociopolítico e cultural, com suas singularidades, que precisam estar integradas e preservadas para que seja alcançado o desenvolvimento integral.
         A valorização desse patrimônio mineiro – de norte a sul, de leste a oeste, incluindo a região central do estado – significa, entre outros aspectos, parar de negociar frações do território de Minas como se fossem pedaços de lugares sem importância. Os santuários de Minas são inesgotáveis minas de valores que sustentam a cultura do estado, tão importante para o contexto nacional. Por isso, cada região deve ser tratada adequadamente, com o devido reconhecimento de suas necessidades – nos campos da infraestrutura, da educação, entre tantos outros. Merecem atenção especial a cultura e a religiosidade do estado, que detêm a força para alavancar o desenvolvimento integral e superar a violência.
         Todo cidadão mineiro precisa compreender: cada um dos territórios de Minas, assim como as famílias que os habitam, constituem santuários. Lugares de vivências e dinâmicas que geram a união e a partilha de responsabilidades. São, pois, força educativa existencial exemplar. Minas é ainda um conjunto de santuários da religiosidade, com enraizamentos profundos, verdadeiros tesouros que demandam dedicação e qualificação dos que professam a fé cristã católica. Nos santuários mineiros da religiosidade está o maior acervo sacro e barroco nacional, que nutre um patrimônio imaterial alicerçado nas tradições, instrumento indispensável para edificar uma sociedade mais solidária e fraterna.
         Muitos são os santuários de Minas e todos, igualmente, requerem responsabilidades e competências no seu tratamento. É necessário conhecê-los para fomentar o sentido de autoestima e pertencimento de seu povo, vetores que qualificam a cidadania. Nesse rico conjunto, merece especial atenção e acompanhamento o Santuário Estadual Nossa Senhora da Piedade, padroeira do estado de Minas Gerais. Há 250 anos, o santuário recebe peregrinos e há quase 60 é considerado o coração de Minas, com o reconhecimento oficial de que Nossa Senhora da Piedade é a padroeira do estado. O fluxo crescente de peregrinações comprova sua importância. E entre as singularidades do santuário da padroeira de Minas, destacam-se seus bens culturais, históricos e arquitetônicos.
         De modo especial, o Santuário da Piedade é um patrimônio ambiental singular, nos seus mais de 1,2 milhão de metros quadrados, com fauna e flora dos biomas mata atlântica, cerrado e campos rupestres. É, assim, um jardim botânico e, ao mesmo tempo, um museu ambiental a céu aberto, dom de Deus na magnificência de sua criação. Merece, pois, a atenção de todos os mineiros, especialmente de quem mora em suas proximidades, para acompanhar as movimentações de mineradoras e combater interesses meramente financeiros, com certos respaldos legais que precisam ser repensados. Pensando nesse santuário mineiro, que é herança de cada pessoa, a Arquidiocese de Belo Horizonte instituiu a Associação para o Desenvolvimento Regional Integral (Aderi), que, entre suas finalidades, assume a tarefa de contribuir com projetos de caráter ambiental, promovendo a defesa de direitos sociais relacionados ao meio ambiente.
         Há uma verdadeira “guerra surda” em curso. O povo, os devotos, religiosos e igrejas, segmentos todos que reconhecem a importância dos santuários mineiros, são convocados: aproximem-se do Santuário da Piedade, criando uma rede de proteção que se transforme em paradigmas de um tempo novo marcado pela defesa dos muitos santuários de Minas.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 333,9% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 324,1%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em março, chegou a 2,68%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.







sexta-feira, 20 de abril de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS EXIGÊNCIAS DA ÉTICA NA ECONOMIA E OS GRAVES DESAFIOS DO ENSINO SUPERIOR NA SUSTENTABILIDADE


“Atenção aos crimes econômicos
        Pesquisa sobre econômicos e fraudes, divulgada recentemente pela PwC, que ouviu mais de 7,2 mil entrevistados em 123 países, revela que metade das empresas brasileiras sofreu algum tipo de crime econômico nos últimos dois anos, e 7% delas relataram prejuízos acima de US$ 50 milhões. Em 2016, apenas 12% das companhias nacionais foram vítimas desses crimes.
         O aumento dos casos pode estar relacionado à maior percepção e compreensão do que é um crime econômico e, por consequência, sua identificação e acompanhamento. Tanto a sociedade quanto os órgãos reguladores estão exigindo mais transparência nas informações divulgadas e controles eficientes para prevenção e detecção de fraudes e crimes econômicos.
         Os prejuízos decorrentes de crimes econômicos são muitos e impactam sobremaneira os negócios. A prática afeta o moral dos colaboradores, as relações comerciais, a reputação e a força da marca, as relações com órgãos reguladores e os preços de ações, no caso de companhias abertas. Entre os principais tipos de crime estão as fraudes em compras (34% no Brasil e 22% no mundo), suborno ou corrupção (26% no Brasil e 25% no mundo) e crime cibernético (22% no Brasil e 31% no mundo). Percebe-se um esforço na fiscalização, bem como adoção de novas normas regulatórias ou inspeções relacionadas à lavagem de dinheiro, por exemplo. No Brasil, 62% das empresas passaram por alguma ação ou inspeção nos últimos 24 meses, 34% a mais do que em 2016. O empenho na fiscalização está relacionado com os recursos existentes nos órgãos fiscalizadores. A recente Lei Anticorrupção brasileira também colabora para isso.
         No entanto, a mentalidade ainda está muito voltada à ação reativa. Somente 54% das organizações no mundo fizeram uma avaliação geral do risco de fraude ou crime econômico nos últimos dois anos, sendo que menos da metade delas realizações avaliação quanto à vulnerabilidade a ataques cibernéticos. Menos de um terço avaliou áreas críticas, com risco significativo de suborno, corrupção e lavagem de dinheiro.
         Para combater crimes econômicos, muitas empresas fortaleceram seus controles internos e ampliaram programas de denúncias. A maior parte das organizações mantém as lideranças cientes dos crimes mais graves para os negócios: 97% dos casos foram levados ao conhecimento da diretoria ou líderes de governança no Brasil, contra 91% na amostra global.
         Para fortalecer o ambiente de controles internos, algumas ações devem ser realizadas. O conselho de administração e os executivos precisam dar o tom para a organização, as organizações devem fortalecer a cultura organizacional quanto à gestão de riscos, ética e compliance, com a conscientização dos colaboradores e aumento do incentivo à denúncia de práticas inapropriadas.
         Também é fundamental que as organizações invistam nas pessoas e não somente em tecnologia, com o objetivo de gerenciar o triângulo da fraude: incentivo/pressão, oportunidade e racionalização. Por último, a administração precisa realizar um trabalho detalhado para a identificação dos riscos, sem deixar de lado a missão, a visão e os valores da organização.”.

(ALEX FREITAS. Sócio da PwC Brasil, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de abril de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de ANDREA RAMAL, educadora, consultora em educação e doutora em educação pela PUC Rio, e que merece igualmente integral transcrição:

“Ensino superior no fundo do poço
        O Brasil investe quase quatro vezes mais no ensino superior do que na educação básica, ao contrário do que ocorre na maioria dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). No ensino fundamental, enquanto a média dos países da OCDE é de US$ 8 mil/ano por estudante, nós não chegamos a US$ 4 mil. No ensino superior, o investimento por aqui ultrapassa os US$ 11 mil/ano por estudante, valor superior ao praticado na Itália, República Tcheca e Polônia.
         Ainda assim, a rede pública de universidades padece. São 300 campi, de 63 instituições, em situação crítica que, ano a ano, vêm se deteriorando, sobretudo por problemas de gestão. Há pelo menos três anos é realizado um forte contingenciamento de despesas, o que tem levado essas instituições a reduções continuadas de orçamento. Além dos atrasos em contas básicas, como água, luz, segurança e limpeza, são incontáveis as perdas com a falta de investimentos em novos equipamentos e na manutenção e modernização das suas estruturas. Essa situação afeta 2 milhões de estudantes.
         Para a maior parte dos alunos universitários brasileiros, a opção é a rede particular, que hoje conta com 6 milhões de matrículas nos cursos de graduação. O aumento exponencial de instituições de ensino, por todo o território nacional, se deu no momento dos incentivos do governo federal, sobretudo pelo programas Fies – Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior. Atualmente, porém, elas enfrentam sérias dificuldades.
         A primeira delas é a evasão. A precariedade da formação inicial faz com que os jovens saiam do ensino médio com sérias deficiências e imensa dificuldade para interpretar textos, relacionar dados e acertar contas simples. Essas competências fazem falta nos cursos superiores, a tal ponto que as instituições são obrigadas a criar disciplinas de nivelamento das turmas, ensinando conteúdos que deveriam ter sido aprendidos na escola. Muitos estudantes acabam abandonando os cursos logo no primeiro ano. Turmas inicialmente cheias começam a ficar pequenas, o que representa menos receita, não necessariamente com menos custos.
         Ao mesmo tempo, com a redução de verbas federais, o mercado se tornou ainda mais competitivo. Enquanto alguns poucos se diferenciam pela qualidade, outros entram numa feroz guerra de preços. Deparamos com cursos que têm mensalidades em torno de inacreditáveis R$ 40. Ou seja, um curso com duração de quatro anos, em tese, pode ser pago integralmente por menos de R$ 2 mil, praticamente o que custa um mês de estudos numa universidade de elite.
         Essa estratégia, que tem como principais objetivos dominar o mercado, evitar o surgimento de competidores e impedir o crescimento da concorrência, não parece sustentável. De fato, isso se reflete na queda da qualidade do ensino, com professores mal remunerados, salas de aula e laboratórios ultrapassados, infraestrutura deficiente. Em algumas instituições, o material didático, composto de apostilas, é criado por profissionais que se limitam a resumir o que seria um conjunto de ideias essenciais de autores. Uma prática simplista e que não pode trazer bons resultados. Afinal, como é possível formar profissionais de excelência se não há o contato com textos originais, fontes e teorias de ponta?
         Em paralelo, vem crescendo o número de cursos de educação a distância. Eles já chegam a quase 3 mil. Isso porque nos últimos anos o Ministério da Educação vem apostando fortemente na flexibilização das regras para essa modalidade. O acompanhamento e a avaliação da qualidade por parte do próprio MEC, no entanto, deixam a desejar. As instituições não investem como deveriam em material on-line especializado e em métodos de interação e tutoria. Os resultados incluem avaliações desastrosas no Enade, o exame que mede os conhecimentos dos graduados de cada faculdade.
         Um problema adicional é a queda do nível de exigência de muitas das instituições. Como reprovar pode significar perder alunos e a receita das mensalidades, a régua se torna baixa. Falta rigor nos processos de avaliação e aprovação. Em consequência, essas faculdades jogam anualmente no mercado um enorme grupo de profissionais certificados com uma espécie de “diplomas de areia”, que se dissolvem no primeiro desafio prático no mercado de trabalho. Isso contribui para aumentar o número de desempregados e de pessoas que precisam recorrer a profissões com menos exigências acadêmicas.
         Essa situação dramática precisa ser tratada o mais rapidamente possível. As soluções envolvem uma série de ações. Uma medida importante é o aumento do rigor nas avaliações realizadas pelo Ministério da Educação, incluindo a retomada das visitas rotineiras de avaliadores. Aprimoramento da gestão, na rede pública, é condição para sair do fundo do poço. Quanto ao processo de aprendizagem, a didática do ensino superior também precisa melhorar. As instituições devem se voltar para as metodologias ativas, como fazem os países de alto desempenho em educação, ensinando o estudante a aprender e usando estratégias diversificadas e materiais didáticos de qualidade. E, para não voltarmos a ter um ensino superior que seja um privilégio, é fundamental melhorar a qualidade da educação escolar.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 333,9% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 324,1%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em março, chegou a 2,68%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 517 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





    

segunda-feira, 11 de abril de 2016

A CIDADANIA, OS CAMINHOS DA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES E A LUZ NA SUSTENTABILIDADE

“Anticorrupção nas empresas
        A governança corporativa tem tido saltos no país desde a aplicação da Lei Anticorrupção (Lei 12.846/2013), com vigência há mais de dois anos. Os escândalos envolvendo grandes empresas pelo mundo devido à fragilidade de seus processos estão, cada vez mais, aquecendo os serviços de programas de integridade. Conhecido também como plano de compliance, os projetos vinham sendo ineficazes nas corporações do Brasil até a chegada das investigações da Operação Lava-Jato. Em Minas Gerais, as bancas de advocacia têm percebido aumento nas demandas relacionadas aos programas e se especializado na criação deles.
         O aumento foi percebido a partir do início da investigação da Petrobras. Clientes têm nos procurado para realizarmos as devidas medidas para a incorporação e melhoria de planos de integridade para realizarem ou se resguardarem de grandes contratos comerciais. O programa de integridade é um conjunto de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de códigos de ética e conduta, políticas e normas com o objetivo de detectar e acabar com desvios, fraudes e atos ilícitos cometidos contra a administração pública, nacional ou internacional. Sendo parte de decreto federal aprovado em março de 2015, o plano está em consonância com a Lei Anticorrupção e tem o objetivo de regulamentar, no âmbito federal, a responsabilização administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública. Entre os pontos citados, estão: processo administrativo de responsabilização (PAR), investigação, instauração do PAR, acordo de leniência, programa de integridade, Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis) e Cadastro Nacional de Empresas Punidas (CNEP). É preciso que grandes e pequenas empresas tenham em vista a importância da implantação de programas de integridade para garantir boa governança e evoluir o nível de maturidade empresarial do país. Infelizmente, ainda são poucas as empresas que aderiram à lei, visto que muitas organizações só procuram fazê-lo em caso de algum evento interno ou externo, e não de forma preventiva. A Lei Anticorrupção prevê atenuar penalidades e até oferecer vantagens caso as empresas tenham em execução programas de integridade. Na esfera administrativa, a empresa pode ter multa de até 20% do faturamento bruto ou até R$ 60 milhões, quando não for possível calculá-lo. Na esfera judicial, pode haver perdimento de bens, suspensão de atividades e dissolução compulsória, proibição de recebimentos de incentivos, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas por prazo indeterminado.
         A visão dos empresários não pode estar apenas focada nas penalidades, mas na consciência de que esses programas podem garantir realizações íntegras de negócios e o acesso a mercados de financiamentos e grandes contratos de serviços. Assim, grandes e pequenas corporações podem continuar suas atividades e permanecer ajudando a economia do país com integridade e ética.”.

(ARTHUR GUERRA. Advogado especialista em Lei Anticorrupção do S.A. Guerra e Fernandes Advogados, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de março de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 8 de abril de 2016, mesmo caderno, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Aproximar-se da luz
        O desafio de aproximar-se da luz é apresentado por Jesus no contexto de seu diálogo com Nicodemos, quando o Mestre indica a necessidade de nascer novamente. Nicodemos até pergunta, curioso, como é possível alguém nascer de novo se já é velho. A possibilidade desse recomeço, indica Jesus, depende de coragem e de disposição para se aproximar da luz, indiscutível referência a uma fonte inesgotável de valores morais e éticos. No diálogo entre Jesus e Nicodemos, o Mestre afirma categoricamente que quem pratica o mal odeia a luz porque não quer que as obras más sejam denunciadas. Renascer ou recomeçar é ter coragem de aproximar-se da luz para que seus raios iluminem as trevas. Para isso, é preciso buscar a verdade que liberta.
         Hoje, essa procura é urgente diante da gravíssima crise de valores. Clara é a convicção de que não se dará rumo novo à sociedade se não houver vigoroso investimento em energias morais. A cultura do descartável justifica certa permissividade de só considerar como aceitável o que proporciona satisfação imediata. As instituições, como escolas, igrejas, Estado e família, são substituídas por outras referências na regulação moral e ética. Torna-se cada vez maior a sedução provocada pelo dinheiro, idolatria que arrebata e corrompe líderes políticos, construtores da sociedade, cidadãos. Isso provoca decepções diante da descoberta de inverdades dos que mostram uma face e, na realidade, têm outra, oposta àquela inicialmente apresentada. As relações econômicas incidem forte e determinantemente na subjetividade e, assim, a hegemonia da posse e do consumo obscurece consciências, produz uma visão de mundo equivocada e pouco humanística. Com isso, gostos absurdos, incompetências e polarizações expulsam dos cenários sociais e políticos figuras merecedoras de confiança.
         Sem densidade para ancorar cidadanias, a cultura contemporânea torna-se incapaz de sustentar processos nos parâmetros da justiça, nos horizontes da solidariedade e da verdade. Prevalece a ditadura de opiniões pouco fundamentadas. São buscadas saídas a partir da abominável execração do outro, ápice da imoralidade e da falta de ética. Verifica-se a falta de alicerce para a prática política, essencial na sociedade. Sem conseguir cumprir a sua missão, a ação política torna-se palco de comércios, barganhas, meio para usufruir do dinheiro público. Os males que sustentam as crises precisam ser conhecidos e tratados adequadamente para debelar seu efeitos nocivos. Uma política sem qualidades humanísticas e cidadãs corrói, vergonhosamente, os direitos sociais. O respeito a esses direitos e conquistas deve ser parâmetro para avaliar a correção dos exercícios partidários e da cidadania em geral.
         A desconsideração dessa referência explica o sucateamento de campos estratégicos, como educação e infraestrutura. Também influencia no crescimento da violência, particularmente entre os jovens, e na produção vergonhosa de uma multidão de pobres e de excluídos. A corrupção converte-se em nefasta cultura. Constata-se a sua presença não apenas no âmbito da política, mas práticas religiosas, nas famílias, no mundo do trabalho. Significativos e lamentáveis são também os pequenos atos da vida cotidiana que corroem as relações sociais, enfraquecem instituições e fragilizam líderes. É urgente investir na ética.
         Para trilhar esse caminho, prioritário é cultivar na consciência o compromisso de se buscar o bem comum e o exercício da solidariedade. Deve-se investir no diálogo, superar a tendência de se iludir, pensado que a simples execração do outro é suficiente para encontrar saídas para as crises. É hora da ousadia de buscar a comunhão e, por atos de magnanimidade, fazer das diferenças uma grande riqueza. A participação em um processo assim, antes e acima de tudo, inclui a coragem de aceitar e assumir, na própria conduta, a tarefa de aproximar-se da luz.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março a ainda estratosférica marca de 432,24% para um período de doze meses; e mais, em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...