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segunda-feira, 8 de julho de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA E EXIGÊNCIAS DAS REFORMAS E PRODUTIVIDADE E A FECUNDA ALIANÇA DA POUPANÇA E INVESTIMENTO NA SUSTENTABILIDADE


“Reformar e aumentar a produtividade
        Estima-se que 2019 será o terceiro ano consecutivo em que cresceremos em torno de 1%, algo que choca quando se considera que essa sequência de crescimento medíocre sucede à maior contração do PIB desde o início do século 20. Ademais, a imagem do Brasil esteve sempre associada à dos países emergentes de melhor desempenho nessa área.
         Óbvio que não existe bala de prata para o país voltar a crescer. Mas há dois fatores cruciais: um é o ajuste das contas públicas com destaque para a Previdência, assunto que está ainda longe de ser equacionado, e sobre o qual continuarei divulgando minhas análises.
         O segundo é a retomada da produtividade, área na qual o país está também deixando muito a desejar. Sem aumento mais expressivo da produtividade, não há como o país voltar a crescer de forma satisfatória. No Fórum Nacional, entidade que hoje presido com o apoio central do BNDES e da Finep, entre outros entes que se dedicam a discutir e indicar soluções para o desenvolvimento brasileiro, o tema da estagnação da produtividade do trabalho tem merecido ênfase especial. Desde a primeira metade dos anos 90, a produtividade do trabalhador no Brasil vem crescendo, em média, apenas 0,7% ao ano, taxa claramente insatisfatória. E no centro da retomada da produtividade estão os investimentos em infraestrutura.
         Um exemplo gritante de como os investimentos em infraestrutura são capazes de aumentar dramaticamente a produtividade está na nossa experiência com portos. Nos anos 1990, o número de movimentações de contêineres era em torno de 10 por hora. Atualmente, graças a vultosos investimentos, alguns terminais chegam a movimentar até 120 contêineres por hora. Com isso, o tempo de atracação de um navio caiu de dois ou três dias para 10 horas. Esse ganho de produtividade permite redução do custo do frete para importadores e exportadores, bem como amplia a capacidade importação/exportação do país, com fortes ganhos para a nossa competitividade.
         Infelizmente, contudo, isso é mais a exceção do que a norma. Sabe-se que é necessário investir em infraestrutura pelo menos 4% do PIB, durante 20 anos, para alcançar qualidade compatível com a renda que queremos para o país. Atualmente, o investimento não chega a 2% do PIB, valor insuficiente para repor a depreciação. Diferentes estimativas mostram a necessidade de aumentarmos o investimento em infraestrutura em torno de R$ 200 bilhões anuais. Enquanto isso não ocorrer, figuraremos entre os países com pior oferta. De acordo com a pesquisa de competitividade do Fórum Econômico Mundial, a qualidade de nossa infraestrutura em 2017/2018 foi a 108ª pior em um grupo de 137 países...
         Dada a falência pública, a solução para o problema parece óbvia: investir mais, atraindo o setor privado para o setor. E também porque o investimento privado tende a ser mais eficiente. De acordo com a CNT, as 10 melhores rodovias do país são concessionadas. De acordo com a Antaq, os três portos mais produtivos são terminais de uso privado (TUP). Ademais, em portos públicos, como o de Santos, onde, nos últimos anos, houve importante entrada do capital privado na operação de terminais portuários, a produtividade aumentou substancialmente, com a movimentação média passando de 28 para 61 contêineres por hora entre 2010 e 2018.
         A grande questão é, por que o capital privado não investe mais em infraestrutura? Diante da abundância de recursos em escala mundial, o problema não parece ser falta de recursos, mas, sim, um ambiente regulatório pouco propício para a atração do capital privado. É verdade que houve avanços importantes nos últimos anos, principalmente na área de governança, mas ainda há muito a ser feito.
         As decisões das agências reguladoras são frequentemente questionadas por outros órgãos do governo, como os de fiscalização e controle ou de defesa da concorrência, que, muitas vezes, analisam a árvore sem enxergar a floresta, no caso, a política pública que se deseja implementar. O resultado é uma paralisia decisória e incerteza jurídica.
         No caso das rodovias, a rodada de concessões de 2013 resultou em fracasso por causa de um balanço inadequado de riscos e pouco disposição da agência reguladora de renegociar os contratos. No setor portuário, os TUPs não vêm tendo a liberdade de fixar preços que estava prevista nos contratos de autorização. Já os terminais privados instalados em portos organizados ficam reféns das decisões das respectivas autoridades portuárias, havendo casos, por exemplo, de não haver reajuste nos preços de alguns serviços desde 2006, afetando severamente a equação financeira dos investimentos.
         Há ainda o problema da morosidade na entrega das licenças ambientais e, no caso dos portos organizados, uma legislação trabalhista que precisa ser revista. Enfim, há uma enorme agenda para que possamos atrair mais capital privado para a infraestrutura, agenda essa que precisa ser adotada para que possamos crescer mais do 1% ano.”.

(RAUL VELOSO, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de julho de 2019, caderno ECONOMIA, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de SHOTOKU YAMAMOTO, diretor da Sky Corte Laser e diretor conselheiro da Abimaq, e que merece igualmente integral transcrição:

“Poupança e investimento
        Para falar sobre o elevado nível de desemprego existente no país, é preciso distinguir dois importantes conceitos da economia, consumo e investimento. O primeiro é definido como a destruição de um bem ou serviço para satisfazer as necessidades humanas, enquanto que o investimento é a geração de nova riqueza. Portanto, a única medida que pode diminuir o nível de desemprego no Brasil é o aumento líquido dos investimentos, entendendo como tal a formação bruta de capital fixo menos a depreciação. Para o Brasil crescer, em torno de 4 a 4,5% ao ano, é preciso investir, aproximadamente, 25% do PIB, e isso só se concretizará se houver fontes de financiamento dos investimentos. Para o Brasil não ficar dependente de investimentos estrangeiros, é preciso gerar poupança de R$ 1,7 trilhão, considerando o PIB de 2018.
         A poupança nacional tem três fontes de geração:
         Poupança das famílias, que é a diferença entre a renda menos o consumo das famílias. O Brasil, nos últimos governos, tem estimulado o aumento do consumo por meio do financiamento de bens de consumo duráveis, sob o pretexto de aumentar a demanda agregada e, portanto, desestimulando o ato de poupar das famílias, sem falar no efeito colateral dos juros exagerados cobrados pelo sistema financeiro, que diminuiu a capacidade futura de consumo das famílias e, portanto, anulando aquele pretexto de aumentar a demanda e a produção futuras de bens de consumo.
         Poupança das empresas, que é o lucro líquido dos negócios empresariais que deve remunerar o capital ou o patrimônio líquido das empresas todos os anos, a uma taxa no mínimo igual ao rendimento do capital numa aplicação financeira. Tendo em vista que o governo, como foi dito acima, incentivou o consumo das famílias e o Banco Central, que tem como missão o controle da inflação, adotou uma política de valorização da nossa moeda para baratear as importações, de modo que as empresas brasileiras não pudessem repassar os aumentos nos preços dos insumos industriais, principalmente o custo da mão de obra, indexada com a inflação passada mais o aumento real sem correspondente aumento da produtividade. A consequência dessa política suicida não poderia ser outra, senão a recessão. Como resultado disso, as empresas não só pararam de obter lucros, como passaram a operar no vermelho e muitas quebraram. Tanto é verdade que a participação das indústrias de transformação na formação do PIB diminuiu para algo em torno de 11% em 2018, o que é pior, pagando 30% da arrecadação bruta de todos os impostos. Portanto, o lucro líquido das empresas, que é a poupança das empresas, principal financiador da formação bruta de capital fixo, também secou.
         Poupança do setor governamental, que é o superávit orçamentário dos três níveis de governo. Não é preciso falar muito a esse respeito, pois sé sobejamente conhecido que, há muito tempo, a União, os estados e os municípios, esses últimos com raras exceções, são deficitários. Ouço comentaristas de economia afirmarem que o Brasil está indo para o mesmo destino da Grécia, na minha opinião, uma grande ignorância. Se o Brasil, a exemplo da Grécia, renunciasse ao poder de emitir moeda, teria sido obrigado a fazer as devidas reformas há muitos anos. Aproveito para alertar aos contrários à reforma da Previdência de que o governo não vai deixar de pagar os aposentados exatamente porque tem o poder de emitir moeda e, se o governo recorrer a essa solução, irão rapidamente lembrar-se da inflação galopante de 2% ao dia. É preciso falar disso aos trabalhadores da iniciativa privada. Se a reforma previdenciária não for aprovada, só restam três alternativas: aumentar a carga tributária, que hoje já está em 34% do PIB – e como os impostos indiretos têm um peso significativo, o aumento da carga tributária prejudicaria, principalmente, os mais pobres. Portanto, uma péssima solução, além de injusta. Outra medida seria tomar dinheiro emprestado do sistema financeiro, em última análise, dos ricos, aumentando ainda mais a dívida bruta do governo geral, que, em fevereiro deste ano, alcançou o montante de R$ 5,3 trilhões, equivalentes a 77,4% do PIB. E, finalmente, a última solução seria emitir dinheiro para pagar os aposentados, como já foi mencionado. Portanto, analisando as três fontes de poupança interna, concluímos que não há geração de poupança suficiente para financiar os investimentos necessários. Essa é a razão por que o Brasil precisa atrair investimentos estrangeiros, aumentando a dívida externa brasileira, porque o Brasil é, tradicionalmente, deficitário em transações correntes com o resto do mundo, portanto, integrando o bloco dos devedores do planeta.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda estratosférica marca de 299,78% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 320,87%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,66%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


          

quarta-feira, 15 de julho de 2015

A CIDADANIA, A LIÇÃO DOS GREGOS, A POLÍTICA E A CORRUPÇÃO

“O ‘não’ do referendo na Grécia: 
   a dignidade venceu a cobiça
        Há momentos na vida de um povo em que ele deve dizer “não” para além das possíveis consequências. Trata-se de dignidade, soberania popular, democracia real e o tipo de vida que se quer para toda a população.
         Há cinco anos, a Grécia se debate numa terrível crise econômico-financeira, sujeita a todo tipo de exploração, chantagem e até terrorismo por parte do sistema financeiro, especialmente o de origem alemã e francesa. Ocorria uma verdadeira intervenção na soberania nacional, com a pura e simples imposição de medidas de extrema austeridade excogitadas, sem consultar ninguém, pela Troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI).
         Tais medidas implicaram uma tragédia social, face à qual o sistema financeiro não mostrava nenhum sentido de humanidade. Um de quatro adultos está desempregado, mais da metade dos jovens está sem ocupação remunerada, e o PIB caiu 27%. Não passa pela cabeça dos especuladores que atrás das estatísticas se esconde uma via-sacra de sofrimento de milhões de pessoas e a humilhação de todo um povo. Seu lema é “a cobiça é boa”. Nada mais conta.
         O novo governo grego de esquerda, que quis negociar as medidas de austeridade duríssimas, encontrou ouvidos moucos. A atitude era de total submissão: ou tomar, ou deixar. Nada de uma estratégia do ganha-ganha, mas pura e simplesmente do ganha-perde. A disposição era a de humilhar o governo de esquerda socialista de Tsipras, dar uma lição a todos os demais países com crises semelhantes (Itália, Espanha, Portugal).
         A única saída honrosa de Tsipras foi convocar um referendo. Qual a posição face à inflexibilidade férrea da austeridade, que aparece totalmente irracional por levar uma nação ao colapso, exigindo uma cobrança da dívida reconhecidamente impagável?
         A vitória de domingo foi espetacular para o “não”: 61%. Primeira lição: os poderosos não podem fazer o que bem entendem, e os fracos não estão mais dispostos a aceitar as humilhações. Segunda lição: a derrota do “sim” mostrou claramente o coração empedernido do capital bancário europeu. Terceiro, trouxe à luz a traição da unidade europeia a seus próprios ideais. Renderam-se à lógica perversa do capital financeiro.
         A vitória do “não” representa uma lição para toda a Europa: se ela quer continuar a ser súcuba das políticas imperiais norte-americanas ou se quer construir uma verdadeira unidade europeia sobre os valores da democracia e dos direitos.
         Uma lição para todos, também para nós: quando se trata de uma crise radical que implica os rumos futuros do país, deve-se voltar ao povo, portador da soberania política, e confiar nele. A partir de agora, os credores e as inflexíveis autoridades da zona do euro terão pela frente não um governo que eles podem aterrorizar e manipular, mas um povo unido que tem consciência de sua dignidade e que não se rende à avidez dos capitais.
         Na Grécia, nasceu a democracia de cunho elitista. Agora está nascendo uma democracia popular e direta. Ela será um complemento à democracia delegatícia. Isso vale também para nós.
         Um prognóstico, quiçá uma profecia: não estará nascendo, a partir da Grécia, a era dos povos? Face às crises globais, serão eles que irão às ruas, como entre nós e na Espanha, e tentarão formular os parâmetros políticos e éticos do tipo de mundo que queremos para todos. Já não confiam no que vem de cima. Seguramente, o eixo estruturador não será a economia capitalista desmoronando, mas a vida.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 10 de julho de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de junho de 2006, caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de DÉLCIO VIEIRA SALOMON, professor universitário e escritor, e que merece igualmente integral transcrição:

“Política e corrupção
        Cortejadas pela decepção causada por Lula do poder e a derrocada do PT como partido da ética, política e corrupção desgraçadamente realizaram casamento indissolúvel em nossa sociedade. Diante dos fatos alarmantes detectados dentro e fora das CPIs é esta a sensação que perpassa todas as camadas da sociedade brasileira. A maioria de nossos homens públicos, notadamente os políticos, foi atingida pelo vírus da corrupção. Antigamente, os fatos eram isolados e podia-se dizer: “Não generalizemos, trata-se de uma minoria”. Hoje, comprova-se o contrário. A antiga exceção virou paradigma de comportamento.
         A partir da realidade observada, já não podemos afirmar, escorados em Aristóteles, que ética, política e justiça estão constituindo os três pilares da vida social brasileira. Já foi o tempo em que se podia pensar com Santo Tomás de Aquino que a sociedade política é construção moral e que à política, mais do que administrar os bens tangíveis da sociedade, caberia organizar e conduzir seu comportamento ético. Desprovido de justiça, que é essencialmente ética, o Estado não passa de um bando de assaltantes, conforme já nos advertia Santo Agostinho.
         Lamentavelmente, hoje é comum ouvir que a ética é algo utópico, pois a corrupção e não a ética é própria da natureza humana. Argumenta-se que sempre houve corruptos. Mas será que, diante de nossa atual realidade, os antigos não foram casos excepcionais? Hoje vemos a corrupção detectada em todas as instituições, desde as públicas às privadas. Daí ser frequente a triste constatação: a corrupção é inerente à condição humana.
         No meu entender, esta terrível afirmação leva-nos à passividade e ao conformismo, pois, aceitando-a em sua plenitude, somos vítimas do engano de que a condição humana é uma fatalidade impregnada em cada um de nós, quando na verdade se trata de uma construção constante, de todos os dias, feita pela inteligência e pela solidariedade.
         Esta tendência de atribuir a corrupção à condição humana me reporta a uma afirmação de Marx, quando combatia a ideia de fatalidade da vida humana. Dizia o grande mestre: “O homem é formado pelas circunstâncias (...) mas, é necessário formar as circunstância humanamente”. Também via a chamada condição humana como construção, pois, se assim não for, passa a ser uma válvula de escape, um mecanismo de fuga de nossas responsabilidades. Sua dialética, que sabia valorizar os conflitos humanos e sociais, não lhe permitia jamais contemporizar com as ideias de Rousseau, do homem bom por natureza, nem com as de Hobbes, do homem lobo do homem. Infelizmente, vivemos hoje numa sociedade em que o mundo é dos espertos e de quem tem dinheiro. Os destituídos da esperteza e da riqueza são tachados de babacas, ingênuos, otários, retrógrados e como tais merecem o desprezo.
         Numa sociedade como a nossa, com governantes, legisladores e juízes que aceitam passivamente a corrupção e frequentemente tornam-se praticantes do rompimento com a ética, pois manifesta ou latentemente professam que os fins justificam os meios, é de se esperar seus reflexos nas camadas mais influenciáveis da população, notadamente entre os destituídos de educação e do poder aquisitivo para a sobrevivência. Se procurarmos a fonte da violência em nossa sociedade, por certo, para surpresa de muitos, ela será encontrada no exemplo acima. Oxalá o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com sua gana de ser reeleito, reflita sobre isso!”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do IBGE, a inflação de junho medida pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – e acumulada nos últimos doze meses atingiu 8,89%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!    
     
        

    

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A CIDADANIA, A SUSTENTABILIDADE E O SENTIDO DA VIDA

“Energia renovável e sustentabilidade

Estamos vivendo num mundo em transformação. Tão importante quanto a descoberta de tecnologias, que modificam e influenciam nossos hábitos e consumos, estamos no processo de modificação de comportamento. Mídias sociais transformam, criam conceitos do que seja privacidade e geração de conteúdo e redefinem os limites da liberdade de expressão. Dessa mesma forma surge o conceito de sustentabilidade, como o direito a uma existência digna para as futuras gerações. Com impacto em todos os ramos do conhecimento humano, é importante que conheçamos seu alcance. Em contrapartida a essas mudanças há uma tendência a uma classificação polarizada entre o certo e o errado. No setor de energia não é diferente.

O primeiro perigo é considerar que todas as energias renováveis são necessariamente “o certo” e a energia extraída dos combustíveis fósseis “o errado”. A evolução da humanidade segue um ritmo natural e pouco linear. Se, de um lado, a migração de uma energia ambientalmente danosa para uma amigável ao meio ambiente caminhará independente da existência da continuidade dos combustíveis fósseis.

Aqui vale notar como a classificação rotulatória pode ser danosa. Exemplificamos: O etanol, seja gerado de cana-de-açúcar ou de milho, tem efeitos extremamente danosos para atmosfera no que diz respeito à emissão de CO2, muito mais do que a queima de gás natural, que, em que pese ser uma fonte de energia não renovável, é ambientalmente mais amigável em relação às emissões de CO2 .

Tão ou mais importe do que ser renovável ou não renovável é que haja a adoção sustentável e, por via de consequência, racional, quer das fontes de energia, quer das políticas públicas que vão atuar em torno da indústria da energia.

Vivemos uma falta de coerência por essa confusão de conceitos. Uma das que vimos acontecer recentemente foi o caso da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Mesmo sendo uma das fontes mais limpas e renováveis, houve uma campanha para a não construção de Belo Monte pelo impacto ambiental que ela traria. É de se questionar ou ao menos comparar qual seria o impacto para gerar a mesma quantidade de energia por meio de usinas termelétricas. A equação e solução não são simples e devem ser analisadas com prudência.

A sustentabilidade, em um conceito bem mais amplo, vem nos trazer o norte. Não basta acabarmos com os empregos das atividades extrativistas, temos que dar condições para que os trabalhadores rurais possam migrar para outras fontes laborais que sejam mais produtivas e adequadas ao tipo de país que queremos.

Encontraremos então uma solução sustentável. Assim também devem ser analisados o petróleo e o gás natural. O gás nem é mais visto como um vilão, pois, como já dito, em que pese ser uma fonte não renovável, seu impacto no meio ambiente é mínimo. Todavia devemos olhar o petróleo e o gás não como fonte de energia, mas sim como a matéria-prima para inúmeros produtos utilizados no dia a dia, do polímero ao adubo, que tem profunda relação com a utilização do solo com menor desgaste, o que é ambientalmente desejável.

A sustentabilidade é uma qualidade da escolha que faremos para migrarmos mais rápida ou mais vagarosamente para um futuro que preveja e proteja as próximas gerações.”
(CLÁUDIO A. PINHO, Advogado, professor de direito constitucional, coordenador do curso de pós-graduação em direito de energia da universidade UNA, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de junho de 2012, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 20 de junho de 2012, caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de FREI BETTO, Escritor, autor de A obra do artista – uma visão holística do universo, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“A Grécia de Sócrates

Ao revisitar o Parthenon, na segunda semana de junho, encontrei próximo do Teatro de Dionísio, pensativo, meu amigo Sócrates.

- Como vão as coisas aqui na Grécia?

- Perdemos a sabedoria, meu caro. Urge reencontrar a lâmpada de Diógenes para enxergar luz no fim do túnel. Por sorte, nas eleições de 17 de junho, os partidos xenófobos não alcançaram maioria. E a esquerda ficou em segundo lugar, com boa representação no Parlamento.

- Turista acidental, vi que muitos gregos temiam pelo pior – comentei. Na semana precedente às eleições havia filas para retirar dinheiro dos bancos e muitas famílias estocaram alimentos.

- Nós nos metemos numa enrascada – observou o velho filósofo. Somos uma nação de 11 milhões de habitantes. Segundo Pitágoras, que entende de números, a Grécia não deveria ter abandonado o dracma e adotado o euro. O Reino Unido e a República Tcheca preservaram suas moedas e estão menos vulneráveis à crise. Agora é tarde. Estamos irremediavelmente reféns dos bancos. Tanto que empréstimo agora é chamado de resgate.

- A que atribui essa crise estrutural que assola a Europa?

- À obsessão neoliberal pelo consumismo. Nos últimos vinte anos desfrutamos de um padrão de vida ecologicamente nocivo e eticamente ofensivo ao resto do mundo.

- Acredita que a crise reforça o neonazismo representado pelo partido Aurora Dourada?

- As pessoas preferem segurança à liberdade – lamentou Sócrates. A xenofobia se alastra. Temos hoje 1 milhão e 400 mil imigrantes, mais de 10% de nossa população. Gente em busca dos empregos que nos faltam.

Hipócrates me disse que os neonazistas ameaçam expulsar os imigrantes dos hospitais.

- Veja a que ponto chegamos – exclamou o filósofo. Nosso sistema de saúde faliu. Faltam médicos, aparelhos cirúrgicos, medicamentos. O problema não são os imigrantes, que agora só andam em bandos, com medo de agressões. A causa da crise é mais profunda. Se não houver mudança de paradigma de desenvolvimento, a Europa e o mundo não terão futuro.

- A seu ver, qual a saída?

- Falei ontem com Platão. Sabe como é, os idealistas se cobrem com otimismo. Ele acredita que graças aos empréstimos garantidos pela Alemanha haveremos de sair do buraco.

- E Aristóteles, concorda?

- Ari é mais pragmático. Sublinhou que o problema não é só grego. É global. Espanha, Itália, Portugal, Irlanda também caminham para o buraco. Os Estados Unidos estão em recessão. E a bóia de salvação lançada pelo neoliberalismo é a mais furada possível: apertar o cinto. Até parece que as medidas de austeridade foram ditadas por Antístenes. Na verdade, querem salvar os bancos, não as pessoas.

- Haveria que seguir o exemplo da Islândia – opinei – afetada duramente pela crise de 2008. Ela apertou o cinto sem estender o pires aos bancos e conseguiu, sem se endividar, superar as dificuldades.

- Ou do Brasil – frisou Sócrates. Vocês romperam com o FMI e estimularam o consumo interno, aumentando o salário mínimo, facilitando o crédito e combatendo a inflação.

- É verdade. Porém, como ainda somos uma economia periférica, a espada de Dâmocles da crise nos ameaça. Ainda não promovemos reformas estruturais e mantemos uma economia muito dependente das exportações.

- Hoje o mundo depende das finanças. Não há mais filosofia – comentou Sócrates. As pessoas já não querem um sentido para a vida, mas apenas lucros. Aqui na Grécia trocamos o Areópago pelo Banco Central Europeu. A política é, hoje, refém da economia. E não há quem controle a economia, exceto o interesse egoísta de acumulação privada da riqueza. Estou a ponto de tomar cicuta de novo.

- Preparei-me para deixar o Areópago, enquanto Sócrates contemplava o Parthenon. Vi-o tão pensativo que decidi retornar.

- O que tanto o preocupa, mestre?

- Contemplo esta maravilha, o Parthenon. Algo, porém, me incomoda. As pinturas que decoravam este monumento de valor universal se encontram, hoje, no Museu Britânico. E o marido de Elizabeth II, o príncipe Phillipe, é grego, nascido na ilha de Corfu. Bem que ele poderia nos devolver o que a nós pertence.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que apontam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS TRANSFORMAÇÕES em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, CIVILIZADAS, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVALMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – e, imperativo da modernidade,a decisão de MATRICULARMOS na 1ª série do ENSINO FUNDAMENTAL, as nossas crianças de 6 anos, independentemente do mês de NASCIMENTO –, até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, severo e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais AVASSALADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS e INTOLERÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, irremediavelmente IRREPARÁVEIS...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já escasso DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a confiança em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, o que aumenta o abismo das DESIGUALDADES sociais e regionais e nos afasta num crescendo dos SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDOS...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS e abundantes RIQUEZAS, OPORTUNIDADE e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS os BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) de 13 a 22 próximos; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...