Mostrando postagens com marcador MEC. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador MEC. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 20 de abril de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS EXIGÊNCIAS DA ÉTICA NA ECONOMIA E OS GRAVES DESAFIOS DO ENSINO SUPERIOR NA SUSTENTABILIDADE


“Atenção aos crimes econômicos
        Pesquisa sobre econômicos e fraudes, divulgada recentemente pela PwC, que ouviu mais de 7,2 mil entrevistados em 123 países, revela que metade das empresas brasileiras sofreu algum tipo de crime econômico nos últimos dois anos, e 7% delas relataram prejuízos acima de US$ 50 milhões. Em 2016, apenas 12% das companhias nacionais foram vítimas desses crimes.
         O aumento dos casos pode estar relacionado à maior percepção e compreensão do que é um crime econômico e, por consequência, sua identificação e acompanhamento. Tanto a sociedade quanto os órgãos reguladores estão exigindo mais transparência nas informações divulgadas e controles eficientes para prevenção e detecção de fraudes e crimes econômicos.
         Os prejuízos decorrentes de crimes econômicos são muitos e impactam sobremaneira os negócios. A prática afeta o moral dos colaboradores, as relações comerciais, a reputação e a força da marca, as relações com órgãos reguladores e os preços de ações, no caso de companhias abertas. Entre os principais tipos de crime estão as fraudes em compras (34% no Brasil e 22% no mundo), suborno ou corrupção (26% no Brasil e 25% no mundo) e crime cibernético (22% no Brasil e 31% no mundo). Percebe-se um esforço na fiscalização, bem como adoção de novas normas regulatórias ou inspeções relacionadas à lavagem de dinheiro, por exemplo. No Brasil, 62% das empresas passaram por alguma ação ou inspeção nos últimos 24 meses, 34% a mais do que em 2016. O empenho na fiscalização está relacionado com os recursos existentes nos órgãos fiscalizadores. A recente Lei Anticorrupção brasileira também colabora para isso.
         No entanto, a mentalidade ainda está muito voltada à ação reativa. Somente 54% das organizações no mundo fizeram uma avaliação geral do risco de fraude ou crime econômico nos últimos dois anos, sendo que menos da metade delas realizações avaliação quanto à vulnerabilidade a ataques cibernéticos. Menos de um terço avaliou áreas críticas, com risco significativo de suborno, corrupção e lavagem de dinheiro.
         Para combater crimes econômicos, muitas empresas fortaleceram seus controles internos e ampliaram programas de denúncias. A maior parte das organizações mantém as lideranças cientes dos crimes mais graves para os negócios: 97% dos casos foram levados ao conhecimento da diretoria ou líderes de governança no Brasil, contra 91% na amostra global.
         Para fortalecer o ambiente de controles internos, algumas ações devem ser realizadas. O conselho de administração e os executivos precisam dar o tom para a organização, as organizações devem fortalecer a cultura organizacional quanto à gestão de riscos, ética e compliance, com a conscientização dos colaboradores e aumento do incentivo à denúncia de práticas inapropriadas.
         Também é fundamental que as organizações invistam nas pessoas e não somente em tecnologia, com o objetivo de gerenciar o triângulo da fraude: incentivo/pressão, oportunidade e racionalização. Por último, a administração precisa realizar um trabalho detalhado para a identificação dos riscos, sem deixar de lado a missão, a visão e os valores da organização.”.

(ALEX FREITAS. Sócio da PwC Brasil, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de abril de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de ANDREA RAMAL, educadora, consultora em educação e doutora em educação pela PUC Rio, e que merece igualmente integral transcrição:

“Ensino superior no fundo do poço
        O Brasil investe quase quatro vezes mais no ensino superior do que na educação básica, ao contrário do que ocorre na maioria dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). No ensino fundamental, enquanto a média dos países da OCDE é de US$ 8 mil/ano por estudante, nós não chegamos a US$ 4 mil. No ensino superior, o investimento por aqui ultrapassa os US$ 11 mil/ano por estudante, valor superior ao praticado na Itália, República Tcheca e Polônia.
         Ainda assim, a rede pública de universidades padece. São 300 campi, de 63 instituições, em situação crítica que, ano a ano, vêm se deteriorando, sobretudo por problemas de gestão. Há pelo menos três anos é realizado um forte contingenciamento de despesas, o que tem levado essas instituições a reduções continuadas de orçamento. Além dos atrasos em contas básicas, como água, luz, segurança e limpeza, são incontáveis as perdas com a falta de investimentos em novos equipamentos e na manutenção e modernização das suas estruturas. Essa situação afeta 2 milhões de estudantes.
         Para a maior parte dos alunos universitários brasileiros, a opção é a rede particular, que hoje conta com 6 milhões de matrículas nos cursos de graduação. O aumento exponencial de instituições de ensino, por todo o território nacional, se deu no momento dos incentivos do governo federal, sobretudo pelo programas Fies – Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior. Atualmente, porém, elas enfrentam sérias dificuldades.
         A primeira delas é a evasão. A precariedade da formação inicial faz com que os jovens saiam do ensino médio com sérias deficiências e imensa dificuldade para interpretar textos, relacionar dados e acertar contas simples. Essas competências fazem falta nos cursos superiores, a tal ponto que as instituições são obrigadas a criar disciplinas de nivelamento das turmas, ensinando conteúdos que deveriam ter sido aprendidos na escola. Muitos estudantes acabam abandonando os cursos logo no primeiro ano. Turmas inicialmente cheias começam a ficar pequenas, o que representa menos receita, não necessariamente com menos custos.
         Ao mesmo tempo, com a redução de verbas federais, o mercado se tornou ainda mais competitivo. Enquanto alguns poucos se diferenciam pela qualidade, outros entram numa feroz guerra de preços. Deparamos com cursos que têm mensalidades em torno de inacreditáveis R$ 40. Ou seja, um curso com duração de quatro anos, em tese, pode ser pago integralmente por menos de R$ 2 mil, praticamente o que custa um mês de estudos numa universidade de elite.
         Essa estratégia, que tem como principais objetivos dominar o mercado, evitar o surgimento de competidores e impedir o crescimento da concorrência, não parece sustentável. De fato, isso se reflete na queda da qualidade do ensino, com professores mal remunerados, salas de aula e laboratórios ultrapassados, infraestrutura deficiente. Em algumas instituições, o material didático, composto de apostilas, é criado por profissionais que se limitam a resumir o que seria um conjunto de ideias essenciais de autores. Uma prática simplista e que não pode trazer bons resultados. Afinal, como é possível formar profissionais de excelência se não há o contato com textos originais, fontes e teorias de ponta?
         Em paralelo, vem crescendo o número de cursos de educação a distância. Eles já chegam a quase 3 mil. Isso porque nos últimos anos o Ministério da Educação vem apostando fortemente na flexibilização das regras para essa modalidade. O acompanhamento e a avaliação da qualidade por parte do próprio MEC, no entanto, deixam a desejar. As instituições não investem como deveriam em material on-line especializado e em métodos de interação e tutoria. Os resultados incluem avaliações desastrosas no Enade, o exame que mede os conhecimentos dos graduados de cada faculdade.
         Um problema adicional é a queda do nível de exigência de muitas das instituições. Como reprovar pode significar perder alunos e a receita das mensalidades, a régua se torna baixa. Falta rigor nos processos de avaliação e aprovação. Em consequência, essas faculdades jogam anualmente no mercado um enorme grupo de profissionais certificados com uma espécie de “diplomas de areia”, que se dissolvem no primeiro desafio prático no mercado de trabalho. Isso contribui para aumentar o número de desempregados e de pessoas que precisam recorrer a profissões com menos exigências acadêmicas.
         Essa situação dramática precisa ser tratada o mais rapidamente possível. As soluções envolvem uma série de ações. Uma medida importante é o aumento do rigor nas avaliações realizadas pelo Ministério da Educação, incluindo a retomada das visitas rotineiras de avaliadores. Aprimoramento da gestão, na rede pública, é condição para sair do fundo do poço. Quanto ao processo de aprendizagem, a didática do ensino superior também precisa melhorar. As instituições devem se voltar para as metodologias ativas, como fazem os países de alto desempenho em educação, ensinando o estudante a aprender e usando estratégias diversificadas e materiais didáticos de qualidade. E, para não voltarmos a ter um ensino superior que seja um privilégio, é fundamental melhorar a qualidade da educação escolar.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 333,9% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 324,1%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em março, chegou a 2,68%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 517 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





    

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA DA QUALIFICAÇÃO DO ENSINO BÁSICO E A LUZ DA AUTORIDADE MORAL NA SUSTENTABILIDADE

“Educação a passos lentos
        O novo Censo Escolar divulgado recentemente mostra as graves dificuldades na educação básica como um todo – ela abarca a educação infantil, o ensino fundamental e o médio –, um dos maiores gargalos enfrentados pelo Brasil para entrar no seleto clube das nações mais desenvolvidas do mundo. Isto porque é mais do que sabido que nenhum país chegou a estágios avançados de desenvolvimento sem antes resolver os problemas da formação educacional de seus jovens.
         Levantamento feito pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) mostra que a melhoria na qualidade do ensino médio, por exemplo, tem grandes obstáculos pela frente, como a queda no número de matrículas nesta etapa do aprendizado, seguindo tendência dos últimos anos. De acordo com os números apresentados pelo MEC, no ano passado, foram  pouco mais de 7,9 milhões de estudantes matriculados, ao passo que em 2016 foram 8,1 milhões, uma redução de 2,5%, o que vem causando apreensão em especialistas.
         Em que pese explicações de autoridades educacionais de que a queda das matrículas se deu por causa da melhoria do fluxo escolar, com menos repetência dos alunos, educadores destacam outros fatores. Citam o desinteresse dos estudantes com o ensino para justificar o afastamento de rapazes e moças de 15 a 17 anos dos bancos escolares. As estatísticas indicam que existem cerca de 1,5 milhão de jovens nesta faixa etária fora das escolas, sendo que o país tem 48,6 milhões de alunos em 184,1 mil estabelecimentos de ensino (83% públicos), segundo dados do Censo Escolar da Educação Básica.
         Apesar da comemoração do governo com o crescimento das matrículas do ensino em tempo integral, também apontado pelo levantamento relativo ao ano passado, educadores estimam que o avanço é tímido para um problema identificado há muitos anos. Não se pode negar que o aumento do número de alunos em regime integral no ensino médio é positivo, mas apenas 7,9% dos jovens matriculados passam o dia na escola. Já no fundamental em regime integral, houve uma pequena recuperação em 2017 frente a 2016, passando de 9,1% para 13,9%. O fato negativo é que em 2015 o contingente de estudantes com mais horas dentro da escola era de 16,7%, portanto, superior ao do ano passado.
         Já na educação infantil, as cifras são positivas, apesar das constantes reclamações de mães que aparecem na mídia para denunciar a falta de uma creche ou escolinha para deixar os filhos. O número de crianças (de até 3 anos) em creches subiu 5% em 2017, chegando a pouco mais 3,4 milhões. Na pré-escola (4 e 5 anos), o avanço foi de 1,2%, totalizando 5,1 milhões de alunos. A meta do país é matricular pelo menos 50% das crianças menores em creches até 2024, e todas as com idade de pré-escola deveriam ter sido acolhidas desde 2016, como previsto no Plano Nacional de Educação (PNE).
         Diante do lento avanço na inclusão da juventude brasileira no sistema de educação básica, os agentes públicos responsáveis pelos ensinos infantil, fundamental e médio não podem deixar de perseverar na busca incansável de uma melhoria na qualidade de tão importante instrumento de desenvolvimento. Muito mais tem de ser feito para o Brasil alcançar a excelência em seu ensino básico.”.

(EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de fevereiro de 2018, caderno OPINIÃO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral e transcrição:

“Resgatar a autoridade
        A sociedade brasileira vive uma situação de caos completo, indicando a necessidade e a urgência de se recuperar a autoridade da moral na consciência de cada indivíduo. A luz da moral é imprescindível para o exercício da cidadania e para o cumprimento de responsabilidades políticas, profissionais e familiares. Quando há deterioração moral, a sociedade degenera e impera o caos.
         A falta de moralidade é, por exemplo, a origem das diferentes formas de corrupção. Uma consciência que não é regida não sabe o valor e a importância da honestidade. Assim, apega-se somente ao que gera lucro, mesmo sob pena de prejudicar o outro. Tudo é considerado permitido na busca dos objetivos e interesses próprios. Sem cultivar a autoridade moral, as pessoas perdem o parâmetro que deve orientar suas vidas: a honestidade, que é o antídoto para a ganância e a mesquinhez.
         Cada pessoa precisa fazer o indispensável exercício cotidiano de examinar a própria consciência e avaliar, com sinceridade, seus atos e procedimentos. Uma avaliação a ser feita à luz de valores interpelantes reunidos no Evangelho de Jesus Cristo. Somente assim será possível corrigir desvios de conduta, eliminar interesses egoístas, inadequados, e recuperar a própria autoridade. Quem desconsidera a dimensão moral perde a autoridade. Essa perda, em qualquer âmbito, é tão perigosa quanto dirigir um caminhão desgovernado, com carga pesada, descendo ladeiro abaixo.
         A ausência de autoridade gera resultados desoladores. Isso pode ser constatado no contexto atual, em que representantes do povo encontram-se fragilizados no exercício de suas responsabilidades. Situação que é consequência da perda de credibilidade desses representantes diante da população. Pessoas que deveriam ser respeitadas pela condição de autoridade tornam-se marcadas justamente pela falta de moralidade, pois agem a partir de interesses nada altruístas. Desconhecem que o desrespeito a princípios básicos da moralidade obscurece terrivelmente as competências.
         A falta de envergadura moral incapacita as pessoas no desempenho das próprias atribuições – tornam-se figuras medíocres nos mais diversos contextos e funções. Não conseguem enfrentar os problemas e os desafios com a coragem e transparência necessárias. É triste ver “autoridades” sem autoridade. Mais lamentável, ainda, é constatar essa carência em quem teve importantes oportunidades na educação e na formação acadêmica. Pessoas que trilharam longos percursos no âmbito profissional, ocuparam cargos importantes em hierarquias e, em vez de cultivar a autoridade da moral, pegaram o atalho dos conchavos, das negociatas e das posturas não cidadãs. Consequentemente, prejudicaram e continuam a atrapalhar as instituições onde estão inseridas, desvirtuam-se do compromisso com a verdade, a justiça e o bem.
         O mal que nasce a partir da falta de autoridade, consequência da ausência da moral, torna permitido tudo o que é ilícito, precipitando na mediocridade uma sociedade sem rumo. É lamentável ver medíocres governando, ocupando determinados cargos apenas para satisfazer as exigências de seus egos patogênicos.
         É preciso substrato moral, o que não pode ser confundido com rigidez ou conservadorismo, intolerância ou fundamentalismo. A consciência moral, que contempla a afetividade e a espiritualidade e garante a competência sapiencial, é indispensável. Configura-se no amálgama entre a preparação intelectual, as experiências e a coragem para abrir novos caminhos. A consciência moral permite aos indivíduos manterem-se, audaciosamente, comprometidos com o dever de ajudar a consertar as coisas, de contribuir para que o mundo supere práticas e dinâmicas obsoletas.
         Sem essa competência sapiencial, permanecerá a desconexão entre as necessidades do povo e as ações de pessoas que usufruem de honras e títulos, que ocupam cargos representativos e, por isso mesmo, têm grandes responsabilidades. A carência da dimensão moral no recôndito das consciências faz crescer o gosto por práticas questionáveis, enjaula pessoas na mediocridade, no medo, na defensiva. No mundo religioso, essa patologia é um desastre. Consolida certas condutas que não têm a força para fazer o evangelho incidir no cotidiano da sociedade e, consequentemente, gerar as inovações necessárias.
         Oportuno é lembrar de Platão, que ao falar das “formas” e “deformas” de governo, argumenta que a política, como ciência, sofre mortalmente da falta de autoridade moral. Consequentemente, a democracia vira anarquia; a aristocracia, oligarquia; e a monarquia torna-se tirania. Urgente, pois, é reconhecer a autoridade da moral, que faz surgirem novos e autênticos líderes, capazes de contribuir para que a sociedade brasileira trilhe novos rumos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro/2017 a ainda estratosférica marca de 334,55% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 323,01%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,95%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





          

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A UNIVERSALIDADE DAS NOVAS TECNOLOGIAS E A DIVERSIDADE DOS TALENTOS NA SUSTENTABILIDADE

“O ecossistema de TI em Israel
        Recentemente, passei uma semana em Israel para conhecer um pouco sobre a veia empreendedora da região, que se tornou o terceiro maior ecossistema de tecnologia do mundo. A gênese deste fenômeno de empreendedorismo ocorreu no início dos anos 90, quando o governo resolveu fomentar a indústria de venture capital por meio dos fundos Yozma (Iniciativa em hebraico).
         Por meio desse programa, o Estado passou a oferecer incentivos fiscais para investidores interessados na nascente indústria de tecnologia do país. Em alguns casos, o governo chegou a oferecer retorno mínimo para os interessados ou o direito de recompra de sua participação a uma taxa prefixada. De lá pra cá, os resultados foram formidáveis.
         Hoje, existem mais de 6.000 empresas de tecnologia ativas em Israel. Existem mais startups em Israel, um país com 8 milhões de habitantes, do que no Brasil. O sucesso foi construído com ingredientes fundamentais: a tolerância ao erro e a contestação do status quo. Os israelenses fazem isso melhor do que ninguém.
         Eles criaram a expressão chutpah (é a qualidade da audácia, para o bem ou para o mal), parte da cultura local. Dos funcionários das empresas aos recrutas da IDF 8200, unidade de elite do Exército responsável por desenvolver tecnologia de ponta e maior celeiro de empreendedores do país, todos podem contestar os líderes e desafiar autoridades. Ou seja, os líderes precisam aprender a conviver em um ambiente em que a contestação faz parte da busca pelo sucesso e pelos melhores resultados, característica ainda difícil de encontrar nas startups brasileiras.
         Outro ponto que atraiu bastante a minha atenção na viagem foi o aguçado senso de comunidade que os israelenses têm. Eles sentem um profundo orgulho do ecossistema que criaram e sempre procuram promovê-lo. Não é incomum ver fundadores citando outras empresas e outras pessoas, exaltando as características únicas que fazem o país se destacar.
         Durante a semana em que estive por lá, visitamos diversas empresas e conversamos com muitos fundadores. É impressionante como o discurso é alinhado. Quase todos repetem os mesmos princípios que guiam a indústria: “conteste tudo”; pense como uma empresa global”; trabalhe duro”; “encontre as melhores pessoas” e “não tenha medo de errar e falhar”. Mais do que frases, esses pensamentos estão cristalizados e refletem o senso comum do que é preciso para fazer uma empresa dar certo. São passados de geração a geração de empreendedores e aplicados diariamente.
         Então, o que precisamos fazer para mudar a mentalidade no Brasil? Por que nós buscamos tanto a utopia da “estabilidade”? Creio que as respostas para essas perguntas estão na própria comunidade empreendedora do Brasil. Precisamos nos engajar mais, desenvolver um senso de coletivo e nossa própria maneira de construir empresas de sucesso. Essa receita precisa ser comprovada com casos reais de empresas brasileiras e divulgada amplamente com o intuito de influenciar novas gerações de empreendedores.
         Essa mudança já está ocorrendo, porém, ainda não atingimos o tipping point. Ainda precisamos coordenar melhor os diferentes stakeholders: empreendedores, investidores, incubadores e aceleradoras, governo, universidade e grandes empresas. Só a combinação das capacidades de cada um desses grupos permitirá que o Brasil atinja um novo patamar de desenvolvimento da indústria de tecnologia.”.

(FRANCISCO FERREIRA. Sócio-fundador da BizCapital, fintech que tem como principal objetivo desburocratizar e tornar mais eficiente o processo de concessão de crédito para o micro e pequeno empreendedor, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de dezembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de RENATA AMBROSINI, psicóloga com mais de nove anos de experiência na área de seleção de profissionais em TI e consultora de recrutamento e seleção na Yoctoo, e que merece igualmente integral transcrição:

“Mulheres e tecnologia
        O mercado de trabalho, pouco a pouco, está se transformando para alcançar a igualdade de gênero. Há quem acredite que essa igualdade já ocorre na maioria das áreas. Mas a verdade é que ainda precisamos trilhar um longo caminho em busca da diversidade dentro das empresas, em especial na área de tecnologia e digital, onde o número de mulheres é ainda menor do que vemos em outros setores.
         A reduzida presença feminina nas áreas de tecnologia é difícil de ser explicada, uma vez que a diferença técnica e de capacidade não explica a falta de mulheres nesse mercado. Até porque, a aptidão para a tecnologia também é uma característica feminina. Prova disso é que o primeiro algoritmo da história foi desenvolvido por uma mulher chamada Ada Lovelace. O protocolo STP, procedimento que auxilia na melhor performance da rede, é invenção de Radia Perlman. E a tecnologia usada nos telefones celulares e nas redes wi-fi tem como base o trabalho da inventora e atriz Hedy Lamarr, feito na época da Segunda Guerra Mundial.
         O fato é que a diferenciação de gênero é uma questão social. Apesar de homens e mulheres serem diferentes, a capacidade técnica e as competências intelectuais não são. Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade que diferencia tratamentos na criação de meninos e meninas, impondo condutas diferentes para cada gênero. Portanto, essa disparidade no segmento da tecnologia é um problema cultural que começa muito cedo em nossas vidas, ainda na primeira infância.
         Quando o assunto é tecnologia, logo no início da vida muitas vezes não estimulamos o interesse das meninas pelo tema e limitamos o contato das meninas com esse universo tecnológico. Elas acabam sendo muito mais incentivadas a brincar de boneca e a fazer comidinha, enquanto os meninos recebem as multitelas dos celulares, tablets e jogos de videogame. Dessa maneira, não só deixamos de incentivá-las e de introduzi-las a todos os benefícios que a tecnologia oferece em termos de aprendizado, como simplesmente nem ofertamos essa possibilidade a elas.
         Para as meninas que vencem essa barreira e conseguem conhecer e se interessar por TI, a sociedade impõe outros obstáculos que seguem pela adolescência e culminam por se acentuar na faculdade. É no banco das universidades que o preconceito de gênero e isolamento social se encarregam de deixar claro que “esse lugar não é para mulheres”. De acordo com o Inep/MEC, as mulheres representam apenas 15% do corpo discente nos cursos relacionados à computação. Constantemente atacadas por colegas, e até mesmo por professores, as mulheres sofrem assédio moral e poucas alunas chegam a concluir o ensino superior na área. Outra pesquisa indica, ainda, que 79% das alunas dos cursos relacionados à TI desistem já no primeiro ano.
         As que bravamente sobrevivem aos preconceitos precisam correr para conquistar uma oportunidade no mercado de trabalho. Construir uma carreira, ou mesmo abrir uma empresa, é o grande desafio feminino dentro do mercado de tecnologia. Nas principais empresas de tecnologia, em média, apenas 30% do quadro de funcionários é comporto por mulheres. E, ainda, estudo feito pela Harvard Business School aponta que apenas 10% dos aportes financeiros são feitos em startups comandadas por mulheres.
         Outro dado que acho extremamente relevante é que o último levantamento do IBGE indicou que no Brasil existem 6,3 milhões de mulheres a mais que homens. Não sei você, mas isso me faz pensar o quanto as empresas ainda desperdiçam talentos. O que quero dizer é que tenho certeza de que boa parte dessas mulheres estão mais do que aptas a exercer uma série de funções e cargos, não só na área de tecnologia, mas em muitas outras áreas. No entanto, por existir barreiras culturais e sociais, elas ainda são duramente negligenciadas e excluídas do mercado de trabalho.
         Para mim, não se trata de uma exclusão de gênero, mas um desperdício de talentos, independentemente do gênero.
         Se essa realidade social lhe parece cruel e parte de uma construção social desigual, será que podemos mudar esse cenário? A resposta é sim! E o primeiro passo deve ocorrer dentro de casa. É papel da família apresentar a tecnologia para as meninas, e incentivar o interesse delas nas carreiras de exatas. O empoderamento de lutarem por aquilo que desejam será o segundo passo – e o mais importante, visto que precisarão percorrer um longo caminho de resistência contra uma maré inteira puxando-as para longe da área de TI e aproximando-as culturalmente das áreas de humanas.
         O terceiro passo, felizmente, já começa a ser dado pelo mercado de tecnologia. Aqui na Yoctoo, consultoria boutique de recrutamento e seleção especializada em TI e digital, já notamos o interesse das empresas em equilibrar as equipes e trazer diversidade para o time. Se aumentarmos a oferta de mulheres participando dos processos seletivos, consequentemente, aumentaremos também o número dessas profissionais nesses cargos.
         Não é possível afirmar quando e se seremos capazes de chegar ao tão sonhado e falado 50/50 dentro das empresas. Mas, certamente, enquanto sociedade, devemos lutar para criar ambiente menos agressivo para com as mulheres. Enquanto recrutadora para o mercado de TI, espero ver esse quadro mudando em um futuro próximo e desejo concluir muitos processos seletivos em que as mulheres sejam as escolhidas para muitas das vagas que passam por mim, não por serem mulheres, mas por serem, antes de tudo, excelentes profissionais.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro/2017 a ainda estratosférica marca de 333,8% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 323,73%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em novembro, chegou a 2,80%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!”.