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sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A TRANSCENDÊNCIA DA ALEGRIA E DA PAZ E A ECONOMIA CRIATIVA NA SUSTENTABILIDADE

“O medo: inimigo da alegria de 
viver na sociedade de acumulação
        Hoje o mundo, o Brasil e as pessoas são assoladas pelo medo de assaltos, às vezes com mortes, de balas perdidas e de atentados terroristas. Os ataques recentemente praticados em Barcelona e Londres provocaram um medo generalizado por mais que tenham havido demonstrações de solidariedade e manifestações pedindo paz.
         Há que se reconhecer que essa situação generalizada de medo é a consequência última de um tipo de sociedade que colocou a acumulação de bens materiais acima das pessoas e estabeleceu a competição, e não a cooperação, como valor principal. Ademais, escolheu a violência como forma de resolver os problemas pessoais e sociais.
         A competição deve ser distinguida da emulação. Emulação é muito boa, pois traz à tona o que temos de melhor dentro de nós com simplicidade. A competição é problemática, pois significa a vitória do mais forte dentre os contendores, derrotando todos os demais, gerando tensões, conflitos e guerras.
         Numa sociedade em que essa lógica faz-se hegemônica não há paz, apenas um armistício. Vigora sempre o medo de perder mercados, vantagens competitivas, lucros, trabalho e própria vida.
         A vontade de acumulação introduz também ansiedade e medo. A lógica dominante é esta: quem não tem quer ter; quem tem quer ter mais; e quem tem mais diz que nunca é suficiente. Ela alimenta a estrutura do desejo que, como sabemos, é insaciável. Por isso, precisa garantir o nível de acumulação e de consumo, daí resulta a ansiedade e o medo de não ter, de perder capacidade de consumir, de descer em status social e, por fim, empobrecer.
         O uso da violência como forma de solucionar os problemas entre países, como mostrou a guerra dos EUA contra o Iraque, baseia-se na ilusão de que derrotando o outro ou humilhando-o conseguiremos fundar uma convivência pacífica. Um mal de raiz, como a violência, não pode ser fonte de um bem duradouro. Um fim pacífico demanda igualmente meios pacíficos. O ser humano pode perder, mas jamais tolera ser ferido em sua dignidade: abrem-se as feridas que dificilmente fecham-se, e sobra rancor e espírito de vingança, húmus alimentador do terrorismo que vitima tantas vidas inocentes.
         A nossa sociedade de cunho ocidental, branca, machista e autoritária escolheu o caminho da violência repressiva e agressiva. Por isso ela está sempre às voltas com guerras, guerrilhas e atentados. Por trás de tais fatos existe um oceano de ódio, amargura e vontade de vindita. O medo paira como manto de trevas sobre as coletividades e sobre as pessoas.
         O que invalida o medo e suas sequelas é o cuidado de uns com os outros. O cuidado constitui um valor fundamental para entendermos a vida e as relações entre todos os seres. Sem cuidado a vida não nasce nem se reproduz. O cuidado é o orientador prévio dos comportamentos para que seus efeitos sejam bons e fortaleçam a convivência.
         Cuidar de alguém é envolver-se com ele, interessar-se por seu bem-estar, é sentir-se corresponsável pelo destino dele. Uma sociedade que se rege pelo cuidado com a “Casa Comum” – a Terra –, com os ecossistemas que garantem as condições da biosfera e de nossa vida, com a segurança alimentar de cada pessoa, com as relações sociais no sentido de serem participativas, equitativas, justas e pacíficas e com o ambiente espiritual da cultura, que permite as pessoas viverem um sentido positivo da vida, acolher suas limitações, o envelhecimento e a própria morte como parte da vida mortal, gozará de paz e concórdia, necessárias para a convivência humana.”.

(LEONARDO BOFF. Teólogo e filósofo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 8 de setembro de 2017, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de maio de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de FABÍOLA CARVALHIDO, arquiteta e urbanista da CSul Desenvolvimento Urbano, e que merece igualmente integral transcrição:

“Economia criativa e as cidades
        A criatividade sempre foi elemento imprescindível para a inovação e impulsionou diversas descobertas, ao longo dos anos, que refletiram no desenvolvimento do mundo. Nas cidades, esse componente tem-se mostrado um aliado para o fomento da economia, apresentando novas formas de gerar riqueza com produtos e serviços que fogem dos modelos tradicionais existentes e permitem soluções inovadoras, considerando a verdadeira necessidade e desejo da população. Além disso, diante de uma conjuntura de crise que compromete a confiança do investidor, a economia criativa é uma solução eficaz para a proposição de novos negócios com a utilização de recursos escassos. Isso é possível graças ao talento inventivo nato do brasileiro para superar as situações adversas. Por isso, investimentos em empreendedorismo, estímulo à diversidade de pensamento e diversificação do ambiente de negócios têm gerado novos modelos de economia que passaram a ser vitais, com a criativa. A adoção da economia criativa como estratégia de fomento econômico reconhece a importância de se investir em ambientes que possibilitem novas experiências comerciais ancoradas na inteligência social, nas quais o foco está no potencial individual ou coletivo para produzir bens e serviços criativos.
         Uma das atividades que vêm se destacando no âmbito da economia criativa é a chamada economia verde, que envolve todo um ciclo de sustentabilidade, técnicas ecologicamente corretas e que geram produtos mais eficientes. Entre os serviços e produtos relacionados a esse tipo de atividade estão os mercados de produtos orgânicos, feira de móveis e objetivos de design, serviços de entrega com bicicletas, lava-jatos que não utilizam água, entre outros. Um exemplo de ação relacionada à economia verde no Brasil está na aplicação da logística reversa, área responsável pelo fluxo reverso dos produtos por meio da reciclagem. Uma empresa nacional levou esse conceito a sério e passou a vender produtos eletrônicos com um selo que garante que o produto seja descartado, futuramente. Para isso, a rede de varejo oferece ao cliente a opção de pagar uma taxa, para garantir que no fim da vida útil do aparelho a empresa o retire no domicílio e lhe dê a destinação final adequada.
         Nas cidades criativas, o foco também é atrair pessoas e empresas engajadas em atividades diferenciadas da econômica e ocupar os espaços urbanos, levando a comunidade para a rua para participar de eventos que unam projetos sustentáveis, design e cultura, fomentando a economia. A ideia é transformar as cidades não somente em locais onde as pessoas residem, mas também em polos de atividades criativas, com projetos que fomentam uma nova geração de criadores. Uma das iniciativas presentes no vetor sul da capital mineira é o projeto CSul de Desenvolvimento Urbano. O projeto pretende atrair para a proximidade da Lagoa dos Ingleses diversas empresas, incluindo também o segmento dos empreendedores que desejam praticar atividades relacionadas à economia criativa na região. Entre as iniciativas que já estão sendo implementadas pela empresa estão o CSul Cultural e o Prêmio CSul de Qualidade Urbana. O primeiro tem levado até a região apresentações artísticas gratuitas e promovido momentos de integração com apresentações e atividades culturais que atraem toda a família e, ainda, colocam as pessoas em contato com as belezas naturais do local. Já o Prêmio CSul reconhece ideias e práticas que incentivam um modo de vida mais sustentável nas cidades, com a adoção de conceitos de ocupação urbana e projetos que promovem o bem-estar coletivo e criam espaços para a socialização e para a vida ao ar livre com segurança.
         Iniciativas como essas têm movimentado a economia brasileira e podem ser uma saída eficaz para a crise vivenciada no país. O crescimento do setor pode ser comprovado pelo aumento do PIB da indústria criativa brasileira, que chegou a R$ 126 bilhões no fim de 2013, ou o equivalente a 2,6% do total produzido no país naquele ano. Isso representa um avanço de 69,8% em 10 anos, acima dos 36,4% registrados pelo PIB nacional no mesmo período, de acordo com pesquisa da Firjan do fim de 2014. Diante de todas essas vantagens, a tendência é que as atividades relacionadas à economia criativa e verde cresçam cada vez mais, pois se antes era vista como uma oportunidade, a economia criativa agora é uma necessidade.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em julho/2017 a ainda estratosférica marca de 399,05% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 321,30%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em agosto/2017, chegou a 2,46%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        


quinta-feira, 19 de maio de 2016

A CIDADANIA, A CULTURA NA CONSTRUÇÃO DA UTOPIA E A SUSTENTABILIDADE DA CASA COMUM

“O nascedouro da utopia brasileira 
está na cultura de raiz popular
        Praticamente todos os analistas da nação brasileira tinham os olhos voltados para o passado: como se formou este tipo de sociedade que temos. Foram detalhistas, mas não dirigiam os olhos para a frente.
         Todos os países que se firmaram projetaram seu sonho maior e, bem ou mal, o realizaram, às vezes como os países europeus, penalizando pela colonização outros povos na África, na América Latina e na Ásia. Geralmente, é num contexto de crise que se elabora a utopia, como forma de encontrar uma saída. Celso Furtado, que, além de renomado economista, era um agudo observador da cultura, nos diz em “Brasil: A Construção Interrompida” (1992): “Falta-nos a experiência de provas cruciais, como as que conheceram outros povos cuja sobrevivência chegou a estar ameaçada” (p.35). Não nos faltaram situações críticas que seriam as chances para elaborar nossa utopia. Mas as forças conservadoras e reacionárias “se empenharam em interromper o nosso processo histórico de formação de um Estado-nação (p.35) por medo de perder seus privilégios.
         E, assim, ficamos apenas com um Brasil imaginário, gentil, forte, grande, a província mais ridente do planeta Terra. Mas fomos impedidos de construir um Brasil real que integrasse minimamente a todos, multicultural, tolerante e até místico.
         Chegou o momento em que se nos oferece o desafio de construir essa utopia. A partir de que base assumiremos essa empreitada? Deve ser a partir de algo tipicamente nosso, que tenha raízes em nossa história e represente outro software social. Esse patamar básico é nossa cultura, especialmente nossa cultura popular. O que faz o Brasil ser Brasil é a autonomia criativa da cultura de raiz popular.
         A cultura aqui é vista como um sistema de valor e de projetos de povo. A cultura se move na lógica dos fins e dos grandes símbolos e relatos que dão sentido à vida. Ela é perpassada pela razão cordial e contrasta com a lógica fria dos meios, inerentes à razão instrumental-analítica que visa à acumulação material. Esta predominou e nos fez apenas imitadores secundários dos países tecnicamente mais avançados. A cultura seguiu outra lógica, ligada à vida que vale mais que a acumulação de bens materiais.
         Nossa cultura, admirada no mundo inteiro, nos permite refundar o Brasil, o que significa “ter a vida como a coisa mais importante do sistema social. É construir uma organização social que busque e promova a felicidade, a alegria, a solidariedade, a partilha, a defesa comum, a união na necessidade, o vínculo, o compromisso com a vida de todos os seus membros, que elimine e impeça a exclusão de todos os tipos e em todos os níveis” (Luiz Gonzaga de Souza Lima, em “A Refundação do Brasil: Rumo à Sociedade Biocentrada”, 2011, p.266).
         A solução para o Brasil não se encontra na economia como o sistema dominante nos quer fazer crer, mas na vivência de seu modo de ser aberto, afetuoso, alegre, amigo da vida. A razão instrumental básica ajudou a criar uma infraestrutura básica sempre indispensável. Mas o principal foi colocar as bases para uma biocivilização que celebra a vida, que convive com a pluralidade das manifestações, dotada de incrível capacidade de integrar, de sintetizar e de criar espaços onde nos sentimos mais humanos.
         Pela cultura, não feita para o mercado, mas para ser vivida e celebrada, poderemos antecipar, pelo menos um pouco, o que poderá ser uma humanidade globalizada que sente a Terra como grande Mãe e Casa Comum. O sonho maior, nossa utopia, é a comensalidade: sentarmo-nos junto à mesa e desfrutarmos a alegria de conviver amigavelmente e de saborear os bons frutos da grande e generosa Mãe Terra.”.

(LEONARDO BOFF. Teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de maio de 2016, caderno O.PINIÃO, página 28).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de maio de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DENISE HILLS, Superintendente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco, e que merece igualmente integral transcrição:

“Além da ponta do iceberg
        Está no discurso de celebridades, é tema de uma encíclica do papa e também de jornais e conversas das famílias no almoço de domingo. A preocupação com as mudanças climáticas e seus efeitos, incluindo os impactos na economia mundial, é um assunto que, bem ou mal, interessa a todos. Tratado ainda como algo que nos afeta no futuro, distante do dia-a-dia das pessoas, o aquecimento global e seus consequências estão muito mais próximos das nossas vidas e das empresas do que se pode imaginar. As pessoas o relacionam com a chuva de hoje, o calor, ou até mesmo com o preço da comida.
         As mudanças climáticas e seus reflexos, no entanto, vão além da previsão do tempo ou do peso dos alimentos na inflação. São a pedra no sapato do mundo. Por isso o novo acordo do clima, fechado na COP 21 em Paris no fim do ano passado, foi tão comemorado. Visto como ponto de partida para a construção de uma economia de baixo carbono, mais limpa e, portanto, com menos impacto no meio ambiente, ele começou a tomar forma no final deste mês, quando foi aberto para assinaturas por parte dos países-membros da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima, em Nova York.
         Além de estabelecer que o aumento da temperatura média do planeta fique abaixo dos 2ºC, o Acordo de Paris inclui a participação ativa do setor empresarial, o financiamento para implementação dos termos da transição, e os caminhos para atingir uma economia de baixo carbono por meio de novas tecnologias, energias renováveis e restauração florestal, por exemplo. E é hora de trabalhar na implementação do documento. O senso de urgência levou para mesa em Paris as lideranças de diversos setores da sociedade, empresas e governo.
         Então, a transformação vai acontecer através de ações do poder público e da indústria, especialmente as com mais altos níveis de emissões de carbono? Claro que não. Nada é simples nesta conversa. Essa é a ponta do iceberg, o primeiro passo da jornada. A responsabilidade é de todos e de cada um. Dos chamados mecanismos de transição e financiamento, a discussão que vai contribuir para que os objetivos pensados na COP 21 se viabilizem está na agenda de todos os bancos.
         Mas, o que aquecimento global tem a ver com instituições financeiras?
         Pense por um minuto em um seguro para uma casa, em um lugar onde os índices de chuva têm mudado drasticamente nos últimos anos. Ou mesmo no quanto essas questões podem mudar daqui para frente e o quanto essas mudanças são prolongadas.
         O desafio é incorporar as questões socioambientais nos modelos de crédito, investimentos e na precificação correta dos ativos, considerando sempre os impactos socioambientais positivos e negativos, e com isso, avaliar de forma responsável e real o valor e a capacidade de retorno do capital ao investidor. Muitas vezes, esse investimento pode ser um fundo de pensão, o seu fundo de pensão, por exemplo. Por isso é que muitos investimentos desse tipo seguem os Princípios de Investimentos Responsáveis, e muitos Assets também. Isso dá uma ideia mais clara de como esse tema afeta todos de forma diferente, mas compartilhada.
         Um dos principais desafios agora é pautar as decisões de médio e longo prazos. O acordo é uma espécie de manual de referência e novas diretrizes para a economia mundial. Sua contribuição é extremamente valiosa para a mobilização e direcionamento dos esforços rumo a um padrão de desenvolvimento que não comprometa a nossa viabilidade como espécie no planeta. E isso, claro, envolve governos, empresas, bancos, toda a sociedade.
         É provavelmente por isso que você também está lendo este artigo até agora. E é por isso que estamos celebrando o 22 de abril, dia em que o acordo assinado na COP 21 passou a tomar uma forma legal. É mais assunto para o almoço de domingo, mais expectativa, mais compromisso, mais gente trabalhando. Trata-se de um passo histórico na busca de uma economia de baixo carbono. E as instituições financeiras serão parte nessa transição, na medida em que traduzem esta influência na economia e nos diversos setores da sociedade. Sabemos que o caminho é longo, mas a assinatura do documento produzido em Paris representa a materialização do compromisso de diferentes atores na construção de uma nova realidade para o mundo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 435,6% para um período de doze meses; e mais ainda em abril, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,28%, com os juros do cheque especial de março em históricos 300,8%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)...

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  







          

quarta-feira, 6 de abril de 2016

A CIDADANIA, O RESGATE DA UTOPIA E A INADIÁVEL REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO

“O resgate da utopia no sombrio 
contexto atual do Brasil e do mundo
        Face ao desamparo que grassa no Brasil e na humanidade atual, faz-se urgente resgatar o sentido libertador da utopia. Na verdade, vivemos no olho de uma crise da ordem política e do tipo de democracia que temos. Mais ainda, uma crise civilizacional de proporções planetárias.
         Toda crise oferece chances de transformação, bem como riscos de fracasso. Na crise, medo e esperança, expressões de raiva e de violência real ou simbólica se mesclam, especialmente nesse momento crítico da sociedade.
         Precisamos de esperança. Ela se expressa na linguagem das utopias. Estas, por sua natureza, nunca vão se realizar totalmente, mas nos mantêm caminhando. Acertadamente, observou o poeta Mário Quintana: “Se as coisas são inatingíveis... Ora!/ Não é motivo para não querê-las/ Que tristes os caminhos se não fora/ A mágica presença das estrelas”.
         A utopia não se opõe à realidade, antes pertence a ela, porque não é feita apenas por aquilo que é dado, mas por aquilo que é potencial e que pode um dia se transformar em dado. A utopia nasce desse “transfundo” de virtualidades presentes na história, na sociedade e em cada pessoa.
         O filósofo Ernst Bloch cunhou a expressão “princípio-esperança”, que entende o inesgotável potencial da existência humana e da história, que permite dizer “não” a qualquer realidade concreta, às limitações espaço-temporais, aos modelos políticos e às barreiras que cerceiam o viver, o saber, o querer e o amar.
         O ser humano diz “não” porque primeiro diz “sim”: sim à vida, ao sentido, a uma sociedade com menos corrupção e mais justa, aos sonhos e à plenitude ansiada. Embora realisticamente não entreveja a total plenitude no horizonte das concretizações históricas, nem por isso ele deixa de ansiar por ela com uma esperança jamais arrefecida.
         Jó, quase nas vascas da morte, podia gritar a Deus: “Mesmo que Tu me mates, ainda assim espero em Ti”. O paraíso terrenal narrado no Gênesis 2-3 é um texto de esperança. Não se trata do relato de um passado perdido e do qual guardamos saudades, mas é antes uma promessa, uma esperança de futuro ao encontro do qual estamos caminhando. Como comentava Bloch: “O verdadeiro Gênese não está no começo, mas no fim”. Só no termo do processo da evolução serão verdadeiras as palavras das Escrituras: “E Deus viu que tudo era bom”. Enquanto evoluímos, nem tudo é bom, só perfectível;
         O essencial do cristianismo não reside em afirmar a encarnação de Deus. Outras religiões também o fizeram. Mas é afirmar que a utopia virou eutopia (um lugar bom). Em alguém, não apenas a morte foi vencida, o que seria muito, mas ocorreu algo maior: todas as virtualidades escondidas no ser humano explodiram e implodiram. Jesus é o “Adão novíssimo” na expressão de São Paulo, o homem abscôndito agora revelado. Mas é apenas o primeiro dentre muitos; nós seguiremos a ele.
         Anunciar tal esperança no sombrio contexto atual do Brasil e do mundo não é irrelevante. Transforma a eventual tragédia da política, da Terra e da humanidade devido à dissolução social e às ameaças sociais e ecológicas numa crise purificadora.
         Vamos fazer uma travessia perigosa, mas a vida será garantida, e o Brasil, bem como o planeta, ainda se regenerará e encontrará um caminho que nos abra um futuro “esperançador”.
         Para os cristãos, a grama não cresceu sobre a sepultura de Jesus. A partir da crise da sexta-feira da crucificação, a vida trinfou. Por isso a tragédia não pode escrever o último capítulo da história, nem do Brasil, nem da Mãe Terra. Aquele o escreverá a vida em seu esplendor solar.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 18 de março de 2016, caderno O.PINIÃO, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de abril de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de RAFAEL ÁVILA, professor de relações internacionais do Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH e diretor de inovação do Grupo Ânima, e que merece igualmente integral transcrição:

“Revolução na educação
        Se você perguntar a qualquer cidadão se ele pensa a educação como algo que promove a transformação individual, que modifica fundamentalmente a sociedade, que possibilita a introdução de uma mão de obra melhor qualificada, não há qualquer ponto de divergência. Todos dirão de maneira uníssona que sim, a educação é o caminho dessas transformações. Mas, da mesma forma que a educação é tratada como algo relevante no discurso, vemos que ela tem sido tratada como um objeto de menor empenho político e econômico.
         Também é notório para as pessoas que trabalham com a educação que estamos diante de desafios fora e dentro das salas de aula: estudantes desengajados; um ensino distante do mundo real; professores sem suporte mudanças; escolas que reproduzem um modelo que não dá conta do contemporâneo. Neste sentido, muitos propagandeiam a necessidade de uma revolução na educação. Mas o que é esta revolução?
         A proposta de (r) evolução na educação que pensamos passa pelas seguintes mudanças e ressignificações:
1)Dos objetos de aprendizagem. O que isso significa, senão o repensar de que, se queremos formar profissionais do futuro, as estruturas curriculares não podem reproduzir uma formação do passado ou orientada na perspectiva do presente? É preciso que o currículo tenha espaço para o que é essencialmente disruptivo e orientado para o futuro mesmo. Também, é preciso incorporar no ensino o desenvolvimento de habilidades suaves (soft skills), habilidades analíticas e não rotineiras combinadas com as habilidades socioemocionais. Vemos um geração inteira de bons técnicos, de dominadores de conteúdos, mas carentes de determinadas habilidades comportamentais.
2)Das formas de aprender e ensinar. Ou seja, precisamos aprimorar também os métodos e as metodologias de ensino e aprendizagem. Como disse acima, é precisos balancear conteúdos, conhecimentos técnicos, com soft skills. Porém, precisamos ainda introduzir um pouco mais de “mão na massa”. É o saber aliado com o fazer. Combinar boas doses de metodologias ativas com o ensino clássico, teórico-conceitual.
3)Dos papéis na educação. Não há mudanças sem ressignificação dos papéis dos estudantes, dos professores e da escola. Quem é responsável pelo quê? Uma proposta é o professor retomar a função de mentor, permitindo e incentivando legitimamente que o estudante se torne um ser auto direcionado, autônomo e autoproposto. Um professor mentor dará lugar ao professor conteudista, transmissor.
4)Dos espaços de aprendizagem. Espaços produzem efeitos na interação das pessoas e nas possibilidades de educação. Uma sala de aula tradicional permite um tipo de ensino; quando as carteiras se reúnem em círculos, isso possibilita outras configurações e, portanto, outras formas de interagir e aprender. Assim, uma verdadeira (r)evolução na educação entende que novos e renovados espaços de socialização de conhecimento e de aprendizagem potencializam novas formas de ensinar e aprender.
5)Das novas linguagens de educação. O digital entra não para substituir, mas para agregar. Falamos muito em uma educação móvel, educação em movimento, que acompanha o estudante onde ele estiver. Não é ensino presencial ou a distância somente, mas blended (híbrido). Porém, é ir além do blended, buscando uma educação realmente móvel, de e em múltiplas plataformas, com múltiplas linguagens. Falamos na incorporação de vídeos, pod-casts, microblogs, instrumentos de comunicação instantânea, jogos, redes sociais, todos com o propósito de educar também. A (r)evolução na educação faz com que ela ocorra de todas as formas, a todos os momentos e em todos os lugares. São novos papéis, novas mentalidades, um novo ecossistema.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 419,60% para um período de doze meses; e mais, também em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  


  
 

        


quinta-feira, 3 de março de 2016

A CIDADANIA, A FORÇA DOS DIREITOS DO CORAÇÃO E O AMOR NA CONSTRUÇÃO DE UMA NAÇÃO (19/5)

(Março = mês 19; faltam 5 meses para a Olimpíada 2016)

“A racionalização da sociedade 
e o resgate da razão cordial
        Atualmente se constata fecunda a discussão filosófica sobre a necessidade do resgate da razão cordial como limitação da excessiva racionalização da sociedade e como enriquecimento da razão instrumental-analítica. Elenquemos aqui alguns direitos da dimensão do coração:
1.Proteja o coração, o centro biológico do corpo humano. Não sobrecarregue-o com demasiados alimentos gordurosos e bebidas alcoólicas.
2.Cuide do coração. Ele é o nosso centro psíquico. Dele saem todas as coisas boas e ruins. Comporte-se de tal maneira que ele não precise se sobressaltar face aos riscos e perigos.
3.Vele seu coração. Ele representa nossa dimensão do profundo. Nele se manifesta a consciência que sempre nos acompanha, aconselha, adverte e também pune. No coração brilha a centelha sagrada que produz em nós o entusiasmo.
4.Cultive a sensibilidade, própria do coração. Não permita que ela seja dominada pela razão funcional, mas componha-se com ela. É pela sensibilidade que sentimos o pulsar do coração do outro.
5.Ame seu coração. Ele é a sede do amor. É o amor que produz a alegria do encontro entre as pessoas que se querem e que permite a fusão de corpos e mentes numa só e misteriosa realidade.
6.Tenha um coração compadecido, que sabe sair de si e se colocar no lugar do outro.
7.Abra o coração para a carícia essencial. Ela é suave como uma pena que vem do infinito e nos dá a percepção, pelo toque, de sermos irmãos e de pertencermos à mesma família humana, habitando a mesma casa comum.
8.Disponha o coração para o cuidado que faz o outro importante para você. Quem ama cuida, e quem cuida ama.
9.Amolde diariamente o coração para a ternura. Se quiser perpetuar  o amor, cerque-o de enternecimento e de gentileza.
10.Purifique diariamente o coração para que as sombras, o ressentimento e o espírito de vingança nunca se sobreponham à bem-querença, à finura e ao amor.
Tem sentido estas cinco recomendações que reforçam o amor:
1.Em tudo o que pensar e fizer, coloque o coração. A fala sem coração soa fria e institucional. Palavras ditas com o coração atingem o profundo das pessoas. Estabelece-se, então, uma sintonia fina com os interlocutores ou ouvintes que facilita a compreensão e a adesão.
2.Procure, junto com o raciocínio articulado, colocar emoção. Não a force, porque ela deve espontaneamente revelar a profunda convicção daquilo que crê e diz. Só assim chega ao coração do outro e se faz convincente.
3.A inteligência intelectual fria, com a pretensão de tudo compreender e resolver, gera uma percepção racionalista e reducionista da realidade. Mas também o excesso da razão cordial e sensível pode decair para o sentimentalismo adocicado e para as proclamas populistas que afastam as pessoas. Importa sempre buscar a justa medida entre mente e coração, mas articulando os dois polos a partir do coração.
4.Quando tiver que falar a um auditório ou a um grupo, procure entrar em sintonia com a atmosfera ali criada. Ao falar, não fale só a partir da cabeça, mas dê primazia ao coração. É ele que sente, vibra e faz vibrar. Só são eficazes as razões da inteligência intelectual quando elas vêm amalgamadas pela sensibilidade do coração.
5.Crer não é pensar em Deus. Crer é sentir Deus a partir do coração. Então, nos damos conta de que sempre estamos na palma de Sua mão e que uma energia amorosa e poderosa nos ilumina e aquece e preside os caminhos da vida, da Terra e do universo inteiro.”.

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 26 de fevereiro de 2016, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de fevereiro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de LINDOLFO PAOLIELLO, jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), e que merece igualmente integral transcrição:

“País que se trata na terceira pessoa
        Está na Constituição, lei maior dos países. A dos Estados Unidos da América afirma, logo de início: “Nós, o povo dos Estados Unidos, visando a aperfeiçoar a nossa união, garantir a justiça...”; a Carta Magna do Japão começa assim: “Nós, o povo japonês, por meio dos nossos representantes na Assembleia Nacional...”; a da Índia: “Nós, o povo indiano, depois de ter solenemente deliberado...”; já a Constituição da Rússia registra: “Nós, multinacional povo da Federação russa...”; a Constituição Brasileira de 1988 começa assim: “Nós, representantes do povo brasileiro...” E afirma no inciso IV do artigo primeiro: “Todo o poder provém do povo”. Donde se conclui, pelo consenso das nações, que é do povo, e não de Deus (ou do Estado) que vem o poder democrático.
         No entanto, nós, brasileiros, agimos como se não percebêssemos esse consenso universal. Sob certo ângulo, o brasileiro nega sua cidadania. Somos “um povo que se trata na terceira pessoa”. Curioso é que a chamada de atenção não vem de um acadêmico, mas de um cronista de futebol, Juca Kfouri. “Nenhum outro povo do mundo, ao que eu saiba, faz isso” – depõe o cronista, e acrescente: “Ninguém fala como nós: “Ah brasileiro é assim mesmo!”. Nós nos tratamos como se estivéssemos de fora, como se fôssemos ou pudéssemos ser outra coisa”,
Nega-se a condição de brasileiro como se nega – por temê-lo – o desconhecido. O Brasil não conhece o Brasil. Desdenha-se de ser brasileiro a ponto de parecer denegar essa condição, no sentido freudiano pelo qual o sujeito, embora formulando um dos seus desejos ou sentimentos, continua a defender-se dele, negando que lhe pertença. Trocando em miúdos, a pessoa afirma negando, ou se recusa a perceber um fato que se impõe no mundo exterior.
         Vemos, a todo momento, o brasileiro se queixando de seus representantes, sem se lembrar, ou denegando, que eles foram escolhidos por ele. Um modo bem brasileiro de lidar com os próprios problemas é atribuí-los a terceiros. Então, há uma crise de representatividade. Mas, antes, há uma crise de identidade, por isso o brasileiro se refere a ele próprio na terceira pessoa.
         Retornemos à Constituição: “O poder vem do povo” e este é um conjunto de indivíduos que, para deter o poder, tem que exercer o poder. Não sendo mais do que a cooperação entre indivíduos, a sociedade não pensa e não age. Assim como também devemos entender que, com a palavra sociedade, não nomeamos uma entidade superior à qual os indivíduos devem servir com o sacrifício de seu próprio interesse, mas sim um meio para os indivíduos se realizarem como seres humanos, na medida em que realizam seus valores e desejos.
         Comento aqui o que entendo estar por detrás da crise, para que venhamos a entender o que precisamos pôr à frente das soluções para a crise. Refiro-me à incapacidade dos indivíduos de assumir suas responsabilidades. Mas também me refiro ao uso cada vez maior da força estatal para regular a vida dos indivíduos (a educação, por exemplo) e intervir desastradamente na vida das empresas e na economia. Controlando e intervindo, o governo fere de morte o desenvolvimento humano capaz de formar uma sociedade livre, próspera, formada de pessoas felizes capazes de construir seu próprio caminho.
         Fala-se tanto em um novo modelo para o Brasil. Seu enunciado é simples e será simples sua realização se for confiada a um modelo também novo de líderes, sem ligação com a trilha da velha política, dotados de uma formação cidadã e imbuídos do conceito de empreendedorismo: um modelo de país que parta da ampliação da liberdade das pessoas, com relação às suas capacidades e às oportunidades ao seu dispor, para que possam escolher a vida que desejam ter e ser aquele ou aquela que desejam ser.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a ainda estratosférica marca de 410,97% para um período de doze meses; e mais, também em janeiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,71%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...