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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA E EXIGÊNCIAS DAS LIDERANÇAS QUALIFICADAS E HUMANAS E AS LUZES DA BOA GOVERNANÇA E CIVILIDADE NA SUSTENTABILIDADE


“O fator educação
        Nada define melhor o atual momento do que: VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo). E como já disse o executivo Daniel Levy: “Antes tínhamos uma trajetória linear, fatos acontecendo com uma previsibilidade alta e gerenciável. Hoje, devido à tecnologia e a nossa evolução como indivíduo, há uma velocidade maior no ritmo de todas as coisas. E é isso que o VUCA traduz”. Essa é a peculiaridade do século 21, na qual todos devemos nos adequar.
         Assim, as empresas correm para enquadrar os seus negócios nessa nova realidade. Não é para menos. Afinal, as indústrias que mais crescem são a de tecnologia e a de treinamento. Quem não se lembra da chegada do computador? Na época, ele eliminou postos de trabalho que exerciam função básicas, como digitação. O que muitos não se deram conta até hoje é que um fator importante nesse processo é deixado de lado: a educação.
         É preciso atenção, pois, se os empregos que não exigem formação são eliminados, é melhor nos prepararmos para a previsão do antropólogo Darcy Ribeiro: “Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”. Trata-se de um círculo vicioso e para rompê-lo é preciso que o governo e as empresas invistam na educação dos seus profissionais, tratando-os como adultos. Caso contrário, terão que “descartá-los”. Já que a realidade pede novas habilidades. Logo, quanto mais forem descartados, mais presídios terão que ser construídos.
         Os líderes precisam entender que, quanto mais investirem na educação de talentos mais lucrativas serão suas empresas, já que terão ao seu lado funcionários que conhecem a cultura organizacional. Algumas companhias perceberam isso e criaram programas de treinamentos para os seus executivos. Empresas como Carrefour e GE têm desenvolvido em suas universidades corporativas programas de formação para Gestor-Coach, por exemplo. Mas essa é uma solução cara para muitas organizações.
         Então, o que fazer? Como solução, empresas menores estão criando redes de aprendizagem. Um exemplo é a Stone, empresa de meios de pagamentos, que tem cerca de 3 mil funcionários e desenvolveu um modelo de treinamento diferenciado, o TTT – Train The Trainers. O objetivo é colocar seus funcionários para ensinar uns aos outros, de forma estruturada. A estimativa é que o processo de aprendizagem seja potencializado em até 90%. Uma forma clara, simples e fluida de educar.
         Óbvio que sempre será possível contratar novos profissionais que possuam formação e habilidades exigidas pelo mercado, mas a que custo? Enfim, se as empresas não investirem em educação, vamos pagar os impostos para o estado construir mais presídios. Parece simples, mas é preciso vontade e ação para incentivar os profissionais a desenvolverem habilidades técnicas e uma visão sistêmica das relações humanas.”.

(ELIANA DUTRA. CEO da ProFitCoach, Master CoachCertified pela ICF e sócia-fundadora do Grupo Nikaia, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de outubro de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de dezembro de 2019, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Apac – Associação de Proteção e Assistência aos Condenados
        Ainda não fechou o exercício, mas já se comemora o melhor desempenho dos últimos oito anos no enfrentamento da criminalidade em Betim. Comparando os períodos dos 11 primeiros meses, de janeiro a novembro, dos últimos oito anos, se registra uma redução de homicídios de 167 em 2012 para 84 em 2019, e, se considerarmos em relação a 2016, a queda é de 195 para 84.
         Considerando-se a população de 388 mil em 2012, a de 427 mil em 2016, com os atuais 439 mil habitantes de 2019, chega-se a uma redução de 58,1% desde 2016.
         Dessa forma a cidade deixou o segundo lugar na classificação dos piores municípios de Minas Gerais, ocupado em 2016, e saiu do grupo dos dez piores no Estado.
         Vários fatores colaboraram. Em especial o comprometimento das forças de segurança: PM, Guarda Municipal e Polícia Civil, que se uniram na responsabilidade de alcançar metas traçadas com a ajuda do Ministério Público e do Judiciário. E com o firme engajamento da prefeitura.
         Sentiu-se também uma atmosfera diferenciada no primeiro ano de novos governos, federal e estadual, que sinaliza um combate eficiente ao crime organizado e a valorização das forças de segurança.
         A coisa mudou.
         A segurança ostensiva em Betim tomou conta dos bairros. Os principais locais de recorrência do crime vivem sob cerco cerrado, com bases móveis, meios especiais e de patrulhas. Uma firma atuação da Guarda Municipal, equipada e armada como nunca. Que não precisou dar um só tiro, mas conseguiu dar o recado de que não seria mera peça de prateleira em defesa da população.
         O clamor popular que cresceu nas últimas décadas, movido pela insegurança generalizada sentida pelo cidadão, fez chegar um batalhão de novos parlamentares provenientes das forças de segurança pública e do Exército às cadeiras do Congresso Nacional. Até um presidente da República.
         O tema de proteção da população civil entrou firmemente em pauta. 
         Os motivos da redução da criminalidade, entretanto, se limitaram às ações de repressão e cerceamento, mas pouco se trabalho em relação às causas sociais que alimentam a criminalidade.
         Em ordem de importância: a carência de educação; a falta de emprego e desenvolvimento sustentável que possa minimizar a miserabilidade de 25% da população brasileira.
         Passando pelo crivo, na população carcerária do Ceresp de Betim encontram-se 89% de indivíduos sem instrução mínima, analfabetos funcionais. Apenas um indivíduo entre dez pode ser considerado suficientemente alfabetizado e detentor de profissão.
         Cerca de 87% dessa população analfabeto, ao sair da prisão, já se sabe que retornará em alguns meses, e somente 13% encontrará uma inserção social longe do crime.
         Os detentos se dividem em idades entre 18 e 29 anos, 55%, entre 30 e 34 anos, 19%, e com mais de 35 são 26%.
         O período de reclusão, potencialmente útil para a regeneração do indivíduo, não é minimamente aproveitado. Os presídios são controlados pelas organizações criminosas e servem para arregimentar aqueles que por desventura aí são detidos.
         A forma “cientificamente” mais eficiente para recuperação dos condenados é o tratamento das causas que os levaram ao delito. Alfabetizar, profissionalizar, estimular a intelectualização, empregar o tempo de privação da liberdade em tarefas que sejam úteis aos apenados como pessoas físicas e à sociedade. Esta paga um alto preço por ser a vítima da violência e, ainda, por contribuir com os gastos de R$ 2.000,00 por mês por indivíduo encarcerado.
         Mais escolas, mais atenção à educação na primeira idade, que marca desde o começo da vida o indivíduo com falta de alimentação correta, de higiene, de estímulos à socialização, de exemplos cívicos e morais.
         Esses investimentos não são vistos com muito interesse por quem tem mandato eletivo de quatro anos. A preocupação com as próximas eleições apaga aquela com as próximas gerações.
         Uma medida que desponta como fundamental para atacar as causas é entregar o sistema prisional às Associações de Proteção e Assistência aos Condenados, conhecidas como Apac. Estas, ao contrário dos cárceres públicos, adotam instalações e métodos focados na recuperação dos indivíduos.
         Em Minas existem algumas Apacs que apresentam resultados importantes. Quem passa por elas retorna à sociedade alfabetizado, profissionalizado e durante a detenção trabalha em benefício da sociedade e para isso recebe remuneração, que se destina aos familiares. O custo é a metade daquele do cárcere convencional.
         Em Betim desenvolve-se um projeto pioneiro, diferenciado das Apacs existentes e aprovado pela FBAC. As obras iniciaram-se e deverão ser entregues em agosto de 2020, com 220 vagas entre regimes aberto, semiaberto e fechado. Com salas para cursos, oficinas de trabalho, a sede está inserida num distrito industrial entre 60 empresas que ocuparão os condenados.
         O custo mensal por indivíduo será a metade dos R$ 1.800,00 do sistema tradicional, e ainda boa parte dos alimentos consumidos será produzida em hortas e pomares da própria Apac.
         Pensando nos horizontes mais distantes, iniciamos uma nova rede de modernos centros infantis (15 com até 600 alunos, cada um em construção), escolas revistas e repaginadas (reformamos 110 unidades), cursos de profissionalização, ocupação nos serviços públicos de detentos (150 indivíduos), reforço de bibliotecas, de tempo integral para 2020. Poderemos dar partida a um município mais civilizado e bom para se viver.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca de 317,24% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 305,89%; e já o IPCA, em novembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,27%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

  

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A CIDADANIA, A FORÇA DA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS E OS GRAVES DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE

“Em defesa do programa 
Ciência sem Fronteiras
        Anísio Teixeira (1900-1971) foi um dos mais importantes educadores que o Brasil já teve. Foi também responsável pela criação de inúmeras instituições voltadas à qualificação da educação pública brasileira e, principalmente, para a democratização do acesso aos bens educacionais, que, segundo ele, são direitos e não devem permanecer como privilégios de poucos.
         Em 1956, na companhia de Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira tomou as providências necessárias para que o país contasse com um centro de altos estudos educacionais, do que resultou, com o apoio da Unesco, a criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, seguramente a mais densa iniciativa nesse campo antes da “era da pós-graduação”, iniciada na década de 70.
         Naquele contexto, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro defendiam incessantemente que as políticas educacionais deveriam ser consideradas políticas de Estado, não ações de governo, suscetíveis às guerras ideológicas e a desmanches de tempos em tempos.
         E como não somente eram grandes acadêmicos, mas também homens de ação política, eles sonhavam com uma situação na qual uma política de Estado pudesse, além de garantir a ampliação do acesso à universidade, oferecer oportunidade para a internacionalização da experiência universitária.
         Com se percebe, as ideias que mais tarde resultariam na criação do programa Ciência sem Fronteiras são maiores que um governo e têm raízes nos capítulos mais luminosos da história da educação brasileira, uma trajetória repleta de interrupções e danos aos projetos que se mostraram vocacionados a assumir o perfil de política de Estado, como foi o caso do Exame Nacional do Ensino (Enem), por exemplo.
         Com expressiva preocupação, assistimos ao desmonte do programa Ciência sem Fronteiras. Presenciamos, mais uma vez, uma ação de governo – e, desta vez, de um governo interino – agredindo uma política de Estado amplamente legitimada e reconhecida junto à comunidade acadêmica do país e do exterior.
         O programa Ciência sem Fronteiras está sendo abatido quando ainda dá os primeiros passos e nem sequer conheceu a primeira ação de ajustes, que sempre são necessários.
         Na metade do século XX, dois intelectuais brilhantes, atores políticos profundamente marcados pelo horror do golpe civil-militar de 1964, tiveram a clarividência de defender projetos de internacionalização da experiência universitária, mesmo num contexto em que os números do ensino superior eram muito mais modestos que os atuais.
         Estivessem hoje conosco, provavelmente comentariam que os que desmanchando o programa Ciência sem Fronteiras não sabem o que é política de Estado, arruinando, assim, o lugar da educação e da ciência no âmbito da esfera pública.”.

(Gilberto Alvarez Giusepone Jr. Especialista em educação, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de julho de 2016, caderno O.PINIÃO, página 17).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de julho de 2016, caderno OPINIÃO, página7, de autoria de LUIZ CARLOS BORGES DA SILVEIRA, empresário, médico, professor, ex-ministro da Saúde e deputado federal, e que merece igualmente integral transcrição:

“O Congresso diante da crise
        A situação do país é crítica, com crises na política e na economia, com fortes reflexos negativos na sociedade. Não é apenas uma crise, são várias ao mesmo tempo, inclusive moral e ética, tornando preocupante o cenário. Arrecadação fiscal estagnada, produção em queda, atividades comerciais e de serviços em declínio, desequilíbrio cambial, balança comercial com números desanimadores, desemprego com altos percentuais, inflação crescente, recessão geral.
         Ao governo compete adotar medidas necessárias à recuperação. É preciso reorganizar as contas públicas, enxugar a máquina administrativa, reduzir gastos e, sobretudo, implantar as reformas prioritárias, entre elas a da Previdência Social, sendo urgente a revisão geral do sistema, incluindo a ampliação da idade para a aposentadoria e desvinculação do salário mínimo como parâmetro de cálculo de benefícios. Trata-se de medida severa, mas não justifica a oposição das centrais sindicais, que não estão vendo, ou não querem ver, a realidade do problema. Se a Previdência Social não for recuperada, chegará o dia em que nem Previdência haverá. O sistema está em vias de falência e se não houver profunda e séria reforma, inexoravelmente quebrará.
         Além das reformas previdenciária e trabalhista, já em discussão, há outras medidas tomadas, como a questão da dívida dos estados. Foi adotada uma saída emergencial, temporária, de certa forma apenas adiando o problema, que, todavia, tem de ser solucionado. É evidente que o endividamento dos governos estaduais decorre de falhas de gestão, porém, a situação não pode continuar com alguns entes federativos sem condições de pagar seus funcionários. O governo federal, ao dar essa trégua determinou, com acerto, que estados e municípios adotem diretrizes para limitar os gastos, como a própria União está se impondo. É preciso fortalecer o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que contém determinações claras que não vêm sendo cumpridas, como o gasto com funcionalismo ultrapassando o teto estabelecido. Despesas acima da arrecadação causam desajuste das contas públicas.
         O governo encaminhou ao Congresso proposta de emenda constitucional limitando os gastos da União, estados e municípios aos índices inflacionários; é ótima iniciativa que, também, depende de passar no Parlamento.
         Outra acertada decisão do governo federal determina que a nomeação de diretores de estatais obedeça a critérios de competência técnica e não mais de indicação política, que limita e restringe a autonomia dos gestores, que acabam manietados, tendo que primeiro atender aos interesses de seus indicadores, ou “padrinhos”. Essa submissão política é a causa não só de má administração como de corrupção nas estatais, como estamos assistindo.
         Todas essas propostas e projetos de reorganização do Estado brasileiro dependem de discussão e algumas até de aprovação do Legislativo, daí a importância de os membros do Congresso terem uma visão altruística de sua atuação. O foco do Congresso Nacional deve ser a responsabilidade para atuar em favor do país. Não é por ser um ano de eleições que se deixe de discutir e aprovar as propostas as propostas que podem não agradar ao eleitorado e, por causa disso, congressistas eximirem-se dessa responsabilidade temendo desagradar a grupos políticos aliados nos estados e municípios. Acima de tudo está a obrigação de reequilibrar o país. Se houver omissão, a população vai cobrar da classe política, que já está com a credibilidade afetada e acabará mais desprestigiada.
         Entendo que nesse contexto todo é que sobressai o papel do Congresso Nacional, especialmente da Câmara Federal, porque reformas e medidas duras enfrentam natural resistência popular, cabendo aos deputados, representantes do povo, atuar no esclarecimento da população, no convencimento geral para que o próprio Congresso tenha apoio da sociedade para aprovar as mudanças exigidas, a fim de que o país se recupere e retome o rumo do crescimento, estabilidade e governabilidade. Deve o Congresso estar ciente da gravidade do momento e entender que defender interesses pessoais e eleitorais é ir totalmente contra interesses maiores do Brasil e dos brasileiros, que protestam exigindo coerência e espírito público.
         Oposição ao governo é normal na democracia, oposição ao país é falta de patriotismo, de visão política e de cidadania.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda estratosférica marca de 471,3% para um período de doze meses; e, em junho, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 8,84%, e a taxa de juros do cheque especial em maio registrou históricos 311,3%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        


    

          

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A CIDADANIA, A LUZ DO UNIVERSO E O HORIZONTE DA VERDADE

“Como multiplicarmos em luz 
o que o universo nos entregou
        É o destino de todos os homens despertarem para a vida interior consciente.
         Em sua existência formal, o Cosmos irradia ordem e manifesta leis superiores, divinas. Observando isso, o homem poderia obter todo o ensinamento de que necessitasse. Não há uma partícula sequer dentro de tal imensidão que, seguindo essas Leis, não tenha sua posição definida. Nem mesmo um pequeno raio de luz é emitido que não seja para cumprir determinada tarefa. Nada se move ou vive fora da Grande Presença.
         Assim, se uma pessoa é encarregada de uma tarefa que faça parte do Plano de Deus, seus corpos mental, emocional e físico vão sendo preparados para desempenhá-la. É fato que o homem terrestre trilhou caminhos fora da Lei Universal e traz gravadas nas células de seus corpos as marcas dessa trajetória.
         Vivendo neste planeta, ao indivíduo cabe lidar com seus corpos mental, emocional e físico procurando elevar-lhes a vibração. Todos os cuidados nesse sentido devem ser tomados desapegadamente (inclusive a alimentação, a higiene e a postura), sabendo que o verdadeiro processo é o desenvolvimento da consciência. Cabe à pessoa contatar o propósito interior e cumpri-lo em todos os níveis. Esses cuidados, no entanto, não precisam ser excessivos.
         É necessário apenas que ela esteja desperta e que possa cumprir em pura e sincera entrega aquilo que lhe foi designado pelo Alto.
         A parábola dos talentos, mencionada na Bíblia, ensina o valor que há em multiplicarmos o que o Senhor nos entregou; mas multiplicar em Luz, e não materialmente, como é de uso comum compreender essa instrução.
         Energias especiais, sutis, incidem sobre aquele cujo contato com a vida espiritual esteja mais aberto. Se estiver em inteira disponibilidade para o serviço, poderá adequar-se prontamente às rápidas transformações que se façam necessárias no cumprimento de sua tarefa.
         É importante que se esteja desidentificado das suas emoções, da sua própria mente, dos seus condicionamentos, de respostas mecânicas, que se esteja pronto para renascer a cada momento – preparado, portanto, para a todo instante morrer para o que se é em aparência. Na presente situação planetária, na qual profundas transformações estão ocorrendo, é hora de entregar mais profundamente a própria vida – vida que ilusoriamente  pensamos ser nossa, quando na verdade é do Único.
         Pela percepção da mente bem pouco se pode saber sobre os movimentos da energia sutil espiritual. Para que nossa consciência participe desses processos é preciso colocarmos de lado as expectativas, os sonhos e até mesmo o desejo de servir; enfim, é preciso calarmos. O silêncio é o melhor instrumento de serviço e também a única e verdadeira oferta que se pode fazer aos trabalhos internos.
         Se o impulso da devoção permear o nosso ser, devemos deixar que ela arda e incendeie cada passo que dermos; se por momentos ou dias estiver sobre nós presente de maneira especial a energia da ordem, devemos manifestá-la, permitindo que ajuste e conduza às exatas posições aquilo que nos cerca. E, diante de tudo isso, se nos dispusermos a nada querer e a não impor obstáculos, participaremos de um movimento cósmico que, como um bailado, move universos, levando-os a realizarem o trabalho do Plano de Deus em completa harmonia.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de dezembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de dezembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de LINDOLFO PAOLIELLO, jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), e que merece igualmente integral transcrição:

“O Brasil diante da verdade
        O Brasil precisa se conscientizar de que o presente em que vive já é passado e afastar o passado da frente do futuro. Vivemos o cotejo entre um modelo exaurido, e que insiste em se manter, e um novo modelo de nação em franca gestação, mas que não queremos perceber que nasce, porque precisa de nós para ganhar vida. A árdua abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff coroa o confronto de um país consigo mesmo.
         Mas, afinal de contas, quem somos nós? As raízes do Brasil foram estudadas a fundo por Sérgio Buarque, que sintetiza assim o espírito brasileiro: “Desejamos ser o povo mais brando e o mais comportado do mundo. (...) Tudo isso são feições bem características do nosso aparelhamento político, que se empenha em desarmar todas as expressões menos harmônicas de nossa sociedade, em negar toda a espontaneidade nacional”. No entanto, é dele este alerta: “Com a cordialidade (somente) não se criam bons princípios”.
         Domenico De Masi, sociólogo italiano que comentou a obra de seu colega brasileiro, parte desse ponto para destacar: “Não basta ser cordial para ser democrático. Uma verdadeira democracia exige um sólido elemento normativo, regras capazes de assegurar oportunidades iguais para todos, uma superação dos personalismos através de uma disciplina social e uma série de regras baseadas no consenso. Exige o primado das instituições e a soberania popular”. E De Masi prossegue em sua visão crítica em relação ao “brasileiro meigo”. Cita Stefan Zweig que escreveu: “Essa delicadeza do sentimento, essa ausência de toda forma de veemência, me parece qualidade mais característica do povo brasileiro (...). Todos os estágios do bem-estar e da felicidade estão misturados nessa pacífica indolência”. De Masi cai em cima, quase cruelmente: “É exatamente a propensão para a tranquilidade que permitiu a Portugal dominar o Brasil por quase quatro séculos com um número exíguo de soldados”.
         Para fundamentar as razões do temor e postergação quando o Brasil se vê frente a frente consigo mesmo, como hoje acontece, vale a pena conhecer o que escreveu Darcy Ribeiro, outro estudioso da sociologia e antropologia do Brasil. Em uma das coletâneas sobre sua obra, intitulada O Brasil como problema, ele comenta que o atraso do Brasil e a pobreza de seu povo foram, de tempos em tempos, atribuídos a falsas causas naturais e históricas: ao clima tropical, à mistura racial entre brancos, negros e índios, ao papel desempenhado pela religião católica, à péssima colonização lusitana contraposta à colonização holandesa, mitificada como esplêndida, e a uma suposta infantilidade do povo brasileiro. É quando procura mostrar como fator do atraso o caráter daqueles que detiveram, durante séculos, o poder político e econômico: “Não há como negar que a culpa do atraso nos cabe a nós, os ricos, os brancos, os educados, que impusemos, desde sempre, ao Brasil, a hegemonia de uma elite retrógrada, que só atua em seu próprio benefício”.
         Entendida essa elite, efetivamente retrógrada, como “direita”, o drama brasileiro tomou jeito de tragédia quando a “esquerda”, fomentada por forte contingente dos intelectuais brasileiros e – convém lembrar – por uma parcela dos empresários, pôs em prática uma plano de governo coletivista. Convém definir: um projeto que, em nome dos ideais de justiça e igualdade social, exercita o aumento da concentração do poder do Estado e se propõe a conduzir a sociedade a caminhar em determinada direção, para a prometida realização do suprassumo dos milagres: proporcionar a todos a felicidade, por um “gesto de mágica” do Estado. Gesto movido pelo dinheiro da poupança das famílias, supostas beneficiárias de uma eterna boa vida, e dos tributos extorquidos da produção empresarial.
         Os resultados são esses que destruíram um país que havia conquistado a estabilidade política, monetária e que estava assim preparado para conquista a inclusão social pela realização do sonho empreendedor de cada indivíduo, pelo trabalho e pelo fomento de uma política pública sustentável. Para as famílias que comemoravam a supressão da miséria e a integração da Classe C a uma nova classe média, resultou uma triste “civilização do retorno”, com a marcha de cerca de 3 milhões de família de volta às classes D e E. Para as empresas, a falência, o fechamento e, o pior: a prisão daqueles que se agregaram a um projeto de poder e corrupção. Para o país, a recessão, que, depois de arrasar tudo e todos, destrói a autoestima e a capacidade de pensar e agir.
         É desse quadro – que o Brasil não pode resumir em uma só edição por representar a consumação de um comportamento e de fatos seculares – que nascem as manchetes diárias que soam como gritos de um país que se debate em suas contradições. É a partir desse quadro que precisamos definir o projeto do Brasil que queremos ser.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a
      a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca de 378,76% para um período de doze meses; e mais, ainda em novembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 10,48%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  

 
        

     

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A CIDADANIA, A REINVENÇÃO DO BRASIL E OS RECADOS DAS URNAS

“Dilma dá continuidade a invenção do novo Brasil
        É notório que a direita brasileira, especialmente aquela de forças elitistas que sempre ocuparam o poder de Estado e o trataram como propriedade privada, apoiadas pela mídia privada e familiar, está se aproveitando da crise – que é mundial, e não, apenas, nacional (e temos a vantagem de manter um mínimo de crescimento e o emprego dos trabalhadores, coisa que não acontece na Europa nem nos Estados Unidos) –  para fazer sangrar a presidente Dilma Rousseff e desmoralizar o Partido dos Trabalhadores, e assim criar uma atmosfera que lhe permita voltar ao lugar que por via democrática perdeu.
         Celso Furtado, em “A Construção Interrompida” (1993), escreveu com acerto: “O tempo história se acelera, e a contagem desse tempo se faz contra nós. Trata-se de saber se temos um futuro como nação que conta na construção do devenir humano. Ou se prevalecerão as forças que se empenham em interromper o nosso processo histórico de formação de um Estado-nação” (Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1993, pág. 35).
         Aqui reside a verdadeira questão: queremos prolongar a dependência àquelas forças nacionais e mundiais que sempre nos mantiveram alinhados e sócios menores de seu projeto, ou queremos completar a invenção do Brasil como nação soberana que tem muito que contribuir para a solução da atual crise ecológico-social do mundo?
         Se, por um lado, não podemos nos privar de algumas críticas ao governo do PT, por outro, seria faltar à verdade se não reconhecêssemos os avanços significativos sob os governos desse partido. A inclusão social realizada e as políticas sociais para aqueles milhões que sempre estiveram à margem possuem uma magnitude histórica cujo significado ainda não acabamos de avaliar.
         Surgiu um estranho ódio contra o PT em muitos âmbitos da sociedade. Suspeito que esse ódio seja porque as políticas públicas permitiram aos pobres usar o avião e visitar seus parentes no Nordeste; também conseguiram adquirir seu carro e comprar em shopping centers. O lugar deles não seria no avião, mas na periferia, pois esse é seu lugar. Mas eles foram integrados à sociedade e a seus benefícios.
         Devemos aproveitar as oportunidades que os países centrais, em profunda crise, nos propiciam: reafirmar nossa independência, garantindo nosso futuro autônomo, ou desperdiçá-la, vivendo atrelados ao destino que é sempre decidido por eles, que nos querem condenar a ser apenas os fornecedores dos produtos “in natura” que lhes faltam, voltando assim a nos colonizar.
         Não podemos aceitar essa estranha divisão internacional do trabalho. Temos que retomar o sonho de alguns de nossos melhores analistas, do quilate de Darcy Ribeiro e Celso Furtado, entre outros, que propuseram uma reinvenção ou refundação do Brasil sobre bases nossas, gestadas pelo nosso ensaio civilizatório tão enaltecido mundialmente.
         Esse é o desafio lançado aos candidatos à mais alta instância de poder no país. Não vejo figura melhor para seguir nessa reconstrução, a partir de baixo, com uma democracia participativa, com seus conselhos e movimentos populares opinando e ajudando a formular caminhos que nos levem para a frente e para o alto, do que a atual presidente, Dilma Rousseff.
         A situação é urgente, pois, como advertia Celso Furtado: “Tudo aponta para a inviabilização do país como projeto nacional” (op. cit. 35). Nós não queremos aceitar como fatal essa severa advertência. Não devemos reconhecer as derrotas sem antes participar das batalhas, como nos ensinava dom Quixote, em sua gaia sabedoria.
         Que os bons espíritos guiem os rumos de nosso país.”

(LEONARDO BOFF. Teólogo e filósofo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 10 de outubro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno OPINIÃO, página  9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Recados das urnas
        Os recados das urnas são difusos e desenham uma diversidade que tem de tudo. Incluem aspectos contraditórios que merecem análises e debates, e não apenas cientistas políticos com suas inestimáveis reflexões. Outros, também, partindo de seus lugares próprios e do direito à livre manifestação, contribuem muito. Não é simples produzir uma síntese dessas mensagens. Até parece ser impossível tal empreitada. As razões que se entrelaçam, as irracionalidades, o desejo desarvorado de poder, contradições, motivações importantes, sonhos de melhorias, até mesmo o espírito de torcida próprio no âmbito dos esportes, desenham aprendizados. É possível constatar, pelo menos, a lição de que para ser vitorioso é preciso se qualificar melhor, não andar de “salto alto” e respeitar o adversário.
         Na política, não é fácil fazer distinções, nem ter garantias de que o dito é sincero, fundamentado na verdade e com a única meta de melhorar a vida de todos, particularmente dos mais sofridos. Especificamente no que diz respeito à política partidária, salvaguardado o sentido de sua importância e o reconhecimento de sua necessidade, é preciso maior enraizamento da ética e de um mínimo de moralidade, para que sua tarefa seja cumprida. Sem esses fundamentos, torna-se difícil alcançar o que é sério e respeitoso para com o bem comum, reverente com a dignidade de cada pessoa. Continuam particularmente prejudicados aqueles que sofrem com tratamentos indignos e injustos, cidadãos ignorados por quem esbanja e usufrui, doentiamente, de benesses, privilégios justificados pela lógica da diferença.
         Seguir essa lógica é contribuir para aumentar sempre mais a brecha entre as pontas do cenário social e cultural, uma configuração perversa e inaceitável. Ora, a grandeza própria da política e seu estatuto maior são o bem comum. Isso significa agir sempre a partir da opção preferencial pelo pobres, em vez de simplesmente se orientar pela superficialidade e comprometimentos de ideologias partidárias. Estas, não raramente, são medíocres no que se refere à compreensão da dignidade humana, da cidadania, dos direitos, da justiça e deveres. Geram a insatisfação que pode ser constatada na resposta dada pelo eleitor. As urnas mandam recados diversos.
         É curioso perceber que, de um lado, há um movimento que pode ser interpretado como clamor por mudanças, que não devem ser adiadas e nem descansar no “berço esplêndido” das promessas. No entanto, apesar desse desejo, foram reconduzidos ao poder grupos familiares que não representam inovação política e indicam apenas o caminho da repetição do que tem sido pouco proveitoso para o bem comum. Assim, embora importante, principalmente quando se considera a governabilidade, não é suficiente apenas analisar o número maior de cadeiras conquistadas pelas siglas partidárias. Os resultados das urnas revelam o recado de que é ainda muito forte o poder do dinheiro, capaz de eleger quem não tem força própria para ser representante do povo.
         Na listagem das mensagens vindas das eleições, é preciso atentar-se para a alta percentagem de abstenções e votos anulados, evidências de um grande número de pessoas em protesto ou ancoradas na indiferença. Trata-se de algo grave em momento tão decisivo para o futuro da nação. Um fenômeno que merece esforço de todos para ser compreendido. Certas surpresas indicam a candidatos que não se pode pensar no eleitorado como massa de manobra, que forma “currais eleitorais”. Outras revelam fenômenos de votação que, lamentavelmente, foram escolhidos não por sua competência e condição de representar, mas pela simpatia ou mesmo pelo uso estratégico de deboches. As urnas sinalizam que é preciso operar mudanças urgentes e radicais.
         A cidadania exige um tratamento mais adequado diante das necessidades do povo, com repúdio à deselegância de ataques pessoais e desconstrução pouco civilizada de adversários. É preciso reconhecer que o eleitorado pode fazer sua escolha considerando o nome que, para além da sigla partidária, tem credibilidade e competência. As análises das variadas mensagens das eleições são interessantes para o amadurecimento do cidadão, na indicação de rumos e metas para os candidatos. Trata-se de exercício indispensável na corrida eleitoral de novo em curso, como investimento na escolha de caminhos capazes de conduzir a sociedade em novas direções. Embora o terreno contraditório e movediço, vive-se a oportunidade de aprender importantes lições com os recados das urnas.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem (a propósito, em editorial do Jornal do Brasil, de 1º/8/1994, lê-se: “... A diferença que separa a corrupção nas democracias antigas e consolidadas da praticada nos países do Terceiro Mundo situa-se no grau de impunidade...”; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis  (seria o caso, por exemplo, de contabilizarmos todas as perdas e danos em apenas um dia no trânsito das regiões metropolitanas do país; e, afinal, de quem a responsabilidade? – haja consciência séria e crítica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), também a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...