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quarta-feira, 15 de julho de 2015

A CIDADANIA, A LIÇÃO DOS GREGOS, A POLÍTICA E A CORRUPÇÃO

“O ‘não’ do referendo na Grécia: 
   a dignidade venceu a cobiça
        Há momentos na vida de um povo em que ele deve dizer “não” para além das possíveis consequências. Trata-se de dignidade, soberania popular, democracia real e o tipo de vida que se quer para toda a população.
         Há cinco anos, a Grécia se debate numa terrível crise econômico-financeira, sujeita a todo tipo de exploração, chantagem e até terrorismo por parte do sistema financeiro, especialmente o de origem alemã e francesa. Ocorria uma verdadeira intervenção na soberania nacional, com a pura e simples imposição de medidas de extrema austeridade excogitadas, sem consultar ninguém, pela Troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI).
         Tais medidas implicaram uma tragédia social, face à qual o sistema financeiro não mostrava nenhum sentido de humanidade. Um de quatro adultos está desempregado, mais da metade dos jovens está sem ocupação remunerada, e o PIB caiu 27%. Não passa pela cabeça dos especuladores que atrás das estatísticas se esconde uma via-sacra de sofrimento de milhões de pessoas e a humilhação de todo um povo. Seu lema é “a cobiça é boa”. Nada mais conta.
         O novo governo grego de esquerda, que quis negociar as medidas de austeridade duríssimas, encontrou ouvidos moucos. A atitude era de total submissão: ou tomar, ou deixar. Nada de uma estratégia do ganha-ganha, mas pura e simplesmente do ganha-perde. A disposição era a de humilhar o governo de esquerda socialista de Tsipras, dar uma lição a todos os demais países com crises semelhantes (Itália, Espanha, Portugal).
         A única saída honrosa de Tsipras foi convocar um referendo. Qual a posição face à inflexibilidade férrea da austeridade, que aparece totalmente irracional por levar uma nação ao colapso, exigindo uma cobrança da dívida reconhecidamente impagável?
         A vitória de domingo foi espetacular para o “não”: 61%. Primeira lição: os poderosos não podem fazer o que bem entendem, e os fracos não estão mais dispostos a aceitar as humilhações. Segunda lição: a derrota do “sim” mostrou claramente o coração empedernido do capital bancário europeu. Terceiro, trouxe à luz a traição da unidade europeia a seus próprios ideais. Renderam-se à lógica perversa do capital financeiro.
         A vitória do “não” representa uma lição para toda a Europa: se ela quer continuar a ser súcuba das políticas imperiais norte-americanas ou se quer construir uma verdadeira unidade europeia sobre os valores da democracia e dos direitos.
         Uma lição para todos, também para nós: quando se trata de uma crise radical que implica os rumos futuros do país, deve-se voltar ao povo, portador da soberania política, e confiar nele. A partir de agora, os credores e as inflexíveis autoridades da zona do euro terão pela frente não um governo que eles podem aterrorizar e manipular, mas um povo unido que tem consciência de sua dignidade e que não se rende à avidez dos capitais.
         Na Grécia, nasceu a democracia de cunho elitista. Agora está nascendo uma democracia popular e direta. Ela será um complemento à democracia delegatícia. Isso vale também para nós.
         Um prognóstico, quiçá uma profecia: não estará nascendo, a partir da Grécia, a era dos povos? Face às crises globais, serão eles que irão às ruas, como entre nós e na Espanha, e tentarão formular os parâmetros políticos e éticos do tipo de mundo que queremos para todos. Já não confiam no que vem de cima. Seguramente, o eixo estruturador não será a economia capitalista desmoronando, mas a vida.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 10 de julho de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de junho de 2006, caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de DÉLCIO VIEIRA SALOMON, professor universitário e escritor, e que merece igualmente integral transcrição:

“Política e corrupção
        Cortejadas pela decepção causada por Lula do poder e a derrocada do PT como partido da ética, política e corrupção desgraçadamente realizaram casamento indissolúvel em nossa sociedade. Diante dos fatos alarmantes detectados dentro e fora das CPIs é esta a sensação que perpassa todas as camadas da sociedade brasileira. A maioria de nossos homens públicos, notadamente os políticos, foi atingida pelo vírus da corrupção. Antigamente, os fatos eram isolados e podia-se dizer: “Não generalizemos, trata-se de uma minoria”. Hoje, comprova-se o contrário. A antiga exceção virou paradigma de comportamento.
         A partir da realidade observada, já não podemos afirmar, escorados em Aristóteles, que ética, política e justiça estão constituindo os três pilares da vida social brasileira. Já foi o tempo em que se podia pensar com Santo Tomás de Aquino que a sociedade política é construção moral e que à política, mais do que administrar os bens tangíveis da sociedade, caberia organizar e conduzir seu comportamento ético. Desprovido de justiça, que é essencialmente ética, o Estado não passa de um bando de assaltantes, conforme já nos advertia Santo Agostinho.
         Lamentavelmente, hoje é comum ouvir que a ética é algo utópico, pois a corrupção e não a ética é própria da natureza humana. Argumenta-se que sempre houve corruptos. Mas será que, diante de nossa atual realidade, os antigos não foram casos excepcionais? Hoje vemos a corrupção detectada em todas as instituições, desde as públicas às privadas. Daí ser frequente a triste constatação: a corrupção é inerente à condição humana.
         No meu entender, esta terrível afirmação leva-nos à passividade e ao conformismo, pois, aceitando-a em sua plenitude, somos vítimas do engano de que a condição humana é uma fatalidade impregnada em cada um de nós, quando na verdade se trata de uma construção constante, de todos os dias, feita pela inteligência e pela solidariedade.
         Esta tendência de atribuir a corrupção à condição humana me reporta a uma afirmação de Marx, quando combatia a ideia de fatalidade da vida humana. Dizia o grande mestre: “O homem é formado pelas circunstâncias (...) mas, é necessário formar as circunstância humanamente”. Também via a chamada condição humana como construção, pois, se assim não for, passa a ser uma válvula de escape, um mecanismo de fuga de nossas responsabilidades. Sua dialética, que sabia valorizar os conflitos humanos e sociais, não lhe permitia jamais contemporizar com as ideias de Rousseau, do homem bom por natureza, nem com as de Hobbes, do homem lobo do homem. Infelizmente, vivemos hoje numa sociedade em que o mundo é dos espertos e de quem tem dinheiro. Os destituídos da esperteza e da riqueza são tachados de babacas, ingênuos, otários, retrógrados e como tais merecem o desprezo.
         Numa sociedade como a nossa, com governantes, legisladores e juízes que aceitam passivamente a corrupção e frequentemente tornam-se praticantes do rompimento com a ética, pois manifesta ou latentemente professam que os fins justificam os meios, é de se esperar seus reflexos nas camadas mais influenciáveis da população, notadamente entre os destituídos de educação e do poder aquisitivo para a sobrevivência. Se procurarmos a fonte da violência em nossa sociedade, por certo, para surpresa de muitos, ela será encontrada no exemplo acima. Oxalá o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com sua gana de ser reeleito, reflita sobre isso!”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do IBGE, a inflação de junho medida pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – e acumulada nos últimos doze meses atingiu 8,89%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!    
     
        

    

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A CIDADANIA, O GOVERNO E A ÉTICA

“Basta de descalabro

Segundo noticiário da imprensa, deputados e senadores aprovaram aumento de 61,8% no próprio salário. Já o presidente da República, vice e ministros terão reajuste de 133,96% a 148%. Conforme denunciou o EM (14/12) o impacto é estimado em R$ 1,8 bilhão por ano. Estamos diante de descalabro que, como bem frisou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), “aprofunda o abismo entre a sociedade e o parlamento”. É chegada a hora dos que têm o poder de influenciar a opinião pública, sobretudo a imprensa, de capitanear grande movimento neste país, para sustar a ganância de nossos homens públicos, insensíveis à realidade de miserabilidade em que vivem 40% de nossa população e as agruras de nossa classe média.

É de fazer um apelo, no mínimo, ao bom senso de todos quantos prezam a cidadania, para que clamem contra a insensatez de nossos governantes. Gostaria que esse clamor chegasse aos ouvidos da nossa presidente eleita, a mineira Dilma Rousseff. Para reforçar esse clamor já público, seria mais do que oportuno que a sociedade refletisse sobre a PEC de julho de 2008, proposta pelo então deputado Clodovil Hernandes (já falecido). Sintetizando-a: reduzir o número de deputados de 513 para 250 e na mesma proporção o de senadores. Segundo o texto, nenhuma unidade federativa teria menos de quatro nem mais de 35 representantes. Hoje, a que tem menor número chega a oito e a maior, a 70. Naquela época, se a PEC passasse , para a atual legislatura, com o corte de 263 deputados teríamos uma economia bastante significativa. Basta dizer que, segundo a ONG Transparência Brasil, o custo de cada deputado é de R$ 6,6 milhões e o de cada senador é de R$ 33,1 milhões por ano. Se aquela PEC passasse, a economia no Legislativo seria de R$ 3,1 bilhões.

Como bem lembrou o EM, o dinheiro resultante do atual aumento do Legislativo poderia ir para a educação, saúde e segurança. Lembremos que a poupança embutida na proposta da referida PEC corresponde a R$ 17 por habitante. Por ironia, a verba destinada hoje à saúde corresponde a R$ 0,64. Nossos governantes, não apenas os legisladores, deveriam refletir seriamente sobre suas decisões, sobretudo as que ultrapassam o limite do bom senso e atingem a região da insensatez. Na cabeça de cada um importa ter sempre presente a frágil resistência de nosso sofrido povo. Mas o fraco encurralado por muito tempo pode tornar-se agressor violento. A revolta das massas, tanto quanto a violência dos morros, costuma eclodir diante do descalabro de seus governantes. Penso que esse comportamento dos deputados e senadores em abusar de seu poder para fazer leis em causa própria em nada difere da atitude que leva os homens públicos a se corromper. O aumento injustificado dos próprios salários é inquestionavelmente expressão de imoralidade e corrupção.

Nunca é demais relembrar a principal causa da Revolução Francesa. Justamente os desmandos da corte de Luís 16 diante da situação de miserabilidade do povo – emblematicamente expressa pelo “tumulto do pão” – foram a gota d’água para derrubar a monarquia. Tenho para mim que, se nossos responsáveis pela imprensa de todo tipo e matiz tomarem a si essa causa, em breve daremos um basta à ousadia sem peias de nossos governantes, a começar por nossos legisladores. Não esqueçamos: nossa omissão, nosso conformismo têm dado força aos que abusam do poder a eles delegado.”
(DÉLCIO VIEIRA SALOMOM, Professor da UFMG (aposentado), em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de dezembro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 26 de dezembro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 13, de autoria de SÉRGIO CAVALIERI, Presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa/ADCE-MG, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Governo e ética

O Brasil tem avançado no campo da ética e dos valores, embora ainda muito lentamente. Apesar das malufadas de última hora, a Lei da Ficha Limpa é o exemplo mais recente e apresenta saldo positivo, mas ainda é pouco diante dos descaminhos que se veem no país. Nos últimos dias de 2010, uma série de acontecimentos pouco edificantes coloca a sociedade em posição de alerta: a tentativa de legalização dos bingos e de recriação da CPMF, o aumento superior a 60%, que se autoconcederam deputados e senadores, e a divulgação de pesquisa que aponta o Brasil como campeão da cobrança de impostos no mundo. No caso dos parlamentares, registre-se que passam a ganhar mais que seus pares de países desenvolvidos – quinze por cento mais que parlamentares dos Estado Unidos, cuja economia é 10 vezes maior que a brasileira. De outro lado, o Brasil se consolida como o país emergente que mais cobra impostos em todo o mundo – em 2010, a carga tributária chegou a 34,5% do Produto Interno Bruto (PIB), superior à praticada em países como Espanha, Suíça, Estados Unidos, Chile, México e Reino Unido, como pelo menos duas diferenças fundamentais: na maioria desses países, o nível de serviços que o Estado oferece é muito superior ao vigente no Brasil; e, neles, também a qualidade do gasto público é melhor, não ocorrendo despesas questionáveis como, por exemplo, a compra de um novo avião para servir à Presidência da República.

Na verdade, a ineficiência e a ganância tributária no setor público começam pela forma como ocorrem as tratativas para a composição das equipes de governo, como vimos ocorrer este ano. O modelo utilizado no preenchimento dos cargos públicos no Brasil explica os descaminhos que caracterizam a ineficiência da gestão pública, ainda farta em exemplos de corrupção. Nesse processo, lamentavelmente, o que menos conta é a competência e o mérito dos escolhidos. É compreensível que alianças e composições façam parte da política, mas os partidos têm o dever de apresentar nomes honrados, que tenham predicados e espírito público para ocupar seus postos. O que estamos assistindo é ao exercício do toma lá, dá cá. Todos querem o controle sobre grandes orçamentos, que ofereçam potencial para barganhas políticas. A contrapartida é a formação da base aliada no Congresso, que assegura apoio incondicional na apreciação de propostas do poder central, independentemente de sua importância para o país. As consequências são deletérias: anula-se a oposição na sua capacidade e missão legislativa de fiscalizar o Executivo, transforma-se o Congresso Nacional em mera extensão do Executivo e elimina-se o contraditório, o que, quase sempre, leva a decisões de má qualidade, desconectadas dos reais interesses da sociedade.

Nunca é demais lembrar que membros do Executivo e do Legislativo são eleitos para servir ao povo, não para servirem a si mesmos, quase sempre mutuamente, numa relação simbiótica e espúria, do tipo é dando que se recebe. Só que na política brasileira, em vez de representar doação gratuita e amorosa da oração de São Francisco, a expressão se traduz em benesses, privilégios e trocas interesseiras de favores. Este é um tema absolutamente pertinente, uma vez que celebramos, no começo do mês, o Dia Mundial de Combate à Corrupção, quando a ONG Transparência Internacional lançou o indicador Barômetro da Corrupção: a constatação é a de que para 64% dos brasileiros a corrupção aumentou no país nos últimos três anos (somente 9% viram redução nos índices). E a revista inglesa The Economist, divulgou o índice de democracia, no qual o Brasil caiu seis posições no ranking mundial entre 2008 e 2010.

Não há alternativa: a reversão desse cenário, com a transformação do país, começa com cada um de nós. Compete a cada um, e a todos, dar o exemplo de ética e retidão, de se indignar com os descalabros de agir e demonstrar, claramente, a insatisfação. Compete a nós, igualmente, atuar para influir nas decisões que nossos representantes no Poder Legislativo tomam no dia a dia. Para isso, na composição da equipe de governo, o primeiro compromisso deve ser formar quadros capazes de conduzir com ética e responsabilidade a coisa pública, além de zelar pelo bem-comum, pressupostos que se destacam na doutrina social cristã na qual se inspira a ADCE. A presidente Dilma Rousseff enfrenta o desafio da boa escolha. É importante que ela se lembre de que o apoio majoritário que obteve nas urnas vale também para lhe assegurar independência na formação e na manutenção da equipe de governo.”

São estas, pois, mais ADEQUADAS e PERTINENTES abordagens e REFLEXÕES que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM na grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A CIDADANIA E A REVOLUÇÃO BRANCA

“Eleitores, às urnas

[...] Uma nação se constrói e se transforma, na direção adequada, com a participação política e cidadã de todos, dos segmentos que formam o tecido da pátria, e não simplesmente por um partido ou por uma pessoa.

As expectativas existentes deverão ser respondidas por um conjunto de fatores e atuação de pessoas e grupos, e pelas reformas tributária, fiscal, previdenciária, política e outras, até com dinâmica revolucionária. Torna-se importante garantir que não haja retrocessos políticos nas conquistas sociais, contornos e sustentos imprescindíveis para respeitar e promover a vida. A Igreja Católica continua serenamente na sua posição de orientar nesse horizonte e de indicar esse caminho, sem se confundir com posturas que são até interpretadas como resultado de enfraquecimentos ou divisões. Nesta serenidade e clarividência, a Igreja motiva a todos a ir às urnas com a certeza de que o Brasil precisa continuar avançando no caminho do respeito à vida por um desenvolvimento social integral.”
(DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de outubro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 26 de outubro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DÉLCIO VIEIRA SALOMON, Professor livre-docente aposentado da UFMG, que merece INTEGRAL transcrição:

“Revolução branca

Quem se debruça sobre a evolução histórica do Brasil e do mundo nota que nosso país, desde a descoberta, carece de verdadeira revolução. Não digo revolução sangrenta como a Francesa ou a da Guerra da Secessão norte-americana ou a de 1917 na Rússia. Aliás, movimento para ser revolução não precisa ser necessariamente de derramamento de sangue. Já tivemos notáveis revoluções no mundo sem uso de armas. Cito as três maiores havidas em nosso mundo ocidental. A do Renascimento, em que o ser humano deixou de ser dirigido pela tradição e incorporou os valores da família e do próprio indivíduo. Como diz David Riesman, o homem passou de tradition directed para inner directed (introdirigido). A segunda, por demais conhecida e exaltada, a Industrial, começou na Inglaterra em meados do século 18, expandiu-se pelo mundo e marcou mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. A terceira aparece em pleno século 20 e perdura até hoje com seus frutos e consequências: a do consumo, da cultura e do lazer de massa.

Como diz Joffre Durmazedier, “o homem é movido por normas e valores veiculados pelos meios de comunicação de massa e os grupos de pares (peer groups). Ele passa a ser other directed (heterodirigido)”. Não fosse caudal dessa, poder-se-ia acrescentar uma quarta: a do aparecimento da informática, cujos resultados estamos vivendo intensamente. Voltando ao início de nossa reflexão: o Brasil ressente de uma legítima revolução. Sem necessidade de derramamento de sangue. O que não podemos alimentar é essa mania de nossos governantes dos três poderes de evitar (sempre por motivos inconfessáveis) mudança radical das estruturas e apelar para arremedos chamados “reformas”. O Brasil não pode continuar carente de mudanças radicais. Estranhamente, todas as vezes em que se fala da necessidade de mudanças, sempre aparecem certos intelectuais, certos phdeuses, todos a arrogar serem especialistas nas áreas em que as mudanças são reclamadas, e sempre com um modelinho no bolso, cuja maioria, como os afamados “tipos ideais” weberianos, é importada de outra realidade, notadamente a dos Estados Unidos. Resultado: os responsáveis pelas mudanças (geralmente políticos despreparados a confiar em assessores ou em palpiteiros) aceitam esses modelos e os impõem à realidade brasileira.

Os mentores dessas reformas procedem como certos pesquisadores em ciências sociais que querem fazer pesquisas sobre “temas” da realidade brasileira a partir de teorias de cientistas e teóricos que as formularam em outra realidade. Ilusão pensar que toda realidade, seja ela deste ou daquele país, daquela região, sociedade e cultura seja homogênea. É sabido que não é. O verdadeiro pesquisador, para legitimar sua pesquisa, tem que partir da própria realidade em que está inserido e sobre ela, ainda que usando quadros referenciais teóricos apreendidos de outros contextos, exercer primordialmente a missão de problematizar, incluindo nessa o contraste da realidade enfrentada com as formulações teóricas existentes.

Se a realidade é sempre conflitiva, sem começar o trabalho de problematizar e, por ele, pela agudização dos conflitos deparados, jamais se conseguirá a superação, ou seja, a solução que se pretende alcançar. Apesar de exímia essa reflexão, proponho que, a partir de 1º de janeiro, independentemente do resultado das eleições, comecemos um grande movimento no Brasil: o de problematizar em todos os setores de nossa sociedade brasileira, de norte a sul. Sem isso não adianta pedir reformas. Precisamos de revolução, ainda que branca, e esta só pode começar pelo processo autêntico de problematizar. Se a realidade é multifacetada, em que tudo se relaciona, não adiantam reformas setoriais, sobretudo as formatadas por interesses alheios aos verdadeiros problemas do país.”

Estamos, pois, diante de PEDAGÓGICAS e PRECISAS reflexões que nos remetem a um PRIMEIRO e NOTÁVEL exercício para o imediatamente pós 1º de JANEIRO DE 2011, considerando os TRÊS pilares PRINCIPAIS da ESTABILIDADE ECONÔMICA, quais sejam, a) METAS DE INFLAÇÃO; b) CÂMBIO FLUTUANTE, e, c) METAS DE SUPERÁVIT PRIMÁRIO:

- PROBLEMATIZAR, como dissemos, INICIALMENTE, certamente como se fez com a INFLAÇÃO:

I) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA;
II) a CORRUPÇÃO, e,
III) o DESPERDÍCIO.

Eis, portanto, questões que respondem, SIGNIFICATIVAMENTE, pela DESCOMUNAL e CRUEL SANGRIA dos RECURSOS PÚBLICOS e minam nossa CAPACIDADE de INVESTIMENTO e de POUPANÇA.

E, tudo isso e muito mais, em BUSCA de uma GESTÃO PÚBLICA que seja, no mínimo, EFICIENTE, EFICAZ e EFETIVA, que permita aos GOVERNOS, nos três NÍVEIS, “FAZER MAIS E MELHOR COM MENOS”, e, assim, BEM cumprir os PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS expressos no título I da CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988.

São, pois, mais páginas que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CAPACITADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...