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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A CIDADANIA, O ESPÍRITO OLÍMPICO E SUAS PRECIOSAS LIÇÕES

“Espírito Olímpico

O que mais me impressiona nesses XXX Jogos Olímpicos é o congraçamento de todas as nações. Há mais países representados nessa grande festa do esporte (204) que na ONU (193). E pela primeira vez todos os comitês olímpicos nacionais enviaram atletas mulheres, inclusive Arábia Saudita, Catar e Brunei. Nos estádios londrinos são relevadas todas as diferenças e divergências políticas, econômicas, ideológicas, religiosas e étnicas. Ali, 29 modalidades de 26 esportes irmanam Israel e Irã, Estados Unidos e Cuba, Coreia do Norte e Coreia do Sul.

Foi na cidade grega de Olímpia que os jogos surgiram, há 4.500 anos, como um ritual religioso de homenagem aos deuses e fortalecimento da paz entre as cidades-estado. Em 392, eles foram proibidos pelo imperador romano Teodósio I. Séculos depois, em 1896, eles renasceram em Atenas, que sediou os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna.

As Olimpíadas são o prenúncio de um outro mundo possível, o mundo solidário no qual a humanidade viverá como uma grande família. Em uma família, as pessoas são diferentes, possuem talentos e aptidões distintos, mas todos têm os mesmos direitos e oportunidades. Assim deveriam viver os 7 bilhões desde planeta que ocupa a terceira órbita do sistema solar, e onde – dizem – há vida inteligente.

Nas Olimpíadas as disputas entre os 10,5 mil participantes são apenas esportivas. De fato, a maior disputa é a do atleta consigo mesmo, frente ao desafio de superar as marcas vitoriosas de desempenho de sua modalidade esportiva. Nas competições não há rancor ou humilhação da parte de quem é derrotado. Há sim um gáudio e ufanismo dos atletas e países que conquistam medalhas de ouro, sem que isso traga ressentimento àqueles que não sobem ao pódio.

Nem tudo, entretanto, são rosas na história dos Jogos Olímpicos modernos. Em 1936, a Alemanha de Hitler sediou o evento – pela primeira vez transmitido por TV. Embora os nazistas exaltassem a superioridade de uma suposta raça ariana, foram os negros norte-americanos que conquistaram as medalhas de ouro do atletismo. Um deles, Jesse Owens, pendurou quatro no pescoço. A irritação de Hitler foi aplacada com a conquista, pelos esportistas alemães, do maior número de medalhas de ouro, 33. Os EUA ficaram em segundo lugar, com 24. Foi naquele ano em Berlim que se criou o ritual do cortejo da tocha olímpica.

Outro momento trágico ocorreu também na Alemanha, nas Olimpíadas de 1972. Em 5 de setembro, terroristas de uma organização denominada Setembro Negro invadiram a Vila Olímpica e ocuparam os dormitórios da delegação israelense. Ameaçaram executar um refém a cada hora caso não fossem soltos 200 prisioneiros árabes dos cárceres de Israel. As competições foram suspensas no decorrer das negociações e o Comitê Olímpico Internacional (COI) chegou a cogitar o cancelamento do evento. A polícia interveio, deixando um saldo de 18 mortos, entre os quais 11 reféns, cinco terroristas, um policial e um piloto de helicóptero.

Bilhões de pessoas param diante de aparelhos de TV para assistir à abertura dos Jogos Olímpicos. Cada país anfitrião procura oferecer o melhor de sua arte na inauguração do evento. Os ingleses brilharam numa mistura de história, entretenimento, humor, tecnologia e música. O que mais me chamou a atenção na cerimônia de abertura foi a ênfase do sistema de saúde britânico, o National Health Service (NHS). Equivale ao nosso SUS, com a diferença de que é tido como o melhor do mundo.

O Brasil abrigará, em agosto de 2016, as XXXI Olimpíadas. A presidente Dilma prometeu, em Londres, que a abertura dos jogos, no Rio, haverá de superar a de Londres. Teve início, portanto, a competição pelo glamour. E Dilma já fez uma sugestão de coreografia: uma escola de samba.

Torço para que, em 2016, o Brasil exiba ao mundo o melhor de sua música, dança e tecnologia de efeitos especiais, mas também mostre como o nosso povo tem assegurado os três direitos fundamentais do ser humano: alimentação, saúde e educação. Para tanto é preciso, desde agora, dobrar o investimento nessas áreas. Se queremos superar Londres, não basta fazê-lo na forma, mas também no conteúdo, para que as Olimpíadas do Rio não sejam apenas uma festa na terra de um povo semianalfabeto e carente de recursos para acesso às boas condições de saúde.”

(Frei BETTO, autor do romance Minas do ouro (Rocco), entre outros livros, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de agosto de 2012, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE, OLÍMPICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 27 de outubro de 2012, Caderno PENSAR, página 2, de autoria de LEÔNIDAS OLIVEIRA, que é presidente da Fundação Municipal de Cultura, e que também merece INTEGRAL transcrição:

“Barcelona, Londres e BH

Os Jogos Olímpicos de Londres deixaram importante legado. O momento é singular para uma analogia com o Brasil, que se encontra às portas da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Na capital inglesa vimos uma espécie de síntese e evolução dos eventos anteriores. Londres não se espelha em Barcelona – o exemplo paradigmático para o mundo –, mas aproveita o que a Catalunha ofereceu de melhor e avança, sobretudo no cuidado detalhista com o meio ambiente.

Além da renovação de várias áreas da cidade, o conjunto de intervenções se deu a partir de um plano de sustentabilidade ambiental e social baseado em questões como mudanças climáticas, lixo, biodiversidade e qualidade de vida. O objetivo era criar mudanças duradouras, para além do próprio local, no sentido de expandir o sentimento de cuidado com o meio ambiente e sua relação com o habitante.

Em Pequim, a questão ambiental havia sido tratada com ênfase, mas ainda muito ligada ao espetáculo urbanístico. Em Londres, a versatilidade foi a força motriz, a ideia era pensar na cidade em sua totalidade e no uso posterior. Alguns edifícios serão desconstruídos e transferidos para ouros pontos da cidade para outros usos. Essa flexibilização e a relação com as necessidades da cidade buscaram não cometer os erros de localização dos jogos e usos contíguos de Atenas, que se tornou um espaço vazio, de Pequim e até mesmo de Barcelona – cuja cidade olímpica não conseguiu absorver a cultura catalã em suas ruas, criando uma espécie de bolsão, o que se repete no Rio dos Jogos Pan-americanos.

O compromisso ambiental em Londres chama a atenção. Na área do atual parque olímpico, havia 1,3 milhão de toneladas de lixo – 95% foram reutilizados para criar edifícios.

Ainda é cedo para conclusões. No entanto, há questões já fundamentais. Trata-se de colocar a cidade à disposição das intervenções? Ou os projetos devem ser feitos para a cidade?

Partindo dessa premissa do desenvolvimento sustentável, a resposta reside na necessidade de pensarmos projetos para a cidade, evitando que não contemplem o equilibro do meio ambiente urbano, a cultura, a participação da comunidade e o legado que tais eventos devem deixar para a melhoria continuada da qualidade de vida da população.

Trata-se, claro, de criarmos projetos para eventos, mas tendo como protagonista a cidade e tudo o que ela significa. Em outras palavras, é preciso compreender o planejamento estratégico urbano de grandes eventos como impulsionador do consenso e da transformação social por meio do desenvolvimento sustentável – e, de forma ampla, para além daquele momento.

ESTRATÉGIA Barcelona é exemplo exitoso nos momentos em que se planejam e projetam espaços para grandes eventos. Mas o que significa de fato o exemplo catalão? Certamente, o ponto-chave foi a criação de uma cultura de projeto urbano continuado e participativo. As Olimpíadas deixaram um grande legado em termos de elaboração contínua de estratégias territoriais, o que permanece como dispositivo organizador das atuações em diversos âmbitos do planejamento urbano e seus desdobramentos sociais. Isso efetivou alterações sociais significativas, criando inter-relações entre agentes e áreas aparentemente desconexas na busca por um sistema urbano em que cultura e patrimônio cultural foram eixos de condução.

Isso implica compreender as identidades urbanas, os usos dos lugares, apropriações, ofícios e as pessoas. Seu reflexo na prática do desenho urbano significou a humanização de espaços. Barcelona tem inspirado várias intervenções diretas no Brasil, como o Cais Mauá, em Porto Alegre, e a revitalização da zona portuária carioca. Tendo o homem e a vida como centro, a perenidade das intervenções catalãs trouxe mais êxitos que em outros lugares, como Atenas, onde, desconectadas da vida da cidade e com projetos pontuais, as intervenções criaram bolsões de desenvolvimento durante as Olimpíadas de 2004.

Barcelona não trata a cidade de uma vez, o que seria impossível. Mas a diferença básica em relação a outros locais é o planejamento e a execução continuada de ações para além do evento, que permanecem até hoje. O modelo catalão - não se deve esquecer – é oriundo de longa trajetória e de experimentações no trato aos grandes eventos, como a Exposição Universal (1888), a Exposição Mundial (1929), os Jogos Olímpicos (1992) e o Fórum Universal das Culturas (2004).

Sob forte protagonismo da obra pública, as Olimpíadas reformaram a cidade e abriram-na ao mar, completaram a urbanização de Montjuïc, renovaram estruturas dos serviços subterrâneos e fecharam o anel de “rondas” (Dalt, Litoral), permitindo a redistribuição do intenso tráfego metropolitano para todas as direções e possibilitando maior união entre as pequenas e médias cidades do entorno de Barcelona. Isso dentro de uma concepção arquitetônica adequada, projetando o desenho urbano, a arquitetura, os espetáculos com as estéticas da época, ou seja, com o uso de expressões contemporâneas de cada momento.

Em Barcelona, houve profundo entendimento de que obras duradouras exigem ousadia na experimentação do design, visão que ainda falta amadurecer no Brasil. Concursos, intervenções anônimas, enfim, vanguarda, no sentido de dianteira no design, estão presentes na experimentada cultura catalã. E ganham fôlego nos grandes eventos. Como desdobramento, o reordenamento urbanístico como profundo respeito à história permitiu o desenvolvimento do setor dos serviços e proporcionou a crescente internacionalização da base produtiva, ressignificando a cidade tanto em sua totalidade quanto no aspecto local, como o Bairro de Gràcia, a rambla e o mar, que remetem para a discussão de importantes conceitos como identidade, lugar e territorialidade.

O mesmo se deu com a cidade medieval, a gótica, a moderna, fazendo conviver crescimento com preservação ao mesmo tempo em que se criava uma Barcelona com muitas coisas para ver, fomentando o turismo. Mas não somente de sucessos é feito o conjunto de ações. É consenso que muitos investimentos seriam mais rentáveis se fossem destinados a outras direções, como equipamentos urbanos para os cidadãos de áreas não atendidas. Ainda que o planejamento para grandes eventos tenha pretendido contemplar o todo, o entorno e as zonas centrais são as que mais recebem atenção e recursos.

Os casos barcelonês e londrino são fonte de aprendizado. Deles devemos compreender o planejamento integrado e contínuo aliado à escuta atenta das vozes das gentes e dos lugares que fazem a vida da cidade. Cabe ao Brasil avançar mais na questão do meio ambiente e, sobretudo, no fomento à cultura singular do país, diversa na raça e plural nas manifestações.

O Brasil e Belo Horizonte podem avançar mostrando quem somos e como vivemos sem falseamentos, mas firmes no propósito de fomentar as identidades de nossa cultura, mostrando-a como diferente e capaz de aglutinar referências diversas. Eis a nossa grande diferença. Portanto, é preciso diálogo e respeito à cidade, ao patrimônio e à nossa história. Aprender com essas experiências significa aplicá-las a nosso cotidiano tal como ele é na diversidade e, sobretudo, no aspecto urbanístico e das vocações de Belo Horizonte. Assim sendo, chegarão as certezas para propor ações corretas.

Se assim o fizermos, teremos a segurança de que avançaremos no bom planejamento urbano, na eficaz gestão da cultura para o grande evento que se avizinha. Deixaremos para a cidade um grande e duradouro legado.”

Eis, pois, mais páginas contendo IMPORTANTES, RICAS e OPORTUNDAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – e mais o IMPERATIVO da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos na 1ª série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do ano de NASCIMENTO –, até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, severo e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INTOLERÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTOS, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de monstruosa SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já frágil DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a confiança em nossa INSTITUTIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, o que aumenta o já BRUTAL fosso das nossas DESIGUALDADES sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDOS...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS e generosas RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS os BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...



sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A CIDADANIA E OS ECOS DA CIDADE MARAVILHOSA

“ECOS DO RIO

Diante das possibilidades de perdas políticas irreparáveis e de prejuízos econômicos com a aproximação de importantes eventos como a Copa do Mundo (2014) e a Olimpíada (2016), o governo despachou soldados para tomar os morros, ocupar territórios e conter as quadrilhas que vinham paralisando a cidade do Rio de Janeiro, numa ação articulada entre as Forças Armadas e as polícias do estado, fartamente divulgadas pelas agências de notícias internacionais. Todos se perguntam se o Brasil é capaz de prover a segurança necessária à realização dos jogos e dos negócios que deles advirão gerando empregos, renda e recolhimento de impostos.

A capital fluminense suporta uma guerra urbana que nada fica a dever àquelas do Iraque ou da Faixa de Gaza. É uma imprecisão chamar traficantes de terroristas, apesar do terror incontestável imposto por eles. Libaneses e israelenses se defendem de terroristas obstinados, movidos por ideologias bem documentadas e criticadas, gente disposta ao suicídio. Brasileiros, não, eles combatem irmãos que ficaram para trás. Estes jovens que paralisam o Rio, que sobem e descem vielas a carregar fuzis nos ombros nus, não são fanáticos que desejam varrer um país do mapa como ocorre em outras nações. São homens e mulheres empreendedores que calculam lucros envolvidos em atividades de risco. O que eles querem, todos queremos: sucesso, prosperidade, inclusão. Não vamos nos iludir: estamos tratando de negócios, mas do que reprimir o tráfico, invadir favelas, desmobilizar milicianos e desobstruir ruas e avenidas. Por causa dos confrontos, o preço dos entorpecentes aumenta. E sempre há compradores ávidos. Aqui, também, vale as leis de mercado.

Esta juventude armada não surgiu do nada. É o resultado de décadas de abandono econômico, escolar e familiar; vítimas de governantes carreiristas, medíocres, incultos, demagogos e, sobretudo, espertos que assaltaram o poder público com suas famílias e interesses privados. O que faremos com os jovens analfabetos que deixaram as primeiras séries de um fracassado ensino fundamental de escolas abandonadas, sem bibliotecas e beleza; sem disciplina, segurança e conforto; que encontram nas quadrilhas de traficantes o aconchego psicológico, a família, a irmandade, a importância, o prestígio e o dinheiro, bem como os prazeres que o acompanham quando os soldados deixarem o morro? A verdadeira batalha a ser travada começará quando os soldados voltarem para os quartéis. Porque não mais podemos deixar que a próxima geração de crianças seja socializada por marginais de toda espécie; longe do pai, dos livros, da lei e do afeto. Esta situação há de se arrastar enquanto a escola não tiver nenhuma importância na vida de grande parcela da população; enquanto o trabalho remunerado, quase sempre, se confundir com subemprego nas camadas mais pobres; enquanto a impunidade for soberana. No Brasil e em qualquer lugar do mundo, polícia tem limites. Polícia precisa de política.”
(DARWIN SANTIAGO AMARAL, Professor de história, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de novembro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de LEON CLÁUDIO MYSSIOR, Vice-presidente de Arquitetura do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Favelas inaceitáveis

Em “Não às favelas” (Opinião, 8/4/2010), discorria sobre o antagonismo entre favelas e dignidade; falava da falta de infraestrutura, de saneamento, da proximidade excessiva entre as moradias, da falta de privacidade. Falava sobre o estímulo à violência, mas num contexto mais amplo. Hoje, os fatos falam por si, e uma nova reflexão se faz necessária, e urgente. Favela é o nome do arbusto que originalmente cobria morros na cidade do Rio de Janeiro, onde se instalaram de forma improvisada e provisória soldados que, egressos da Guerra de Canudos, não tiveram seus soldos pagos. Instalados em barracos miseravelmente construídos com o que estivesse disponível, deram origem a assentamentos, embora próximos do Centro urbano, completamente destacados da “cidade formal”.

Passados 114 anos, vemos um quadro onde as características originais permanecem, embora bastante agravadas: aglomerações enormes encravadas em regiões centrais e perimetrais das grandes e médias cidades, desprovidas de infraestrutura básica, de acesso aos serviços, em áreas de risco (com permanentes riscos de deslizamentos), com edificações de baixíssima qualidade construtiva, estrutural e projetual, mal iluminadas e mal ventiladas e excessivamente coladas umas às outras. Mas o fator de maior complexidade e difícil solução é este: acesso restrito, limitado e predominantemente por via de pedestre apenas, privilegiando o controle de acesso de seus moradores, mercadorias e serviços por grupos interessados. Ausência do Estado (serviços de saúde, segurança pública, educação, esporte etc.), exceto por algumas poucas vias de maior movimento localizadas em seu perímetro (ou raras exceções em que cortam uma dessas aglomerações), deixando a enorme maioria das habitações e de seus habitantes a centenas de metros da cidade legal, normalmente por meio de encostas de morros, labirintos tortuosos e escadarias sem fim.

Não há arranjo mais adequado para que se possa ter controle total e absoluto de toda uma região (e de sua população) com um reduzido efetivo de pessoas, estrategicamente falando. Mas a situação ganha contornos ainda mais dramáticos quando se imagina que esta mesma população vive sob o jugo e o terror dessas pessoas, frequentemente desempenhando papéis secundários nessa tragédia, expondo suas crianças a uma criminalidade sem controle, obrigada a guardar armas, drogas e quaisquer outras coisas em suas casas, obrigada a receber – e esconder – bandidos em suas casas.

Abrem-se acessos e constroem-se vias, muros de arrimo e contenção, centros comunitários, escolas e pequenas praças, e o resultado são peças publicitárias de grande impacto e belos índices, mas a verdade permanece: um enclave e sua população permanentemente expostos a uma realidade paralela e distantes da cidade legal e do Estado policial, entregues diariamente à própria sorte e subordinadas ao mando de traficantes e milícias, aos “empresários do crime”. Projetos sociais, teses urbanísticas e ações governamentais fazem mais sentido e apresentam mais resultados aceitáveis somente a partir da perspectiva daqueles que habitam a cidade legal, de pessoas com endereço formal, logradouro público, serviços essenciais, segurança pública e ruas sem piquetes e carros incendiados.

Para os desafortunados que continuam a morar em favelas, o confronto do Rio de Janeiro mostra a face mais desoladora: pessoas se escondendo, rostos desfigurados pelo terror, comércio fechado, mães desesperadas, crianças que não vão para a escola, pais que não podem trabalhar, pessoas inocentes que, pegas no fogo cruzado, perdem suas vidas sem qualquer chance ou oportunidade de escolha. Favelas não são aceitáveis e não são “consertáveis”. Seus moradores não estão ali por opção, mas por falta de alternativa, empurrados pela ausência de transporte de massa, pela valorização imobiliária, pela ausência de políticas públicas específicas, objetivas e claras, pela falta de planejamento urbano. Mas o maior responsável pelo crescimento das favelas talvez seja a nossa indiferença pelas condições subumanas de moradia, a indiferença à violência que ali ganha contornos surreais.

Aceitamos uma visão romântica embalada pela desigualdade tolerada, em que a favela é um local feliz povoado por pessoas humildes num clipe da Madonna ou do Michael Jackson; onde o sentimento de pertencer à comunidade e os churrascos dominicais nas lajes compensem a subordinação às milícias e traficantes, os deslizamentos e soterramentos, a dificuldade de acesso e transporte público, o esgoto correndo a céu aberto. A favela pertence a um universo paralelo, regido por leis e regras particulares, onde a democracia é substituída por um modelo feudal em que é necessário permissão para entrar ou sair, no qual o comércio funciona em função da agenda do grupo dominante, em que a dignidade é apenas uma palavra no dicionário gasto do centro comunitário. Aceitar que as favelas possam coexistir com a cidade legal e que as pessoas possam viver ali em condições minimamente aceitáveis equivale a aceitar zonas de exceção nas quais o Estado de direito, as leis e convenções sociais não sejam aplicáveis; equivale a ver o outro como cidadão de segunda classe. Favelas não são aceitáveis, e não há outro caminho que não seja a sua erradicação e incorporação à cidade legal, com todas as regras a atributos aplicáveis. Ao fim, a demagogia, a visão romântica e a falta de planejamento matam; quem diria?”

Eis, portanto, mais páginas com PROFUNDAS e SÉRIAS abordagens e REFLEXÕES, que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do Século XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A CIDADANIA E AS LIÇÕES DA COPA

EDITORIAL

Copa não é brincadeira

Estamos a menos de 48 horas da partida final da Copa do Mundo disputada na África do Sul. A competição no continente africano já pode ser vista por nós, brasileiros, como passado. O que interessa agora é a disputa de 2014, quando o Brasil, pela segunda vez, vai acolher o megaevento esportivo, assistido, a cada quatro anos, por pelo menos 4 bilhões de pessoas planeta afora. Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador são as capitais brasileiras que vão ser sede da Copa, o que exigirá investimentos superiores a R$ 5 bilhões. Não podemos esquecer que, dois anos depois, em 2016, o Rio de Janeiro vai receber os Jogos Olimpícos. Mas e as obras de reforma de nossos velhos e defasados estádios ou de contrução de novos e de infraestrutura hoteleira e mobilidade urbana? Nada praticamente começou na maioria das cidades escolhidas pela Fifa. Em São Paulo, nem uma palha foi movida nesse sentido, o mesmo ocorrendo com Recife e outras capitais; em Belo Horizonte, o Mineirão recebe os primeiros operários.

Começando pelos estádios, passando pela questão de hospedagem e desaguando na do transporte de massa, toda essa engrenagem terá de estar funcionando a pleno vapor já em 2013, quando haverá no Brasil a Copa das Confederações, o aperitivo para o Mundial do ano seguinte. O poder público não pode arcar com todos os custos, cuja maior parte será abraçada pela iniciativa privada que, depois de passados os eventos, espera ter retorno com a exploração de alguns dos equipamentos a serem instalados nessas cidades. Os maiores investimentos serão feitos em infraestrutura nas sedes em que ocorrerão as disputas, implicando reforma e construção de estádios, vilas olímpicas, obras em rodovias, ampliação de metrôs, aeroportos, hospitais e sistemas de telecomunicações.

Para que a aplicação de dinheiro seja, de fato, estruturante, é fundamental não repetir os problemas observados na realização dos Jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro, em 2007, quando os orçamentos iniciais foram superados pelos custos reais, havendo necessidade de socorro emergencial do estado para a conclusão das obras. E mais grave: passado o evento, as melhorias efetivas na infraestrutura prevista, para o entorno dos estádios e da cidade como um todo, não se registraram. O prazo dado pela Fifa às cidades da Copa de 2014 para dar partida às obras expirou dia 1º de junho. Ontem, em Johanesburgo, na África do Sul, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi lançada a logomarca oficial da Copa no Brasil – não há mais como recuar. A hora é, pois, de as autoridades federais, estaduais e dos municípios privilegiados com a escolha da Fifa honrarem os compromissos assumidos em momento de festa. O Brasil não pode perder a oportunidade de se valer desses dois eventos para se projetar de vez no cenário mundial, além, é claro, de implantar um parque de obras – nas áreas de transporte, saneamento, energia, telecomunicações e turismo – a ser herdado pelas respectivas populações, para perene desfrute.”
(Publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de julho de 2010, Caderno OPINIÃO, página 10).

Mais uma igualmente IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, mesma edição e Caderno, porém na página 11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, que merece INTEGRAL transcrição:

“Lições da Copa

O apóstolo Paulo, na primeira Carta aos Coríntios 9,24-26, usa a metáfora do esporte para explicitar reflexões que clareiam entendimentos sobre assuntos pertinentes à vida e à cultura: “Acaso não sabeis que, no estádio, todos correm, mas um só ganha o prêmio? Correm, portanto, de maneira a conquistar o prêmio. Os atletas se sujeitam a todo tipo de disciplina. Eles assim procedem para conseguir uma coroa corruptível. Quanto a nós, buscamos a coroa incorruptível! Por isso em corro, não às tontas. Eu luto, não como quem golpeia o ar.” O esporte como metáfora, usado mais fortemente em épocas de Copa do Mundo, contribui para explicar os desafios de viver adequadamente este dom que é a vida. A vida não é apenas um dia depois do outro. A vitória de viver depende de muitos fatores: não basta apenas ter um talento para garantir o sucesso de poder viver de maneira adequada. Um talento precisa de um conjunto de articulações e investimentos para dar frutos. Quando não se pode contar com a conjugação de vários fatores, talento, por mais especial que seja, corre sempre o risco de perder força e de não alcançar metas possíveis da sua inerente constituição. O sucesso que se almeja para a vida, em cada uma das suas etapas e em função de metas definidas, exige âncoras para fazer florescer os talentos.

A cultura tem uma grande responsabilidade nesse contexto. O substrato cultural, considerado nas suas diversidades, é determinante para que o florescimento de talentos e as responsabilidades assumidas possam chegar a bom termo. Assim também é o equilíbrio emocional, capaz de sustentar um indivíduo em condições necessárias para manter o ritmo e recuperar-se das perdas reavendo, em tempo hábil, a capacidade de retomar metas na direção da vitória proposta. O equilíbrio emocional tem tudo a ver com com a configuração afetiva de cada um, que, por sua vez, remete ao substrato familiar e cultural que ampara o modo de viver. O talento precisa dessa ambientação, que inclui investimentos de toda ordem, emoldurados por uma cultura consistente. Essa consistência, envolvendo variados aspectos emocionais, comportamentais e morais, é o substrato que mantém um indivíduo na condição de alcançar metas.

É muito pouco, e não raramente desastroso, associar talentos ao dinheiro. Isso se verifica de modo muito prejudicial quando, pela força do talento, se é projetado para uma condição em que o volume de dinheiro e de benesses conquistados, não tem sustentação humanística, espiritual e moral. Aqui se considera o desafio permanente de saber perder – com elegância e sem perder a cabeça –, além da capacidade exigente de administrar a vitória, na parcialidade de sua duração. Se o talento permite antecipar condições favoráveis de vitória, esta pode se esvair facilmente quando não há um lastro de humanidade e de formação integral, escolar, familiar e social que mantenha os indivíduos talentosos equilibrados nos embates próprios da proposta de vitória. Essa leitura aplica-se no âmbito do esporte, que se joga e se projeta em todas as condições da vida, sobretudo, no exercício de responsabilidades cidadãs e nas tarefas de importância social e política no conjunto do funcionamento de uma sociedade.

A perda do equilíbrio emocional e a falta de substrato humanístico e moral são constatáveis, trazendo enormes prejuízos, nos mais diversificados âmbitos da vida. A consequência aponta para o comprometimento da qualidade dos resultados das atividades e responsabilidades assumidas. A estatura humanística, com a qual se precisa contar para exercer a cidadania e cumprir os cargos e encargos assumidos, é resultado e fruto de um investimento grande e empenhado, com alcance social e político de importância decisiva. Do contrário, projetado pelo talento e ajudado pela oportunidade, na hora crucial em que o equilíbrio e a elegância humanística são imprescindíveis, o medo pode pôr as chances de conquistas em risco. Não se vence apenas pelos talentos. A inteireza é sustentáculo e é determinante.”

Estas são, pois, páginas com LIÇÕES extremamente NECESSÁRIAS e PERTINENTES neste especial momento de preparação do PAÍS para tão esperadas TRANSFORMAÇÕES que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências de uma nova ERA da GLOBALIZAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A CIDADANIA, A COPA DE 2014, A OLIMPÍADA DE 2016 E O PRÉ-SAL


“QUANDO TODOS GANHAM


O anúncio da descoberta do petróleo na camada do pré-sal foi motivo de festa. E depois de preocupação. Afinal, a riqueza para ser bem aproveitada, exige competência em todas as fases, da extração do óleo à distribuição da riqueza gerada. Há o momento da técnica, para o qual o país vem se preparando há anos e que hoje o credencia internacionalmente no que tange ao trabalho em águas profundas. Mas há o momento da política, entendida com arte voltada para o bem comum, a partir de um nível alto de debate transparente e democrático. Aqui, infelizmente, a expertise não parece alcançar o mesmo patamar.

A distribuição da riqueza que se pense grande. Mesmo os debates marcados pelos aspectos técnicos da ciência jurídica e da tradição constitucional brasileira precisam ser irrigados pela sensibilidade. Há várias discussões em andamento: a que coloca em cena o modelo de exploração e o papel do Estado e da iniciativa privada; a que aponta para a forma de repartição, que tem gerado forte reação na opinião pública e no Congresso; e até mesmo aquela destinada a avançar além dos benefícios da descoberta do petróleo, buscando trazer à tona o modelo energético mais viável para o país, hoje e no futuro.

A contribuição dos especialistas é importante para aclarar os termos desse debate que, em última instância, diz respeito à vida do cidadão. Por trás das disputas de estados e municípios está a questão mais importante: como fazer da riqueza do subsolo do país um degrau para a justiça social de toda a nação? É o objetivo deste caderno, buscar ideias para ajudar a instaurar um jogo em que todos ganhem.

Boa leitura”

(EDITORIAL do CADERNO PENSARBRASIL, publicado na edição do Jornal ESTADO DE MINAS de 8 de maio de 2010, página 2)

E, da mesma fonte, na página 11, em perfeita sintonia com o EDITORIAL, é extremamente RELEVANTE a transcrição de trecho do artigo de autoria de RONALDO TAMBERLINI PAGOTTO, que atua na Campanha O petróleo tem que ser nosso, que integra também a organização Consulta Popular (ronaldopagatto@yahoo.com.br, como segue:

“O PETRÓLEO E O BRASIL

[...] E o mais importante: que a renda volumosa seja destinada para a única dívida legítima do Estado brasileiro: a questão social. A apropriação direta da renda, combinada com seu destino social, em todo território nacional, traduzida nas seguintes ações: reforma agrária, investimento na agricultura familiar, eliminação do déficit habitacional e educacional, geração de trabalho, renda e saúde pública de qualidade. E, residualmente, distribuir participação entre os estados e municípios, orientados por critérios de IDH e densidade demográfica, para realização de programas sociais de redução das assimetrias regionais. [...]”

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem também de outro EDITORIAL do Jornal ESTADO DE MINAS, edição de10 de maio de 2010, Caderno OPINIÃO, página 6, que merece INTEGRAL transcrição:

“O desafio de 2014


Há um ano, a Fifa – órgão máximo do futebol mundial – anunciou que Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador foram escolhidas para sediar a Copa do Mundo de 2014. Um evento desse porte significa hospedar 32 equipes e suas comitivas durante um mês e criar estrutura para a realização de 64 partidas, que serão transmitidas para todo o mundo, na maior atração midiática do planeta, sob os olhos de 3 bilhões de telespectadores que assistirão às transmissões, além do rádio, internet, jornais e revistas. Ainda no ano passado, o Rio de Janeiro foi eleito para receber a Olimpíada de 2016.


Estamos em maio de 2010 e a Fifa, a pouco mais de um mês para dar início à Copa do Mundo da África do Sul, acaba de demonstrar preocupação com o atraso nos cronogramas de obras nas cidades escolhidas para sediar o evento no Brasil daqui a quatro anos. Infraestrutura e segurança constituem elementos essenciais ao seu sucesso em nosso país. Começando pelos estádios, passando pela questão de hospedagem e desaguando na questão do transporte de massa (hoje chamada de mobilidade urbana), toda essa engrenagem terá de estar funcionando a pleno vapor antes do raiar de 2014, pois em 2013 haverá aqui a Copa das Confederações, uma espécie de aperitivo para o Mundial. O Brasil dará conta de tamanho desafio? Estudos preliminares apontam que a Copa demandará investimentos superiores a US$ 5 bilhões. Os valores para os Jogos Olímpicos são inferiores – e devem ser reduzidos por aqueles que serão gastos em 2014 –, mas também são relevantes. Os maiores gastos com infraestrutura nas cidades nas cidades em que ocorrerão as disputas implicam reforma e construção de estádios, vilas olímpicas, obras em rodovias, ampliação de metrôs, aeroportos, hospitais e sistemas de telecomunicações.

A realização da Copa e da Olimpíada e, pois, uma ótima oportunidade para antecipar e concentrar investimentos necessários para superar as carências crônicas das cidades-sede, com efeitos multiplicadores e perenes sobre a economia. Para que a aplicação de dinheiro seja, de fato, estruturante, é fundamental não repetir os problemas observados na realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, em 2007, quando os orçamentos iniciais foram superados pelos custos reais, havendo necessidade de socorro emergencial do estado para a conclusão das obras. E mais grave: passado o evento, as melhorias efetivas na infraestrutura prevista, para o entorno dos estádios e da cidade como um todo, não se registraram. Dias atrás, a Fifa soltou nota fixando para o dia 1º o prazo final para o início das obras nos estádios, sob pena de revisar o número de sedes de grupos, de 12 – pedido do presidente Lula – para oito. Certo é que o Brasil não pode perder a oportunidade de se valer desses dois eventos para se projetar de vez no cenário mundial, além, é claro, de implantar um parque de obras – nas áreas de transporte, saneamento, energia, telecomunicações e turismo – que será herdado pelas respectivas populações, para perene desfrute.”

Dentro de um rico leque de considerações a respeito dos três gigantescos EVENTOS, duas ASSERTIVAS às quais dedicamos uma ESPECIAL atenção: a) o cronograma da COPA DE 2014, de um prazo de CINCO anos, que DESTACAMOS na toada do MÊS a MÊS (já são passados ONZE meses e eis que recebemos ADVERTÊNCIA da FIFA; b) a necessidade de ABSOLUTA PARTILHA dos INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS – COPA DE 2014, OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, de tal forma que DELES sejam EFETIVAMENTE os BENEFICIÁRIOS diretos: TODOS os BRASILEIROS e TODAS as BRASILEIRAS...

São, pois, páginas como essas que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL visando a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, segundo as exigências da MODERNIDADE e de um mundo da PAZ e da FRATERNIDADE UNIVERSAL... e conquistemos DEFINITIVAMENTE a COPA DA CIDADANIA E DA QUALIDADE...

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, o nosso AMOR, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...