Mostrando postagens com marcador Darcy Ribeiro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Darcy Ribeiro. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A CIDADANIA E AS BASES DA PRIMAVERA DA EDUCAÇÃO

“A primavera do ensino

A consciência consentânea ao conhecimento foi a grande mola propulsora dos movimentos surgidos nas universidades de todo o mundo nos anos 1960. Entre as manifestações da saudável rebeldia daquela inquieta juventude, a Primavera de Praga, como ficou conhecida a romântica e heróica reação popular da então Tchecoslováquia aos grilhões soviéticos, merece ênfase pela adesão de toda a sociedade à tese libertária nascida na academia. Naquela efervescente década, por mais que o reacionarismo de então pudesse condenar a saga estudantil, a verdade é que o ensino, muito mais acessível do que na primeira metade do século, mudara o mundo. E havia muito a ser consertado. A começar pela guerra fria e a ameaça, a ela intrínseca, de hecatombe nuclear, até os regimes totalitários e truculentos de esquerda e de direita, cujo radicalismo embaçava as perspectivas de desenvolvimento de um capitalismo democrático assentado, sim, nas leis de mercado, mas sensível ao social.

O mundo avançou muito, embora o novo século em que vivemos ainda apresente imensos desafios à plenitude da paz e a um modelo de desenvolvimento global sustentável quanto ao meio ambiente, à preservação dos insumos naturais da produção e à erradicação da miséria. Os principais elementos dessa equação complexa são os seguintes: o passivo social, o crescimento demográfico e a expansão dos meios de produção em índices proporcionais ao atendimento das duas primeiras demandas.

Em outubro, em uma emblemática primavera para nós, os 190 milhões de brasileiros, e para o planeta em que vivemos, o mundo alcançará a marca de sete bilhões de habitantes, segundo projeção que acaba de ser anunciada pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Até 2050, deverão ser nove bilhões de pessoas. Em meio às assimetrias regionais, o desafio é prover empregos (inclusive nos Estados Unidos e Europa, ainda afetados pela crise de 2008), saúde, salubridade ambiental, alimentos, água potável e cidadania plena (aqui entendida como acesso às condições mínimas para uma vida com dignidade).

Aspecto comum a essas distintas variáveis e fator condicionante ao sucesso da humanidade no enfrentamento de todas essas demandas é a educação. Sem democratizar seu acesso e a qualidade do ensino ministrado será impossível ampliar a produtividade da Terra em proporções suficientes para atender as necessidades de uma população 134% maior do que os três bilhões de habitantes que a habitavam nos anos 60. Impõe-se a Primavera do Ensino, que precisa ser ainda mais influente nas transformações históricas do que a de Praga e dos movimentos correlatos daquela época.

Sem conhecimento, o mundo será insustentável. Somente a adequada escolaridade (da infantil e fundamental à pós-graduação, MBA e educação continuada) pode produzir novas gerações conscientes sobre a ecologia, planejamento familiar e saúde; trabalhadores capacitados à nova dimensão das atividades produtivas e a ocupar vagas não preenchidas, para evitar o apagão de mão de obra como ocorre hoje no Brasil; cientistas e pesquisadores competentes; lideranças políticas e empresariais capazes de gerir a escassez, em um planeta desafiado pelo imperativo de harmonizar produção e preservação ambiental.

É imensa, portanto, a responsabilidade das políticas públicas e dos gestores das instituições de ensino de todos os graus, particulares e estatais. Afinal, a viabilidade e a qualidade do futuro de nossa civilização começam a ser delineadas nas salas de aula.”
(JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO, Engenheiro (EESC/USP), vice-presidente da Fiesp e coordenador do Comitê de Mudanças Climáticas da entidade, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de setembro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 9 de junho de 1992, Caderno SEGUNDA SEÇÃO, página 2, de autoria de DARCY RIBEIRO, que é senador da República pelo Rio de Janeiro, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“A nova Lei da Educação

Nada poderia ser mais desastroso para a educação brasileira do que a promulgação de uma Lei de Diretrizes e Bases meramente reiterativa, que congelasse o precaríssimo sistema educacional que temos, como é o caso do projeto em discussão na Câmara dos Deputados.

Efetivamente, se pode comprovar por números que nossa escola pública primária forma mais analfabetos que alfabetizados, tão grande e até maioritária é a proporção de crianças que a freqüentam por quatro a seis anos, sem alcançar a quarta série primária. Vale dizer, sem a capacidade elementar de ler, escrever e contar, só alcançável naquele nível e que constitui o requisito fundamental do exercício lúcido da cidadania e da integração no mundo do trabalho, com possibilidades do progresso pessoal.

Não me refiro à educação nas regiões mais pobres do Brasil. Refiro-me a São Paulo ou ao Rio. Se me referisse a áreas mais carentes, diria que a maior parte de seu alunado não completa a segunda série primária. Sua instrução se reduz a desenhar o próprio nome. Essa é, aliás, a condição da maioria dos brasileiros em idade adulta. São analfabetos funcionais. São iletrados, porque incapazes de receber ou de dar qualquer informação escrita.

Se isso sucedesse há um século, seria lamentável. Como ocorre hoje, num tempo em que o grosso da juventude das nações mais avançadas já se matricula na escola de nível superior, chega a ser calamitoso. Acresce que toda a legislação vigente e também o projeto de Lei de Diretrizes e Bases em discussão na Câmara dos Deputados só tendem a consolidar este sistema educacional responsável pela produção em massa de analfabetos, por sua incapacidade de alfabetizar as crianças brasileiras.

As famílias brasileiras, mesmo as mais carentes, já despertaram para a necessidade de dar educação a seus filhos. Noventa por cento deles estão matriculados nas escolas que lhes oferecemos – eles as freqüentam por quatro anos; sessenta por cento chegam a seis anos de estudo. Em vão, a maioria deles sai da escola sem o domínio da leitura.

Como se vê, a escola pública que temos e impomos à infância brasileira é uma mistificação, que apenas simula ensinar. Nada adianta mantê-la, e muito menos multiplicá-la, por sua incapacidade intrínseca exaustivamente comprovada de educar o povo brasileiro. Ela só serve, de fato, para perpetuar a ordem política e social, fazendo da educação básica mais um privilégio monopolizado por minorias, como instrumento de poder.

Sua função social real é demonstrar ao aluno pobre que ele padece de uma deficiência básica que o torna inepto para o estudo. A própria família também passa a vê-lo como inapto, porque, havendo dispensado por anos a ajuda que poderia dar na manutenção da casa, verifica que ele não tira nenhum proveito da escola.

O certo é que a maioria das nossas crianças sofre a escola como uma experiência frustrante em que é punida, porque fala sua língua materna; é discriminada, porque anda descalça e se veste pobremente; é humilhada, porque não pode comprar o material didático exigido pela professora; e, por fim, é sucessivamente reprovada, sem mesmo saber o que é isso.

A professora, por sua vez, participa desse processo como sua segunda vítima. Primacialmente, porque se vê condenada a exercer seu ofício, sem condições mínimas de alcançar eficácia, em razão de sua precaríssima formação docente. Também é vítima, porque se viu degradada profissionalmente pela deterioração da própria carreira do magistério. O é, ainda, porque está envolvida e alienada por uma pedagogia antipopular, em grande parte inexplícita, mas muito eficaz como mecanismo de rejeição social.O espantoso é que há uma cegueira generalizada das camadas mais influentes com respeito à nossa realidade educacional. É possível, até, afirmar que uma das características remarcantes da sociedade brasileira é sua resignação com a péssima escola que temos. Ninguém estranha que ela seja tão ineficiente. Ninguém se exalta diante do pouco esforço que ela faz para superar-se. Ninguém fica indignado contra a atrocidade com que ela distrata a imensa maioria da infância brasileira, que a procura esperançosa de progredir pela educação. O que se vê, freqüentemente, é o contrário da indignação, como ocorre até com personalidades social e politicamente prestigiosas, que atuam como se não houvesse nada de importante a fazer, porque o sistema educacional acabaria por corrigir-se por seu próprio funcionamento. Mas não é assim. Sua atitude só se explica por estarem contentes com o Brasil tal qual é, e em matéria de educação, só quererem nos manter atados ao sistema educacional precaríssimo que temos e que condena nosso povo à ignorância e ao atraso.

Nenhum país do mundo conseguiu integrar-se na civilização industrial, sem alçar, previamente, o seu povo ao domínio instrumental da leitura. E já estamos diante de uma nova civilização, muitíssimo mais exigente quanto aos níveis de escolaridade necessários para que uma sociedade dela participe autonomamente dominando o saber e a tecnologia em que ela se funda. Como ignorar, nessas circunstâncias, que estamos desafiados a realizar um imenso esforço para sair da condição de atraso educacional em que nos afundamos? Como negar que isso põe em risco a própria soberania nacional?

Seria diferente, acaso, a situação do ensino médio e do ensino superior? Não. É perfeitamente correspondente. Ambos também estão em situação da calamidade. O ensino médio reduzido a três anos de estudos, nominamente profissionalizantes, deteriorou gravemente todo o sistema educacional brasileiro. Por um lado, nos fez perder os níveis de eficácia que havíamos alcançado na formação do magistério, o que resultou numa decadência visível da nossa escola primária. Por outro lado, manda às escolas de nível superior uma juventude cada vez mais despreparada, não só quanto à formação científica pré-universitária, mas até no simples domínio instrumental da língua vernácula.

Não menos grave é a situação do ensino superior. Costumo dizer que, na maioria das nossas faculdades, o professor simula ensinar e o estudante faz-de-conta que aprende. Assim é, efetivamente. Qualquer curso estrangeiro, por correspondência, é melhor que aquele que se dá em algumas escolas particulares brasileiras. Naqueles cursos, não só se proporciona ao aluno os materiais necessários para estudar, mas se cobra dele o aprendizado, através de exames de verificação. Em muitas de nossas escolas se estabeleceu uma prática de conivência, em que pouco ou nada se ensina e nada se cobra do aluno, como prova de aprendizado. Para fazer face à situação de calamidade em que está fundado o sistema educacional brasileiro, apresentei ao Senado, juntamente com os senadores Marco Maciel e Maurício Correia, um novo Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

É um projeto simples e funcional, cujo primeiro objetivo é estabelecer as bases e os fundamentos da ação que permitam criar uma escola elementar, ajustada às condições da infância brasileira e capacitada a prepará-la para a cidadania, para o trabalho e para a solidariedade. Seu segundo objetivo é a implantação de uma escola média capaz de formar contingentes de trabalhadores preparados para operar as tecnologias novas e dotados da capacidade de continuar aprendendo vida afora. A nova lei criará, também, as bases de uma educação superior apta a dominar, cultivar e transmitir o saber erudito, sobretudo o cientifico e tecnológico, para formar os corpos de profissionais competentes de que não pode prescindir uma sociedade moderna.”

Eis, pois, mais páginas contendo SÉRIAS, PERTINENTES, PEDAGÓGICAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROBLEMATIZAR questões CRUCIAIS, que permitam a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais DEMOCRÁTICAS, SOBERANAS e DEMOCRÁTICAS, como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;
b) a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância e competente GESTÃO;
c) a CORRUPÇÃO, que campeia desenfreada por TODAS as esferas da vida NACIONAL;
d) o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES;
e) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, já atingindo DESEMBOLSO insuportável de cerca de R$ 200 BILHÕES, ao ano, a exigir também uma rigorosa e qualificada AUDITORIA...

São cifras MONSTRUOSAS que vão anualmente para os RALOS, minando nossa capacidade de INVESTIMENTO e POUPANÇA, além de provocar EROSÃO irrecuperável no nível de CONFIANÇA da população e INESTIMÁVEIS comprometimentos de ordem ÉTICA e MORAL, afetando CONDUTAS e embaçando o amor PÁTRIO...

Mas NADA, NADA mesmo ABATE o nosso ÂNIMO nem ARREFECE o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DEMOCRÁTICA, SOBERANA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE NO RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES em 2013; a COPA DO MUNDO de 2014, a OLIMPÍADA de 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A CIDADANIA E A LUTA PELA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO

“Ainda que sejamos inábeis ao falar e escrever, se as nossas palavras forem ditas e escritas com sinceridade, terão o poder de mover as pessoas.
Precisamos encontrar, discutir e atacar os nossos problemas com espírito cooperativo. Precisamos começar por nós mesmos. Precisamos ser melhores do que somos e ajudarmos os que não conseguem melhorar sozinhos. Estamos nos descobrindo, através da QUALIDADE TOTAL”.
(MOKITI OKADA e GORBACHEV)

Mais uma IMPORTANTE e INCISIVA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo de DARCY RIBEIRO, Senador e Relator da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 31 de dezembro de 1996, Caderno RETROSPECTIVA/96, página 4, que também merece INTEGRAL transcrição:

“O Brasil ainda fracassa na educação

O Brasil tem problemas graves. Gravíssimos. O desemprego, a fome, o latifúndio e outros. Entre eles, a educação. Nenhum país alcançou o nível de desenvolvimento sócio-econômico que temos com um sistema educacional tão precário e ruim.

O pior que os governantes e os políticos que se acercam da educação estão sempre a alegar suas pequenas conquistas, mostrando escolinhas boas e iniciativas educacionais meritórias. Não falam é da incapacidade do sistema educacional para coisas simples, elementares, que todos os países alcançaram antes de ter o nível de desenvolvimento que exibimos: alfabetizar todas as suas crianças.

As estatísticas da UNESCO mostram que o Brasil é tão ruim quanto o resto da América Latina. Situa-se entre os piores países, porque seus índices de alfabetização e escolaridade só são comparáveis aos de Honduras.

Devíamos morrer de vergonha e de medo de sermos tão ruins nessa matéria fundamental, que é incorporar todo o povo brasileiro à civilização letrada. Pelo menos ao passo inicial dela, que é uma 4.ª série primária completa e bem feita. Só então, efetivamente, se tira o pé do analfabetismo alcançando a capacidade elementar de ler, escrever e contar, indispensável para o funcionamento de uma sociedade moderna.

A situação se agravou ultimamente porque o sistema produtivo exige de sua força de trabalho que saiba ler compreendendo o que lê, escrever informações fundamentais e fazer as quatro operações. Hoje, o que determina o nível que um trabalhar (sic) pode alcançar em seu emprego, qualquer que seja, é esta capacidade.

Nossas escolas primárias, de fato, formam mais analfabetos que alfabetizados. Isso porque a maioria das crianças as abandonam antes de completar a 4.ª série primária. Chamam isso de evasão. É mentira. Não existe evasão quando 90% das crianças se mantém por quatro anos nas escolas. Vale dizer, os pais compreendem perfeitamente a importância da educação para seus filhos e, apensar de sua pobreza, os mantêm na escola. Esta é que os hostiliza através de seu sistema de exames punitivos e de sua verdadeira lealdade que é a educação das classes médias.

Nossas escolas operam é para ensinar às crianças que podem fazer exercícios em casa, porque têm casa e na casa uma pessoa previamente escolarizada, capaz de ajudá-las. Como isso não ocorre com a imensa maioria de nossa infância, o que há é uma expulsória. Depois de manter os filhos por quatro anos na escola sem qualquer proveito visível, os pais desistem, para alegria da escola, que não quer saber mesmo de criança pobre.

O meu maior esforço no Senado foi para alcançar do Congresso Nacional uma boa lei geral de educação. Ela acaba de ser aprovada e sancionada pelo presidente da República. É uma boa lei. Não foi, nem podia ser, uma lei imperativa, que determinasse rigorosamente aos estados o que devem fazer. Seu papel é definir as diretrizes gerais e estimular os sistemas estaduais de educação a procurarem alcançá-las no ritmo mais acelerado de que forem capazes.

Duas medidas são de importância capital. Primeiro, separar a escola primária de 1.ª a 4.ª séries, destinadas a crianças, e regida por professoras de turma, da escola de 5.ª a 8.ª, destinada a adolescentes e regida por professores de matéria.

Em segundo lugar, ir implantando, sobretudo nas áreas metropolitanas, junto às populações periféricas e marginalizadas, escolas de tempo integral para alunos e professores. Escolas em que cada criança tenha pelo menos uma hora de estudo dirigido, num ambiente em que contem com todo o material didático de que necessitam.

Outra saída praticável é criar centros de atenção às crianças por quatro horas mais, antes e depois das aulas, onde elas tenham aquela hora de estudo dirigido. Ela é tão ou mais importante que o refeitório. Indispensável para que a criança pobre possa completar a 4.ª série primária para integrar-se na civilização letrada. Dona Jacy Faria Ribeiro criou centros destes em Montes Claros e 90% de seus alunos progrediu nos estudos e passava de ano. A nova lei traz muitas inovações mais. Inclusive sobre a formação em nível superior das professoras de turma.

As universidades, por sua vez, são libertadas da ditadura do Ministério da Educação. Vale dizer, assumem o comando de si mesmo, com verdadeira autonomia, inclusive para variarem. São admitidas universidades especializadas em saúde, agricultura, educação e outras. A grande novidade é a instituição de cursos por seqüência de um mesmo campo, que dão direito a um certificado de estudos superiores. Liberta, assim, nossas universidades de só ministrarem cursos curriculares e as convoca para abrir seus cursos, sobretudo de ciências e tecnologia, a quem queira inscrever-se neles.

Outra novidade é exigir nas universidades públicas um mínimo de oito horas semanais de aula ou trabalho direto com os alunos. Isto parece pouco para quem vê de fora, mas obrigará as universidades a suarem para cumprir esse novo preceito. Entre as novas liberdades está a de cada universidade organizar seu vestibular como bem queira. Prevaleceu na lei, apesar das opiniões contrárias que surgiram durante o debate, a exigência de que pelo menos um terço dos professores, nos próximos oito anos, tenha o grau de mestrado.

Uma bela virada da nova lei é o estímulo para que se dêem cursos de educação a distância para os três níveis de ensino, com uso das novas tecnologias didáticas. Com esta medida o Brasil passa a ter acesso à grande inovação educacional das últimas décadas, que é a educação a distância. Importantíssima sobretudo para a formação e o aperfeiçoamento do magistério de 1.º e 2.º graus.”

Com a perspectiva do BRASIL 2014, que a EDUCAÇÃO possa INCORPORAR,em caráter PRIVILEGIADO, o rol dos INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS que estão em GESTAÇÃO no País, CONTEMPLANDO principalmente a EDUCAÇÃO BÁSICA – ou seja, a EDUCAÇÃO INFANTIL, a EDUCAÇÃO ESPECIAL, a EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS e a EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, bem como o ENSINO FUNDAMENTAL e o ENSINO MÉDIO – e VIGOROSAMENTE buscando BENEFICIAR efetivamente TODOS os BRASILEIROS e TODAS as BRASILEIRAS, exigência de uma SOCIEDADE autenticamente JUSTA, LIVRE e SOLIDÁRIA.

O BRASIL TEM JEITO!...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A CIDADANIA NOS LEVA A ACREDITAR NA EDUCAÇÃO

“ESTAMOS NOS CONSTRUINDO NA LUTA PARA FLORESCER AMANHÃ COMO UMA NOVA CIVILIZAÇÃO, MESTIÇA E TROPICAL, ORGULHOSA DE SI MESMA. MAIS ALEGRE, PORQUE MAIS SOFRIDA. MELHOR, PORQUE INCORPORA EM SI MAIS HUMANIDADES. MAIS GENEROSA, PORQUE ABERTA À CONVIVÊNCIA COM TODAS AS RAÇAS E TODAS AS CULTURAS E PORQUE ASSENTADA NA MAIS BELA E LUMINOSA PROVÍNCIA DA TERRA.”
(DARCY RIBEIRO, in O povo brasileiro, Companhia das Letras).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de janeiro de 1995, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de AUGUSTO FERREIRA NETO, Presidente Nacional da CNEC, membro do Conselho Estadual de Educação (CEE-MG), que merece INTEGRAL transcrição:

“Miséria moral e intelectual

A Revista Ensaio nos brindou com a publicação de excelente trabalho do pesquisador Sérgio Costa Ribeiro (**) em que o autor, seguindo a trilha lúcida de seu colega Cláudio de Moura Castro, analisou o desempenho do sistema educacional brasileiro e aponta erros nas pesquisas utilizadas pelo MEC para analisar nossas deficiências educacionais.

Sérgio Ribeiro mostrou que os dados são inconsistentes e os verdadeiros propósitos dessas distorções consistem em privilegiar interesses de grupos, sustentar esquemas abomináveis de educação desejados pelas elites dominantes e nada têm de sério em termos de apontar caminhos relevantes para corrigir nossos crônicos males educacionais.

Analisando o contexto histórico de vários países que se dedicaram à educação de massa, iniciada com a revolução inglesa de 1640 – movimento decisivo para a formação do império britânico – até modernamente, com o bom desempenho dos chamados “tigres asiáticos”, ele nos mostra, em suas reflexões, que o desempenho excelente de uma economia e o desenvolvimento das nações têm tudo a ver com um compromisso sério para universalizar o ensino e fazê-lo da melhor qualidade possível.

A crise ética que hoje incomoda o País e que foi popularizada na denominada “Lei do Gerson” está presente, com mais intensidade, nas elites dominantes, nos grupos políticos, governamentais e empresariais que “gostam de levar vantagem em tudo – certo”, já que a esmagadora maioria de nossa população repudia tais comportamentos e utiliza frágeis mecanismos ao seu alcance para manifestar o seu descontentamento para com a decadente prática moral que avilta a alma de nossa cidadania.

É preciso reconhecer que há um movimento cultural em marcha para mudar esta lamentável situação e neste contexto o papel da escola e dos educadores é de fundamental importância. Mas é preciso também que a escola e os educadores reexaminem seu papel na construção de uma nova sociedade. Só a escola pode mudar o Brasil. Mas a escola capaz de mudar o país não pode ser esta que resiste à avaliação de seu próprio desempenho, que descarrega nos ombros do aluno as mazelas de sua incompetência; que não admite gestão compartilhada ou responsabilidade solidária com a aprendizagem e que não assume o seu papel de impulsionadora das transformações sociais, tão indispensáveis à salubridade desta nação.

Só a partir de novos paradigmas a educação poderá contribuir decisivamente para a restauração dos valores culturais e morais agora deteriorados, oferecendo aos alunos, além dos indispensáveis conhecimentos cognitivos nas áreas de línguas, ciências e estudos sociais, os componentes éticos e estéticos educacionais indispensáveis à construção de um verdadeiro cidadão, dono de si e parceiro de outros na trajetória humana, consciente da dignidade do viver – e da importância do viver com dignidade – cônscio do sentido da vida, do amor a si mesmo, do amor e do respeito devido ao semelhante e do uso adequado da liberdade como inviolável patrimônio de bem estar social. Só a escola, somente os professores dotados desta energia cívica e espiritual singular poderão concorrer para que os valores universais consagrados possam tornar-se práticas de vida de nossos cidadãos, tais como o compromisso com o bem comum, a solidariedade com os seus semelhantes, a prática da justiça como ideal de vida, bem como a difusão entre nossas crianças e adolescentes de tratamento adequado a outras questões críticas que permeiam as várias dimensões da existência humana.

Nossa educação está carente de um novo professor, verdadeiramente consciente de seu papel de cúmplice e seus alunos no processo de aprendizagem, que seja avesso ao fracasso, que esteja imbuído da consciência profissional crítica de que a aprendizagem é um processo de responsabilidades compartilhadas, e que ser bom professor é conseguir que os alunos dominem a parcela de conhecimentos inerentes à sua responsabilidade docente, a fim de que seus alunos estejam sempre preparados para responder positiva e criticamente às imprevisíveis solicitações do meio ambiente.

(**) N. R. – O pesquisador Sérgio Costa Ribeiro, que na década de 80 alertou os educadores brasileiros com um trabalho sobre a pedagogia da repetência, faleceu no Rio de Janeiro, aos 58 anos, de câncer, no último dia 8 de janeiro.”

Eis, pois, com TODAS as letras a importância da EDUCAÇÃO para a construção de uma SOCIEDADE verdadeiramente JUSTA, LIVRE, PRÓSPERA e SOLIDÁRIA como nos ditames dos OBJETIVOS CONSTITUCIONAIS e, quase QUINZE ANOS depois, o texto nos MOVE à MOBILIZAÇÃO de TODAS as forças VIVAS da NAÇÃO visando o BRASIL 2014, com as GRANDES TRANSFORMAÇÕES que o século XXI está a nos EXIGIR e, em especial, a era FASCINANTE e BELA do CONHECIMENTO e da INFORMAÇÃO.

É a nossa FÉ e nossa ESPERANÇA!...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A CIDADANIA E A FORÇA DA ÉTICA

“... Agora, uma nova pulsão, mortal, reaviva a necessidade de publicar esse livro que, além de um texto antropológico explicativo, é, e quer ser, um gesto meu na nova luta por um Brasil decente.

Portanto, não se iluda comigo, leitor. Além de antropólogo, sou homem de fé e de partido. Faço política e faço ciência movido por razões éticas e por um fundo patriotismo. Não procure, aqui, análises isentas. Este é um livro que quer ser participante, que aspira influir sobre as pessoas, que aspira ajudar o Brasil a encontrar-se a si mesmo”.
(DARCY BIBEIRO, in POVO BRASILEIRO, Editora Companhia de Bolso, São Paulo, 2006)

Em nossa permanente luta por um BRASIL verdadeiramente JUSTO, LIVRE, PRÓSPERO e SOLIDÁRIO, buscamos OPORTUNO artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de agosto de 2009, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, com transcrição na ÍNTEGRA:

“De novo pela ética

Princípios e estratégias exitosas de governança corporativa, ou o uso de modelos gerenciais novos com metas ousadas para garantir procedimentos administrativos e financeiros que possibilitem adequado tratamento do estatuto de prioridades e necessidades – ou ainda, a indispensável e exigente competência técnica nos diferentes campos do saber fazer – não tem sido suficientes para alavancar, com fecundidade, na direção e na medida certas, os fluxos dos processos que configuram o tecido social, político e econômico da sociedade contemporânea.

Um tecido que urge uma configuração de mais justiça, respeito às coisas públicas, probidade nas responsabilidades administrativas e empenho marcado pelo sentido do bem comum. As estruturas de produção e o capital, o novo poder contemporâneo, com origem nos primórdios da indústria moderna, não se mantêm na direção certa, sem perder rumo, como a colocação do poder nas mãos de poucos, ou a facilidade de manipulação gerando prejuízos, apenas com o que se compreende e com o que se faz no âmbito do que é gerenciamento moderno.
É sempre urgente o esforço cotidiano por balizamentos éticos que supervisionem funcionamentos e se constituam como o tecido da consciência. As tentativas e empenhos de movimentos pela ética não têm sido suficientes para mudar o cenário que se revela na panacéia de desmandos, manipulações, improbidades e tantos prejuízos que estão,diariamente, desfilando diante dos olhos de todos – fontes de comprometimento da cidadania e do sentido da dignidade humana. Na verdade, é preciso retomar, de novo, um grande empenho pela ética.

É preciso um verdadeiro choque porque as incursões feitas em busca da ética na política ou na economia não surtiram ainda os efeitos desejados e necessários. É triste assistir à corrosão de instituições que devem primar pela probidade, e o crescimento de procedimentos mentirosos, em pequena e grande escala, na corporação de grupos ou partidos, na manipulação de instituições ou no comportamento moral de indivíduos. É óbvio que são indispensáveis os ajustes nos funcionamentos normativos reguladores da vida em sociedade.

Assim é a campanha Ficha Limpa em quanto esforço de se conseguirem 1.309.508 assinaturas de eleitores (1% do eleitorado brasileiro) ainda que possa esbarrar em princípios constitucionais quanto à exata formulação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular. É também sinal evidente de que está em curso na sociedade um empenho pela ética. Curioso é que não tem sido tão fácil conseguir 1% de assinaturas. Redobra-se agora, na reta final, o esforço. A lentidão para se alcançar a cifra revela alguma apatia a ser quebrada para devolver à consciência cidadã seu sentido exato e o alcance dos compromissos para vivê-la.

Importante é que por este meio, como necessário se faz por outros, se está pondo em discussão a desqualificação ética que grassa na sociedade brasileira, exigindo procedimentos e posturas arrojadas nessa direção. É incontestável a evidente demonstração de que o dever central da política está comprometido. A justa ordem da sociedade e do Estado está prejudicada por um exercício inadequado e incompetente da política – que é, pois, um exercício de alta responsabilidade para regular o funcionamento do Estado segundo a justiça, para não correr o risco de reduzir-se, lembra o papa Bento XVI, na sua carta encíclica Deus é amor (n° 28), citando Santo Agostinho em De civitate Dei, IV, 4, uma banda de ladrões. Neste mesmo número o papa frisa que “a justiça é o objetivo e, consequentemente, também a medida intrínseca de toda a política, que é mais do que uma simples técnica para a definição dos ordenamentos públicos: a sua origem e o seu objetivo estão precisamente na justiça, e essa é de natureza ética”.

A realização da justiça e o exercício ajustado da cidadania remetem a princípios e procedimentos de natureza ética. Não basta garantir princípios éticos nos mecanismos e nos funcionamentos normativos e legais reguladores da política e da vida em sociedade. Urge considerar que o indivíduo, na formação de sua consciência e na sua manutenção, precisa de processos educativos permanentes para introjeção, assimilação e vivência dessas regulagens como remédio para patologias que afloram pela conduta pessoal, trazendo prejuízos nefastos para a comunidade.

Põe-se o desafio em relação a esses atores e instituições que possam estar no cenário da sociedade como guardiães e promotores desses processos. A garantia dessa qualificação não está simplesmente na consideração dada de um lugar já ocupado, de uma instituição já consolidada, nem mesmo até de uma religiosidade vivida nessa ou naquela opção confessional. É urgente avançar mais na identificação das causas que estão comprometendo a conduta ético-moral dos indivíduos.”

São lições que abordam e reforçam a ABSOLUTA necessidade da MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE e nos MOSTRAM de CORPO INTEIRO o LASTIMÁVEL quadro nacional que, de forma alguma, é capaz de provocar qualquer abalo em nossa FÉ, em nosso ENTUSIASMO, em nosso PATRIOTISMO, porque compreendemos, e bem, a HERANÇA PERVERSA que insiste em atravessar séculos e queremos – e como queremos! – NÃO ADENTRE e NÃO CONTAMINE sequer a SEGUNDA DÉCADA do século XXI, quando PROCESSOS EDUCATIVOS serão USADOS “como remédio para patologias que afloram pela conduta pessoal, trazendo prejuízos nefastos para a comunidade”.

Então, pela FORÇA DA ÉTICA, O BRASIL TEM JEITO!...