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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DO SUCESSO DE EMPRESAS NA NUVEM E A TRANSCENDÊNCIA DO PROGRESSIVO DIREITO NA SUSTENTABILIDADE


“Empresas de sucesso na nuvem
        Segundo informações da International Data Corporation (IDC), duas em cada três empresas brasileiras enxergam a computação em nuvem como um fator-chave para o sucesso do negócio. Gigantes mundiais já “enxergaram” que a nuvem é o futuro. Médias e pequenas empresas também estão optando por gerir os seus negócios na nuvem. Mas por que tantas outras ainda estão fora dela? Talvez por medo de perder a segurança e privacidade de seus dados – o que não é justificável. Uma vez vencida essa barreira, os benefícios são vários.
         Economia é fundamental para que as corporações prosperem. O custo/benefício do gerenciamento de dados na nuvem está na possibilidade de gerar mais escala, armazenar uma quantidade maior de arquivos com um investimento reduzido, sem precisar de servidores locais. Além disso, geralmente, as manutenções e backups automáticos já são incluídos no pacote de serviços contratados. Isso também gera economia de tempo, ganho em produtividade e, consequentemente, reduz os gastos operacionais mensais da empresa.
         Segurança é a maior das exigências das grandes empresas. Os sistemas baseados em computação na nuvem geralmente são certificados por padrões internacionais de segurança e permitem maior controle e privacidade. Dessa forma, é necessária autorização para acessar os dados armazenados e isso reduz riscos de invasões e perda de informações. Além disso, se os dados não estão em equipamentos físicos, não existe o risco de perdê-los por meios acidentais (incêndio, por exemplo).
         Acessibilidade é o que as organizações precisam, em um mundo onde a multiplicação de informações e dados é instantânea e precisa ser acessada a qualquer hora e em qualquer lugar, por meio de conectividade com a internet. Essa é uma característica importante no armazenamento de informações na nuvem que dá velocidade para as operações.
         Flexibilidade é o que as instituições querem para alavancar os seus negócios. Uma gestão de dados totalmente adaptável à operação da empresa, como é possível com a cloud computing, traz ganhos relevantes de tempo, dinheiro, produtividade e colaboração para a sua empresa.
         A computação em nuvem permite, de forma simples, acessar servidores, bancos de dados e outros serviços por meio da internet. Uma plataforma de serviços em nuvem, como por exemplo a Amazon Web Services – maior e mais segura nuvem do mundo, segundo o quadrante mágico de Gartner –, é a proprietária do sistema de armazenamento e faz a manutenção do hardware conectado à rede que pode ser acessada via web.
         Em resumo, a computação em nuvem não requer grandes investimentos iniciais em hardware e não dispensa tempo nas atividades de manutenção e gerenciamento desse hardware. Além disso, é possível acessar a qualquer hora e em qualquer lugar os recursos necessários e pagar apenas pelo que usa.
         Esses são os principais atributos da gestão de dados cloud computing (computação na nuvem) e explicam por que empresas de sucesso como Netflix, Spotify, GOLAirlines, McDonald’s, Unilever, Johnson e Dow Jones, entre outras, estão nas nuvens.”.

(CLEBER PIÇARRO. Especialista em TI para o varejo e diretor da EAC Software, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de março de 2018, caderno OPINIÃO, página 7)

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 29 de setembro de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de SACHA CALMON, advogado, coordenador da especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular da UFMG e UFRJ, e que merece igualmente integral transcrição:

“O direito progressivo
        Seria imprudente não ver que a moral egoísta e utilitária (“não faças aos outros aquilo que não queres que te façam”) deixa pouco a pouco de se basear no dever para se firmar no amor. Comte-Sponville, autor do mais importante livro sobre a ética no século 20, faz-nos ver maravilhados que a moral, ao invés de constranger, pode nos tornar felizes, até mesmo sem religião. O seu livro se intitula O pequeno tratado das grandes virtudes e o cerne da sua prédica escora-se em uma máxima, profunda e bela: “O que fazemos por dever não fazemos por amor, e o que fazemos por amor não fazemos por dever”. O amor é, então, a maior de todas as virtudes. Quanto à religião, foi preciso esperar a teologia do amor e do perdão contra a da culpa e do castigo para entender o fenômeno religioso mais como alegria pessoal do que como estrutura implacável de poder normativo, com base em ameaças. Teilhard de Chardin, que foi cientista e teólogo católico, jamais negou que nós somos o elo final e pensante da evolução das espécies e que nossos corpos e mentes resultam da primeira molécula surgida no planeta no dealbar da vida, depois de longo processo evolutivo. Nem por isso deixou de ver, na evolução, uma formidável epopeia; viu o mais complexo surgindo do mais simples e o espírito resultando da carne num plano majestoso, cuja razão humana, imersa em profunda vertigem, não explica, mas a alma pressente: a caminhada da consciência para o ponto ômega, para Ele que, fora do tempo, funda o homem e a história. Haverá um tempo em que igrejas e doutrinas morais e religiosas serão, talvez, desnecessárias, e o homem estará como o centro.
         Mas o que estará reservado ao direito? Qualquer olhar que lancemos ao passado, já vimos, deixa-nos lívidos de pavor: penas infamantes, torturas, arbítrio, medo, angústia, as galés. Grandes são as diferenças entre os direitos de antanho e os de hoje. A escravidão e a desigualdade eram comuns. O tributo, castigo e opressão, poder do governante. O processo, tosco; a Justiça, parcial; o sistema de provas, irracional. Até mesmo em Roma, sede primeira da ciência jurídica, houve um tempo em que o credor podia lançar as mãos sobre o devedor, reduzi-lo à escravidão ou jogá-lo do alto da pedra tarpeia para que morresse à vista de todos (o direito em seus primórdios. Logo os seus bens passaram a garantir suas dívidas).
         É verdade que, hoje em dia e por toda parte, injustiças sociais e leis injustas nos fazem descrer do homem. A condição feminina, para não nos alongarmos noutras injustiças, mormente no Oriente, em que pesem todos os avanços, é, ainda, profundamente discriminatória, para dizer o mínimo. Os direitos das minorias, quando não são objeto de desprezo ou mofa, nem seque são reconhecidos. Racismo e misérias humanas parecem indiferentes ao direito, que muitas vezes até os estimula. A África do Sul e o Sr. Mandela. E o que dizer dos direitos dos não heterossexuais? Tudo isso, no entanto, está em mutação. Como linhas longamente convergentes destinadas a se unir em algum ponto do futuro, direito, justiça e igualdade, finalmente, serão um plexo pleno e inextrincável.
         Por isso os juristas, os operadores do direito, que é ciência e arte, devem ser pessoas de fé, cientes de sua missão. Devemos servir aos valores humanos: liberdade, pluralismo, humanismo, a pessoa como centro de respeito (todas as pessoas), dignidade, igualdade, verdade e paz, acima de povos, raças, credos, religiões e pátrias. A missão do jurista, a par de conhecer o direito, é introduzir nos sistemas jurídicos a axiologia do justo e do igual em escala planetária. Não estaremos fazendo na sublime, apenas uma tarefa cotidiana. É hora de encerrar esta parte citando dois grandes juristas, à guisa de síntese de tudo quanto foi dito sobre a ambiguidade do direito, a um só tempo opressão e caminho para a liberdade e a justiça.
         “A ciência do direito é a ciência do direito positivo. O conhecimento jurídico dirige-se a estas normas jurídicas que possuem o caráter de normas jurídicas e conferem a determinação dos fatos o caráter de atos jurídicos.” (Hans Kelsen)
         A perspectiva aí é absolutamente positivista. O objeto da ciência do direito é a norma jurídica (qualquer norma de qualquer sistema jurídico, legítimo ou não em sua formação, justo ou não em seu conteúdo). Expressivo, portanto, o título do livro: Teoria pura do direito.
         Mas vimos que o direito vem de envolta com a história e as suas tormentas, numa busca obstinada de igualdade, segurança e justiça.
         “O direito é, essencialmente, um esforço humano no sentido de realizar o valor da justiça. Essa dimensão ideal existe na norma jurídica. Pois a norma não se reduz a uma mera forma de relacionar atos, com total indiferença para o valor. Se a norma é dever-se, é dever-se de algo, como diz Lourival Vilanova, jurisconsulto brasileiro, reconhecendo que o direito é, progressivamente, o caminho das liberdades e da igualdade entre os homens. Não é hoje, mas peleja para sê-lo no porvir. O direito é progressivo. Mas quem o empurra? As sociedades...”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a ainda estratosférica marca de 307,20% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 306,86%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,43%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.



segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A CIDADANIA E A BUSCA DA FELICIDADE, DA ÉTICA E DA SUSTENTABILIDADE

“Nada será como antes, amanhã
        O espanto com a existência e a procura do sentido da vida são bases da filosofia, assim como a história é a tentativa do homem de saber para onde vai, a partir de onde veio. No centro dessa incerteza, a eterna busca de orientar-se no mundo.
         É mundial, a propósito, a desorientação oriunda de um ambiente em transformação frenética em que pessoas nascem da engenharia genética, vivem em um ambiente virtual, surpreendem-se a cada momento com a biotecnologia e a nanotecnologia, e a emigração já não é para mudar de vida, mas para salvar a vida diante do horror da luta, sendo indiferente se a destruição é de instalações ou de lares.
         No Brasil, à desorientação dos tempos chamados pós-modernos acresce, como trágica herança de uma quadrilha que veio tomar a República e saquear seus cofres, a quebra da coluna vertebral da sociedade – seus valores – e, com isso, a desagregação dos laços sociais e a perplexidade que anula a capacidade de discernir e de agir.
         No entanto, onde tudo conduz à fixação no momento, à tensão com o agora, ao espanto, justamente agora cenários e previsões cedem lugar a um vislumbre, esse alumiar tênue que permite quase adivinhar o que temos em torno. O brasileiro é tomado por aquele estado de espírito que lhe é mais próprio quando desconfia: passa a cismar. Não interessa mais a perda do grau de investimento expressando que estamos privados da confiança dos investidores; já não importa que a presidente da República detenha inédito índice de aprovação de 7%; chega de lamentar a corrupção, a recessão econômica, a dívida pública irresponsável, o Orçamento que já chega com um rombo vergonhoso, o traiçoeiro avanço da inflação – tudo notícias velhas do jornal de ontem. Basta: Já sabemos onde estamos. Interessa saber para onde vamos. Em tempo: interessa saber para onde queremos conduzir o país que é nosso e pelo qual somos todos responsáveis. Quem cortou nosso selo de “bom pagador”, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s, arremata com a possibilidade de o país enfrentar três anos seguidos de déficit e dívida crescente. Vamos esperar por isso?
         Alguma coisa liga desorientação a coragem. Comte-Sponville escreveu um livro desconcertante intitulado A felicidade, desesperadamente. E também escreveu o Pequeno tratado das grandes virtudes. No primeiro livro, ensina a não esperarmos pela felicidade, mas a lutarmos por ela. No segundo, situa, lado a lado com a prudência e tolerância, a coragem. Adverte que a virtude é um esforço e, por isso, a coragem pressupõe vencer o primeiro impulso que pede o repouso, conduz à frouxidão e pode resultar na fuga. Então, Sponville enfatiza a relação entre coragem e o instante: “Coragem é a intenção do instante em instância”, sentencia e chega ao alvo, cravando a coragem como “nosso ponto de tangência com o futuro próximo”.
         Tratando dessa forma a crise que parece trazer de volta o fantasma do “fim da história”, quero dizer que, ao contrário, esta conjuntura insólita, resultante de uma aberração ética, vai receber em troca o despertar dos brasileiros para o futuro. As manifestações de 2013 sinalizaram que o futuro desejado tem muito pouco a ver com a realidade que vivemos hoje. Nada a ver com o modelo político, a conduta, as práticas e muito menos com os personagens que nos são oferecidos. O que está no ar nesse “mal-estar comum” é uma derrubada de paradigmas, com a mudança fundamental de pensamentos, percepções e valores. Um modelo inteiramente novo é o que deve imperar e ele deve partir de perspectivas variadas, todas elas a serem utilizadas à exaustão, porque a intenção deve ser a de descobrir tudo é possível descobrir. Criaram-se tantas incubadoras de empresas, mas ninguém ainda se mostrou capaz de criar uma “incubadora do novo”. Que tal uma “incubadora Brasil século 21”?
         Na agenda desse projeto maior, a erradicação do atraso dever o primeiro item, por ser esse o mal endêmico de nosso país. Atraso, falta de cultura, ausência de civilização. Aquilo que embaraça, atrasa, retarda e prejudica. Atraso na educação, na saúde, na capacitação, atraso no comportamento, atraso que se pode perceber em um simples gesto. E é de se desejar que essa incubadora de uma nação desenvolvida e dirigida para a felicidade das pessoas tenha no conhecimento sua chave para o futuro, com a atenção voltada para a inovação, ciência e tecnologia. É que a educação seja a base de todo o esforço para a realização de um novo Brasil, por ser condição para que sejamos quem sonhamos ser.”

(LINDOLFO PAOLIELLO. Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas – ACMinas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de setembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Ética e sustentabilidade
        A capital mineira tem a singular oportunidade de receber, entre os dias 30 de setembro a 2 de outubro, o Congresso Mundial Uniapac e o Seminário Internacional de Sustentabilidade. Esses eventos têm marcas e balizamentos que sublinham diferenciais muito evidentes. Reúnem empresários que pautam suas atividades e empreendimentos por valores cristãos. São gestores que integram a União Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresa (Uniapac) e, em âmbito regional, a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE). Investem no desenvolvimento humano integral, na verdade e na caridade. Trata-se de grande diferencial, pois o crescimento econômico sem parâmetros como a ética e a sustentabilidade leva a situações que comprometem seriamente a humanidade.
         Esses grandes encontros são, pois, um facho de luz sobre sombras que pairam nos horizontes empresariais. Há um enorme desafio a ser enfrentado: eliminar a união entre os descompassos da política e as razões ilegítimas de empreendedores, fonte de corrupção. Essas sombras trazem prejuízos incontáveis, conhecidos e lastimáveis para a vida do povo. O Congresso e o seminário são valiosas oportunidades para renovar o compromisso de se trilhar o caminho do bem comum. A simples presença dos empresários constitui o esforço desses participantes de se trabalhar para construir uma nova dinâmica para o empreendedorismo na sociedade contemporânea. Também é antídoto contra o risco, sempre existente, de deixar-se mover por outras lógicas distantes da ética e da sustentabilidade. Renova-se, assim, o empenho para construir um mundo melhor, que não se edifica simplesmente a partir da lógica do lucro.
         A rentabilidade buscada não pode se desvincular da responsabilidade social, sob pena de se elegerem lógicas perversas do mercado como guia das escolhas, vitimando o planeta, a “casa comum”, com inúmeros descompassos: os focos de guerra e o desrespeito aos refugiados, o descaso com os excluídos que vivem nas ruas das cidades e com os pobres que estão no cinturão das protegidas áreas ocupadas pelos mais ricos e por quem deveria ser protagonista na construção do bem comum. O Congresso Mundial Uniapac e o Seminário Internacional de Sustentabilidade podem oferecer respostas indispensáveis diante da urgência na elaboração de novas pautas e na adoção de critérios para juízos adequados, escolhas inteligentes e éticas. O horizonte cristão desses eventos será possibilidade de iluminação: o inspirador propósito de buscar novos caminhos para maior cooperação entre governo, terceiro setor e empresários, visando à melhoria das relações sociais, à construção de uma economia sustentável e inclusiva e a uma sociedade ética com foco no ser humano e no bem comum.
         Esses objetivos não se alcançam apenas passeando pelos números. Deve-se priorizar cada pessoa. A inspiração cristã, comprometimento da Uniapac e ADCE, com o importante suporte da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, atrai empresas e empresários para um singular momento de reflexões. É genuína contribuição que pode e já faz a diferença em tantos ambientes, na reconfiguração de lógicas de governar e empreender. A dinâmica dos números, os arranjos indispensáveis para as organizações, a clarividência necessária aos gestores e o olhar com sensibilidade social têm duas valiosas referências de ensinamentos  cristãos: a carta encíclica do papa Emérito Bento XVI, Caritas in Veritate – sobre o desenvolvimento humano integral –, e a carta encíclica do papa Francisco, Laudato Si – sobre o cuidado da casa comum.
         A leitura dessas publicações é recomendada aos participantes dos encontros como preparação prévia, pois pode fecundar o terreno onfr sementes qualificadas serão lançadas a partir das palavras de competentes e relevantes conferencistas. Os textos também trazem ricos ensinamentos para todos os cidadãos. A bem arquitetada organização do congresso da Uniapac e do seminário de sustentabilidade é um investimento esperançoso e consistente. São redes novas lançadas em tentativas mais audaciosas de avançar rumo aos luminosos ensinamentos do Evangelho de Jesus Cristo. Uma solução inteligente para graves problemas sociais capaz de superar distâncias que existem em razão do desconhecimento do Evangelho e de sua força criativa e humanitária. A construção de um mundo melhor, incontestavelmente, uma meta alcançável quando se trilha o caminho da ética e da sustentabilidade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 350,79% ao ano; e mais, também em agosto, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,52%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”