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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A FORÇA DA INDÚSTRIA 4.0 NA CONSTRUÇÃO CIVIL E A TRANSCENDÊNCIA DO CONHECIMENTO NA SUSTENTABILIDADE


“A indústria 4.0 está transformando a construção civil
        Falar sobre a indústria 4.0 e seus impactos sem incluir a construção civil é impossível. Considerado um importante termômetro da economia, esse segmento é um dos primeiros a sentir as interferências, positivas ou negativas, que ocorrem no mercado. E, nos últimos anos, a chamada quarta revolução industrial pelo mercado, merecendo atenção especial do setor. Isso porque as inovações trazidas por essa nova era de tecnologias e mudanças revolucionárias afetam, diretamente, o desempenho econômico dos setores, que precisam acompanhar todas as transformações que acontecem.
         As novidades em automação, inteligência artificial e armazenamento de dados, por exemplo, chegaram para todas as áreas e para empresas de todos os portes. No contexto da construção civil, especialmente, o uso de novas tecnologias propiciadas pela indústria 4.0 traz uma significativa redução no desperdício de materiais, provoca o aumento da produtividade e contribui para resolver um dos principais desafios do setor, o excesso de gastos, que normalmente ultrapassa o orçamento inicial das construtoras.
         Dois dados da consultoria empresarial americana McKinsey Global Institute mostram o quanto a construção civil está envolvida nesse contexto. De acordo com o levantamento, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) estão atrás de outros setores, no mundo. Foi investido menos de 1% da receita, comparando-se aos 3,5% empregados pela indústria automotiva e os 4,5% da aeroespacial. O estudo, no entanto, estima, ainda, que o mundo precisará gastar US$ 57 trilhões em infraestrutura, até 2030, para acompanhar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global. Um incentivo para os integrantes do setor da construção inverterem esse quadro de baixo investimento, identificando oportunidades em soluções de tecnologias e melhores práticas.
         Hoje, alguns exemplos práticas dessas tecnologias já são utilizados pelo setor da construção, como o building information modeling (BIM), um sistema de modelagem que, diferentemente do desenho usual em 2D, trabalha com modelos 3D, que são mais fáceis de assimilar, em vez do uso de desenhos planificados. Além disso, fornece informações aprofundadas sobre cada detalhe da construção.
         Com a evolução dessas tecnologias, as perspectivas são de que, em breve, o modelo passe para o nível 5D, em que haverá não apenas a representação digital, apresentando os custos e o planejamento de todas as etapas da construção, mas, também, a disponibilização de informações geográficas, acústicas e térmicas dos locais onde estão construídos os imóveis. Além disso, atuará na análise estratégica dos gastos, permitindo a avaliação e o registro do impacto de determinadas mudanças nos custos e no cronograma do projeto. Segundo a McKinsey, devido à natureza visual e intuitiva do BIM 5D, será possível a identificação dos riscos, antes da conclusão do projeto, para a melhor tomada de decisões.
         Com tantas possibilidades, a construção civil está no topo da lista de setores que mais podem contar com essas novidades para gerar resultados exponenciais, além de proporcionar soluções de qualidade de vida à sociedade. Os objetivos de todos os envolvidos nesse processo são convergentes: a otimização da produtividade da equipe e a velocidade da entrega, o aumento de processos mais flexíveis e intuitivos, além do oferecimento de experiências, que, com as tecnologias e a mentalidade trazidas pela indústria 4.0, impulsionarão o setor à sua capacidade máxima de oferecer solução em estrutura.”.

(DANIEL KATZ. Presidente da Katz Construções, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de janeiro de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 16 de janeiro de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de RENATO DE MENDONÇA, pesquisador-bolsista da Comissão Nacional de Energia Nuclear e professor do curso escolas sustentáveis da Ufop, e que merece igualmente integral transcrição:

“A ignorância não é uma bênção
        Estudar não é fácil. Pode ser divertido para alguns, mas para a maioria das pessoas exige investimento, esforço e tempo. Estudar também pode ser angustiante e contraditório. Observa-se que quando algumas questões desaparecem com o aumento do conhecimento e estudos, outras surgem, crescendo a nossa ignorância. Nesse sentido, a analogia com o balão plástico que é preenchido por um gás é interessante. Enquanto se preenche um balão com gás, a superfície do balão cresce. Analogamente, à medida que o conhecimento aumenta, a fronteira entre o conhecido e o desconhecido aumenta também. Considera-se, pois, intrigante o fato de o ser humano se esforçar tanto para aprender, acumular conhecimento, se isso pode lhe causar sofrimento. Uma angústia tal que por vezes faz alguns indivíduos negarem o conhecimento e acreditarem que a ignorância é uma bênção.
         Sob um ponto de vista fundamental, os estudos aumentam os horizontes, as possibilidades, as escolhas. Indivíduos que se abrem ao conhecimento conseguem enxergar soluções e oportunidades, onde ignorantes observam fatos com interpretações desproporcionais ou falsas. Recentemente, o Brasil foi detectado como um país com alto índice de ignorância pelo Instituto Ipsos. Isso foi feito através de uma pesquisa que mediu a capacidade do brasileiro de entender e conhecer a própria realidade. Foi observado, por exemplo, que o brasileiro acredita que a população carcerária é constituída de 30% de imigrantes, enquanto esse valor gira ao redor de 0,4%: um erro causado por uma avalanche de informações falsas e falta de conhecimento de nossa realidade. Isso deve ser matéria de reflexão de cada um de nós, pois um indivíduo guiado por falsas informações e interpretações é comumente levado a soluções equivocadas e catastróficas. Conforme o pedagogo Paulo Freire já pregava, somos obrigados a ler o mundo, é da nossa natureza, mas essa interpretação depende de nossa base de conhecimentos. Dar uma explicação científica, história ou religiosa para um problema qualquer vai depender do conhecimento que adquirimos desde a infância. Assim, o esforço em se obter o conhecimento com o objetivo de interpretar a realidade e produtivo. E isso pode ser realizado de diversas maneiras, quais sejam pela leitura, pela realização de cursos e pela obtenção de novas experiências. Observa-se que o conhecimento, como a ignorância, reside em todos os lugares.
         Sob um ponto de vista prático, o conhecimento valoriza o ser humano. Pessoas inteligentes e educadas são estimadas, pois possibilitam troca de experiências, luz e clareza. Profissionais capacitados também são melhor remunerados. No último censo foi corroborada a relação entre renda e escolaridade, confirmando-se que quanto mais se estuda, maior é a renda dos trabalhadores. Ocorre que a dedicação aos estudos ajuda os indivíduos a conseguir e manter boas posições no mercado de trabalho. A educação valoriza os trabalhadores porque os habilita a resolver mais problemas, a lidar com novas tecnologias e a se manter produtivos. Profissionais estimados e requisitados são aqueles que dominam o que muitos precisam e poucos conhecem.
         Ainda, o acúmulo e a aplicação do conhecimento melhoram a vida das pessoas. No mundo atual, vive-se em média muito mais do que há 600 ou 60 anos atrás. Segundo o IBGE, atualmente, a expectativa de vida do brasileiro é de 76 anos; em 1960, era de 54. A vida é mais longeva não somente porque novos medicamentos, vacinas e diagnósticos foram criados, mas também por causa das novas atitudes. Os cuidados com a saúde são cada vez mais disponibilizadas na internet, TV, jornais e revistas. Por exemplo, não é novidade que o sedentarismo e uma dieta rica em açúcar devem ser evitados por indivíduos que desejam manter a saúde. Adicionalmente, cresce a conscientização de que saber o quanto antes o diagnóstico de determinadas doenças implica forte possibilidade de cura dessas.
         Portanto, a ignorância não é uma bênção. O conhecimento melhora a percepção das pessoas sobre o mundo, faz a vida mais longeva e valoriza os indivíduos. De alguma forma, conhecimento e ignorância se amalgamam, estabelecem uma relação intrínseca, como aquela entre o bem e o mal, a vida e a morte. E se existe sofrimento ao saber, é importante aprender a lidar com ele, assim se lida com a existência do mal e da morte. Conforme o escritor Isaac Asimov afirmou, se o conhecimento pode nos causar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a ainda estratosférica marca de 285,4% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 312,6%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,75%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...       

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
                                                                                                                  

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A CIDADANIA, A EQUIDADE E A DEMOCRACIA

“A roda redescoberta

Reproduzo, a seguir, trecho do relatório de organização internacional para que o leitor adivinhe a que País se refere. O documento começa por aludir à saúde fiscal do tal País e a seus problemas sociais, “cada vez piores”. Depois, engata o seguinte: “Muitos desses problemas estão relacionados com iniquidades entre aqueles que estão no topo da pirâmide de distribuição de renda – os quais gozam de alguns dos mais refinados serviços de educação e saúde do mundo – e aqueles que estão na parte de baixo, os quais carecem de acesso até aos serviços sociais minimamente adequados.”

Por fim, o fecho: “Somente se tais iniquidades forem enfrentadas o futuro ecoômico da nação, a longo prazo, estará assegurado.”

Se você respondeu Brasil, errou. Reproduzi trecho de relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, o clubão dos 25 países mais industrializados do mundo) referente à economia dos Estados Unidos. Mas não fique triste. A avaliação da OCDE sobre os EUA vale para o Brasil também. Aliás, vale muitíssimo mais para o Brasil. Afinal, a iniquidade, no Brasil, é três vezes maior do que nos Estados Unidos, se o parâmetro for a diferença de renda entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres. Nos EUA, a diferença é de 11 vezes; no Brasil, de 32 vezes.

Ora, se o futuro econômico norte-americano só estará assegurado se se combater a iniquidade social, o que dizer do Brasil? O que há de notável nesse tipo de relatório é que o fim do comunismo serviu para que a direita se apropriasse de uma retórica antes típica da esquerda. Afinal, conceitos como redistribuição de renda carregavam um tom subversivo, dado que se supunha que só se poderia fazê-la trocando o capitalismo pelo socialismo. Como agora não há mais troca possível, os capitalistas redescobriram a roda: não há segurança para o capitalismo enquanto ele estiver aumentando a brecha entre os muito ricos e os muito pobres. Só falta agora que se passe do óbvio retórico a algum tipo de ação concreta.”
(CLÓVIS ROSSI, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de novembro de 1994, Caderno OPINIÃO, página 6).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 22 de julho de 1994, Caderno GABARITO, página 8, de autoria de ADRIANO S. LOPES DA GAMA CERQUEIRA, professor de História Moderna da UFOP, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Estudo da democracia ateniense

Nos escritos platônicos, que retrataram ora de forma mais fiel, ora de forma mais “traiçoeira” os diálogos envolvendo o seu mestre Sócrates e alguns destacados sofistas, encontra-se uma ótima fonte de investigação do tema aqui proposto. Só para esclarecer, os sofistas eram mestres de ensino, que cobravam os seus ensinamentos a quem se dispusesse, não importando a sua origem. Além desse fato fundamental, os sofistas praticavam um método de ensino baseado em interpretações dos escritos mais tradicionais da cultura grega, como as poesias, que guardavam uma importante função instrutiva.

Tal método se diferenciava do socrático, que era baseado no preceito da investigação por perguntas-e-respostas, dirigidas por um dos lados do diálogo. Tal método buscava o consenso na discussão, mesmo quando estavam opostos dois pontos de vista. Para tal, mediante o inicio da discussão em torno de uma idéia aceita por ambas as partes, o condutor do diálogo procurava convencer o outro sobre a justeza de seu ponto de vista através do método, onde acabava por ser evidenciada uma verdade sobre uma suposta verdade defendida pela outra parte do diálogo. Nos diálogos entre Sócrates e Protágoras e entre Sócrates e Trasímaco (contido na obra de Platão, República) encontra-se uma importante discussão sobre política, democracia e justiça. Em ambos, fica subjacente uma idéia acerca de ética de participação política e constituição de um estado de direito.

A democracia ateniense era feita de forma direta, isto é, sem qualquer tipo de intermediação entre o cidadão e o executivo. Não havia a figura do representante: cada cidadão podia defender diretamente o seu ponto de vista no âmbito da assembléia, a principal instituição da comunidade política ateniense (ou polis). Nesse sentido, era fundamental que o comportamento de cada membro da polis fosse o mais correto possível para o bom funcionamento da democracia.

Mesmo para os críticos da época à democracia ateniense, como Platão e o Sócrates descrito nos escritos de Platão, houve uma profunda preocupação quanto à certeza de que cada habitante de uma cidade-estado pudesse desenvolver uma índole positiva ao funcionamento harmônico da mesma. Assim, encontramos na República uma verdadeira lição de como se deve educar um povo segundo os mais rigorosos preceitos da justiça, o qual envolvia todos os parâmetros de instrução do indivíduo, como as letras, a música, os esportes, etc.

Assegurado um adequado adestramento da alma de cada habitante, definido de forma justa, segundo o conceito de justiça defendido por Platão na voz de Sócrates, poderia se desenvolver uma eficaz forma de política na cidade, que estaria assim estritamente baseada em critérios éticos. A razão de se afirmar isso é que cada habitante saberia qual o seu lugar e a sua função na cidade e o bom funcionamento da mesma, isto é, o estabelecimento de um clima harmônico e produtivo na cidade, dependeria da conduta de cada membro, definida segundo rigorosos critérios de justiça.

Limites

A questão fundamental aqui é a definição platônica de justiça, mas o espaço reduzido impede uma discussão mais efetiva. O que importa ressaltar é que a ética assume aqui uma função decisiva porque ela deve demonstrar os limites e os espaços de participação política de cada membro do corpo político, é inevitável que um conjunto de regras de conduta se estabeleça entre os seus membros, senão a própria sobrevivência desse corpo é colocada em risco.

Conseqüentemente, uma outra questão surge agora: não importa o tamanho de um corpo político, de qualquer modo uma ética deve ser estabelecida no seu interior. Claro está que o tamanho desse corpo pode influenciar seriamente uma forma específica de ética. No caso de Atenas, a democracia direta era exercida por uma parcela minoritária da população (nem todos eram cidadãos, como os escravos e os negociantes).

No caso das democracias contemporâneas, exercidas de forma indireta, isto é, por representantes políticos (como os deputados e os governantes), essa questão se complica ainda mais: se do aspecto mais fundamental, o corpo político se define na relação entre os representantes e os representados, que em última instância detêm a soberania política (“todo poder emana do povo...”), de outro lado, no aspecto mais efetivo, a política acaba por ser exercida em ambientes fechados à participação da maioria da população. Assim, pode ser desenvolvida uma forma mais estrita do corpo político, onde só participam pequenos grupos, que deverão buscar alguma forma de convivência entre si, baseada em algumas regras do tipo “na política, é dando que se recebe...”

Portanto, a luta por uma relação mais harmoniosa entre ética e política envolve uma participação mais continuada na política de seu país. Pouco valem as palavras, se elas não vierem acompanhadas de ações efetivas.”

Eis, pois, mais páginas eivadas de REFLEXÕES e PONDERAÇÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de SUBSTANCIAIS MUDANÇAS em nossas INSTITUIÇÕES, que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDADA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...