“O
espírito do tempo
O melhor caminho para
descobrir onde estamos e para onde vamos é dedicar um tempinho a analisar o
espírito do tempo: situações que levam as pessoas a avaliar sua condição,
movimentos que enchem as ruas, frustrações geradas por expectativas que
ocorrem, circunstâncias que determinam a maneira de agir das pessoas, enfim, o
motor que gira a roda da vida.
“Zeitgeist”
é a palavra alemã que define esse conceito, no qual se abriga todo o
conhecimento humano acumulado ao longos dos tempos e que, de repente, se faz
presente em determinado momento da história. Ou, em outras palavras, o espírito
do tempo é o estado social, intelectual e cultural de uma época.
Edgar
Morin, o grande pensador francês, nos ajuda a interpretar o espírito do tempo
em “Cultura de Massas no Século XX: O Espírito do Tempo” e em outros ensaios.
Abrir uns minutinhos nestes dias de Carnaval para refletir sobre o espírito do
tempo pode ser eficaz exercício para compreendermos a realidade que nos cerca.
Comecemos
com a questão: o Brasil tem jeito? Somos um território de dimensão continental,
recheado de riquezas e recursos minerais, paisagens exuberantes, terras férteis
que nos elegem como “celeiro do mundo”, a maior reserva de água doce do planeta
(12%), só para citar superlativos que alimentam o civismo. Enfrentamos
catástrofes, na esteira de janeiros chuvosos, mas não sofremos a destruição de
terremotos, tempestades e tufões, que devastam nações-líderes como os Estados
Unidos.
Vamos
aos contrapontos: abrigamos um dos maiores índices de corrupção do mundo, temos
uma das maiores cargas tributárias do universo, a miséria assola 50 milhões de
brasileiros. Somos um país rico que não descobriu a rota do progresso. Puxemos
a onda da corrupção, alvo de escândalos. Pode ser diminuída? Sim. A conclusão:
se cortássemos o Produto Nacional Bruto da Corrupção em 10%, nosso PIB (das
riquezas) jogaria o Brasil na esfera das grandes nações.
Há esperança
de que isso possa ocorrer? Certamente. Basta pinçar a missão do Judiciário. Que
resgata seu papel de protagonista central. Há críticas sobre seu desempenho?
Procedem. Destacam-se as que mostram os membros das Cortes judiciais liderando
os vãos dos privilégios. Há, ainda, a observação sobre a judicialização da
política e a intervenção dos juízes no ambiente político, o que ocorre com a
absorção de tarefas da competência do Legislativo e do Executivo pelo
Judiciário.
Se os
quadros desses dois Poderes estivessem sob os aplausos sociais, não haveria
tanta interferência. A crise de credibilidade que afeta a representação
política e governamental desequilibra a tríade do Poder, obra do barão de
Montesquieu. Infelizmente, o espírito de nosso tempo tem deixado a política em
maus lençóis. Essa fresta abre horizontes sombrios. Mas o futuro do país não
será melhor sob a exclusão da política.”.
(Gaudêncio
Torquato. Jornalista, professor (USP) e consultor, em artigo publicado no
jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição
de 11 de fevereiro de 2018, caderno O.PINIÃO,
página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno A.PARTE, página 2, de autoria
de VITTORIO MEDIOLI, e que merece
igualmente integral transcrição:
“Uma
explosão
Um leitor me pede um
artigo político-esotérico. Tentarei atendê-lo.
Havia
uma vez alguém que se achava acima de Deus, ou, mais provavelmente, embaçado
pelos brilhos da hora meridiana, considerou qualquer faísca ser ouro a sua
frente para ser aproveitado. Enganou-se. Imaginava que com tanto ouro poderia
comprar todos os prazeres e dispensar o próprio Deus, que lhe deu a vida.
Esqueceu-se
do celestial Salmo 23, 1-6 Singelo, claro, luz no caminho.
“Deus
é meu pastor./ Nada me falta./ Em verdes pastos me faz repousar,/ para águas
tranquilas me conduz/ e restaura minhas forças./ Ele me guia para bons
caminhos,/ por causa de seu nome./ Embora eu caminhe por um vale tenebroso,/
nenhum mal temerei,/ pois junto a mim estás./ Teu bastão e Teu cajado me deixam
tranquilo./ Diante de mim preparas a mesa,/ à frente de meus opressores,/ unge
minha cabeça com óleo/ e minha taça transborda./ Sim, felicidade e amor me
acompanham/ todos os dias de minha vida./ Minha morada é casa de Deus, por dias
sem fim”.
Pois
é, apesar de ser tão claro e explícito, o recado não é lembrado no meio
político, acredita-se na mais sombria interpretação de Nicolau Maquiavel.
Qualquer meio justifica o alcance do poder.
Injustiçado
foi o florentino, ele nunca aconselhou o mal, mas faz deste uma profunda
análise para que o poderoso príncipe, ciente dos perigos, pudesse evitá-los.
Maquiavel
“me disse um dia desses” que ele se contorce na injusta fama de maquiavélico.
Que uma correta e isenta interpretação mostraria sua obra como advertência,
como contraindicação na bula de um remédio. Ele indicou os cuidados para o
príncipe se esquivar do mal, nunca para adotá-lo.
Ele
era propenso ao bem, acreditava no que revelou o Mestre, “não resistais ao
mal”. Pode esquecê-lo se quiser vencê-lo. Como Mahatma Gandhi venceu o império
inglês pela adoção da não violência, sem se curvar.
Hoje o
que se encontra frente à visão das consciências entorpecidas por luxos e
vaidades sem limites é uma luta num ambiente de maldades, mentiras, simulações,
intrigas, ganâncias, que se sintetizem na deslealdade, um ácido que destrói
qualquer virtude.
No
mundo político, mais do que nunca se adota o lado mal descrito pelo florentino.
Não há preocupação com o bem comum, apenas com o poder e o ganho pessoal, ou
grupal/partidário, em detrimento de avanço social.
A
ignorância e a miserabilidade se tornam massa de manobra, as disputas se dão
não pelas virtudes, mas ampliando ou até inventando vícios e defeitos nos
adversários.
Quando
inexistente, nesta fase de kali yuga (Era do Mal), alguém que lembre que, para
não ser atingido, precisa se elevar a uma altura as pedras e as flechas não
chegam. O mal se combate eficazmente deixando-o para trásm como pregou santo
Agostinho: “O mal não se vence com outro mal, mas com o bem”.
Embora
as críticas pavorosas sejam o meio mais usado, na realidade são as propostas
objetivas, os gestos, os exemplos que permitem um bom governo e encantam o
eleitor. Não é o menos pior entre os piores, mas o melhor entre os melhores que
permitirá o progresso.
É
preciso despertar as elites e a população, aquela que elege seus
representantes, para ter um intenso repúdio ao cinismo no poder, e que o mesmo
poder se transforme em meio de eliminar o sofrimento. É preciso insistir na
maldição da crueldade e na bênção da compaixão. Lembre-se a cada dia: “Em vez
de lutar na vida exclusivamente com suas mãos, coloque você e sua vida a
serviço de Deus, para o bem de seus filhos”.
Como
disse o mestre Polidorus Isurenus, o que se necessita é de uma “Explosão de
Amor”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento
da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade,
em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da
modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro/2017 a ainda estratosférica
marca de 334,55% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 323,01%; e já o
IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,95%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
- rigorosamente,
não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura,
além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências
do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações,
da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.