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sexta-feira, 1 de maio de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA TRAVESSIA DA PANDEMIA E O PODER DA SOLIDARIEDADE E DIÁLOGO NA QUALIFICAÇÃO DA HUMANIDADE NA SUSTENTABILIDADE (42/128)


(Maio = mês 42; faltam 128 meses para a Primavera Brasileira)

“A responsabilidade das nações no futuro
        O governo chinês, no início de 2020, em uma tentativa de afastar de si próprio a responsabilidade por não ter alertado o mundo para o aparecimento de um novo vírus letal, começou a refletir – primeiro, sutilmente e, depois, de forma cada vez mais explícita – que a nova cepa do coronavírus Sars-Cov-2 (Covid-19), cujos primeiros casos surgiram na cidade chinesa de Wuhan, não tinha se originado na China, chegando a sugerir que a Covid-19 seria uma arma biológica criada pelos Estados Unidos e lançada contra a China.
         De acordo com várias análises e estudos feitos ao redor do mundo, essa teoria, todavia, não merece guarida. Assim com os seres humanos, os vírus também possuem DNA, o que significa que sua análise pode dar pistas sobre seus antepassados, podendo indicar aos cientistas a partir de onde um determinado espécime evoluiu. Com as análises do sequenciamento genético da Covid-19 feitas em todo o globo, descobriu-se que este vírus tem um elevado grau de parentesco com um espécime encontrado em morcegos; este vírus, possivelmente, contaminou outros animais, evoluindo e se modificando, chegando aos humanos por meio de consumo (direto) desses animais.
         O vírus da Covid-19 é muito mais transmissível e letal do que a gripe comum. Ela se caracteriza por ser intersticial e evolui com fibrose pulmonar, muitas vezes precoce. As tomografias dos pulmões mostram marcas que se parecem com fibroses antigas (algo inédito na literatura médica). O processo inflamatório é muito grande. A Covid-19 causa uma imensa inflamação, que começa pelos pulmões, mas depois se espalha pelo corpo. A maioria dos casos começa com os sintomas de uma gripe e evolui rapidamente para insuficiência respiratória aguda decorrente de uma pneumonia. Mas a inflamação é tão grande que leva à sépsis, ou inflamação generalizada.
          Algo muito parecido já tinha acontecido entre 2002e 2004, também na China, na chamada epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (mais conhecida por sua sigla em inglês, SARS), uma doença respiratória grave de origem zoonótica, que acometeu mais de 8.000 pessoas e causou 774 mortes em 17 países. O vírus da Sars de 2003 era um coronavírus, cuja designação científica é Sars-Cov, muito semelhante à designação científica do Covid-19, que é Sars-Cov-2, é um vírus extremamente transmissível que, em média, infecta até três indivíduos. Isso ocorre particularmente pela forma do vírus. Ele é uma coroa de espinhos. E os utiliza para entrar, dominar a célula e usar o material genético dela para se multiplicar aceleradamente. A pessoa infectada vira uma fábrica de vírus antes que os sintomas apareçam. Isso faz com que passe de uma pessoa para outra com grande eficiência, dificultando o fim da pandemia.
         A questão que se coloca é quanto à responsabilidade da China e de outras nações pela pandemia, no futuro, em casos assemelhados.”.

(Reis Freide. Desembargador federal e presidente do TRF-2, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 28 de abril de 2020, caderno OPINIÃO, página 13).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de agosto de 2019, mesmo caderno, página 11, de autoria de PAULO DELGADO – com HENRIQUE DELGADO –, que é sociólogo, e que merece igualmente integral transcrição:

“O mundo em risco
        O mundo passa por um momento muito conturbado e a maioria dos países está calada, refletindo e agindo. Nem todos. “Os EUA fazem o que fazem porque são uma grande potência. O Brasil não é”, afirmou em artigo grosseiro o expoente do neorrealismo estadunidense Stephen Walt. Mas as consequências virão para todos, sem exceção.
         Mas em um mundo cada vez mais conturbado, não podemos tirar a atenção do principal. A integridade nacional somente será preservada se o país aprender a ser governado no dia a dia, independentemente de eleições, partidos, ideologias. Vivemos um tempo de redobrada atenção no que é primordial aos poderes do Estado. Especialmente diante da forte e veloz atualização tecnológica.
         O Brasil é um grande encontro de civilizações a caminho de formar uma civilização própria. Isso é nossa maior característica. Na hipótese de nova crise financeira, inexiste hoje no mundo um grau de pensamento minimamente solidário para resolver um problema a partir da ação coletiva internacional, como existia em 2008. Se naquela época já não foi bem feito, atualmente talvez nem sequer fosse feito algo estruturado em conjunto, suficiente para amenizar a queda. Cada país está se achando senhor das suas ideias e partindo para experimentações sem levar em conta que o que nos salva é a harmonia da ação.
         O aumento da automação resultante da revolução tecnológica em curso exige se arquitetar um futuro em que todos sejam servidos e se beneficiem das máquinas de inteligência artificial. Do contrário, o mundo da oferta não vai encontrar o mundo da demanda, que estará desempregado e sem dinheiro.
         A fim de se compreender o que vai se passar nas próximas décadas no mundo do trabalho, é importante ver o que se passou no século 19. O trabalho escravo, que existia desde tempos imemoriais – todos os povos da Terra já foram escravizados em uma altura ou outra de sua história –, foi substituído globalmente pelo trabalho assalariado.
         Por mais que o movimento abolicionista representasse um avanço moral, cultural e intelectual da sociedade humana, havia questões práticas da lógica econômica sustentando o movimento. As revoluções tecnológicas que deram sequência à revolução industrial transferiram cada vez mais dinheiro e poder para setores industriais da sociedade que viam necessidade de ampliar seu mercado consumidor. Afinal, qual a lógica de produzir bens de consumo em larga escala? Para isso, era fundamental incorporar o maior contingente possível de pessoas ao trabalho assalariado. Para isso, era preciso acabar com a escravidão, essa modalidade de trabalho em que o capitalista investe pesado apenas uma vez na aquisição e depois só faz manutenções básicas de subsistência. Pois bem, robôs de inteligência artificial também não recebem salários, podem ser caros para se adquirir, mas consomem pouco para subsistir.
         Num controverso estudo de história econômica escrito por Robert Fogel e Stanley Engerman na década de 1970 (o primeiro receberia o Nobel 20 anos mais tarde), a escravidão no Sul dos EUA foi descrita como “investimento altamente lucrativo”, superior mesmo “às melhores oportunidades de investimento na manufatura”. Nos EUA foi uma guerra civil que mudou essa balança e definiu que as pessoas passassem a receber salários em troca de trabalhos que geravam os produtos a serem consumidos em larga escala pelos próprios assalariados. Foi a boa lógica econômica que aboliu a escravidão, mais do que as razões morais.
         No princípio do século 20, Henry Ford ficou famoso pela revolução organizacional representada pela introdução da linha de montagem, que racionalizava e barateava a produção em massa. Mas relevante ainda era a sua lógica de que seus trabalhadores precisavam ganhar bem o suficiente para que pudessem adquirir os carros que produziam. Ou seja, na sua indústria, Ford criava não apenas a oferta, mas também a demanda por seus produtos.
         Há uma lógica que o ser humano também conhece há milênios e que no último século passou a ser conhecida como “paradoxo da parcimônia”, segundo a qual o indivíduo que mais poupa tem ganhos intemporais maiores na sociedade, mas se todos os indivíduos e organizações pouparem a sociedade empobrece. Há uma adaptação possível para o pagamento de salário, quanto mais baixo ele for maior será o seu lucro. No entanto, se todos os empregadores pagarem salários baixos, as perdas de lucro se alastrarão pela economia real por conta do enfraquecimento do consumo.
         Governar com palavras não vai deter a automação que ameaça o mundo e prepara grande crise econômica.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março a estratosférica marca de 326,4% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 130,0%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,30%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


         

segunda-feira, 1 de julho de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A FORÇA DO OCEANO DE POSSIBILIDADES E AS ARMADILHAS E POTENCIALIDADES DO DESENVOLVIMENTO NA SUSTENTABILIDADE (33/137)


(Julho = mês 33; faltam 137 meses para a Primavera Brasileira)

“Oceano de possibilidades
        Quando falamos de oceano, costumamos ser levados a momentos de alegria e bem-estar, como mergulho entre as ondas, caminhadas à beira da praia, brincadeiras na areia ou viagens. Contudo, os oceanos nos oferecem benefícios que vão além da zona costeira, em uma rede socioambiental, cultural e econômica que está atrelada ao nosso cotidiano. É por essa razão que a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o período de 2021 a 2030 como a Década dos Oceanos, com o objetivo de ampliar a cooperação internacional em pesquisa para promover a preservação dos mares e a gestão dos recursos naturais de zonas costeiras.
         A maior parte da biodiversidade do planeta está no oceano, que nos oferece inúmeros recursos para o modelo de vida que temos hoje, como lazer, pesca, petróleo e energias renováveis. Na área da saúde, pesquisas revelam que a proximidade com atua na prevenção de doenças e na promoção do bem-estar. Reconhecer a variedade e a importância dos serviços ecossistêmicos marinhos nos traz maior clareza sobre como somos beneficiados pelos mares.
         O oceano também regula o clima do nosso planeta – tanto na zona costeira como nas áreas continentais –, sendo um dos principais responsáveis por isso. Alterações nas condições oceano-climáticas geram efeitos ambientais e socioeconômicos. Provocam o aumento de eventos climáticos extremos, variações de temperatura, a prolongação de períodos de seca e chuvas, o aumento do nível do mar e a acidificação dos oceanos.
         Contudo, a exploração desses serviços nem sempre se dá de forma sustentável e gera múltiplos impactos. A ponta desse iceberg é o acúmulo de lixo no mar, que mostra como as ações humanas podem degradar o ambiente. A poluição marinha inclui, ainda tudo o que vai para o esgoto sem o devido tratamento, como medicamentos e produtos de limpeza, além de derramamentos de óleo e compostos químicos. Somam-se a esse cenário, a sobrepesca comercial, a ocupação irregular da região costeira, a destruição de hábitats e o turismo desordenado.
         A pesquisa, muitas vezes reconhecida apenas como geração de conhecimento, tem papel essencial na formação de cidadãos conscientes. Da mesma forma, a oceanografia e outras ciências devem ser usadas pelo poder público como subsídio para políticas públicas e tomada de decisão em busca do desenvolvimento sustentável.
         Devemos incorporar novos hábitos, além de propor e acompanhar mudanças. Quando somadas, pequenas ações locais vão gerar impactos positivos em escalas nacionais e globais, garantindo o oceano que precisamos para o futuro que queremos.”.

(MALU NUNES, engenheira florestal, mestre em conservação e diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza; RONALDO CHRISTOFOLETTI, biólogo, doutor em zootecnia, professor da Universidade Federal de São Paulo e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, e, VINICIUS GRUNBERG LINDOSO, coordenador de comunicação da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de junho de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, caderno INTERNACIONAL, página 11, de autoria de PAULO DELGADO, e que merece igualmente integral transcrição:

“Armadilhas do baixo crescimento
        Sempre que insistimos em desconhecer os desafios da realidade mundial ficamos um pouco mais pobres. Negar de tudo que é realidade sempre estimulou reflexões pouco certeiras. Em relação ao capitalismo e sua força, por exemplo, dizendo que a riqueza e o lucro são ruins e de direita. Agora, vem o discurso de direita, dizendo que calor, CO2 e direitos humanos são mentiras de esquerda. Aliás, a organização do mundo por ideologia cultural e mística é um circo montado para que as pessoas se esqueçam do que realmente está em jogo.
         Saber o papel da ignorância na compreensão das coisas e qual a força do atraso de quem quer desestruturar a ordem institucional e científica do mundo por razões ideológicas ou políticas é fundamental. Uma das características mais duradouras encontradas em pesquisas de opinião nas democracias do mundo é o estarrecedor desconhecimento que as pessoas têm sobre assuntos que são pautas de políticas a serem decididas. Desconhecimento no sentido de incompreensão, falta de conhecimento. Não que as pessoas não tenham ouvido falar e até tenham opinião a respeito, mas simplesmente que elas não estão suficientemente informadas.
         Evidente que existe um componente educacional, mas essa falta de conhecimento vai de analfabeto a doutor. Algo compreensível, já que boa parte dos assuntos são específicos e mesmo quem estudou ou vivenciou muito um tema nem sempre está melhor equipado para julgar um assunto de uma área alheia. Como a maioria dos britânicos não sabiam da importância da União Europeia (UE) para o país.
         O que explica muito o Brexit, por exemplo, é que de todos os países da UE, a Inglaterra é a que pior avalia o grupo desde sempre. Foi o único país da UE que em todos os anos, de 2001 a 2018, mostrou que mais de 50% da população não confiava na UE. Ou seja, terreno fértil para se semear a discórdia. Enquanto isso, a população da maioria dos países do grupo diz confiar mais na UE do que nas instituições de representação nacionais. Os britânicos, pós Thatcher, desconfiam de ambas.
         Considerando que desconhecer é a regra, a opção pela moderação e uma opinião de centro é uma boa sabedoria. Um ponto de partida. Pouca gente se dá realmente ao trabalho de entender um tema a fundo, ouvir todos os argumentos, refletir, fazer as contas. Assimetria de informação é algo muito real e presente. Grande parte das vezes custa muito ter as informações certas. Por isso, na dúvida, o meio. Melhor regular a vida com mão leve.
         Aqui que está o problema atual. As pessoas estão fugindo do meio. Estão indo para as beiradas. Ou melhor elas estão sendo expulsas do centro, ou atraídas – através da coação – para os extremos. Isso é um fenômeno mundial nas democracias. O pior da polarização.
         O problema é que pautar sua opinião de forma constante e polarizada não é natural. Uma hipótese é que o ser humano evoluiu privilegiando a sensatez. A pessoa que não se interessa muito sobre um assunto e decide não aderir a nenhuma opinião extrema a respeito é uma sábia. Ela tem mais chances de sobreviver no quadro geral da vida, porque vai errar menos.
         Uma segunda hipótese é que a despeito da sabedoria do caminho do meio imperar ao longo da história, ela não permite grandes mudanças que alguns desejam ver em vida. o anseio por sentir-se parte de um grande momento transformador é cativante. Grandes mudanças de curso são naturalmente arriscadas. Por isso não são propostas nem lideradas por sábios.
         Como apontado por Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, o Brexit foi uma vacina sobre o deslumbrado desejo de mudança radical dos destruidores de instituições. Ainda é cedo para dizer se a vacina chega à próxima eleição. Por isso, o crescimento dos partidos verdes no Parlamento Europeu é um ótimo alerta para quem prega o discurso obscuro que nega o problema das mudanças climáticas. É prejuízo certo aos interesses da agricultura de países com pretensão de entrar de forma positiva no comércio com a OCDE.
         O mundo vem balançando “fora da curva” da razoabilidade. Está visivelmente desequilibrado. A briga dos EUA com a China pelos cercamentos da tecnologia de informação e comunicação; a ganância sem fim que o petróleo segue impondo ao Oriente Médio; a possibilidade crescente de a China enfrentar de forma heroica seu lugar no mundo; os EUA dando empurrões inconvenientes na economia pelos quatro cantos do planeta; a Europa enfraquecida por seus antagonistas e pela falta de coragem de assumir uma união fiscal no bloco e liderar o mundo para a paz; a armadilha do baixo crescimento que tomou conta da América Latina e do Brasil. (Com Henrique Delgado).”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda estratosférica marca de 299,78% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 320,87%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,66%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.




  

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A CIDADANIA, A QUALIDADE DA GESTÃO E A FORÇA DO CRISTIANISMO

“Investimento no capital humano
        Melhorar a gestão dos negócios significa aumentar a capacidade das empresas de solucionar problemas e crescer, sabendo aproveitar o contexto do mercado e da economia. Uma má gestão é o principal motivo hoje de mais da metade das empresas brasileiras fecharem as portas após quatro anos de atividade, segundo dados do IBGE.
         Atuo como coach empresarial em Minas Gerais. O estado, que hoje tem a terceira maior economia do país, está cada dia mais reconhecido pelo grande número de empresários que estão conquistando um forte espaço entre as empresas do Brasil e do mundo. Ainda de acordo com o IBGE, Minas foi o estado em que a indústria mais cresceu no ano passado. Economicamente, a posição geográfica, a infraestrutura e a variedade de atividades econômicas são motivos de atração para investimentos no estado. A pesquisa Great Place to Work (GPTW), realizada em mais de 50 países, avaliou as melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Em Minas Gerais, foram selecionadas, neste ano, 35 organizações que se destacaram no desafio de transformar o seu espaço corporativo em um ótimo lugar para trabalhar e por isso lideraram a pesquisa. Implementar políticas para desenvolver seus funcionários, celebrar as conquistas, ter boas ferramentas de comunicação, dar um bom feedback e investir no desenvolvimento das pessoas são algumas medidas que fizeram com que essas empresas crescessem muito nos últimos anos. E, convenhamos, são ações que estão ao alcance de todas as organizações, independentemente do seu porte ou segmento. Os desafios para melhorar o ambiente de trabalho e, como consequência, os resultados do negócio existem para todos. Começa por saber contratar bons funcionários, que se adequem ao perfil da empresa. Depois, saber como cultivá-los, estimulá-los a trabalhar cada vez melhor, além de desenvolverem a habilidade de fidelizar clientes e prospectar novos. Afinal, o maior capital de uma empresa é o capital humano.
         Só em Belo Horizonte, existem hoje cerca de 80 mil empresas legalizadas. O mercado mineiro vem ganhando cada vez mais força, com aposta nas suas raízes hospitaleiras, criando um bom ambiente de trabalho. É claro que melhor o dia a dia no trabalho em empresas de qualquer porte tem efeitos muito positivos, medidos na evolução dos resultados. Em Minas ou em qualquer outro estado ou país.
         Cada vez que o índice de confiança de uma empresa avança um quarto, ele pode gerar impacto positivo de 2% nos resultados da organização. Além disso, a pesquisa mostrou que 46% dos funcionários ficam nas empresas em razão da oportunidade de crescimento. Quando isso ocorre, o engajamento é bem maior do que o daqueles que ficam pela questão financeira. E sabemos que reter talentos dentro das corporações é hoje uma difícil tarefa que faz toda a diferença para a empresa.”

(EDUARDO LISBOA. Business coaching da ActionCoach, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de dezembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 27 de dezembro de 2015, caderno INTERNACIONAL, página 11, de autoria de PAULO DELGADO, e que merece igualmente integral transcrição:

“A força do cristianismo
        Inteligência e juízo não andam bem no mundo atual. Mas respeitar a fé dos outros revela bem todo o segredo do intelecto.
         Não parece que o mundo esteja tendo muitos dias para, com plena liberdade, resolver seus desentendimentos com Deus e com os outros. Mesmo para quem não for capaz de dispensar as funções e as preocupações do dia a dia, esta época que vai do Natal ao ano-novo é um período em que faz bem refletir sobre questões mais amplas de compaixão e fé. Isso porque, qualquer que seja a compreensão que temos da vida humana, é na relação com o sentimento dos outros que vão se conformando e definindo nossos valores.
         Muro das Lamentações em Jerusalém, Mesquita Azul em Istambul, Notre Dame de Paris, Templo Huazang no Monte Emei, Catedral Nacional de Washington, maometanos, católicos, budistas e protestantes. São, acima de tudo, lugares para reconciliação espiritual do ser humano, tenha ou não tenha fé. A paz entre as diversas religiões deveria ser um dos princípios da vida normal. As diferentes convicções não deveriam gerar perseguição e martírio, como ainda ocorre no Oriente Médio. No norte da África e Oriente Médio 91,2% da população é muçulmana. Na Arábia Saudita, celebrar o Natal é crime. Tornar santificado um Estado e seu governo é contribuir para aumentar o conflito entre o direito, a fé e a opinião.
         Onde há simplicidade, há melhor compreensão da verdade. Depois de longos dissabores o cristianismo conseguiu se separar do Estado e se aproximar mais das ideias originais. Disposto a libertar seu povo da opressão e ir além para salvar toda a humanidade, Jesus se tornou um profeta forte por escolher o caminho de falar ao coração. Misturando instituições romanas, filosofia grega e oriental e a energia das tradições judaicas, buscou sua força na poesia das palavras, transmitida em inigualáveis parábolas, onde afirmou que era pelo perdão de todas as ofensas, em fraternidade e banquetes, que se constrói o caminho da procurada salvação.
         Cerca de um terço da humanidade professa a fé cristã. São 2,1 bilhões de pessoas, espalhadas em todos os continentes. O maior número de cristãos encontra-se nos EUA, onde 51% do país é protestante e 24% católico. O Brasil vem em segundo lugar. Ambos têm pelo menos 80% da população, praticante ou não, na órbita do cristianismo. Na China, que ainda tem a maior população do planeta e com significativa maioria de não religiosos, apenas 5% da população é cristã, mas, já é o 7º país com maior número de cristãos. A previsão é que o mundo terá em 2050 3,l bilhões de cristãos. Boa parte virá da Ásia. Já o islamismo, com 2,23 bilhões de fiéis em 2050, é a fé que cresce mais rapidamente. A essência do caráter cristão, religião dominante do mundo, deve contribuir para que ninguém possa ser obrigado a negar sua religião. Pode ser um bom caminho para a manutenção dos valores universais do cristianismo, entranhados nas instituições globais.
         É certo que os comportamentos morais e os mistérios que impulsionam as pessoas para a fé podem ser encontrados mesmo entre aqueles cujo humanismo não nasceu de fundamentos sagrados. E é nesse momento que é possível pensar num valor universal, que possa unir comportamentos religiosos e laicos, em torno de um diálogo que assegure o progresso da vida e a paz de nosso espírito. Esse ponto comum pode ser a ciência e suas certezas; as coisas práticas que não deixam dúvidas; ou o senso de dever e de justiça que nos leva ao cumprimento das mesmas leis. Pode ser também o sentido do sagrado que é a necessidade de preservar a inocência de uma criança; a certeza de que a proteção da família e da maternidade é um fator decisivo na sobrevivência dos bebês; a sensibilidade para partilhar ideias sobre o senso de vergonha; a naturalidade para respeitar a propriedade dos outros; a oposição irrestrita ao preconceito e ao fanatismo.
         Querer bem aos semelhantes pode também ser uma boa regra da política, quando esta reconhece, pela criação da justiça tributária, que não devemos dar a César mais do que é de César. A boa fé dos governantes e seu compromisso com justiça para todos ajudam a diminuir o espaço do instinto natural e da violência. A tolerância é um desígnio e uma necessidade humana cada vez maior. Seja aceita por razões religiosas, seja formulada por princípios jurídicos. Um mundo orientado para a paz garantindo a plenitude da vida de cada um.
         Não é a razão, a riqueza, a saúde, a beleza. O que de fato que mais nos eleva é a bondade. A virtude do exemplo como freio ao avanço da ambição. Que 2016, amplie da bondade, sua voz inconfundível.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca de 378,76% para um período de doze meses; e mais, ainda em novembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 10,48%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  

 
        



sexta-feira, 28 de junho de 2013

A CIDADANIA, UM HINO À LIBERDADE, A PLEBE E A NOBREZA

“Bilhete de saída
        
         O papel da corrupção, da submissão ao poder econômico e do deslumbramento dos líderes no desencorajamento da capacidade administrativa e na desmoralização da política foram as mais eficientes  formas de diminuir a pressão por melhorias na gestão e organização da vida pública. Por isso, mesmo que os países emergentes consigam mudar sua posição na hierarquia do poder mundial, mantido o fracasso de sua maneira de administrar o Estado, tudo não passará de falso desenvolvimento. Jagdish Bhagwati, que ensina economia e direito na Universidade de Columbia, em Nova York, vê sua rica universidade – que é beneficiária de imensas doações – usar seus recursos para ajudar o Bairro do Harlem, vizinho à universidade, a se organizar. E lembra que foi a filantropia que tornou o capitalismo atrativo nas sociedades nas quais ele teve sucesso. Hoje em dia, apesar de toda a propaganda em cima de ações de responsabilidade social que as grandes corporações fazem, o fato é que a percepção dos benefícios públicos reais gerados por elas tem diminuído relativamente às décadas passadas. Some-se a isso a vida de gastos excessivos e pouca obra social dos acionistas e tem-se basicamente um cenário em que a responsabilidade social ficou relegada ao Estado.
         O Estado, por sua vez, estimula na sociedade essa compreensão de que é o único agente capaz de criar e manter uma rede de proteção social precisando, para isso, aumentar o controle e a taxação sobre todos. O que parece verdade é que um longo período de cortes nos impostos, associado a uma percepção de menor compromisso social privado, deu a tônica para a exacerbação da desigualdade nos países ricos. Para Bhagwati, a mudança por que o mundo passou nas últimas décadas, de megaempresas familiares para as corporações modernas, forças as últimas a se ajustarem a isso e aumentarem suas ações que promovam o bem social. Essa não é a única resposta possível, mas os partidários do capitalismo e da livre iniciativa devem estar atentos ao fato de que todo modelo econômica precisa ser legítimo aos olhos da população. Apoio que vem da percepção de que o modelo é sustentado por valores intrinsecamente bons, e superiores a outros, é que pode diminuir a pressão para que Estado estatize a bondade, como quer a propaganda oficial.
         A verdadeira natureza da política e o papel do político precisam a cada dia ser relembrados em todos os países. Depois que as leis do desenvolvimento econômico passaram a governar mais do que os próprios governos – a autonomia da política para gerir a sociedade é uma ficção crescente – desapareceu aquele rastilho luminoso, o sentido fulgurante que parecia justificar a vida nos palácios e o charme no exercício do poder. Isso explica um pouco o deboche das ruas em todo o mundo.
         Por isso, é uma espetacular novidade a entrevista que o presidente do Uruguai, José Mujica, concedeu à rede estatal chinesa Xinhua. Disse que não concorda com o título que lhe foi atribuído pela imprensa internacional de “presidente mais pobre do mundo”, em razão de seu estilo de vida simples. Ele considera o título incorreto porque, segundo ele, sua vida austera tem como objetivo “manter-se livre”. “Eu não sou pobre. Pobre são aqueles que precisam de muito para viver, esses são os verdadeiros pobres; eu tenho o suficiente”, afirmou. “Sou austero, sóbrio, carrego poucas coisas comigo, porque para viver não preciso muito mais do que tenho. Luto pela liberdade e liberdade é ter tempo para fazer o que gosta”, disse o presidente que acha “deve-se trabalhar muito, mas não me venham com essa história de que a vida é só isso”.
         Mujica recebeu a equipe de reportagem chinesa em sua modesta propriedade rural em Rincón del Cierro, nos arredores de Montevidéu, ao lado de cães e galinhas que cria e alimenta todos os dias. Aos 77 anos, o presidente doa 90% de sua salário, de 260 mil pesos paraguaios (quase    R$ 28 mil), a instituições de caridade. Não tem cartão de crédito nem conta bancária. Sua lista de bens inclui um terreno de sua propriedade e dois nos quais conta com 50% de participação, todos na mesma área rural. Diz ter alma de camponês, e se orgulha de sua plantação de acelga, e já pensa em voltar a cultivar flores. Possui dois velhos automóveis 1980 e três tratores. Quando perguntado se após deixar o governo ele tentará acumular fortuna, ele disse: “Depois terei de gastar tempo para cuidar do dinheiro e muito mais tempo da minha vida para ser se estou perdendo ou ganhando. Não, isso não é vida”, enfatizou.
         Não deixa de ser interessante ver alguém no poder comprar o bilhete de saída para essa falsa vida de autoridade que tomou conta do planeta. Ideias velhas, é do que a política anda precisando.”

(PAULO DELGADO, que é sociólogo, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de junho de 2013, caderno OPINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 26 de junho de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Aldeia do silêncio (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Plebe e nobreza
        
          Era uma vez um reino governado por um rei despótico. Sua majestade oprimia os súditos e mandava prender, torturar, assassinar quem lhe fizesse oposição. O reino de terror prolongou-se por 21 anos. Os plebeus, inconformados, reagiram ao déspota. Provaram que ele estava nu, denunciaram sua atrocidades, ocuparam os caminhos e as praças do reino, até que o rei perdesse a coroa. Vários ministros do rei deposto ocuparam sucessivamente o trono, sem que as condições econômicas dos súditos conhecessem melhoras. Decidiu-se mudar a moeda e batizar a nova com um título nobiliárquico: real. Tal medida, se não trouxe benefícios expressivos à plebe, ao menos reduziu as turbulências que, com frequência, afetavam as finanças da corte.
         Ainda insatisfeita, a plebe logrou conduzir ao trono um dos seus. Uma vez coroado, o rei plebeu tratou de combater a fome do reino, facilitar créditos aos súditos, desonerar produtos de primeira necessidade, ao mesmo tempo em que favorecia os negócios de duques, condes e barões, sem atender os apelos dos servos que labutavam nas terras de extensos feudos e clamavam pelo direito de possuir a própria gleba.
         O reino obteve, de fato, sucessivas melhoras com o rei plebeu. Ele, porém, aos poucos deixou de dar ouvidos à vassalagem comum e cercou-se de nobres e senhores feudais, de quem escutava conselhos a quem beneficiava com recursos do tesouro real. Obras suntuosas foram erguidas, devastando matas, poluindo rios e, o mais grave, ameaçando a vida dos primitivos habitantes do reino.
         Para assegurar-se no poder, a casa real fez um pacto com todas as estirpes de sangue azul, ainda que muitos tivessem os dedos multiplicados sobre o tesouro real. Do lado de fora do castelo, os plebeus sentiam-se contemplados por melhorias de vida, viam a miséria se reduzir, tinham até acesso a créditos para adquirirem carruagens próprias. Porém, uma insatisfação pairava no reino. Os vassalos eram conduzidos ao trabalho em carroças apertadas e pagavam caros reais pelo transporte precário. As escolas quase nada ensinavam além do bê-a-bá, e os cuidados com a saúde eram tão inacessíveis quanto as joias da coroa. Em caso de doença, os súditos padeciam, além das dores do mal que os afetava, o descaso da casa real e a inoperância de um SUStema que, com frequência, matava na fila o paciente em busca de cura.
         Os plebeus se queixavam. Mas a casa real não dava ouvidos, exceto aos aplausos refletidos nas pesquisas realizadas pelos arautos do reino. O castelo isolou-se do clamar dos súditos, sobretudo depois que o rei abdicou em favor da rainha. Infestado de crocodilos o fosso em torno, as pontes levadiças foram recolhidas e as audiências com os representantes da plebe canceladas ou, quando muito, concedidas por um afável ministro que quase nenhum poder tinha para mudar o rumo das coisas.
         Em meados do ano, a corte promoveu, com grande alarde, os jogos reais. Vieram atletas de todos os recantos do mundo. Arenas magníficas foram construídas em tempo recorde e o tesouro real fez a alegria e a fortuna de muitos que orçavam um e embolsavam cem.
         Foi então que o caldo entornou. A plebe, inconformada com o alto preço dos ingressos e o aumento nos bilhetes de transporte em carroças, ocupou os caminhos e praças. Pesou ainda a indignação frente à impunidade dos corruptos e à tentativa de calar os defensores dos direitos dos súditos contra os abusos dos nobres. A vassalagem queria mais: educação da qualidade da que se oferecia aos filhos da nobreza; saúde assegurada a todos; controle do dragão inflacionário cuja bocarra voltara a vomitar chamas ameaçadoras, capazes de calcinar, em poucos minutos, os parcos reais de que dispunha a plebe.
         Então a casa real acordou! Archotes foram acesos no castelo. A rainha, perplexa, buscou conselhos junto ao rei que abdicara. Os preços dos bilhetes de carroças foram logo reduzidos. Agora, o reino, em meio à turbulência, lembra que o povo existe e detém um poder invencível. O castelo promete abrir o diálogo com representantes da plebe. Príncipes hostis à rainha ameaçam tomar-lhe o trono. Paira no horizonte o perigo de algum déspota se valer do descontentamento popular para, de novo, impor ao reino o regime de terror. A esperança é que se abram os canais entre a plebe e o trono, o clamor popular encontre ouvidos no castelo, as demandas sejam prontamente atendidas. Sobretudo, dê a casa real ouvidos à voz dos jovens reinóis que ainda não sabem como transformar sua indignação e revolta em propostas e projetos de uma verdadeira democracia, para que não haja o risco de retornarem ao castelo déspotas corruptos e demagogos, lacaios dos senhores feudais e de casas reais estrangeiras.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     
     b)    o combate, severo e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade urbana); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; comunicações; esporte, cultura e lazer; turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...