“Lidera
a ti mesmo
Quando se fala sobre a
importância da liderança no processo gerencial, longas reflexões são feitas
sobre as ferramentas e ações, por meio das quais o gestor é capacitado a liderar.
Competências várias são trabalhadas com foco na motivação, aprendizagem,
relacionamento com os diversos perfis no corpo de liderados, como gerenciar
talentos, conhecimento e conflitos.
Ao
longo do meu trabalho com lideranças estratégicas, comecei a perceber que havia
um significativo ponto de fratura entre o resultado obtido com os liderados e a
postura do líder em relação a essa dinâmica. Essa fratura tinha origem nas
crenças e estruturas mentais que se encontravam no perfil do líder e que o impediam
de alcançar o que a organização esperava desse movimento. O foco era sempre o
outro, representante do objetivo do processo, em vez de focar a fonte
catalizadora de todo o andamento: a pessoa do líder.
Comecei
a trabalhar no estudo da autoliderança como única possibilidade do sucesso da liderança. Se o
indivíduo não consegue liderar a si mesmo, como poderia liderar o outro?
Tornava-se, portanto, fundamental que o líder desenvolvesse uma competência
importantíssima para seu sucesso como líder: aprender a liderar a si mesmo. O
desafio era encontrar o caminho que faria esse processo ocorrer.
Ora,
para que alguém possa liderar a própria vida, precisaria identificar o que
sente, como pensa, seu escopo perceptivo, as origens de suas crenças, quais são
seus valores, para então iniciar o processo de ajuste interior. Essa trajetória
implica trabalhar as inteligências emocional e social, o domínio das emoções,
reconhecimento dos pontos fracos e como potencializá-los, quais seus gaps nas áreas de comunicação e relacionamento
com indivíduos, equipes e stakeholders,
bem como os obstáculos ao empowerment.
Todas essas demandas ficam tão claras quanto a necessidade de atendê-las, o que
só pode ser obtido por meio do autoconhecimento.
Nosso
Eu é repleto de crenças e valores que o indivíduo constrói ao longo da história
de sua vida. Se ele não identificar qual o perfil de cada um desses dinâmicos
elementos, não terá como reconhecê-los para poder equilibrá-los nos seus
relacionamentos intra e interpessoais. Se não houver tal tomada de consciência, o líder se
comportará movido por esses fatores internos que comandam suas decisões. Se
identificados e ajustados por um bom trabalho de autoconhecimento, esse será
base positiva para que a comunicação interpessoal seja bem talhada e aplicada,
permitindo, assim, tomada de decisões que gere felicidade e bem-estar a cada um
dos liderados e à equipe como um todo.
Entre
as vantagens de uma autoliderança equilibrada, podemos destacar a lucidez no
planejamento estratégico da ação de liderar; a capacidade de autocontrole das
emoções; a vivência da escuta ativa, fundamental no processo de liderança; a
conquista da eficiência na leitura do contexto com o qual trabalha. Pessoas que
desenvolvem o equilíbrio da autoliderança também são líderes competentes na
ação de captura e direcionamento da atenção da sua equipe; conseguem maior
assertividade nas relações sociais e na resiliência pessoal diante dos
conflitos que vivenciam; têm motivação constante; desenvolvem uma percepção
mais ampla de si e do outro; são capazes de ser o que realmente são, de
influenciar a equipe, diminuindo o espaço entre suas próprias avaliações e as
avaliações dos outros; conseguem sucesso na ação de se envolver com as pessoas
e com a tarefa e mantêm foco equilibrado entre o interno e o externo.
Conseguem,
enfim, ser os líderes que o mundo humanizado e consciente espera poder
encontrar.”
(MARIA LEONOR
GALANTE DELMAS. Professora do MBA em desenvolvimento humano de gestores da
FGV/Faculdade IBS, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de janeiro de 2016, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de postagem
de 8 de janeiro de 2016, no blog de autoria de UMBERTO ECO, que é professor de semiótica, crítico literário e
romancista, autor também de “O Nome da Rosa” e “O Pêndulo de Foucault” (http://noticias.uol.com.br//blogs-e-colunas/coluna/umberto-eco),
e que merece igualmente integral transcrição:
“O
que Umberto Eco faria se
comandasse o mundo
Só posso dar uma resposta
polêmica sobre o que eu faria de governasse o mundo porque não há nenhuma
chance de isso acontecer. Na medida em que envelheci, comecei a odiar a
humanidade. Portanto, se eu tivesse um poder absoluto, deixaria que ela
continuasse em seu caminho de autodestruição. Ela seria destruída e eu ficaria
mais feliz.
Pessoas
como eu são intelectuais: nós fazemos o nosso trabalho, escrevemos artigos,
temos maneiras de protestar, mas não podemos mudar o mundo. Tudo o que podemos
fazer é apoiar a política de empatia.
A
chanceler Angela Merkel fez uma declaração positiva quando encorajou o povo
alemão a acolher refugiados sírios. Ela mudou a imagem do povo alemão em todo o
mundo – não serão mais vistos como a SS de Adolf Hitler. Isso é o que um
político pode fazer.
Os
jovens precisam ser ensinados a filtrar e a questionar as informações que
recebem pela internet, em vez de aceitá-las pelo valor de face. É uma tarefa
difícil. Eu uso a Wikipedia e sei que posso confiar nela 99% do tempo, mas as
pessoas dizem na minha página que eu fui o primeiro de 13 filhos e que casei-me
com a filha de meu editor. Nada disso é verdade. Até isso pode ser sujeito à
manipulação. Um dos meus netos tem 15 anos e diz que muitos de seus amigos
acreditam nas teorias de conspiração que leem na internet. Não há controle de
qualidade, um enorme problema.
Todos
os governos devem procurar a educação. Antes da Primeira Guerra Mundial, apenas
cerca de 20% das pessoas na Itália tinham o primário. Hoje, o problema são as
universidades. O risco é reduzirmos os requisitos para o ingresso a fim de
permitir a mais pessoas o acesso ao ensino superior, mas desta forma diminuir a
qualidade. Isto foi feito na Itália recentemente e foi uma tragédia. Agora, os
três primeiros anos da universidade são muito fáceis, os alunos não precisam
lei livros com mais de cem páginas. Quem está no poder precisa entender que
você tem de ser desafiado para crescer. Quando eu estava na universidade, li
milhares de páginas e não morri!
O
ensino das línguas é a única coisa que eu tornaria obrigatória nas escolas. Se
o conceito de Europa existe, ele se baseia no conhecimento comum da linguagem.
Em dois de seus maiores países, França e Reino Unido, a maioria das pessoas
parece saber apenas a sua própria língua. Não faz muito tempo, as pessoas na
Inglaterra eram fluentes em latim. Há uma história de um general inglês enviado
para a província indiana de Sindh no século 19, durante uma revolta. Como um
brincadeira, ele enviou um telegrama a Londres em latim dizendo “Peccavi”, ou
“eu pequei”. O incrível não foi apenas o fato de ele fazer uma brincadeira em
latim, mas que seus colegas em Londres entenderam. Meu neto está estudando
grego há dois anos. Ela ainda não pode ler Homero no original, mas desenvolveu
uma compreensão da civilização grega. É parte de algo chamado de “encyclios”,
que significa “educação circular” – de onde vem a palavra “enciclopédia”.
Os
homens são animais religiosos. Os cães não são religiosos. É verdade que eles
latem para a luz, mas provavelmente não é por motivos religiosos. Os seres
humanos têm a tendência de procurar uma razão em suas situações. Há uma bela
frase atribuída a G.K. Chesterton: “Quando os homens não acreditam mais em
Deus, não significa que eles não acreditam em nada, eles acreditam em tudo”. O
governante do mundo não pode eliminar a religião. Você pode ser ateu ou
descrente, mas você tem que reconhecer que a grande maioria dos seres humanos
precisa de algumas crenças religiosas.
Karl
Marx disse que a religião é o ópio do povo, que mantém as pessoas tranquilas.
Mas também pode ser a cocaína do povo. Ela tem uma dupla função: respondendo a
algumas questões fundamentais e às vezes levando as pessoas a lutarem contra os
não crentes. É uma característica da humanidade, da mesma forma que os seres humanos
são a única espécie capaz de amar.
Por
fim, se eu fosse governante do mundo, eu gostaria de obrigar as pessoas a ler
todos os meus livros, de modo que elas tornassem tão inteligentes quanto eu e
não acreditassem que devamos ter um governante do mundo! Fico irritado com
críticas positivas quando são positivas por razoes erradas. E às vezes sou
tocado por uma crítica negativa porque ela percebe que eu entendi algo de
verdadeiro. Às vezes fico irritado com críticas negativas porque, a meu ver,
são estúpidas, mas tudo bem, faz parte do jogo.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da
participação, da sustentabilidade...);
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca
de 378,76% para um período de doze meses; e mais, em 2015, o IPCA acumulado nos doze meses
chegou a 10,67%...); II – a corrupção, há
séculos, na mais perversa promiscuidade
– “dinheiro público versus
interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a
dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para
2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(ao menos com esta rubrica, previsão de R$
1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
-
pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...