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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A CIDADANIA, O INADIÁVEL COMBATE AO ESTRESSE E A CULTURA DA ÉTICA E DA SOLIDARIEDADE (18/6)

(Fevereiro = mês 18; faltam 6 meses para a Olimpíada 2016)

“Acabe com seu estresse ou ele acaba com você
        Se existe algo que nós, humanos, nunca deveríamos perder é a clara visão de que também fazemos parte da natureza e que, com as demais espécies, devemos seguir as mesmas regras desse maravilhoso e lógico jogo da vida. Contrariá-las é entrar em desequilíbrio e os problemas logo aparecem. É o que vemos ocorrer, em particular nesses tempos de crise, com boa parte dos profissionais. Angustiados na corrida por resultados, aceitando a sobrecarga de tarefas e funções, enfrentando pressões e cobranças na crescente exigência de capacitação, no medo de perder o emprego ou até o negócio, nas incertezas do mercado, no descontrole do tempo ou simplesmente no hábito de seguir os demais nesse ritmo louco da modernidade, muitos acabam entrando na contramão daquilo que manda a mãe natureza. E os mais predispostos a esse desgaste sãos os que não conseguem relaxar, não admitem falhar e dão mais importância à carreira que aos outros aspectos da sua vida.
         A chamada era da informação chegou, trazendo uma enormidade de mudanças para todos nós. Mas parece que não estávamos preparados para tudo isso. Tanto assim que o comportamento de profissionais e empresas ainda não consegue acompanhar o ritmo acelerado trazido pelas novas tecnologias. Existe uma dicotomia entre o homem e as máquinas. E o tempo é o recurso que mais falta nessa atual realidade. Nas organizações, isso é uma consequência da ausência de boas lideranças, do baixo nível de capacitação, do mau planejamento e dos problemas de convivência. Daí que aprimorar esse ambiente e amenizar o estresse coletivo significa também modernizar a gestão, reduzir a burocracia e os papéis, melhorar as estruturas, as tecnologias, as relações e a qualidade de vida dos colaboradores.
         Na realidade, toda essa correria é um grande engano. Nesse clima competitivo, todos acabam perdendo. Ninguém chega na frente apenas trabalhando mais tempo ou mais rápido, mas sim pensando melhor. E a maioria não pensa. Simplesmente segue a rotina, como robôs. O profissional realmente preparado sempre encontra recursos inteligentes para resolver todos os problemas de forma equilibrada e com maior margem de acerto. Para tanto, o pré-requisito básico é que a mente esteja descansada e feliz. Pressionada por qualquer fator estressante, ela se vê limitada em suas funções vitais. Aliás, é bom lembrar aqui o lema corporativo da conhecida Amazon.com: “Trabalhe bastante, divirta-se e faça acontecer”.
         Para muitos profissionais, porém, toda essa demanda vai se tornando quase que insuportável. As estatísticas mostram que, além do fumo, do álcool e das drogas, eles incluíram na lista os ansiolíticos e outros medicamentos para dormir e isso sempre tem seus riscos. O uso prolongado ou aumentado desses recursos artificiais pode trazer problemas maiores que a própria ansiedade e insônia. É um preço muito alto para o sucesso a qualquer custo que tantos pretendem. Com certeza, estamos perdendo a noção desse equilíbrio essencial que a vida exige e ensina de diversas maneiras. O sinal vermelho está aceso, mas há quem continue nessa louca corrida rumo ao ... Muitos nem sabem mais aonde realmente querem chegar.
         Como agravante, a evolução tecnológica também favoreceu um consumismo exacerbado ao baratear o custo de produção e disponibilizar uma enxurrada de produtos e serviços principalmente na internet. Hoje, é possível adquirir de tudo na telinha e há sempre novos modismos surgindo em prazos cada vez mais curtos. Atualmente, somos avaliados não tanto por nossas ideias e valores, mas por aquilo que podemos comprar e exibir. E em prol desse padrão de vida “ideal”, as pessoas passam a trabalhar mais e mais horas, Tudo isso, porém, tem suas consequências.
         Como profissional verdadeiramente competente, sua tarefa principal deve ser então eliminar o estresse e melhorar sua qualidade de vida gradualmente. É tudo uma questão de encarar o trabalho com mais equilíbrio e prazer, não como castigo ou esse peso que a maioria carrega a contragosto todos os dias. E isso está mais nas suas mãos do que você imagina. É imaturidade ficar sempre culpando os fatores externos ou querer delegar para outros a solução desse problema.
         O essencial é passar a incluir seu nome na agenda diária. Daí, comece cuidando melhor de você, do que come, do que bebe, do que ouve, do que lê, do que assiste nas telinhas do mundo, sendo sempre seletivo e pensando em como utilizar melhor seu tempo livre. Há um excesso de informações e futilidades que devem ser descartadas para simplificar nosso dia, ser mais livre e mais feliz. E não se esqueça também daquelas horas de sono que você necessita para estar bem no dia seguinte. Qualidade de vida a gente não ganha. A gente conquista. Isso se faz administrando o tempo com mais inteligência e dando atenção a todas as áreas da vida, inclusive a si mesmo. Aí até sobra espaço para conversar com um amigo, visitar a mãe, ir à festa do filho no colégio, fazer uma caminhada, ler um bom livro, ir ao cinema com a namorada, fazer nosso checape anual, sentar no banco da praça e apreciar a paisagem... Coisas simples, boas e necessárias, que estão se transformando em luxo e raridade para uma multidão.”

(RONALDO NEGROMONTE. Professor, palestrante e consultor em desenvolvimento de pessoas e organizações, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 31 de janeiro de 2016, caderno ADMITE-SE CLASSSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 29 de janeiro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Vencer a indiferença
        A violência, a miséria e a exclusão social aumentam os impasses que dificultam o desenvolvimento sustentável e os entendimentos entre as pessoas. Não raramente, os resultados das conferências e outras iniciativas são pífios, incapazes de contribuir para solucionar as muitas demandas da população, particularmente dos mais pobres. Há uma miopia crônica, que estreita os horizontes da cultura, e isso precisa ser curado para dar à sociedade um novo rumo. É necessário cultivar nas consciências e nos corações a competência para debelar e indiferença que compromete a paz.
         Ensina o papa Francisco que a paz está no horizonte de um caminhar conduzido com arte e com o adequado respeito ao sentido da vida. O passa a passo desse caminho é cada pessoa assumir a tarefa de superar o descaso e o comodismo. A prioridade, conforme sublinha Francisco, é a superação da indiferença para com Deus. Ela se revela quando a pessoa não reconhece qualquer norma acima de si e pauta a conduta individual somente a partir dos próprios parâmetros. Isso está na contramão da ética e é raiz do caos moral.
         Importante é compreender que a superação da indiferença em relação a Deus não ocorrerá, simplesmente, a partir da multiplicação de igrejas em todo canto. É preciso tratar essa questão de modo ainda mais amplo nos âmbitos governamentais e jurídicos, para evitar sérias consequências. Serve de alerta, por exemplo, reportagem exibida nacionalmente mostrando que, para abrir uma empresa, são necessários dois anos. Já para uma igreja precisa-se de apenas 20 minutos.
         Essa facilidade deriva do entendimento de que abrir uma igreja é objetivo de quem está a serviço da superação da indiferença em relação a Deus, agindo com respeito e diálogo. Mas o que se verifica, com certa recorrência, é a busca pelo atendimento de interesses que estão na contramão de uma cultura mais clarividente. Assim, são alimentadas práticas religiosas que arrefecem a consciência social e política, necessárias para construir uma sociedade mais justa e solidária. Esse assunto, obviamente, desdobra-se em outras temáticas, sobre a tolerância religiosa e o respeito à escolha autônoma de cada cidadão.
         Superar a indiferença em relação a Deus é um caminho e vivência que não se reduzem a qualquer coisa. O ponto de partida é a certeza de que, como afirma o papa Francisco, na mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, Deus não é indiferente, importa-lhe a humanidade. Deus não a abandona. Essa é uma convicção religiosa fundamental que, quando assumida, direciona o coração humano e o qualifica. Trata-se de compreensão que impulsiona a pessoa a recuperar a capacidade de superar o mal. A verdadeira experiência de Deus não congrega indivíduos para o atendimento de interesse de bancadas e agremiações.
         Quando se vence a indiferença em relação a Deus, é reconhecida a importância do outro, cultiva-se o gosto pela escuta e a capacidade para agir solidariamente. Interesses individualistas são superados, assim como a apatia e a indiferença. Importa, assim, investir no exercício de priorizar a dignidade e as relações interpessoais, pela proximidade e escuta, sem preconceitos e discriminações, de qualquer matiz, no esforço de se colocar como ouvinte.
         Cada pessoa precisa avaliar as próprias atitudes e posturas, tarefa que inclui, por exemplo, perguntar-se sobre o impacto causado ao próprio coração pelas notícias que mostram catástrofes, violências, injustiças, descasos. É preciso avaliar se essas informações não estão provocando entorpecimento e, assim, prejudicando a consciência solidária, indispensável para se vencer a indiferença. O desinteresse contribui para a falta de paz com Deus, com o próximo e com a criação. O momento é de investir muito para vencer a indiferença.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a também estratosférica marca de 431,4% para um período de doze meses; e mais,  em 2015, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,67%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  

 

          

             

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A CIDADANIA, O PODER DA VISÃO E A FORÇA DO JORNALISMO DE QUALIDADE

“O que você pode 
esperar do ano novo?
        Mesmo em cenários de crise, como o atual, todo fim de ano nos coloca nessa curiosa situação de um tempo que termina e de outro que começa. E o tempo não espera ninguém. Segue em seu eterno movimento, esperando de nós uma atitude na mesma sintonia. Naturalmente, isso deve despertar nas pessoas uma motivação especial para fazer mais e melhor na realização individual. Da mesma forma, no mundo do trabalho, profissionais e organizações fazem planos, esperando preencher o ano com mais crescimento, mais sucesso, mais vantagens, mais dinheiro... Porém, para que nossos projetos se tornem realidade, precisamos colocar nesse caldeirão dos sonhos uma boa dose de esforço inteligente para superar as dificuldades que aí estão.
         Uma atitude nova sempre cria resultado novo. Então, o melhor a fazer é se perguntar? ‘O que devo fazer da minha vida nesse próximo ano?’ Concentre-se no que precisa fazer. O maior risco é não assumir nenhum, é não ter metas nem sonhos. Daí, o primeiro passo para que o ano mostre uma cara realmente nova é ter a capacidade de trabalhar com o futuro, saber planejar, criar metas possíveis de realizar. Os técnicos chamam isso de visão perspectiva, aquela que parte do próprio indivíduo e se projeta para os dias que estão por vir. Essa visão permite desenhar cenários mentais melhores e antever realidades possíveis.
         Ter uma visão positiva do futuro é o maior motivador para qualquer projeto de mudança. Para isso, é importante que desafiemos continuamente os paradigmas a respeito de nós mesmos, dos nossos comportamentos, do nosso trabalho, da empresa onde atuamos, do atual mercado e do mundo ao redor. A maior dificuldade não está em fazer planos, mas escapar do passado, da velhas ideias, das mesmas atitudes, do medo de enfrentar riscos, do hábito sempre para depois.
         Assim, para alcançar as metas, é vital definir estratégias eficientes. Toda visão inicial precisa imediatamente de uma ação inteligente na sequência, senão morre no nascedouro. Isso significa pensar e fazer. Daí que qualquer aspiração individual ou coletiva, por mais simples que seja, necessita de um bom projeto. Quanto mais estudado e detalhado, melhor. Com isso, evitamos dar o tal passo maior que as pernas. Quem cria sonhos deve ter foco, ser seletivo e querer aquilo que pode ser concretizado a curto e médio prazos. O longo prazo, embora deva ser buscado, é algo para mais adiante, em particular nesses momentos de crise. Então, parcele o sonho. Melhor ir devagar, se contentando com conquistas menores, do que criar planos mirabolantes e terminar não chegando lá. É como estar frente a um prato de sopa quente. Comece pelas beiradas e dê uma sopradinha antes para não queimar a língua. Lembre-se, ainda, de que o ótimo é inimigo do bom. Não dá para querer tudo sempre perfeito e completo. Então, aprenda a fazer a festa com menos. Caso contrário, você pode perder não só a oportunidade de realizar, mas a motivação e o respeito próprios.
         Certa vez, assisti a uma reportagem rural, onde uma sitiante havia plantado árvores que dão fruto em diferentes épocas do ano. Assim, em todos os meses ela sempre tinha frutos para seu consumo e para transformá-los em produtos, melhorando assim sua qualidade de vida e sua renda. A exemplo dessa útil estratégia, é importante diversificar os motivos de nossas expectativas, não colocando todos os ovos numa só cesta. E como nem tudo ocorre de imediato ou quanto queremos é vital incluir uma paciência ativa, aquela que não fica parada e trabalha em outros projetos enquanto espera resultados.
         A exemplo dos profissionais eficientes, toda organização deve criar metas para o próximo ano. É preciso sempre fazer crescer os recursos financeiros, materiais, tecnológicos, humanos ou mercadológicos. Porém, mudanças coletivas geralmente criam problemas, porque exigem que cada componente da equipe aprenda coisas novas, amplie seus conhecimentos e mude comportamentos ultrapassados. Muitos confundem falar com fazer. Acham que discutir um problema é a mesma coisa que resolvê-lo, que tomar uma decisão é o mesmo que implementá-la. Por isso, é vital ter boas lideranças, preparar todos com antecedência e investir em capacitação de cima para baixo. O alcance de uma meta comum depende de todos, mas a chave para otimizar o sistema é saber motivar as pessoas e criar um bom ambiente de trabalho. Só assim será possível criar um ano novo realmente novo.”

(RONALDO NEGROMONTE. Professor, palestrante e consultor em desenvolvimento de pessoas e organizações, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 3 de janeiro de 2016, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 4 de janeiro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:

“A força da reportagem
        Gay Talese, um dos fundadores do New Journalism (novo jornalismo), uma maneira de descrever a realidade com o cuidado, o talento e a beleza literária de quem escreve um romance, é um crítico do jornalismo sem alma e sem graça. Seu desapontamento com a qualidade de certa mídia pode parecer radical e ultrapassado. Mas não é. Na verdade, Talese é um enamorado do jornalismo de qualidade. E a boa informação, independentemente da plataforma, reclama competência, rigor e paixão.
         Segundo Talese, a crise do jornalismo está intimamente relacionada com o declínio da reportagem clássica. “Acho que o jornalismo, e não o Times, está sendo ameaçado pela internet”, disse Talese. “E o principal motivo é que a internet faz o trabalho de um jornalista parecer fácil. Quando você liga o laptop na sua cozinha, ou em qualquer lugar, tem a sensação de que está conectado com o mundo. Em Pequim, Barcelona ou Nova York, todos estão olhando para uma tela de alguns centímetros. Pensam que são jornalistas, mas estão ali sentados, e não na rua. O mundo deles está dentro de uma sala, a cabeça está numa pequena tela, e esse é o seu universo. Quando querem saber algo, perguntam ao Google. Estão comprometidos apenas com as perguntas que fazem. Não se chocam acidentalmente com nada que o estimule a pensar ou a imaginar. Às vezes, em nossa profissão, você não precisa fazer perguntas. Basta ir às ruas e olhar as pessoas. É aí que você descobre a vida como ela realmente é vivida”, observa Talese.
         A crítica de Gay Talese é um diagnóstico certeiro da crise do jornalismo. Os jornais perdem leitores em todo o mundo. Multiplicam-se as tentativas de interpretação do fenômeno. Seminários, encontros e relatórios, no exterior e aqui, procuram, incessantemente, bodes expiatórios. Televisão e internet são, de longe, os principais vilões. Será?
         Os jornais, equivocadamente, pensam que são meio de comunicação de massa. E não o são. Daí derivam erros fatais: a inútil imitação da televisão, a incapacidade de dialogar com a geração dos blogs e dos videogames e o alinhamento acrítico com os modismos politicamente corretos. Esqueceram que os diários de sucesso são aqueles que sabem que o seu público, independentemente da faixa etária, é constituído por uma elite numerosa, mas cada vez mais órfã de produtos de qualidade. Num momento de ênfase no didatismo e na prestação de serviços – estratégias úteis e necessárias –, defendo a urgente necessidade de complicar as pautas. O leitor que precisamos conquistar não quer o que pode conseguir na internet. Ele quer qualidade informativa: o texto elegante, a matéria aprofundada, a análise que o ajude, efetivamente, a tomar decisões. Quer também mais rigor e menos alinhamento com unanimidades ideológicas.
         A fórmula de Talese demanda forte qualificação profissional: “A minha concepção de jornalismo sempre foi a mesma. É descobrir as histórias que valem a pena ser contadas. O que é fora dos padrões e, portanto, desconhecido. E apresentar essa história de uma forma que nenhum blogueiro faz. A notícia tem de ser escrita como ficção, algo para ser lido com prazer. Jornalistas têm de escrever tão bem quanto romancistas”. Eis um magnífico roteiro e um baita desafio para a conquista de novos leitores: garra, elegância, rigor, relevância.
         A revalorização da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas. É preciso encantar o leitor com matérias que rompam com a monotonia do jornalismo declaratório. Menos Brasil oficial e mais vida. Menos aspas e mais apuração. Menos frivolidades e mais consistência.
         Perdemos a capacidade de sonhar e a coragem de investir em pautas criativas. É hora de proceder às oportunas retificações de rumo. Há espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo. E redescobrir uma verdade constantemente negligenciada: o bom jornalismo é sempre um trabalho de garimpagem.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca de 378,76% para um período de doze meses; e mais,  em dezembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 10,71%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  

 
        

   
        


           

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A CIDADANIA, A TRAVESSIA DO DESERTO INTERIOR E A CRIATIVIDADE NA BASE DA INOVAÇÃO

“Nos tempos atuais é preciso vencer nossa própria aridez interior
         
         A humanidade precisa ser ajudada a liberar-se da vida comum. Do ponto de vista espiritual, a vida comum é considerada um deserto.
         Por obedecer a padrões estabelecidos pelo estado de consciência da maioria, é uma vida que se caracteriza pela inércia, pela tendência ao acomodamento, pela busca de conforto e de bens materiais, pelo desejo e pela satisfação de vários tipos de apetite.
         Esse deserto, que é a vida de muitos, procura perpetuar estruturas decadentes, desatualizadas. As sensações, sobretudo o prazer, ajudam a manter a consciência aprisionada a esse estado. É uma vida em que as aparências determinam as opções, e não o que está no interior das pessoas, das coisas, dos acontecimentos. Podemos ver esse deserto espelhado nos noticiários diários. Eles ficam na superfície dos fatos, não mostram as causas.
         E desse deserto, essa vida comum, ilude as pessoas, promete-lhes felicidade e bem-estar com base em coisas materiais, em gostos pessoais. E isso é tudo muito mutável, muito fugaz. Quando as pessoas conseguem uma coisa, já querem outra, pois não conhecem sua verdadeira necessidade. Assim, essa vida comum é causa contínua de sofrimentos.
         Quando um indivíduo resolve assumir postura diferente, seguir outra direção, elevar-se, as forças que compõem as estruturas da vida comum tentam dissuadi-lo de sua decisão. As estruturas às quais ele se dedicou tentam retê-lo. Ficam sempre lembrando-lhe o passado, e este costuma exercer, em muitos, grande influência. É conhecida a história bíblica da mulher que se transformou em estátua de sal: ao olhar para trás, cristalizou-se.
         Importante saber que vamos nos libertando desse deserto quando praticamos o desapego. Não importa a que estejamos apegados, procuramos soltar aquilo, libertar-nos e tornar-nos independentes do que nos prende. Que aquilo prossiga, se tiver de prosseguir, mas nós nos desligamos de tudo o que nos detém. Encontramos forças para isso quando buscamos uma meta superior, mesmo que não saibamos exatamente qual é. É por essa meta superior que devemos deixar-nos atrair.
         Para sair desse deserto, seria um engano esperar ajuda do que é instituído. O que é instituído alimenta-se da vida comum, e é instrumento do deserto. Teríamos de ser uma voz diferente em meio a tudo isso.
         Existe um ensinamento, que encontramos na série de livros do Agni Yoga (Fundação Cultural Avatar), que se refere a um tesouro destinado a todos. Na mentalidade comum, crê-se que esse tesouro é dinheiro, que são bens materiais que se tem de perseguir. Mas o Agni Yoga nos diz que esse tesouro é o que há de mais próximo de nós. No deserto da mentalidade comum não se mantém a intenção de ouvir o ensinamento, de encontrar o tesouro. São poucos os que perseveram e que o têm como o mais importante valor em sua vida.
         A humanidade precisa de forte impulso para sair da vida comum. E como ajudá-la a fazer isso, como ser voz no deserto?
         Todo dia encontramos coisas fora do lugar, em desarmonia. Devemos, incansavelmente, colocá-las em ordem. E se as virmos de novo fora do lugar, voltar a ordená-las. Isso é ser voz no deserto: incansavelmente fazer o que é preciso.
         Para a travessia do deserto precisamos contar com a fé. Com paciência, deixamos que se consolide em nós. A fé transforma a aridez.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 23 de fevereiro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno MEGACLASSIFICADOSADMITE-SE, coluna MERCADO DE TRABALHO, de autoria de RONALDO NEGROMONTE, professor, palestrante e consultor em desenvolvimento de pessoas e organizações, e que merece igualmente  integral transcrição:

“A criatividade como base da inovação
         
         Todas as manhãs, em meio a essa multidão de pessoas que vai para o trabalho, é comum observar em muitas fisionomias uma visível marca de apatia, mau humor e indisposição a tudo que o novo dia espera de nós em compromissos e obrigações. Pelo visto, mesmo em uma sociedade tão marcada pelas novas tecnologias, permanece bem vivo o tradicional preconceito sobre a atividade laboral, nos lembrando aquele velho estigma de que o homem foi castigado com o trabalho. Visão totalmente absurda ainda a ser mudada individual e coletivamente.
         Até porque podemos observar que na natureza tudo é trabalho e atividade. Tudo está em constante transformação e não podemos nos esquecer de que, como seres humanos, também devemos fazer parte desse movimento dinâmico e inteligente da natureza. É exatamente no trabalho que nos tornamos  verdadeiramente ativos, onde dinamizamos nosso tempo, desenvolvemos competências técnicas e comportamentais, ganhamos nosso sustento e formamos um conceito respeitável, progredimos e criamos progresso em todas as áreas.
         O X do problema está em que, quando aprendemos algum tipo de atividade profissional, passamos a utilizar alguns recursos básicos que nos ajudam no dia a dia. E com eles costumamos ficar sem acrescentar ou aperfeiçoar nada. Como naquele chavão: “Não se mexe em time que está ganhando”. Só fazemos alguma mudança quando a realidade ao nosso redor nos pressiona. Mas, no geral, terminamos mesmo é repetindo as técnicas que conhecemos, sempre com as mesmas fórmulas já gastas e que, muitas vezes, já não dão o mesmo resultado. Daí vem a rotina, o desinteresse e aquele desânimo que tira a motivação no trabalho. E a palavra motivação vem de motivos em ação.
         Você precisa ter sempre novos motivos para acionar melhor. É o que pede o dinamismo do atual mercado, no qual recursos antigos estão perdendo rapidamente sua validade. O alerta vem exatamente dos clientes. Cada vez querem um tratamento mais diferenciado, mais atenção às suas necessidades, mais agilidade, mais qualidade nos produtos e serviços, mais vantagens... Tudo mais e com um custo menor. Naturalmente que realizar com sucesso todas essas demandas exige muita criatividade.
         Como capacidade inovadora, a criatividade abre a inteligência para novos e melhores caminhos, para possibilidades além daquelas já utilizadas ou conhecidas. Sai assim do previsível, da mesmice, em busca de soluções inusitadas para as questões diárias e do futuro. Daí se multiplicam os recursos que facilitam a vida em todas as suas projeções, em particular nas atividades profissionais. Por isso, a criatividade se tornou quesito essencial para todos aqueles que querem realmente alcançar melhores níveis de colocação no presente universo do trabalho.
         Para ser alguém realmente criativo é preciso ter uma postura questionadora, gostar de pesquisar e desenvolver competências em áreas múltiplas. Isso exige uma visão independente, ausência de dogmatismos, vivacidade mental, interesse para aprender e também para ensinar técnicas inovadoras. Pessoas criativas não são egoístas, passivas e indiferentes. A contrário, estão sempre interessadas, abertas a novas relações e descobertas. Mostram essa característica atração pelo novo, por mudanças e desafios, além de uma percepção das coisas ao mesmo tempo abrangente e detalhista.
         Os criativos são essencialmente altruístas e que querem interferir no mundo onde vivem de forma positiva. Têm a chamada visão perspectiva ou visão de futuro. É assim que vão delineando esse traço característico de maior autoconfiança, autoliderança, esforço e compromisso com tudo o que fazem. Naturalmente, isso não elimina de seu perfil o toque de leveza, da flexibilidade e do senso de humor, base para a originalidade em sua produções e soluções para os problemas. Daí conseguem encarar com mais naturalidade as dificuldades. Veem o erro como parte do processo de aprendizado e das descobertas. Estão sempre abertos a críticas e sugestões, conseguindo transformar desvantagens em vantagens.
         Por ser todo esse conjunto incomum e diversificado de valores, a criatividade infelizmente permanece como exceção e não uma regra no mundo do trabalho. Pelo contrário, ainda dominam os rotineiros, os repetidores, os previsíveis e até mesmo os que querem se aproveitar das ideias alheias. Daí ganha sentido esta curiosa afirmação do criativo e conhecido sociólogo italiano Domenico de Masi: “Enquanto o burocrata tem razão nove vezes em 10, o criativo erra nove vezes, mas quando acerta uma vez, está abrindo novos caminhos para a humanidade”.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna- absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...   

          

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A CIDADANIA, O TRABALHO IDEAL E O QUE É POSSÍVEL FAZER


“Um lugar ideal no mundo do trabalho
         
         Todos nós trabalhadores sonhamos em encontrar um lugar ideal no universo do trabalho. Nada mais natural e justo querer o melhor. Porém, como esse melhor não é uma conquista fácil, em particular agora, nesse cenário tão exigente e competitivo, muitos terminam deixando essa aspiração esquecida no passado. Mas não deveria ser assim. Apesar das dificuldades, todo profissional precisa lutar e continuar sempre procurando uma situação ideal na qual desenvolver suas atividades, progredir e retirar dali seu sustento com dignidade e alegria. Esse deve ser um compromisso permanente consigo mesmo.
         É preciso sempre pensar que existe um lugar especial, um espaço com o nosso gravado esperando cada um de nós no futuro. Isso motiva e direciona nossas melhores energias. A questão é descobri-lo ou mesmo criá-lo. Sim, porque naturalmente essa posição privilegiada necessita da nossa iniciativa e criatividade para ganhar vida. Há uma distância entre o buscar e o encontrar que deve ser vencida com nosso esforço inteligente e perseverança. O segredo é transformar essa visão em meta e caminhar firmemente em direção a ela.
         Bom lembrar ainda que esse lugar ideal também pouco deve significar como regra ficar famoso, sentar-se na cadeira de chefe, ter privilégios ou ganhar altos salários. A felicidade muitas vezes não exige tanto nem essa é a receita certa para o sucesso. O problema maior é que, infelizmente, a maioria dos trabalhadores se acomoda com o pouco que encontrou e assim nunca realiza seus sonhos. E alguns fazem pior. Se põem a reclamar da sorte, sentados à beira do caminho, culpando os outros ou à espera de algum evento milagroso que mude sua triste situação.
         Posso adiantar que nenhuma fada madrinha vai aparecer para mudar sua sorte. Então não fique reclamando da escuridão! Tome a iniciativa e acenda a lua! E não é alguma luz que resplandeça fora, mas sim aquela está dentro de você, localizada na parte mais elevada e nobre da figura humana: a luz da sua inteligência. Geralmente é pouco usada, mas é a única que pode iluminar o caminho e ajudá-lo a encontrar esse lugar ideal, esse sonho de uma melhor condição no trabalho, essa situação em que você se sinta motivado e confortável na atividade desenvolvida.
         Pode-se ver claramente que a vida é muito gratificante para aquelas pessoas que acreditam nos seus sonhos. Mas ela é mais gratificante ainda para aquelas pessoas que fazem tudo para que seus sonhos se realizem. Daí que o resultado para os que insistem é sempre uma maior garantia de sobrevivência, além de uma visível melhoria de suas perspectivas e qualidade de vida. Nada mais motivador e produtivo que fazer o que se gosta e encontrar as condições necessárias para isso.
         É o maravilhoso processo de humanização dessa atividade chamada trabalho. Assim, ela vai deixando de ser castigo, algo forçado e desgastante, para chegar a transformar-se num verdadeiro prazer. Assim você também vai fazendo com ela se torne mais digna. E é algo que só depende de cada pessoa. No final, os clientes também agradecem, dando preferência àqueles que oferecem melhores produtos ou serviços e os fazem sentir-se mais felizes nas relações do consumo.
         O essencial é não ficar preso a um modelo mental ultrapassado, acomodado ou cheio de ilusões. E, necessariamente, não procure emprego. Procure perspectivas, pois esse lugar ideal pode ser como empregado, empresário ou profissional independente. A escolha depende do seu potencial, vocação e também das possibilidades no meio em que você atua. E nunca precisa ser uma escolha definitiva. Ela pode mudar, variar ou se multiplicar com o tempo, sua criatividade ou as oportunidades que forem se abrindo no futuro.
         Hoje qualquer profissional tem a chance de dar grandes saltos na carreira, desde que pare de olhar para o passado ou para o lugar-comum e descubra os novos caminhos que estão se abrindo em todas as direções. Vemos isso todo dia nesse time de vencedores que prosperam como pessoas e organizações, ultrapassando os limites iniciais da incerteza e das necessidades básicas para chegar ao sucesso. Curiosamente, não existe uma fórmula padrão ou infalível. O que funciona para um já não resolve para outros. Por isso o sucesso é algo muito particular, que exige uma busca contínua e que se pode medir apenas por um índice: a satisfação pessoal.
         O importante é ter isso como objetivo claro, não perder o foco e aproveitar inteligentemente todas as experiências, retirando de cada uma delas as lições e os recursos que garantam sua sobrevivência e o gradual crescimento da própria realidade. Tem razão o pesquisador e consultor americano Rick Snyder quando afirma: “As pessoas bem-sucedidas são as que têm alta dose de esperança. Quando não atingem suas metas, em vez de desistir, elas tentam de novo, de novo, de novo.”.”
(RONALDO NEGROMONTE. Professor, palestrante e consultor em desenvolvimento de pessoas e organizações, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de março de 2013, caderno MEGACLASSIFICADOSADMITE-SE, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 30 de março de 2013, caderno PENSAR, coluna OLHAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, que é editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“O que é possível fazer
         
         O pensador Edgar Morin já passou dos 90 mas não descansa. Sábio além das fronteiras do conhecimento dividido em escaninhos pelas universidades, ele é um exemplo raro de homem capaz de trazer inovações para o pensamento sociológico, político, antropológico e filosófico. Autor de dezenas de livros, Morin criou com a noção de complexidade um novo modo de se aproximar dos problemas da civilização, sem ficar preso em dogmas nem desprezar qualquer forma de conhecimento, religião e arte.
         Em sua trajetória, elaborou o diagnóstico de nosso tempo, atento para os conflitos étnicos, para a instabilidade política, para a degradação do meio ambiente, para a repetição de padrões viciados de pensamento e ação política. Esse cenário, pouco promissor, se escora em alguns dos descaminhos que se tornaram rota na modernidade, como a mundialização e a universalização do padrão de desenvolvimento ocidental.
         Em outras palavras, o que por muito tempo foi tomado como solução (o desenvolvimento industrial e a sociedade de consumo) hoje é o responsável direto pela abrangência do problema. Por meio de seus livros e de sua incansável disposição em percorrer o mundo em busca de diálogo com o novo (o Brasil é um país que faz parte de sua vida), Edgar Morin preparou o caminho para sua mais recente obra, A via para o futuro da humanidade (Editora Bertrand Brasil), que acaba de chegar às livrarias.
         O que ele traz de novo é a coragem de apontar caminhos, de estabelecer um plano de ação política para enfrentar os impasses do nosso tempo. Para Morin, não nos restam muitas opções: ou o abismo ou a metamorfose. O que parece ser uma solução fácil, na verdade, envolve uma transformação profunda na maneira de compreender o mundo e se organizar para as mudanças necessárias. Não bastam alternativas ideológicas, do tipo esquerda e direita, mas um comprometimento mais amplo, que abranja desde as formas de pensamento filosófico até as questões do cotidiano.
         A via é um livro sobre o futuro da humanidade. Mais que isso, sobre a possibilidade de futuro. Como parte do método que vem fundamentando a reflexão do autor, a primeira indicação pode ser sintetizada na expressão latina sparsa colligo, que significa “reúno o disperso”. Para um cenário em que todos os problemas parecem se juntar para apontar um horizonte de impossibilidade, é preciso criar alternativas que sejam igualmente universais e holísticas. Morin, como Drummond, sabe que vivemos um tempo partido, habitado por homens partidos. Seu empenho é resgatar a totalidade.

QUATRO CAMINHOS Para pavimentar sua via, o pensador elege quatro reformas que devem se unir para firmar o propósito de verdadeira transformação do destino humano no planeta: as reformas políticas, econômicas, educativas e da vida. São aspectos interligados da mesma experiência; quando uma delas avança, permite que a outra ganhe fôlego. São reformas “correlativas, interativas e interdependentes”. Uma não existe sem a outra e, por isso, são tratadas separadamente apenas para melhor explicitação de seus programas.
         Ao tratar do primeiro aspecto, as políticas da humanidade. Edgar Morin propõe uma alteração nos padrões convencionais. Para uma crise singular, uma nova concepção da política. Entre os aspectos destacados por ele estão o se chama de “política da humanidade”, que em vez de se dirigir aos Estados nacionais tem como objeto a comunidade de destino da espécie humana. A Terra-Pátria, em sua unicidade, se torna uma grande pátria comum.
         A política da humanidade se situaria no pólo inverso das soluções voltadas para o desenvolvimento, mesmo o chamado desenvolvimento sustentável. Há muito o que aprender, por exemplo, com culturas que operam com outras noções de saber, inclusive as religiosas. A política da humanidade, nas palavras do filósofo, deverá promover uma simbiose entre o que há de melhor na civilização ocidental e as contribuições de outras civilizações, portadoras de riquezas que vêm sendo desprezadas.
         A nova política tem como desafios a questão das diferentes culturas e povos, a recuperação da qualidade de vida, o desenvolvimento de uma consciência ecológica planetária, que envolva temas candentes como a energia, a habitação, a produção de alimentos, os transportes, a relação campo/cidade e a água. Além da dimensão programática, trata-se ainda de reinventar formas de convivência democrática e de combate à desigualdade e à pobreza.
         A segunda reforma apontada por Morin abrange o pensamento e a educação. O filósofo defende que, para fazer frente aos graves problemas que ameaçam a sobrevivência do planeta e da humanidade, é preciso apostar no novo homem, formando cidadãos policompetentes e multidimensionais. Não se trata apenas de cobrar mais investimentos para a  educação, mas de transforma radicalmente nossa concepção acerca do saber e do pensamento. A nova educação precisa superar os impasses da tecnociência (como a excessiva especialização) e avançar rumo a uma democracia cognitiva. Um novo saber que seja também para todos.
        
DA SAÚDE À MORTE Depois da política e da educação, a terceira reforma se volta para diferentes campos da vida social. A começar pela medicina e pela saúde. Morin identifica a crise dos paradigmas sanitários tradicionais, fundados na tecnologia, com suas insuficiências e ambivalências: perda do humanismo, do contato familiar, foco no físico com desprestígio da dimensão psicológica, excesso de estatísticas, ênfase na especialização, monopólios da indústria farmacêutica e enfraquecimento da relação médico-paciente. Um modelo inviável, cada vez mais caro e menos resolutivo.
         Além da saúde, a reforma da sociedade propõe nova organização das cidades, com humanização e governança mais inclusiva, com reforço do poder local e das demandas sociais. As reformas abrangeriam ainda novas relações entre campo e cidade, com reforma agrária, valorização de sistemas de produção de alta qualidade ambiental e preservação da biodiversidade. Por fim, no âmbito das reformas sociais, Morin propõe um equilíbrio das relações de consumo e de trabalho.
         A quarta reforma, que o pensador define como “reforma da vida”, mira o lado menos tangível e, por isso mesmo, mais profundo da humanidade. Se a civilização está em crise, o homem que habita o planeta e o faz respirar padece dos mesmos sintomas, fazendo de seu microcosmo um símile do inferno que se tornou o mundo. Morin aposta na revolução dos sentimentos, na despoluição da inveja e do ódio, na oxigenação da ética, no império da fraternidade e do perdão. É claro que, mais uma vez, o repertório para construir esse patrimônio não há de vir da ciência e do desenvolvimento. O pensador apela a todas as formas de pensamento, entre elas a religião, o mito e a arte.
         Para alcançar esse patamar, em síntese com as reformas anteriores, o homem precisa atentar para dimensões que estão passando batido, apostando na possibilidade de uma outra forma de vida. Quem, em meio à depressão que define nosso tempo, nunca pensou em simplificar a vida e dar valor ao que de fato nos alegra e completa? É esse sentimento latente de revolta que o sociólogo propõe resgatar e tornar real: uma outra vida é possível.
         Dialético, Morin termina seu livro tratando do envelhecimento e da morte. Mais que isso: propondo que esses estágios sejam vividos não como derrota inevitável (os velhos se tornaram um incômodo e deixaram de ser respeitados; a morte se tornou um colapso tecnológico de um corpo já sem vida). Avalia projetos que buscam uma velhice feliz, analisa o intento de dissimulação da morte que tomou conta da sociedade da competição e do consumo, propõe a recuperação de rituais laicos e religiosos que evoquem a alegria e os percalços da vida.
         A via não é um livro teórico, embora recheado da melhor teoria política, sociológica e filosófica; não é um programa partidário, ainda que estabeleça vias coletivas de reformas necessárias para evitar o abismo que nos mira cada vez mais de perto. Morin reuniu o disperso. O que, em si, já é uma lição e tanto.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, profundas, lúcidas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; saúde; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; emprego, trabalho e renda; habitação; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; minas e energia; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; logística; turismo; esporte, cultura e lazer; comunicações;sistema financeiro nacional; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...