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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A CIDADANIA, A LUZ DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E AS LIÇÕES PARA UMA NOVA CULTURA

“A tecnologia na educação
        Recentemente a Unesco divulgou um estudo que mostra que 67% dos estudantes de países em desenvolvimento e emergentes, que utilizam o celular para ler, consideram o aparelho adequado para a leitura, justamente por estar o tempo todo com o usuário. A mobilidade, a rede WiFi e redes móveis nas escolas permitem aos alunos o acesso a conteúdos de qualidade. A utilização da tecnologia como ferramenta de interação entre alunos e professores tira os estudantes da condição de metros espectadores.
         Nesse sentido, os dispositivos móveis tornam-se parte do processo de aprendizado e são imprescindíveis, principalmente na aplicação do processo de aprendizagem por pares. Um dos aspectos positivos da aprendizagem que utiliza a tecnologia como aliada é que o professor também não é um mero expositor. Outra vantagem é que as aulas tornam-se mais interessantes, dinâmicas e lúdicas. Os estudantes, já familiarizados com os dispositivos móveis, acabam por se interessar mais pelo conteúdo ministrado em sala de aula a qualquer momento, de qualquer lugar. A metodologia exige mais dos alunos, tornando-os mais responsáveis. A tecnologia permite que as instituições de ensino organizem o conteúdo para disponibilizá-los no formato de vídeoaulas, podcasts (formas de transmissão multimídia na internet criadas pelos próprios usuários), textos, games, etc. Tais ferramentas prendem a atenção dos alunos, facilitam o processo de aprendizagem e respeitam o ritmo individual de cada estudante. Em outras palavras, a aula acontece fora da sala de aula, e a lição de casa, na instituição de ensino, o que é denominado de “sala de aula invertida” ou flipped classroom. Entre as propostas de utilização da tecnologia, estão: aprofundar os temas estudados; incentivar a produção, a criatividade e a criticidade; criar desafios aos estudantes; gerar produções; explorar o uso de recursos, tanto na web quanto fora dela; proporcionar integração e colaboração; e trabalhar diferentes opiniões e diversas fontes, entre outros objetivos. Em instituições que utilizam o método tradicional de ensino, a tecnologia é vista como fim, e não como meio para alcançar determinado objetivo, ou até mesmo soa como uma ameaça ao bom andamento da aula. Nesse caso, o professor é uma figura que transmite todo o seu conhecimento em via de mão única, pois os estudantes são meros ouvintes, agentes passivos da aprendizagem, que vão esclarecendo suas dúvidas conforme a necessidade. E se o conteúdo ministrado não for interessante, é óbvio que as redes sociais distrairão os alunos facilmente.
         A verdade é que as instituições de ensino não podem andar na contramão da tecnologia, pois a maioria dos estudantes do ensino superior é formada por nativos digitais, que estão sempre conectados e não conseguem ficar distantes dos seus dispositivos móveis. Dessa forma, torna-se imprescindível a adaptação dos professores a tal realidade, pois a tecnologia veio para ser um facilitador ao engajamento dos alunos, desde que sustentado por metodologia pedagógica adequada.”

(LÁZARO PONTES. Advogado, empresário, mestre em direito educacional e empresarial, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de setembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 7 de agosto de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Crises e nova cultura
        O momento atual se caracteriza pelas crises, cada vez mais evidentes, com consequências reais, para além do mero alarmismo. É real a situação difícil vivenciada por pessoas e setores afetados. As análises comprovam que a gênese dessas crises enfrentadas pela sociedade brasileira tem um histórico que é fruto das escolhas políticas, da eleição equivocada de prioridades sociais e também do tipo de tecido cultural sobre o qual está assentada.
         O fato é que há crises e elas trazem consequências de diferentes naturezas. Momento oportuno para se refletir sobre o ensinamento que aloja no reverso dessa realidade desafiadora. O ponto de partida para essa reflexão é admitir que nenhuma crise é acontecimento súbito. Sua geração é um longo desdobramento que pode revelar preciosas lições no que diz respeito a reações e novas respostas. Um processo capaz de proporcionar aprendizagens relevantes e transformadoras. Seria um grande risco deixar passar em “brancas nuvens” a singular oportunidade de se aprender novas dinâmicas nas relações sociais. São imprescindíveis as atitudes fundamentadas nos princípios dessas lições.
         Vista desse modo, a crise torna-se possibilidade de se ingressar em um processo de correção de rumos. Desvencilha a sociedade do perigo de um tratamento cultural da situação com o conhecido “jeitinho” próprio de dissimular os pontos críticos e justificar a manutenção de um sistema que neutraliza ações eficazes para a superação dos desafios.
         A hora é oportuna para vencer a desconfiança, o desespero e a desorientação provocados pelas dificuldades. É o momento certo para se exercer a cidadania ao mesmo tempo em que se esperam, com justeza, novas configurações na postura dos órgãos governamentais, instâncias públicas de representação e daquelas que, diretamente, prestam serviços ao povo. Não menos exigente é a expectativa quanto às atitudes dos construtores da sociedade, para que ajam norteados por princípios que garantam o bem comum, prezando o crescimento e o desenvolvimento das instâncias responsáveis pela produção e sustentação do equilíbrio social e econômico.
         Além dos aspectos que atingem altas esferas e intervenções de caráter sistêmico, vale considerar a crise como oportunidade para uma nova cultura modulada em hábitos e atitudes – reações e respostas a favor daquilo que a própria crise aponta como solução. Assumir outro modo de pensar e agir, no entanto, não é tão fácil assim. Existe uma forte tendência do ser humano ao comodismo, o que o predispõe a manter os mesmos costumes, diferentemente das pessoas que enfrentam rupturas drásticas da ordem social e econômica provocadas pelas guerras ou catástrofes naturais. Nesse contexto, o estado de penúria impõe a aprendizagem das lições sobre economizar, evitar desperdícios e a adoção de novos hábitos. Essas rupturas e as consequências com força de testemunho funcionam sempre como forte apelo para novas atitudes. Nesses momentos, por exemplo, é comum presenciarmos gestos de pessoas que doam parte de suas fortunas ou de seus altos salários em prol do bem comum. São iniciativas que contribuem para a construção de uma cultura solidária e sustentável.
         Condutas como essa ainda não fazem parte de nossa realidade. Sequer ousamos esperar que, diante das necessidades do governo de atender as demandas do setor educacional, políticos e funcionários do alto escalão aceitem ter os vencimentos reduzidos. O que se vê são atitudes em causa própria, tomadas em todas as instâncias do poder.
         A própria superação da crise econômica exige novos parâmetros. É urgente encontrarmos um modelo que não dependa do consumismo. No momento atual, torna-se indispensável um processo de reeducação no consumo que pode começar no momento das refeições diárias diante da discrepância entre a quantidade servida e a necessidade das pessoas. O equilíbrio ao consumir é, sem dúvida, um desafio cultural que precisa entrar agora como legado advindo do tratamento e do enfrentamento da crise.
         Não se pode restringir o olhar sobre os expressivos números do contexto econômico nacional ou global – é curioso como são predominantes nos noticiários quantias astronômicas. Torna-se necessário, primeiro, atender a poupar, a valorizar o próprio dinheiro, a partir de cada centavo, para saber respeitar e exigir respeito ao erário. O propósito não é o de fazer apologia à usura, mas sim de sugerir o princípio da otimização do consumo cultural daquilo que é realmente necessário. Certamente, se a sociedade aprendesse a superar o desperdício com as crises em curso, já haveria uma radical transformação de hábitos com os ganhos incidindo sobre o atendimento às necessidades de outros que hoje estão às margens do mercado. É possível vislumbrar que essa reeducação aponte até mesmo para a correção de critérios morais, pois a cultura da ganância também patrocina a tolerância à corrupção. Que as crises se tornem escolas de aprendizagem e de construção de uma nova cultura.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 350,79% ao ano; e mais, também em agosto, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,52%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  
     



            

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A CIDADANIA E A REPÚBLICA EM CONSTRUÇÃO

“Comendo poeira

A combinação do tamanho da economia, caminhando para desbancar as antigas potências europeias no ranking das maiores do mundo, com o atraso do bem-estar social em relação ao ritmo do Produto Interno Bruto (PIB) é um sinal, talvez o melhor do perfil ineficiente do desenvolvimento brasileiro, ocultado pelo marketing triunfalista dos governantes. De todos os das últimas décadas, do PSDB ao PT.

Termos o 6º maior PIB do mundo e estarmos na 84ª (e não 86ª, como publicamos domingo) posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) apurado pelas Nações Unidas junto a 187 países tem a ver com nossa capacidade de gerar e acumular riquezas e com a incapacidade de redistribuir renda e prover infraestrutura para o crescimento – conforme comentário do leitor Lallamand de Souza, de Brasília.

Se a economia cresce com relativa estabilidade, embora a um ritmo menor que o de outros emergentes, sobretudo da Ásia, significa que a política econômica, função do governo, e as atividades privadas, que dependem de decisões empresariais, estão em harmonia. Há muito que melhorar, mas já foi pior e a tendência está na direção certa.

Já o mau resultado das transformações sociais no IDH, que capta a expectativa de vida, o grau de escolaridade da sociedade e a renda média entre outros indicadores de qualidade de vida, sugere que as políticas públicas que conectam o crescimento econômico com o bem-estar coletivo ainda estão distantes de serem as mais adequadas.

Falta-lhes melhor conceituação, gestão mais competente ou as duas coisas juntas, o que é o mais provável. A recorrência das questões de saúde, educação, transportes públicos e segurança nas campanhas eleitorais indica que os políticos têm consciência sobre o que os eleitores mais carecem. Como geralmente propõem soluções pontuais, especialmente nas campanhas presidenciais, significa que se veem impotentes para oferecer políticas abrangentes ou que desconhecem os meios para acelerar a transmissão dos frutos do progresso.

A separação entre a concepção da política econômica das políticas sociais é o problema de origem. Até meados de 1980, o Brasil vinha vários corpos à frente da China e da Coreia do Sul em termos de PIB, renda per capita, grau de escolaridade e taxa de pobreza extrema. Trinta anos depois, nós continuamos no bloco dos retardatários, a Coreia do Sul entrou no grupo das sociedades avançadas e a China se tornou potência industrial e a segunda maior economia do mundo.

China já esteve atrás

O detalhe relevante é que a Coreia erradicou a pobreza e a China, com mais de 1 bilhão de habitantes, incorporou mais de 300 milhões à sociedade de consumo. A Índia lhe segue, fazendo tal trajetória, embora com maiores dificuldades. Brasil também. A rigor, não andou para atrás nestas três décadas. Mas andou devagar, mais que EUA, a potência que muitos supõem, a meu ver com exagero, em decadência.

O resultado, segundo um instigante ensaio do economista Jonathan Anderson, do UBS em Hong Kong, é que a China investiu mais de 40% de seu PIB, o que lhe possibilitou crescer ao ritmo de 10% reais nos últimos 30 anos. O Brasil investiu menos da metade. Não por acaso a economia cresceu, em média, abaixo de 3% no mesmo período.

O que atrasa o Brasil

Tais comparações permitem iluminar o que atrasa o Brasil frente a outros países. Entre 1980 e 2010, o PIB brasileiro cresceu quatro vezes pelo conceito de paridade do poder de compra, que abstrai as oscilações cambiais. Tal ritmo, destaca o economista Anderson, foi menor que o de economias maduras, portanto, com menor potencial de crescimento, como EUA, Inglaterra, França ou Alemanha.

Só isso já seria preocupante. E preocupa mais ao se saber que nos mesmos 30 anos a economia chinesa cresceu 40 vezes. Para os países mais bem-sucedidos, criação de empregos e aumento de salários, no passo seguinte (como ocorre na China há três anos), acompanhados de educação universal de qualidade, alicerçam as políticas sociais.

A inspiração da Ásia

No Brasil, em grande parte das últimas três décadas, encolheu-se o emprego para gerar produção exportável que solvesse as finanças do Estado, como se exige atualmente dos países endividados da Zona do Euro, e depois se esgarçam as políticas de transferência de renda para compensar os desníveis sociais e recuperar o atraso.

É tempo de se repensar se os frutos sociais do crescimento já não deveriam estar incorporados à política econômica, em vez de ser um corpo à parte, elegendo-se o emprego e a educação como prioridades determinantes para o desenvolvimento humano, e a produtividade dos fatores de produção para a atividade econômica. Na Ásia é assim.”
(ANTÔNIO MACHADO, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de novembro de 2011, Caderno ECONOMIA, coluna BRASIL S/A, página 12).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de LÁZARO PONTES, Empresário e advogado, mestre em direito empresarial e educacional, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Uma república com r minúsculo

A República foi proclamada em 15 de novembro de 1889, pelo Marechal Deodoro da Fonseca, com a finalidade de derrubar a monarquia constitucional parlamentarista do Império no Brasil e acabar com a soberania do imperador Pedro II. Mas qual o significado da República hoje em dia? A palavra república nos transmite a idéia de coisa pública ou bem comum. Não se fala em República sem se falar em comunidade politicamente organizada, ou seja, de um povo que vive em um território e que tem um governo. Oficialmente o Brasil se constitui em uma república federativa, formada pela união indissolúvel de estados, municípios e do Distrito Federal.

A República Federativa do Brasil é um Estado democrático de direito que, de acordo com a Constituição Federal, tem como fundamentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político. É justamente por causa da República que existe a possibilidade de participação dos cidadãos, por meio de voto, plebiscitos, assembleias e as de outras formas de representação popular. Graças a ela, nós escolhemos nossos representantes no poder, seja nas câmaras municipais, nas prefeituras, nos governos estaduais, na Presidência da República, e participamos da construção da nossa história.

Segundo a Carta Magna, constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; a garantia do desenvolvimento nacional; a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais; a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Mas, infelizmente, na prática, os direitos preconizados na Constituição Federal são violados diariamente. Um exemplo famoso é o salário mínimo dos brasileiros, que está longe de ser ideal, pois ele teria de estar no patamar de R$ 2,3 mil para garantir uma vida digna a um casal e dois dependentes.

As escolas públicas, por sua vez, não atendem adequadamente às necessidades dos cidadãos, porque estão repletas de preconceito e não proporcionam aprendizado de qualidade, seja por falta de interesse dos alunos, seja por desinteresse dos professores, seja por falta de infraestrutura. Não raras são as notícias que mostram o caos na saúde pública. Falta de equipamentos e profissionais, superlotação, espaços inutilizados, prática de procedimentos inadequados e até mesmo errados, falta de ética.

Ao mesmo tempo que o Bolsa-Família retira milhões de brasileiros da linha da pobreza, o desemprego, a violência e o caos na saúde ameaçam muitos outros. São frequentes as notícias de violência nas escolas, nos bares, restaurantes, bairros, no trânsito. Também não são poucas as cenas cotidianas testemunhadas por nós mesmos, espectadores do caos social: assaltos, brigas, prática de bullying e preconceito, falta de emprego, baixos salários, moradias improvisadas sob marquises, escândalos políticos etc.

Parece mesmo que o ideal republicano é apenas uma utopia, porque, infelizmente, nossos governantes, eleitos graças à instituição da República, não se importam com a garantia dos direitos básicos dos cidadãos, com o acesso à dignidade, que se traduz em saúde, educação, moradia, salário compatível, entre outras tantas coisas que garantem a sua sustentabilidade e a de suas famílias.

Acredito que a preocupação do momento seja investir cifras e mais cifras na preparação dos estádios, em obras superfaturadas, em pacificação de favelas, em trens e metrôs, em Transporte Rápido por Ônibus (BRT), com a finalidade primeira não de oferecer mais qualidade de vida aos cidadãos, mas sim de criar uma imagem do que o Brasil não é, para atrair turistas durante a Copa do Mundo 2014. Então, neste caso, desculpem-me os idealistas, o Brasil é apenas uma república (com r minúsculo).”

Eis, pois, mais páginas com GRAVES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de instalarmos – na sua PLENITUDE – a REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL e de sua inserção no concerto das POTÊNCIAS DESENVOLVIDAS, MODERNAS e DEMOCRÁTICAS...

São GIGANTESCOS DESAFIOS na sua concretização: cuidarmos da MODERNIZAÇÃO e AMPLIAÇÃO da nossa INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos), EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE –, SAÚDE, SANEAMENTO AMBIENTAL (água TRATADA, esgotos TRATADOS, resíduos sólidos TRATADOS, macrodrenagem URBANA), MOBILIDADE URBANA, SEGURANÇA PÚBLICA, MEIO AMBIENTE, HABITAÇÃO, ASSISTÊNCIA SOCIAL, EMPREGO – TRABALHO E RENDA, ESPORTE, CULTURA, LAZER, ENERGIA, COMUNICAÇÃO, da QUALIDADE da GESTÃO (econimicidade, produtividade e competitividade)...

Porém, NADA, NADA mesmo ABATE o nosso ÂNIMO nem ARREFECE nosso ENTUSIASMO e OTIM ISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE NO RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES em 2013; a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE – e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 8 de março de 2010

A CIDADANIA, O DIREITO E A POLÍTICA

“[...] O atual estágio do debate intelectual e público brasileiro apenas contribui para o desconhecimento sistemático do grande drama histórico da sociedade brasileira desde o início de seu processo de modernização: a continuação da reprodução de uma sociedade que ‘naturaliza’ a desigualdade e aceita produzir ‘gente’ de um lado e ‘subgente’ por outro. Isso não é culpa apenas dos governos. São os consensos sociais vigentes, dos quais todos nós participamos, que elegem os temas dignos de debate na esfera pública, assim como elegem a forma de (não) compreendê-los.”
(JESSÉ DE SOUZA, in A ralé brasileira: Quem é e como vive. – Editora UFMG, 484 páginas).

Mais uma IMPORTANTE e PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo do Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de março de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de LÁZARO PONTES, Mestre em direito, que merece INTEGRAL transcrição:

“O direito e a política

A imprensa nacional destaca a predominante presença de advogados o de pessoas apenas detentoras do curso de direito no cenário das disputas eleitorais. Dentro do elenco dos portadores de curso superior, o ramo das ciências jurídicas revelaria o maior número de candidatos. O fato lembra a conhecida reflexão do Norberto Bobbio: “Direito e ciência política há séculos avançam lado a lado, embora nem sempre se encontrem e muitas vezes avancem independentemente entre si”. Uma verdadeira história de valores paralelos na busca de sabedoria, mas pontilhada pelos conflitos decorrentes da arte política.

As obras fundamentais que marcaram os destinos da humanidade versaram sobre o direito e a política. Embora pertencentes a planos distintos, completaram-se reciprocamente, revelando liames concretos seja na construção da ciência do Estado, seja nos amplos aspectos da coisa pública. Dos antigos aos modernos, governos democráticos são regidos por leis e um conjunto de regras, que, por sua vez, disciplinam a vida dos cidadãos. Todos os fenômenos sociais, inclusive o da crescente violência criminal e da corrupção, que desafiam o país, somente poderá ser enfrentados sob o império da lei e da determinação política, dirigente ou representativa.

O que leva os operadores do direito a fazer ciência e cultivar política? A atuação reuniria o caráter dogmático, positivo conjugado com o exercício dos valores ideológicos e institucionais. Na realidade prática, muitos enveredam por esses insinuantes caminhos sem avaliar o conteúdo de suas próprias intenções. O constitucionalista pátrio Luiz Roberto Barroso confessa: “Quando faço política, procuro ser racional e razoável. E, quando faço ciência, faço-o emocionadamente. Não sou neutro nem imparcial. Parodiando Cortazar, sei onde tenho o coração e por quem ele bate.” Ele, com entusiasmo, põe o direito como um valor apaixonante destinado a estabelecer ordem e justiça na civilização.

O direito também se identifica com a política na luta pelas liberdades individuais e nos apelos da democratização das oportunidades. Ambos exigem de seus adeptos convicção e conhecimento das causas que defendem. Sem essas condições, as paixões fenecem e as populações adiam suas esperanças. O exercício das duas ciências requer o domínio do ofício da palavra, no sentido de doutrinar, convencer e merecer espaços. A linguagem constitui poderoso instrumento de afirmação de suas ideias, decisiva para desfraldar a bandeira de suas teses. Dessa maneira, formula mensagens e ergue os pensamentos, indispensáveis às expectativas que aguardam todos os julgamentos.

A verdade eleitoral representa a angústia da Justiça, que continua a buscar o triunfo da vontade popular. Nesse penoso caminho, existe uma série de vícios que teima e infelicitar o processo das escolhas. A reforma das leis e o advento de novos costumes permanecem distantes da desejada aliança do direito com a política.”

São lições que reforçam a imperiosa e permanente necessidade da busca da SABEDORIA, do CONHECIMENTO e a depuração das CONVICÇÕES e, mais ainda, nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nessa grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE visando a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que possa PARTILHAR as nossas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, e principalmente tendo o horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO de 2014, da OLIMPÍADA de 2016 e dos projetos do PRÉ-SAL...

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...