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sexta-feira, 2 de março de 2012

A CIDADANIA, A HORA DA REFLEXÃO E O ENSINO SUPERIOR DO FUTURO (33/27)

(Março = Mês 33; Faltam 27 meses para a COPA DO MUNDO de 2014)


“Ano eleitoral, hora de reflexão

Ano eleitoral, ano de muita reflexão. Exercício de cidadania consciente e crítica e não mais moeda de troca, o voto deve ser fruto de análise, de democracia, de merecimento. Nesse diapasão, a educação tem que ser colocada em primeiro lugar pelos governantes atuais e futuros, para que, daqui a alguns anos, realmente tenhamos “o governo que merecemos”, porque essa máxima popular dói quando sabemos das falcatruas que sofrem nossos bolsos, nosso país.

Falando em educação, veja que o ambiente acolhedor de nossa própria casa é exemplo de como cada cômodo pode ter mais de uma função além daquele que lhe designa. Funções específicas, mas não únicas, como o quarto, que pode ser de descanso, de intimidade, de prazer, de estudo; a cozinha, lugar de refeições, de reunir amigos, de bate-papo, de descobrimentos e de experiências. A biblioteca na escola também tem vários papéis que não somente armazenar livros. É o lugar onde podemos aprender a usar a informação, descobrir o prazer da leitura, ter acesso e fazer ligações entre vários tipos de texto, construir conhecimento, interagir com os pares, porque o estudante tem a necessidade de partilhar – isso é característica dessa nova sociedade da informação –, alunos munidos de competência informacional, construindo cidadania, utilizando novas tecnologias.

É sabido que a forma lúdica, a oralidade, o exemplo, o prazer, a disponibilidade, a empatia devem fazer parte do clima da biblioteca escolar, não apenas para saber usá-la, não apenas para gostar de livros, nem para tornar-se mais culto, mas competência e habilidade para ser cidadão, ser autônomo, ser crítico, saber onde buscar conhecimento para a vida. Howard Gardner, o criador da teoria das inteligências múltiplas, complementa nosso pensamento quando diz em um de seus livros: “Quero que meus filhos entendam o mundo, mas não apenas porque o mundo é fascinante e a mente humana curiosa. Quero que eles compreendam o mundo para fazer dele um lugar melhor.”

Quando é que o homem vai parar de fazer guerra (greves, badernas, provocações) para atingir seus objetivos? Acredito que, quando seu foco estiver direcionado para a finalidade certa, quando suas estratégias não dependerão apenas da lei do mais forte, mas da adaptação, da flexibilidade, da busca por resultados. Faço essa afirmação com o mesmo entusiasmo que Ziraldo fala em O livro dos não do menino maluquinho, sobre o cigarro: “Não fume. Mesmo porque, quando crescer ninguém vai fumar mais”. Veja a legislação sobre os cigarros: o fumante hoje já não tem mais espaço de convivência.

A biblioteca escolar utilizada como centro cultural, estação do conhecimento, articuladora do processo de educação-cultura, avançará no processo ensino-aprendizagem. Ela pode ser a ponte entre esse ambiente de aprendizagem e o mundo externo. Na criança pequena isso é visível a todo momento, principalmente quando ela aprende/descobre de forma prazerosa e lúdica sobre os fatos da vida; parafraseia autores em suas falas, aplicando-os com sabedoria no seu cotidiano; quando escolhe um livro pensando em quem vai recebê-lo e como seu conteúdo será recebido; quando faz questão de ler pra alguém, de partilhar; quando deseja presentear com livros; quando escolhe um almanaque no lugar de um brinquedo para levar para a escola no “dia do brinquedo”; quando leva a revistinha em quadrinhos para festa de aniversário e quer ler para as outras crianças.

Imagine o resultado quando essa criança se tornar um adulto. Escolha profissional, equilíbrio na vida, no trabalho, o encontro do prazer em pequenas atitudes, a cidadania, a qualidade de vida, a escolha certa e o acompanhamento de quem mereceu o seu voto, a cobrança pelos resultados. Fruto da educação de qualidade exigida pela sociedade. Esse é o resultado que queremos e que está na hora de exigir!”
(ANA PAULA DE REZENDE, Bibliotecária, especialista em gestão estratégica da informação pela UFMG, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de fevereiro de 2012, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado na Revista VEJA, edição 2257 – ano 45 – nº 8, de 22 de fevereiro de 2012, páginas 78 e 79, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que é economista, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“O ensino superior do futuro

Há uns anos, fui dar uma palestra em uma universidade privada. Perguntei ao diretor qual era o maior desafio deles. Imaginei que ele fosse me dizer que eram outras universidades semelhantes, ou a universidade pública, mas não: “O que nos atrapalha é esse pessoal que engana os alunos dizendo que curso de dois anos é ensino superior”. Eis um bom retrato do nosso ensino superior: não só pequeno como atrasado. Hoje, nosso primeiro problema é termos uma taxa de matrícula de 22%, entre um terço e um quarto da dos países desenvolvidos, metade da de países como Chile, Venezuela e Peru e abaixo da de todos os Brics, exceto a Índia.

A principal explicação para esse acanhamento no ensino superior é a falência da nossa educação básica. Mas, de algum dia consertarmos esse problema (crença que se aproxima cada vez mais do dito sobre o segundo casamento: é o triunfo da esperança sobre a experiência), nossos graduandos se defrontarão com um modelo de ensino superior defasado. Esse não é um problema só brasileiro. No começo do ano participei de um seminário sobre ensino superior em países em desenvolvimento na Universidade de Oxford, e o que se discutiu lá, mais aquilo que já vem sendo pensado aqui, nos permite ter uma ideia de como será o ensino superior da próxima geração. Eis os horizontes mais relevantes (agradeço a Jamil Salmi, até recentemente líder da área de ensino superior do Banco Mundial, por muitos dos exemplos abaixo).

FLEXIBILIDADE – Durante séculos, o ensino superior foi algo que acontecia em universidades, em cursos de quatro anos, preparando o aluno para uma carreira específica. No futuro, o ensino se dará em universidades, em escolas técnicas e em outros formatos que ainda não conhecemos que permitam o lifelong learning, o aprendizado ao longo da vida. Os cursos poderão ser presenciais ou on-line. Mais frequentemente, serão das duas formas. Terão dois, três ou quatro anos de duração. Tratarão de várias áreas do conhecimento, e estarão mais preocupados em ensinar a pensar do que em transmitir conhecimentos e habilidades específicos, pois a obsolescência do saber será ainda maior do que é hoje.

MENOR DURAÇÃO – O Brasil tem três tipos de formação: bacharelado, licenciatura e curso de tecnólogo. Esse último dura entre dois ou três anos, focado no desenvolvimento de uma competência profissional específica, normalmente para cargos de salário médio. No Brasil, só 10% das matrículas em cursos presenciais está nesse tipo de curso. Na China, é mais da metade. Nos países desenvolvidos (OCDE), é um terço (dados disponíveis em twitter.com/gioschpe). Em vez de ser percebido como a melhor alternativa para a pessoa que busca um diferencial rápido e eficaz no mercado de trabalho, o curso de tecnólogo ainda é erroneamente visto como um “primo pobre” do ensino “de verdade”.

LAÇOS COM O ENSINO BÁSICO – Nas últimas décadas, o ensino superior se massificou e deselitizou (o Brasil ainda chegará lá), e o ritmo de inovação no mercado de trabalho fez com que um diploma de uma boa universidade não fosse mais suficiente para uma carreira cada vez mais longa. Assim, a distinção entre educação básica e superior vai ter cada vez menos sentido. Ambas estarão dentro de um contínuo, que começa na pré-escola e só termina com a morte. Na Alemanha, as faculdades de engenharia e escolas politécnicas já estão em contato com jardins de infância para atrair futuros bons engenheiros. No Brasil, teremos um problema adicional a resolver: as áreas de licenciatura e pedagogia, hoje patinhos feios da academia, terão de ganhar em importância e prestígio. As universidades terão de entender que sem um aluno bem formado no ensino básico não conseguirão fazer o seu trabalho com qualidade.

TECNOLOGIA – No Brasil, só reconhecemos diplomas de instituições brasileiras, mas certamente em breve validaremos o ensino dado nas melhores universidades do mundo. Hoje já é possível assistir, on-line e sem custo, a aulas de instituições como o MIT e Stanford. Nos EUA, um sexto das matrículas do ensino superior já é feito em cursos on-line. O Brasil está chegando bem perto, com uma em cada sete, depois de uma explosão que levou o número de matriculados de 200 000, em 2006, para 930 000, em 2010. Stanford, Purdue e Duke são universidades que já gravam todos os seus cursos, para que os alunos possam baixá-los e rever as aulas quantas vezes quiserem. Há algumas semanas, a Apple lançou uma plataforma de venda de livros didáticos para o iPad. Além do texto, tem vídeos, animações, lugar para resumos. Em breve, serão compartilháveis.

DESABOU A TORRE DE MARFIM – À medida que o ensino superior se massifica, desaparece a noção da academia como instituição alheia (e superior) ao mundo “real”. Haverá cada vez mais forte competição entre instituições pelo aluno, o que faz com que as universidades precisem se desdobrar para atender às demandas dos alunos e de seus futuros empregadores. A Universidade do Sul da Flórida dá uma garantia a seus alunos de engenharia: se, durante seus cinco primeiros anos no mercado de emprego, eles sentirem a necessidade de competências que não aprenderam na faculdade, podem voltar a aprendê-las de graça.

CURRÍCULO – Oscar Wilde (1854-1900) escreveu que nada vale que vale a pena saber pode ser ensinado. O desafio das universidades do futuro será ensinar apenas aquilo que vale a pena saber, o que demandará novos currículos e nova didática. Um exemplo é o Olin College of Engineering, nos EUA. O ensino é centrado na resolução de problemas, sempre em equipes. Não há departamentos acadêmicos e os professores não recebem cátedra. O currículo é baseado em um triângulo entre engenharia (o projeto é exeqüível?), empreendedorismo (é viável?) e humanas (é desejável?).

INTERDISCIPLINARIDADE – Os problemas do mundo real são complexos e não respeitam fronteiras departamentais. A universidade do futuro terá de respeitar essa realidade. Todo aluno de graduação nos EUA passa por todas as grandes áreas do saber. Só no início do terceiro ano é que ele precisará decidir qual será a sua “major”, a área em que vai se diplomar. Antes disso, o futuro cientista estuda sociologia e o historiador estuda matemática. A especialização virá mesmo só na pós-graduação. Algumas universidades federais no Brasil tomaram a iniciativa de criar um “bacharelado interdisciplinar”. É um bom começo, ainda que a iniciativa seja limitada pelo fato de que o aluno estuda apenas umas de quatro grandes áreas (artes, humanidades, saúde e ciência e tecnologia).

NADA É DE GRAÇA – Um sistema educacional que matricule perto de 100% dos jovens (EUA, Finlândia e Coreia do Sul já estão chegando perto disso) é caro. Não é possível estender esse benefício a número tão grande de alunos e esperar que os contribuintes paguem a conta. Com exceção do México, República Checa e países escandinavos, todos os países da OCDE cobram mensalidades de seus alunos em universidades públicas. Passaremos por mais algumas invasões de reitorias, mas chegaremos lá.

P.S. – O artigo do mês passado, sobre o fechamento de vagas em universidades de “má qualidade”, suscitou algumas respostas curiosas. Uma delas, de um médico que concordava que não se deviam fechar vagas em nenhum curso – exceto medicina. Pois haveria médicos suficientes para atender à população. Infelizmente, não é verdade. Há 1,87 médico por grupo de 1 000 habitantes no Brasil. Nos países da OCDE, esse número é de 3,32 – 78% mais, portanto. No Uruguai, é de 4,18. Para chegarmos a média da OCDE, precisaríamos de 643 000 médicos, ou 277 000 mais do que temos hoje em atividade no país.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, PEDAGÓGICAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA – que é de moral, de caráter –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS TRANSFORMAÇÕES em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS, DESENVOLVIDAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, câncer que se espalha por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INTOLERÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTO, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, afeta a CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES, embaçando o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS. A Campanha da FRATERNIDADE de 2012 torna visível e CLAMA pelas CHAGAS da SAÚDE PÚBLICA...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de forma alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, SAUDÁVEL, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como: a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) em junho; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E A ARTE DO OFÍCIO

“03/05: DIA MUNDIAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA

A Liberdade de Imprensa é pré-requisito fundamental da democracia. A Declaração Universal dos Direitos Humanos traz em seu artigo 19: ‘Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras’. No cumprimento deste direito, a mídia tem importância decisiva. Como é salutar a atuação de uma imprensa livre, que não sofra pressões de quaisquer interesses, políticos ou econômicos! Com informações isentas, corretas e precisas, todos ganham: o indivíduo, a sociedade, o planeta.”

(Frei GUSTAVO WAYAND MEDELLA, OFM).

Outra IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de abril de 2011, Caderno OPINIÃO, página 10, que merece INTEGRAL transcrição:

“Educação profissional

É mais do que razoável a preocupação do governo da presidente Dilma Rousseff em oferecer uma resposta da União à dramática falta de mão de obra qualificada no país. Essa escassez, que vem se acentuando com a manutenção de taxas anuais de crescimento da economia acima de 4% nos últimos tempos – exceto durante a recessão de 2009, provocada pela crise internacional –, já é uma ameaça real ao cumprimento do cronograma de obras e serviços destinados à Copa do Mundo de 2014. Durante décadas, o país incentivou mais a formação acadêmica de nível superior, deixando em segundo plano o ensino técnico profissional. Isso não apenas tem retardado o ingresso de jovens no mercado profissional como acabou reduzindo a oferta de cursos profissionalizantes de nível médio, tanto públicos como privados. Dados do Ministério da Educação (MEC) revelam que para 6 milhões de matrículas no ensino superior há apenas 1 milhão no ensino técnico. E o país, ao viver fase de aquecimento da atividade econômica, já cogita até mesmo importar técnicos, inclusive de nível médio.

É nesse contexto que deve ser inserido o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec), lançado ontem pela presidente Dilma Rousseff. Mas não deve faltar ao governo atenção a alguns aspectos que podem anular os resultados desejados, bem como em relação às estruturas públicas de boa qualidade já existentes e que, se forem mais bem equipadas, poderão ampliar a contribuição que dão à preparação técnica dos jovens. É o caso do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), instituição que tem brilhado em praticamente todos os rankings oficiais de qualidade do ensino médio no país. A ampliação de sua capacidade, com o desdobramento em novas unidades, poderia dar resultados mais rápidos e a custo compatível com o nível oferecido. Isso não significa evitar a expansão da rede pública de ensino técnico, conforme previsto no Pronatec, que pretende acrescentar 120 unidades às 81 escolas técnicas atualmente em implantação.

O programa prevê também a inclusão das escolas particulares no aumento de matrículas no ensino profissionalizante. Para tanto, anuncia o governo a intenção de expandir o programa de financiamento estudantil (Fies) a essa modalidade de ensino, já que hoje se dedica praticamente só ao nível superior. O financiamento das matrículas poderá ser também concedido a empresas que queiram desenvolver programas de capacitação técnica de seus funcionários. O que não pode ser esquecido é que não há um padrão de qualidade mínima definido pelas autoridades da educação para o ensino médio técnico profissionalizante. Tampouco se tem notícia de fiscalização permanente e rigorosa do MEC nessas escolas, de modo a credenciá-las a receber alunos mantidos com verbas públicas. Essas duas deficiências já são bastante graves para indicar a necessidade de o MEC não ficar só no discurso de lançamento de mais que, embora oportuno e bem-vindo, corre o risco de dar resultados inferiores aos de que o país precisa.”

E mais uma também IMPORTANTE e ADEQUADA contribuição para o nosso trabalho, vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 28 de abril de 2011, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de OLAVO MACHADO, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Sistema Fiemg), que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“A arte do ofício

No mundo do trabalho, o Brasil vive hoje um cenário de grandes contradições: nunca se empregou tanto como nos últimos anos – são 92 milhões de pessoas contratadas, o que representa mais de 90% dos brasileiros em idade e condições para trabalhar e que formam a chamada população economicamente ativa (PEA). Nos próximos cinco anos (2011/2015), caso o país cresça a uma taxa de 4,6% ao ano – e isso é o mínimo que se pode esperar –, serão abertas oportunidades para 8 milhões de trabalhadores, educados e qualificados para assumir todo tipo de função, das mais simples às mais sofisticadas. Na outra ponta, coincidentemente, ainda temos 8 milhões de desempregados e não serão eles os ocupantes das vagas que serão criadas nos próximos cinco anos, por uma razão muito simples: este exército de brasileiros, desempregados foi sumariamente excluído do mercado de trabalho por absoluta falta de qualificação, por mínima que seja.

Dados (2009) do Sistema Nacional de Emprego (Sine), órgão vinculado ao Ministério do Trabalho, confirmam esse cenário preocupante: 1,6 milhão de vagas oferecidas nas agências públicas de emprego não foram preenchidas, e o principal motivo foi exatamente a falta de qualificação da mão de obra, o que engloba baixo nível de escolaridade, carência de preparo técnico e pouca ou nenhuma experiência. As conseqüências são dramáticas: de um lado por absoluta falta de capacitação de milhões de pessoas, sobretudo jovens, são postos à margem do mercado de trabalho, condenados a viver de biscates ou da solidariedade alheia; de outro, a escassez na oferta de trabalhadores qualificados para preencher os empregos oferecidos pelas empresas brasileiras – em todos os setores e, principalmente, na indústria – em já é considerada um gargalo comparável às deficiências de infraestrutura e logística de apoio ao setor produtivo e também à carga tributária vigente no país.

Neste cenário, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) acaba de criar o Programa Escola Móvel Sesi/Senai. O que nos move é a crença de que tão importante quanto formar profissionais de nível superior em todas as áreas, com mestrado e doutorado, é resgatar a antiga e tão bem-sucedida prática de ensinar aos jovens brasileiros a arte do ofício, que, historicamente, sempre foi a melhor porta de entrada para o mercado de trabalho. Bons aqueles em que pais, tios e vizinhos pegavam pelas mãos os jovens em idade de trabalhar e os iniciavam em suas profissões – pedreiro, bombeiro, carpinteiro, marceneiro, serralheiro, eletricista, costureira, bordadeira, quituteira e tantas outras profissões, das quais muitas “morreram”, por desuso ou pelo avanço da tecnologia, como se pode ver no Museu de Artes e Ofícios, na Praça da Estação, em Belo Horizonte. Muitos, depois, se formavam em cursos superiores, outros se desenvolviam na própria profissão.

Não é nenhum saudosismo, registre-se. Do ponto de vista do cidadão, o que o Projeto Escola Móvel Sesi/Senai se propõe a fazer é exatamente formar mão de obra profissional básica para a inclusão imediata dos alunos no mercado de trabalho, desenvolvendo habilidades que lhes possibilitem gerar renda. Do ponto de vista do estado e de sua economia, o objetivo é contribuir para reduzir a carência de mão de obra qualificada, aumentando o desenvolvimento social no entorno das indústrias. Também se pretende passar aos alunos conhecimentos importantes, como incentivo ao hábito da leitura, a melhoria da saúde mediante o ensinamento de técnicas de higiene e cuidados corporais, e estimular um estilo de vida mais saudável, por meio da prática sistemática de esportes.

O mais importante é que, por suas características de mobilidade, o projeto atenderá jovens e adultos em localidades absolutamente carentes no que se refere a oportunidades de educação profissional, constituindo-se em ferramenta eficaz de transformação e inclusão social. Da mesma forma, a amplitude dos cursos oferecidos assegura o atendimento das mais variadas vocações, nas áreas da indústria da panificação, elétrica, mecânica, mecânica diesel, vestuário, alimentos, informática, refrigeração, soldagem, construção, hidropneumática, instrumentação e controle e caldeiraria. Nossa ideia é que estes cursos possibilitem aos alunos da Escola Móvel Sesi/Senai condições de continuar o aprendizado em centros regionais maiores. Assim, vamos trabalhar para identificar, por meio de profissionais treinados, os alunos com maior preparo e levá-los para a cidade-polo mais próxima e matriculá-los em uma escola do Senai. E é preciso agir rápido. Em 2010, só para atuar no Rio de Janeiro, entraram no país 22 mil trabalhadores, especializados em profissões que antigamente eram aprendidas em casa.”

Eis, pois, mais páginas de SIGNIFICATIVO conteúdo PEDAGÓGICO acenando para a que se pontifica como PRIORIDADE ABSOLUTA – a EDUCAÇÃO, em toda sua ABRANGÊNCIA – e o desafio é GIGANTESCO e INDESVIÁVEL... Mas que ainda mais nos MOTIVA e nos FORTALECE nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a CONFERÊNCIA RIO + 20 em 2012, a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2103, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...