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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A CIDADANIA, OS DESAFIOS DA BOA ESCOLA E OS DUELOS ENTRE OPINIÕES

“Salvemos a escola pública
        Antes de ingressar na faculdade, em 1964, estudei oito anos em escola pública. Como ocorre agora com as universidades, em geral elas superavam em qualidade os colégios particulares. Além da inigualável vantagem de serem gratuitas.
         Hoje, nossas escolas públicas de ensino básico estão sucateadas. Foram deterioradas pela má administração pública, a corrupção, o descaso para com alunos e professores. Há, no Brasil, 55 mil escolas públicas. Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 0,2%, ou seja, 160 alcançam um índice de desempenho considerado médio.
         Adota-se no Brasil, para classificar nossas escolas de ensino básico, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), feito por amostragem, e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que dá nota de 0 a 10 às instituições de ensino, tendo por critério o desempenho dos alunos na Prova Brasil, exame aplicado a todos os alunos de 4ª e 8ª séries.
         Em todo o país, apenas 110 escolas mereceram nota seis ou acima. Nas séries iniciais do ensino fundamental nossa nota é 3,8. Os cursos de 5ª a 8ª séries ganharam nota 3,5. No ensino médio, 3,4. A meta do Ministério da Educação (MEC), estimulado pela Campanha “Compromisso todos pela educação”, é que a maioria de nossas escolas atinja a nota seis em 2021. O Ideb atual da Holanda é 7; do Reino Unido, 6,5. Há no Brasil colégios, raros, que receberam nota 8,5, como a Escola Professora Guiomar Gonçalves Neves, em Trajano de Morais (RJ). É a de melhor qualidade no país.
         Será que daqui a 15 anos – véspera do bicentenário da independência do Brasil – alcançaremos a meta almejada? No estado do Rio, 20 mil crianças não frequentam salas de aula por falta de professores. O índice nacional de reprovação é de 11,9%. A distorção idade/série é de 17,3%.
         O que faz uma boa escola? Muitos fatores, entre os quais disciplina, ou seja, não tolerar atrasos de alunos; contar com professores efetivos e qualificados (mestrado, doutorado ou especialização) trabalhando em tempo integral; remunerar dignamente o corpo docente; aumentar a permanência do aluno na escola; contar com oficinas de música, teatro e artes plásticas; laboratórios de idiomas, ciências e informática; grêmio estudantil; salas de leitura e vídeos etc.
         O MEC promete que o governo haverá de liberar, ainda este ano, R$ 30 milhões para as escolas urbanas, e R$ 66 milhões para as rurais. As 5 mil escolas com piores índices no Ideb terão direito, cada uma, a módicos R$ 6 mil para investirem em infra-estrutura, material pedagógico e apoio metodológico. Por meio de sistema de educação a distância – a Universidade Aberta do Brasil –, o MEC pretende qualificar 2 milhões de professores do ensino básico.
         Recente pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em parceria com o governo federal, comprovou que 82,4% dos alunos reprovados no ensino fundamental culpam a si mesmos pelo atraso. A mesma pesquisa indica que a culpa não pode ser atribuída às crianças. Ela recai na falta de motivação dos professores, na péssima infra-estrutura das escolas e no fato de diretores e professores não darem importância à realidade pessoal e familiar do estudante.
         Não se pode culpar uma criança de 10 anos pelo fracasso escolar. No entanto, se isso não fica claro para ela, se não se sente valorizada na escola e querida pelos professores, ficará com sentimento de derrota, o que pode revoltá-la ou levá-la ao desânimo precoce.
         A maioria de nossos estudantes chega à 4ª série com dificuldade de leitura e redação. Falta estímulo ao professor, muitas vezes submetido a carga excessiva de trabalho, sem condições de aprimorar sua qualificação e humilhado por salário irrisório.
         Em fins de junho, o Banco Mundial divulgou o relatório Jovens em situação de risco no Brasil. As conclusões preocupam: nossos jovens matam em morrem mais, iniciam a vida sexual cada vez mais cedo e são vulneráveis às drogas. Dados da Secretaria Nacional da Juventude mostram que, hoje, 9,5 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos não estudam e estão desempregados. Desses, 4,5 milhões não completaram o ensino fundamental. É entre esses que se inclui a maioria dos assassinos e dos assassinados.
         O que fazer diante desse quadro aflitivo? Pressionar o poder público? Sim. Votar ano que vem em vereadores e prefeitos comprometidos com a prioridade à educação? Também. Mas por que não reunir as famílias de seu bairro ou comunidade e promover um mutirão para a melhoria das escolas públicas da região? Por que não assegurar instrução e/ou emprego a um ou dois desses 9,5 milhões de jovens vulneráveis ao narcotráfico?”.

(FREI BETTO. Escritor, autor de Alfabetto – autobiografia escolar (Ática), entre outros livros, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de agosto de 2007, caderno CULTURA, página 10).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 9 de janeiro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Duelos entre opiniões
        Há uma palavra magistral de Jesus, no templo de Jerusalém, dirigida aos judeus, que acreditaram nele, conforme narra São João no seu Evangelho: “Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Essa palavra é a indispensável evocação de que existem princípios e valores inegociáveis que permitem à humanidade aproximar-se da verdade que liberta. Trata-se de um ensinamento que não impede a diversidade das opiniões, mas adverte a respeito da verdade como condição insubstituível para que haja autêntica liberdade.
         Compreende-se que há um perene e exigente percurso na busca da aproximação da verdade. Ninguém dela é dono ou a possui na sua inesgotável inteireza. Afastar-se desse entendimento produz consequências sérias e abomináveis, como os fundamentalismos religiosos, políticos e outros, que muitas vezes são usados para justificar a perpetração de crimes, atentados e outros tipos de desrespeitos à dignidade humana. Especialmente na contemporaneidade, diante de tantos avanços e conquistas no âmbito dos direitos e cidadania, não se pode encastelar a verdade nas estreitezas de parâmetros culturais, religiosos e políticos que cegam e tentam justificar ações inaceitáveis.
         As muitas ameaças à liberdade e à cidadania que ocorrem pelo mundo, em razão de opiniões equivocadamente elaboradas – particularmente as que nascem de convicções religiosas e políticas –, são motivo de grande preocupação. Não menos preocupantes são os cenários que se formam no interior de culturas e nações quando mecanismos degradam o erário, a violência ceifa vidas, as disputas desumanas intermináveis destroem sonhos e possibilidades. Cada relato de violência, vandalismo, atentado e outras abominações deve levar a um exame de consciência e a uma postura mais cidadã que indiquem a necessidade permanente de se buscar a verdade para balizar opiniões.
         Esse processo educativo e civilizado é uma urgência no contexto do mundo contemporâneo que, na contramão de seus avanços e conquistas, continua a alimentar barbáries e inseguranças. Uma triste realidade em que cada pessoa busca justificar suas ações apenas a partir do próprio ponto de vista. O distanciamento da verdade é o caminho mais curto para todo tipo de terrorismo, corrupção e atentados contra grupos, sociedades e culturas.
         O exercício civilizatório que o contexto atual preocupante exige é desafiador, urgente e precisa ser considerado em todos os âmbitos. Não pode restringir-se às estratégias de Estado em defesa de sua integridade, ou às instituições na preservação de suas identidades, nem mesmo à família, na sua indispensável condição de ordenar a sociedade. Inclui também, e de modo muito especial, a postura cidadã de cada um diante do outro, da realidade, dos projetos e das diversas situações. Não se pode viver da alimentação indiscriminada e facilitada pelos meios todos disponíveis de um duelo entre opiniões. Continuar nesse caminho é viver sob a ameaça constante de uma “bomba-relógio”, que pode explodir aqui ou em qualquer outro lugar, com danos de toda a natureza para povos, culturas, grupos e indivíduos, acabando drasticamente com projetos, sonhos e possibilidades.
         É preciso averiguar e mapear fundamentalismos de todo tipo, lacunas sérias em processos educativos, para desenvolver programas e dinâmicas que garantam aos indivíduos, nas diferentes culturas e realidades, um sentido de apreço pela verdade. Somente assim será possível a convivência de opiniões que contribuam para as escolhas e para a adoção de novas posturas, pois prevalecerá a perspectiva de que o mais importante, e está acima de tudo, é o respeito a direitos e a dignidades. Oportuno lembrar o que diz o papa Francisco, na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano: “A Boa Nova de Jesus Cristo – por meio de quem Deus renova todas as coisas – é capaz de redimir também as relações entre os homens, incluindo a relação entre um escravo e o seu senhor, pondo em evidência aquilo que ambos têm em comum: a filiação adotiva e o vínculo de fraternidade em Cristo”.
         Essa referência é um exemplo de princípio e valor que deve incidir sobre dinâmicas culturais e modificá-las na direção de uma incontestável qualificação. Trata-se de um ensinamento que promove a fraternidade, gera a paz e sustenta o sentido de igualdade que convence sempre, mentes e corações, sobre a importância de se respeitar a integridade do outro, seus direitos e a riqueza de sua cidadania. É preciso investir permanentemente nas dinâmicas sociais, políticas, religiosas e culturais presididas por valores e princípios capazes de preservar a vida em sociedade. Assim, será possível trilhar o caminho da verdade, distante das tiranias que sempre serão fonte de prejuízos e dos inaceitáveis “duelos entre opiniões” que comprometem o bem, a justiça e a paz.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País  no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches – a propósito, a revista VEJA desta semana traz fecunda matéria sob o título UMA BELA SINFONIA PUERIL: “ Nos três primeiros anos de vida de uma criança, o cérebro realiza mais conexões neurais do que na idade adulta. Um dos campos da medicina que mais avançam é o da investigação de como os estímulos podem exercitar os mecanismos mentais de um bebê...”; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO! 
        


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A CIDADANIA, AS EXIGÊNCIAS DA JANELA DA RENOVAÇÃO E A ESCOLHA DA ESCOLA DOS NOSSOS FILHOS

“Gente não é problema
        
         Nunca a informação foi tão acessível quanto agora. Mas continua sendo difícil ver além dos dados. Nossa avaliação é sempre bastante frágil. Quem diria, por exemplo, antes da crise imobiliária nos EUA, que os analistas financeiros estavam mal informados? Ao contrário, eles estavam munidos, em tempo real, de muitíssimos dados. Pouquíssimos, no entanto, vislumbraram o que estava por vir. Depois de ocorrer, a pergunta era natural: como é que não vimos isso?
         Por que se dá esse fenômeno? A realidade parece se esconder, trapacear. Talvez a dificuldade esteja nessa informação em tempo real. A proximidade com os fatos deixa-nos vulneráveis.
         Mas não é apenas a falta de distanciamento da informação. Às vezes nos enganamos por anos, décadas. Por exemplo, especialmente a partir dos anos 1960, veio à tona com grande força a preocupação geográfica. Consolidou-se a leitura unívoca de que o crescimento populacional era um problema a ser combatido. A pobreza e a miséria no mundo estavam de certa forma mais próximas, tornavam-se mais conhecidas. Imagens televisivas dos países extremamente pobres pareciam gritar: o mundo não comporta mais gente, falta alimento, e parecia urgente a necessidade de uma guinada. Acrescentava-se também a consciência ecológica. A presença humana gerava – quase como uma lei física – problemas ambientais. O mundo parecia ser uma casa pequena para tanta gente. Diminuir o número de habitantes, ou ao menos não crescer tão rapidamente, apresentava-se como um questão de sobrevivência.
         Era a cultura de uma época. Duas décadas atrás, não se via assim. No debate sobre a reconstrução da Europa, no pós-guerra, o crescimento da população não era vista como problema; muito ao contrário. Já nos anos 60, ao avaliar o desenvolvimento dos países latino-americanos, a demografia estava na ordem do dia. Objetivamente, a Europa, em 1945, era mais densamente povoada que a América Latina dos anos 60. No entanto, neste lado do planeta, o número de pessoas era encarado como um problema; lá, não.
         Essa visão transcendeu os anos 60 e nas décadas seguintes era lugar-comum criticar o crescimento populacional. Chegou até agora; até quase agora, para ser exato. No apagar das luzes da década passada, sem grande estardalhaço, passou-se a falar o contrário. Aparecia na mídia a expressão “janela demográfica”. Ao contrário de todas as visões anteriores, agora a população jovem era um aspecto positivo. Passava a ser considerado um valioso ativo dos países.
         Qual foi a grande mudança? Surgiu uma nova tese acadêmica? Não. Apenas passou a ser evidente que os países cuja população ativa – leia-se população jovem – era proporcionalmente maior estavam em crescimento; já os outros, não. Na década de 50 a China tinha o tamanho da Europa. Hoje, o Velho Continente, limitado na sua capacidade de renovação, está mergulhado numa assombrosa crise. A China, não obstante sua enorme fatura social, é a grande potência do terceiro milênio.
         Sociedades envelhecidas não têm capacidade de ousar e de inovar. Que idade tinha Steve Jobs quando se lançou na fascinante aventura da Apple? Bill Gates não era um cinquentão quanto concebeu a Microsoft. Os velhos, carregados de experiência e maturidade, são bons gestores. Mas o motor de um país  é a ousadia. E o atrevimento não tem cabelos brancos.
         O Brasil tem enfrentado a turbulência global graças à sua janela demográfica: uma população em idade ativa desproporcionalmente grande. Quando o mundo mergulhava na dura crise econômica que ainda perdura, o ex-presidente Lula, apoiado em aguçada intuição e sentido de oportunidade, conclamou os brasileiros a um forte exercício de consumo. O apelo deu certo. O tamanho e a juventude do mercado brasileiro mantiveram a saúde econômica.
         Ter tomado consciência apenas agora nos põe noutro problema: conseguir enriquecer como país antes de envelhecer. Estamos numa corrida contra o tempo. Queremos sucumbir ao inverno demográfico ou estamos dispostos a abrir a janela da renovação? Gente não é problema. É solução.”

(CARLOS ALBERTO DI FRANCO. Diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de fevereiro de 2014, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na revista VEJA, edição 2361 – ano 47 – nº 8, de 19 de fevereiro de 2014, páginas 82 a 84, de autoria de Gustavo Ioschpe, que é economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Como escolhi a escola dos meus filhos
        
         Nos últimos dois anos, culminando no fim do ano passado, eu e minha mulher passamos pelo processo angustiante de escolher a escola em que nossos filhos estudarão. Ao longos dos anos, muitos leitores e conhecidos me perguntam onde meus filhos estudam, e, ainda que ache que a escola que escolhemos é pouco relevante para terceiros, por motivos que explicito a seguir, talvez o processo que trilhamos ajude quem está nessa encruzilhada.
         O cenário é bem distinto dependendo se o aluno cursará uma escola pública ou privada. Para os pais que matricularão os filhos em escola pública, a sugestão é simples: matricule seu filho na escola com Ideb mais alto que você conseguir. Como o currículo é teoricamente igual em todas as escolas da rede, o Ideb é o melhor indicador da qualidade da instrução que a escola oferece. Ele é medido para o 5º e o 9º anos, o que permite dar uma boa ideia da qualidade ao longo do ensino fundamental.
         Para quem pode mandar o filho para uma escola particular, a escolha é um pouco mais complicada. O único indicador objetivo e externo de qualidade é o Enem (escolas particulares não participam da Prova Brasil e, assim, não têm Ideb). O Enem é um teste feito para medir o aprendizado do aluno, não a performance da escola. No Estado de São Paulo e em alguns outros em que até recentemente as universidades públicas não usavam o Enem em seu processo seletivo, muitos alunos dos colégios top tinham pouco incentivo para ir bem no teste, o que reduzia a média da escola. Outro problema do Enem é que ele só avalia o aluno no último ano do ensino médio. É possível, ainda que pouco provável, que uma escola manipule a entrada de alunos em seu último ano selecionando alunos  verdade ter arregimentado os melhores alunos (digo que isso é pouco provável porque é difícil que os melhores alunos optem por uma escola ruim).
         Tudo isso, porém, é de relevância menor, porque o fato que vem sendo demonstrado inescapavelmente pela pesquisa há décadas é que o impacto da escola sobre o aprendizado é menor do que a maioria dos pais imagina. Cerca de 80% da variação de desempenho escolar dos alunos é explicada pelas condições econômicas e, especialmente, culturais/educacionais de seus pais. À escola cabem os outros 20%. Não que isso seja pouco relevante: em um cenário muito competitivo, mesmo 5% de diferença na formação pode fazer a pessoa entrar ou não na universidade ou no emprego dos sonhos. Mas a escola tem menos poder de mudança do que os pais imaginam.
         Por isso, minha recomendação principal aos afortunados que podem escolher onde o filho estudará é: prefiram a escola cuja proposta e valores mais se encaixem com aqueles da família. Não existe “a melhor” escola; existe a melhor escola para a demanda daqueles pais. O importante é saber o foco principal. É o lado acadêmico? A formação religiosa? É ser bilíngüe? É a preparação para a cidadania? O desenvolvimento da criatividade? A segunda coisa importante é saber que nenhuma escola vai alcançar a excelência em todas essas dimensões. Porque o tempo letivo é finito; toda escola tem prioridades. Cabe aos pais saber o que procuram – e ficar de olho aberto em relação às escolas que dizem ser possível assobiar e chupar cana ao mesmo tempo.
         O mais importante, especialmente para quem mora em cidade grande, com ampla oferta educacional, é decidir aquilo que você não quer. Ninguém visitar  dezenas de escolas, então o primeiro passo é filtrar aquelas que não se encaixam no que você procura.
         No nosso caso, tomamos algumas decisões. A primeira é que não seguiríamos o ditado, proferido por alguns conhecidos, de que “escola boa é a escola mais perto de casa”. A escola de meus filhos é uma decisão importante demais para ficar sujeita à conveniência do meu deslocamento. É verdade que uma distância maior entre a casa e a escola é um fator que impacta negativamente o aprendizado (fontes em twitter.com/gioschpe), mas o jeito de resolver isso é mudando de casa, não de escola. Meu avô se mudou de cidade para que meu pai pudesse estudar em escolas melhores; no meu caso, por já morar em uma cidade com muitas ótimas escolas, só preciso mudar de bairro. Decidimos não circunscrever nossas buscas a nenhuma área específica, portanto.
         A segunda decisão importante é que buscaríamos uma escola “normal”. Eu e minha mulher somos judeus e fizemos universidade nos EUA; a maioria dos nossos amigos imaginava que nossos filhos estudariam em uma escola judaica e/ou bilíngüe. Negativo. Não escolhi escola judaica porque sou um racionalista, ateu e cosmopolita. Acho que uma escola deve defender a supremacia e a universalidade do saber. Em uma escola religiosa, por mais light que seja, sempre haverá um conflito entre o dogma religioso e a curiosidade ilimitada do pensamento. Como é possível que uma escola ensine ao mesmo tempo que descendemos de primatas e de Adão e Eva? Não pode. Um dos dois está mentindo. Também acho que uma escola deve abrir portas, não construir muros. Não quero colocar meus filhos em um ambiente em que estejam rodeados de iguais, mas sim que aprendam a conviver com a diferença.
         Sobre as bilíngües: ainda que seja de fundamental importância  o domínio de línguas estrangeiras, não acho que essa deveria ser a principal função da escola. Há muitas maneiras de adquirir fluência em um idioma. Tanto eu quanto minha mulher nunca estudamos em escola bilíngüe e entramos em boas universidades americanas. A questão relevante aqui é se o benefício da educação bilíngue compensa os custos. Quais são eles? Há o financeiro: escolas internacionais viraram grife e, como toda grife, podem cobrar um premium por suas marcas. Mais importante: há o desenraizamento. Conheço bastante gente que estudou em escola internacional e domina pouco o português, não conhece a história do país etc. E, ao mesmo tempo, não é americano, nem suíço ou francês. Fica no limbo, não é nem uma coisa nem outra. Alguém já escreveu que árvores sem raízes não dão frutos. Concordo. Espero que meus filhos conquistem o mundo, mas sabendo muito bem de onde vieram. Finalmente, o problema de muitas escolas bilíngües e internacionais é que não têm uma medição externa de qualidade. A maioria dos alunos não faz o Enem, nem faz vestibulares concorridos. Certamente deve haver excelentes escolas internacionais espalhadas pelo país, mas é mais difícil separar o joio do trigo.
         Feitas essas exclusões, como escolher, então, a escola ideal para nós? Meu pensamento foi escolher a escola que melhor suprisse aquilo que nós, pais, não conseguimos suprir, e que não se arrogasse tarefas que são de nossa alçada. Não procuramos, portanto, uma escola que dê uma educação de valores ou que esteja preocupada em “formar o cidadão crítico e consciente”: isso é tarefa nossa, da qual não abrimos mão. Procuramos uma escola forte academicamente, que desenvolva em nossos filhos o gosto pelo saber e a capacidade de raciocínio analítico. Especialmente na área de exatas, já que, se um filho meu não gostar de ler, eu vou mandar fazer teste de DNA...
         Usamos o Enem como o primeiro corte, procurando as melhores escolas da cidade. (Usamos o Enem, digamos, “pra valer”: descartamos uma escola que faz parte de uma rede grande e seleciona os melhores alunos de toda a rede e os concentra numa unidade. Aí o mérito é mais do aluno do que da escola). O segundo corte foi feito utilizando os critérios acima. Selecionamos então três escolas para visitar e conversar com a equipe. As três me pareceram academicamente excelentes.
         A primeira é muito repressora. Não permite namoros no pátio, política estudantil etc. Nós somos muito liberais e, além disso, acho que dificilmente o pensamento pode ser livre e questionador em um ambiente tão controlado. Não era a escola para a gente, portanto. A segunda é uma escola muito tradicional, linda, liberal, de altíssima qualidade. Poderia colocar meus filhos lá. Só duas coisas incomodavam um pouco. Primeiro, a maioria dos alunos é filha de ex-alunos, o que não só gera um ambiente pouco arejado como ajuda a inflar os resultados do Enem. Segundo, é uma escola de padres, e, ainda que não fosse estritamente religiosa, essa associação com o plano superior nos causava algum desconforto. A terceira foi a que mais nos agradou. Muito rigorosa academicamente, sem ser repressora. Ótimo resultado no Enem, especialmente em matemática, uma área em que mesmo as boas escolas brasileira patinam. Um ambiente estimulante – salas de aula abarrotadas de livros, materiais escolares e trabalhos de alunos. Até o pátio da pré-escola, com coelhos, peixes e tartarugas, é um ambiente de estimulação, de abertura para o mundo. Havia uma consistência muito grande entre o discurso e a prática, e via-se que havia atenção ao detalhe (até o tipo de bolo que o aluno pode trazer em seu dia de aniversário é pensado. Essa atenção ao detalhe é um bom indicador de qualidade de qualquer instituição). E a grande maioria dos alunos entra na escola por sorteio. Ainda que obviamente haja um recorte por renda, já que a mensalidade não é barata, é um bom sinal: é mais difícil ter um bom desempenho acadêmico quando a origem dos alunos não é tão controlada. Essa, então, foi a escola que escolhemos, mesmo que o sorteio não nos tenha sido generoso (levamos dois anos para conseguir entrar).
         Por mais que esse processo tenha sido longo e angustiante, sei que ele marca o começo dessa caminhada, não o seu fim. Pretendo ser um pai presente, que acompanha o que se passa no dia a dia da escola e discute com os filhos, como a pesquisa recomenda. Mas de casa, a distância, sem fazer a tarefa dos meninos, deixando que eles quebrem um pouco a cabeça, frustrem-se, que se esforcem muito, que entendam o valor do trabalho, da perseverança, da paciência e do foco. Pelo menos esse é o meu plano racional. Se o coração de pai vai deixar, isso eu conto para vocês daqui a uns anos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 639 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento -  estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. E ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...
             



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A CIDADANIA BUSCA COMO MELHORAR A EDUCAÇÃO BRASILEIRA – PARTE 1

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado na Revista VEJA – Edição 2190 – ano 43 – nº 45, de 10 de novembro de 2010, páginas 94 e 96, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que merece INTEGRAL transcrição:

Como melhorar a educação brasileira – Parte 1

Bismarck dizia que nunca se mente tanto como em véspera de eleição, durante a guerra e depois da caça. No que tange às eleições, espero que esteja certo, porque naquela que me parece a área nevrálgica para o desenvolvimento futuro do Brasil – a educação – é melhor que aquilo que foi prometido durante essa campanha presidencial seja apenas retórica eleitoreira. Pois todos os candidatos se aferraram a um discurso quantitativo já superado (mais escolas, mais vagas, mais dinheiro etc.) e evitaram a discussão que importa: como melhorar significativamente a qualidade da educação de nossas escolas.

O que fazer para que o Brasil evolua com a magnitude e a rapidez necessárias? Para este colunista, o caminho está na junção de três fatores: práticas de sala de aula, formação dos professores e administração escolar. Neste artigo falo da primeira ponta do tripé.

Mesmo com o baixo nível de formação de nossos professores e diretores escolares, há uma série de medidas que podem ser aplicadas hoje mesmo, em qualquer sala de aula, que tendem a melhorar significativamente o desempenho do alunado.

Antes, uma nota conceitual. Quando se fala aqui de melhorar o desempenho do aluno, o que está procurando é o aprendizado, medido por meio de testes como Saeb, Prova Brasil, Pisa, TIMSS e outros, do Brasil e do exterior. A base para as recomendações que vão a seguir é a literatura empírica sobre o tema, publicada em revista acadêmicas, em que os dados são tratados com rigor estatístico. Ou seja, não são teorias nem as opiniões e hipóteses deste colunista, mas sim fruto de medição.

Se tivesse de resumir toda essa literatura – centenas de estudos, de vários países e anos – em uma regra de ouro, diria: o tempo de contato entre o aluno e o professor é muito valioso e escasso, e deve ser usado apenas para atividades educacionais. Tudo aquilo que pode ser feito fora da sala de aula deve ser feito fora da sala de aula.

A primeira prática de um professor efetivo é, portanto, o uso eficiente do tempo de aula. Muitos professores chegam atrasados a suas salas. Perdem tempo fazendo chamada, dando recados e advertências. É um desperdício. O mais grave ocorre depois. Para muitos dos nossos professores, “aula” significa encher o quadro-negro de matéria e pedir aos alunos que a copiem, depois passar exercícios e pedir-lhes que resolvam, e finalmente, se sobrar tempo, tirar uma dúvida ou outra. É um erro. Copiar texto é algo que pode ser feito em casa, então deve ser feito em casa. Exercícios, se são feitos pelo aluno individualmente, também. O tempo de sala de aula deveria servir para que os professores e alunos conversassem sobre o texto que foi lido em casa e os exercícios feitos em casa.

A segunda prática virtuosa, portanto, é o dever de casa. As pesquisas mostram que alunos que têm de fazer dever de casa mais frequentemente aprendem mais, especialmente a partir da 4ª série. Um estudo feito em Minas Gerais mostrou que alunos de professores que prescrevem e corrigem o dever de casa aprendem mais do que aqueles cujos professores simplesmente o prescrevem. E alunos de professores que, ao corrigir o dever, comentam e explicam os erros e acertos aprendem mais do que aqueles cujos professores apenas marcam o “certo” ou “errado”.

Relacionado ao dever de casa também está o tema dos exercícios em sala de aula: são contraproducentes. Subtraem tempo de aula para algo que o aluno pode fazer em casa.

Também na mesma lógica está a questão das provas: alunos que são testados com maior frequência aprendem mais. Faz sentido: quanto mais provas, mais o aluno tem de estudar. Quanto mais estuda, mais aprende.

Outro dado importante da pesquisa: bom material didático ajuda. Um bom livro didático, por exemplo, organiza e estrutura a prática de sala de aula. Uma das demandas do professorado brasileiro é por autonomia. Cada professor se sente no direito de reinventar a roda e criar seu próprio currículo e método de ensino. Na maioria dos casos, e especialmente quando a qualificação do profissional é baixa, é receita para o insucesso.

Um aspecto importante para determinar aquilo que o professor faz em sala de aula é quanto ele sabe sobre o que está fazendo/falando. No Brasil, há uma ênfase muito forte na diplomação universitária dos professores de ensino básico. É uma percepção acertada, já que a pesquisa sugere que professores com ensino superior obtêm melhores resultados (o mesmo não se verifica, curiosamente, com os níveis pós-superiores, como mestrado e doutorado, que se mostram irrelevantes para o aprendizado no ensino básico). Porém, o diabo está nos detalhes: mais importante do que obter o canudo é ter se formado na área em que vai ensinar. A pesquisa mostra que o salto do aprendizado se dá quando o professor cursa a faculdade da disciplina que ele ensina. Um professor formado em matemática dará um aula de matemática do que outro formado em pedagogia ou história.

A maioria das pessoas acredita também que o tempo de atenção dado a cada aluno é fator importante para o aprendizado, por isso tende a querer salas de aula menores ou mais de um professor por sala. A pesquisa não sugere que estas medidas tragam resultados. É melhor ter um professor ótimo dando aula para 35 anos do que dois medianos ensinando em turmas de 18.

Outro erro comum que cometemos é acreditar que a tecnologia e a infraestrutura são fatores determinantes para o aprendizado. Costumo ouvir, depois de palestras, as reclamações dos nossos professores de que são forçados ainda a conviver com “cuspe e giz” na era da internet. Felizmente para eles, cuspe e giz não estão obsoletos, porque são apenas mecanismos de expressão de uma tecnologia ainda sem par: o cérebro humano. A pesquisa indica que dar a infraestrutura básica – quadro-negro, cadeira e carteira para todo aluno, prédio protegido das imtempéries do clima e com energia elétrica – melhora muito o desempenho do aluno. Mas, depois disso, as adições físicas não têm efeito. Inclusive a presença de computadores na escola, o que é deveras surpreendente. Depois do básico, o resto é por conta do professor.

Se você é daqueles que gostariam de melhorar a qualidade da nossa educação mas não sabe como, um bom começo é instar a seguir essas práticas simples e eficazes. Não nos transformarão, em um piscar de olhos, numa Finlândia ou Coreia do Sul. Mas são um bom começo”.

Eis, portanto, mais páginas que lançam mais LUZ sobre os caminhos INDESVIÁVEIS da EDUCAÇÃO que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...